Cinco Anos Depois



Era difícil saber de quem eram essas vozes sem sentido que havia em sua mente. Suas pálpebras pesavam, e seu desejo de fechá-las vinha novamente, o cansaço a fazia ficar tonta, prestes a voltar ao sono, mas muitas mãos a empurravam e puxavam. Kate se levantou aos poucos de seu banco. Seus cabelos estavam um pouco bagunçados, mas seu rosto, sua roupa estavam intactos. A sua frente se encontravam duas ruivas, Lily e Libby, estavam bufando e voltando a se sentar nos bancos defronte ao de Kate. A morena percebeu no mesmo instante. O trem estava parando. Logo estariam em Hogwarts, com suas passagens secretas, muros reconstruídos, com suas aulas monótonas, seus amigos escandalosos, e infelizmente... Brian.
Até aos onze anos eles namoravam, hum, namorico de criança, dizia Kate toda vez que outros vinham perguntar sobre ele. Já estava farta de dever explicações aos outros.

- Oi, Kate – a garota pulou para o lado ao ver James entrar na cabine sem pedir. – Libby, Lily... – Ele acenou com a cabeça.
- Ei, viram... ah – era Sunday, irmã de James. – Você é rápido... – disse rispidamente para o irmão, o que o fez bufar. – Mas, então, quando