Capítulo 02
Capítulo 02
Se um homem devia ter uma colega, bem, podia ser bonita. Alem do mais, Harry não pensava trabalhar com Hermione, mas sim através dela. Seria sua ligação com a parte oficial da investigação. Manteria a palavra e lhe proporcionaria qualquer informação que descobrisse. Ainda que não esperasse que ela pudesse fazer muita coisa uma vez que a recebesse.
Só tinha um punhado de polícias que Harry respeitava, com Draco encabeçando a lista. No referente a tenente Granger, imaginou que seria decorativa, de certa ajuda ou um pouco mais.
O distintivo, o corpo e o sarcasmo provavelmente deveriam servir para alguma coisa quando tivessem que entrevistar um possível contato qualquer.
Ao menos tinha podido dormir seis horas. Não tinha protestado quando Malfoy insistiu que deixasse o hotel e se alojasse na casa dos Malfoy o tempo que durasse sua estadia. Ele gostava das famílias, ao menos as de outras pessoas, e tinha curiosidade por conhecer a mulher de Draco.
Não pôde assistir seu casamento. Mesmo não muito aficionado à pompa das cerimônias, teria ido. Mas era um longo trajeto desde Beirut até Denver, e naquela época estava ocupado com terroristas.
Gina o encantou. Nem tinha se aborrecido quando o marido apareceu com um desconhecido as duas da manhã. Enfurnada em um roupão de flanela, tinha oferecido o quarto de hóspedes, com a sugestão de que se quisesse dormir, era melhor tampar a cabeça com o travesseiro. Ao que parecia os meninos acordavam as sete para ir ao colégio.
Tinha dormido como uma pedra, e quando os gritos e os sons de pés o acordaram, tinha seguido o conselho de sua anfitriã e desfrutado de outro sonho com a cabeça enterrada.
Fortalecido com um excelente café da manhã que constou de três xícaras de café de primeira, fato pelo qual se apaixonou pela babá dos Malfoy, estava pronto para ir para o trabalho. Seu acordo com Draco faria que sua primeira parada fosse da delegacia de polícia. Veria Hermione, se interaria das pessoas que tinham contato com Billings e seguiria seu caminho.
Deu a impressão que seu amigo dirigia uma embarcação bem organizada. Se ouvia um ruído habitual de telefones, teclados e vozes alteradas. E reinava a mistura habitual com o odor de café, desinfetante e corpos suados. Mas também imperava a sensação de eficácia.
O sargento da recepção tinha anotado o nome de Harry, assim que chegou entregou um crachá de visitante para ele e lhe indicou como chegar ao escritório de Hermione. Duas portas adiante, por um corredor estreito. Encontrou-o. Estava fechado, assim chamou duas vezes antes de abrir. Soube que ela estava presente antes de vê-la. Sentiu o aroma que vinha dela, tal como um lobo cheira a sua parceira. Ou a sua presa.
Já não usava um vestido de seda, ainda que parecesse mais uma modelo do que uma policial. As calças e a jaqueta sob medida de cor cinza sob nenhum conceito sugeriam masculinidade. Ressaltava o traje com uma blusa rosa e um broche na lapela com forma de estrela. Os cabelos estavam recolhidos numa trança complicada que emoldurava seu rosto com suavidade. Em suas orelhas brilhavam dois brincos de ouro.
O resultado era tão interessante que poderia estar sendo usado por qualquer tia solteirona, apesar de que, nela, deixava irradiar sexo latente.
- Granger.
- Potter. – lhe indicou uma cadeira - Sente-se.
Harry deu a volta e se sentou relaxado, apoiando os braços no respaldo. Notou que sua sala era a metade da de Draco, e organizada de forma impecável. Os arquivadores estavam fechados, os papéis ordenados, os lápis bem afiados. Tinha uma planta em um canto, por trás da escrivaninha, e não lhe coube dúvida de que a regava meticulosamente. Não tinha fotos de família ou de amigos. O único ponto de cor na sala pequena e sem janela era um quadro abstrato de tonalidades azuis, verdes e vermelhas.
- Bem. – se adiantou um pouco - Passou a placa do carro pelo computador?
- Não precisou. Apareceu no relatório desta manhã. – ofereceu sua cópia - As onze da noite foi declarado seu roubo. Os donos tinham ido jantar, e ao sair do restaurante descobriram que já não estava lá. Os doutores Walmir, um casal de dentistas que celebrava seu quinto aniversário. Parecem limpos. Provavelmente estejam. – pôs a folha sobre a mesa. Na realidade, em nenhum momento imaginou que iria encontrar uma conexão com o carro.
- Ele já apareceu?
- Não. Tenho o histórico de Jade, se lhe interessa. – depois de deixar o outro documento em seu lugar, recolheu uma pasta - Janice Willowby. Vinte e dois anos. Um par de detenções por prostituição… algumas apreensões quando menor pela mesma causa. Uma detenção por posse, sendo menor, quando encontraram alguns de cigarros de maconhas em sua bolsa. Passou por todas as dependências dos serviços sociais, até que fez vinte anos e voltou as ruas.
- Tem família? – Não era uma história nova - Talvez volte pra casa.
- Uma mãe em Kansas City, ao menos era ali onde estava há dezoito meses. Tentei localizá-la.
- Tem estado ocupada.
- Nem todos começamos o dia... - olhou o relógio -… às dez horas.
- Funciono melhor de noite, tenente. – sacou um charuto.
- Aqui não, amigo. – moveu a cabeça.
De bom humor, Harry o guardou.
- Em quem mais confiava Billings, além de você?
- Desconheço que confiasse em alguém. – mas doía, porque sabia que tinha confiado em alguém, nela, e de algum modo Hermione tinha chegado tarde. E nesse momento estava morto - Tínhamos um acordo. Eu lhe dava dinheiro e ele me dava informação.
- De que tipo?
- Com Wild Bill variava. Tinha os dedos metidos em muitos assuntos. Em sua maioria coisas pequenas. – organizou alguns papéis - Mas tinha ouvidos grandes, sabia como se confundir com o meio até fazer que esquecessem que estava por perto. As pessoas falavam em sua presença porque dava a impressão de que seu cérebro cabia numa xícara de chá. Mas era inteligente. – sua voz mudou, indicando-lhe a Harry algo que ainda não queria reconhecer ante si mesma. Doía-lhe sua morte - Era bastante inteligente como para evitar cruzar a linha que o enviaria uma longa temporada à sombra. O bastante para não pisar em pés equivocados. Até ontem à noite.
- Eu não ocultei o fato de que o procurava por uma informação que poderia me dar. Mas sob nenhum conceito o queria morto.
- Não culpo você.
- Não?
- Não. – afastou da mesa para girar a cadeira e olhá-lo frente a frente - Gente como Hill, sem importar o quanto inteligente seja, tem uma expectativa de vida curta. Se ele tivesse se colocado em contato comigo, teria sido possível que eu tivesse me reunido com ele no mesmo lugar que você, com os mesmos resultados. – já tinha analisado com frieza a situação - Pode ser que eu não goste de seu estilo, Potter, mas não lhe culpo por isto.
Notou que ela permanecia sentada muito quieta, sem realizar nenhum gesto. Igual ao quadro que tinha a suas costas, comunicava uma paixão vibrante sem movimento.
- Qual é meu estilo, tenente?
- Você é um renegado. Desses que se negam a jogar de acordo com as regras, se aprecia rompê-las. – não piscou ao olhá-lo, e seus olhos eram tão frios como água de um lago - Inicia coisas, mas nem sempre as termina. Talvez isso indique que se aborrece com facilidade ou que se fique sem energia. Seja como for, isso não fala a favor de sua confiabilidade.
A exposição que ela fez de sua personalidade o irritou, mas quando voltou a falar seu lento acento do sudoeste soou divertido.
- Deduziu tudo isso desde ontem à noite?
- Eu pesquisei. O colégio primário no que estudou com Draco me surpreendeu. – esboçou um sorriso, mas seus olhos seguiram frios - Não parece o tipo de homem adequado para esse tipo de instituição.
- Meus pais pensaram que me domesticariam. – sorriu - Mas não foi assim.
- Também não conseguiram em Harvard, onde se graduou em direito… carreira que mal utilizou. Parte de seu histórico militar era classificado, mas em geral conseguiu um bom quadro. – tinha um prato com amêndoas açucaradas na escrivaninha; Hermione se adiantou e, depois de uma meticulosa deliberação, elegeu a que queria - Não trabalho com alguém a quem não conheço.
- Eu também não. Por que não me põe a par de Hermione Granger?
- Sou policial. – respondeu com singeleza - E você não. Imagino que terá uma foto recente de Elizabeth Cook não?
- Sim. – mas não a mostrou. Não tinha por que suportar essas tolices de um bombonzinho com um distintivo - Alô, tenente, quem lhe meteu o dedo…?
Mas o telefone o cortou, e tendo em conta o reflexo dos olhos dela, talvez tivesse sido melhor. Ao menos já sabia como descongelar aqueles olhos.
- Granger. – aguardou um segundo, depois anotou algo num bloco - Avise a forense. Vou para lá. – levantou-se e guardou o bloco numa bolsa de pele de serpente - Encontramos o carro. – franzia o cenho ao passar a bolsa para o ombro - Como Draco quer que participe, pode me acompanhar… só como observador. Entendido?
- Oh, sim. Claro.
Seguiu-a pelo corredor e se pôs a seu lado. A mulher tinha o melhor traseiro daquele lado do Mississipi e não queria que o distraísse.
- Ontem à noite não tive muito tempo para me por em dia com Draco. – começou - Me perguntava como é que mantém… uma relação tão cordial com seu capitão. – ela baixava as escadas em direção à garagem quando se deteve e o olhou com os olhos afiados como uma navalha - O que? – quis saber Harry enquanto era avaliado em silêncio.
- Tentava decidir se nos está ofendendo... Draco e a mim… pois se for este o caso me veria obrigada a lhe causar certa dor... ou se só expôs mal a pergunta.
- Tente o segundo. – ergueu uma sobrancelha.
- Certo. – seguiu descendo - Fomos parceiros durante mais de sete anos. – chegou ao fim dos degraus e girou à direita. Os saltos baixos de suas botas de pele soaram no cimento - Quando você confia a vida a alguém todos os dias, mais vale querê-lo bem.
- Depois ele ascendeu a capitão.
- Exato. – depois de sacar as chaves, abriu o carro - Sinto, mas o assento do passageiro está travado para frente. Ainda não tive tempo para mandá-lo arrumar.
Harry observou o carro esportivo com certo pesar. Um carro fantástico, sem nenhuma dúvida, mas com o assento nessa posição, ira ter que se dobrar como uma sanfona e se sentar com o queixo nos joelhos.
- E isso não foi nenhum problema? Refiro-me a que Draco ser o capitão
Hermione se sentou com elegância e fez uma leve careta quando Colt grunhiu e se acomodou a seu lado.
- Não. Sou ambiciosa? Sim. Me aborrece que o melhor policial com que trabalhei seja meu superior? Não. Espero ascender a capitão em cinco anos. Pode apostar seu traseiro. – pôs os óculos de sol - Aperte o cinto, Potter. – arrancou e subiu pela rampa em direção a rua.
O teve que admirar sua perícia ao volante. Não dispunha de outra escolha, já que era ela quem conduzia.
- Então Draco e você são amigos.
- Sim, somos. Por quê?
- Queria estabelecer que não são todos os homens atraentes de determinada idade que a deixam rígida. – sorriu quando girou por uma esquina - Gosto de saber que sou eu. Faz com que eu me sinta especial.
Então ela sorriu e lhe lançou o que poderia ter sido um olhar amistoso. Na verdade não era mais do que amistosa, e não deveria ter acelerado as batidas do seu coração.
- Eu não diria que me deixa rígida, Potter. Só que não confio nos autônomos. Mas como nesta situação ambos perseguimos o mesmo objetivo, e como Draco é amigo dos dois, podemos tentar levar isso da melhor maneira possível.
- Soa razoável. Temos o trabalho e Draco em comum. Talvez possamos encontrar algumas coisas a mais. – o volume da rádio era baixo. Subiu e mostrou sua aprovação ante o blues lento que saía pelos alto-falantes - Viu? Tem mais uma coisa aqui. Que lhe parece a comida mexicana?
- Eu gosto de chile picante e de margaritas geladas.
- Progredimos. – tentou mover-se no assento, seu joelho golpeou o painel, ele amaldiçoou alto - Se vamos sair mais vezes juntos num carro, o faremos no meu.
- Já discutiremos esse caso. – voltou a baixar o volume da música ao ouvir que a rádio da polícia ganhava vida.
- Todas as unidades próximas a Sheridan e Jewel, esta acontecendo um...
Hermione praguejou enquanto escutava a solicitação de ajuda pelo rádio.
- Estamos só a um quarteirão. – girou à esquerda e observou a Harry com dúvidas – Tiros. – explicou - Assunto da polícia, entendido?
- Claro.
- Aqui é a unidade seis. – respondeu no rádio - Estou no lugar. – depois de frear por trás de um carro patrulha, abriu a porta - Fique no carro. - com essa ordem seca, desembainhou a arma e se dirigiu para a entrada de um edifício de quatro andares.
Ao chegar à porta respirou fundo. Quanto a atravessou, ouviu o som de outro disparo.
- Um andar acima. - deduziu. “Talvez dois”. Com o corpo colado à parede, estudou a entrada reduzida, depois se pôs a subir. Pareceu-lhe ouvir alguns gritos ou prantos. Um menino. Com a mente fria e as mãos firmes, girou a pistola ao chegar ao primeiro patamar. Uma porta se abria a sua esquerda. Se agachou e apontou para o movimento ainda que só para olhar aos olhos de uma mulher mais velha com olhos aterrorizados.
- Polícia. – informou - Não saia.
A porta se fechou e ouviu o ferrolho. Hermione se moveu para a segunda escada. Os viu nesse momento, o policial abatido e o policial que o examinava.
- Agente. – sua voz irradiou autoridade ao apoiar uma mão sobre o ombro do oficial ileso - O que aconteceu?
- Atirou em Jim. Saiu correndo com a menina e abriu fogo.
O polícia uniformizado estava pálido, igual que seu colega, que sangrava na escada. Não pôde distinguir quem tremia com mais violência.
- Como você se chama?
- Harrison. Dom Harrison. – apertava um lenço empapado contra a ferida do ombro esquerdo de seu colega.
- Agente Harrison, sou a tenente Granger. Ponha-me a par da situação, e depressa.
- Senhora. – respirou fundo duas vezes - Uma briga doméstica. Teve disparos. Um homem branco atacou à mulher do apartamento 2-D. Disparou contra nós e subiu pelas escadas com uma menina pequena como escudo.
Ao terminar, uma mulher chegou trêmula e arquejante do apartamento de cima. Através dos dedos que segurava as costelas, gotejava sangue.
- Levou a minha pequena. Charlie levou a minha pequena. Por favor, Deus… - caiu de joelhos chorando - Está louco. Por favor, Deus…
- Agente Harrison. – um som na escada fez que Hermione se movesse com rapidez, para depois amaldiçoar. Deveria ter imaginado que Harry não permaneceria no carro - Solicite ajuda. – continuou - Um oficial e uma civil feridos. Situação de refém. - E olhou para a arma que ele brandia. Parecia uma 45 - Faça o telefonema, depois venha aqui e me dê apoio. – olhou para Harry - Seja de utilidade. Faça o que possa por estes dois.
Subiu as escadas correndo. Ouviu o pranto da criança outra vez, gritos aterrorizados que reverberam nos corredores estreitos. Ao chegar ao último andar, ouviu o som de uma porta fechando-se com força. “O telhado”, decidiu. Com as costas coladas na parede da porta, provou a maçaneta, abriu e atravessou agachada.
O outro disparou sem direção. A bala assobiou a mais de meio metro a sua direita. Hermione se plantou diante dele.
- Polícia! – gritou - Solte a arma! - Era um homem grande, junto à beira do telhado. Tinha a pele enrubescida pela ira e os olhos brilhavam devido a algum estimulante químico. Ela podia lidar com aquilo. Também a 45 que ele empunhava. Mas era a pequena de talvez dois anos que ele sustentava pelo pé sobre o vazio o que não podia manejar.
- A soltarei! – gritou como um cântico - Eu farei! Eu farei! Juro por Deus que a farei cair como se fosse uma pedra! – sacudiu à pequena, que não parava de chorar. Uma de suas pequenas sapatilhas se desprezou e caiu os quatro andares.
- Não quer cometer um erro, não é, Charlie? – Hermione se afastou lentamente da porta, sem deixar de apontar com a nove milímetros ao peito do outro - Tire-a daí.
- Vou soltar à pequena cadela. – sorriu ao dizê-lo - É como sua mãe. Não para de gemer e de chorar o tempo inteiro. Pensaram que poderiam afastar-se de mim. Mas as encontrei, não é? Linda agora lamenta, não? Lamenta ter me deixado.
- Sim. – tinha que recuperar a menina. Devia ter um modo de conseguir. Para surpresa, uma recordação antiga e terrível lhe invadiu a mente. Os gritos, as ameaças, o medo. Achatou-os como se fossem uma barata - Se você machucar a criança, Charlie. Tudo estará acabado.
- Não me diga que vai acabar! – furioso, sacudiu à menina como se fosse uma bolsa de feira. O coração de Hermione quase parou, e o mesmo sucedeu com os gritos. A pequena nesse momento só soluçava, com os braços pendurando-lhe e os olhos vidrados - Ela tentou me dizer que tinha acabado. “Acabou-se, Charlie”. – emitiu com voz aguda - Assim que lhe aticei um pouco. Deus sabe que ela merecia. Não parava de dar-me trabalho, com tudo. E quando veio a menina, tudo mudou. As cadelas não me servem para nada na vida. Mas sou eu quem diz quando vai acabar.
O barulho das sirenas cresceu. Hermione percebeu um movimento a suas costas, mas não se atreveu a voltar-se. Precisava que o homem estivesse concentrado nela, só nela.
- Traga à pequena para cá e talvez se salve. Quer salvar-se, não é verdade, Charlie? Vamos. Dê-me ela. Não precisa dela.
- Acha que eu sou estúpido? – rugiu - Você nada mais é do que outra cadela.
- Não acredito que seja estúpido. – captou um movimento pelo canto do olho e teria soltado uma maldição por ele ser atrevido. Não era Harrison, mas sim Harry, que avançava como uma sombra para o lado cego do homem - Não creio que seja bastante estúpido para ferir à pequena. – já estava mais perto, a menos de dois metros. Mas bem poderiam ser cinqüenta.
- Vou matá-la! – gritou - Vou matá-la e a você também, e a qualquer um que se interponha em meu caminho! Ninguém me diz que acabou até que eu digo que acabou!
Aconteceu então, depressa, como uma mancha imprecisa num canto de um sonho. Harry se lançou para frente e com um braço enganchou a cintura da menina. Hermione vislumbrou um reflexo de metal em sua mão e o reconheceu como uma 32. Poderia tê-la empregado, se não tivesse sido sua prioridade salvar à pequena. Girou, de maneira que seu corpo foi um escudo para ela, e quando conseguiu erguer a arma tudo já tinha acabado.
Vendo que o outro desviava a 45 para Harry e a menina, Hermione disparou. À bala o jogou para trás. Com os joelhos golpeou a beirada do telhado. Foi ele quem caiu como uma pedra.
Hermione nem sequer se permitiu o luxo de suspirar. Embainhou a arma e dirigiu ao lugar onde Harry acalentava a menina, que chorava.
- Ela está bem?
- Parece que sim. – com um movimento tão natural que ela teria jurado que o fizera durante toda a sua vida, acomodou à pequena contra seu quadril e lhe deu um beijo na têmpora molhada - Já está bem, pequena.
- Mamãe. – com o rosto banhado em lágrimas, enterrou-o no ombro de Harry - Mamãe.
- Te levaremos para a sua mamãe, querida, não se preocupe. – Harry ainda sustentava a arma, mas a outra mão se ocupava de acariciar o cabelo encaracolado e loiro - Bom trabalho, tenente.
- Já fiz melhor. – olhou acima do ombro. Os policiais já subiam pelas escadas.
- Não deixou de falar para que a menina tivesse uma oportunidade, depois o abateu. É impossível fazê-lo melhor. – e durante toda a ação tinha visto nos olhos dela a expressão de um guerreiro.
- Vamos embora daqui. - disse passados alguns momentos de um olhar fixo.
- De acordo. – dirigiram-se para a porta.
- Uma coisa, Potter.
- O que? – sorriu um pouco, confiante que seria o instante que ela lhe agradeceria.
- Tem porte de arma?
Deteve-se e fixou os olhos nela. Depois estourou numa gargalhada profunda. Super feliz, a pequena ergueu a vista, franziu o nariz e conseguiu esboçar um sorriso trêmulo.
Mila Helcias: que bom que já fã da fic, espero que continue gostando. Beijos e um Feliz Natal.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!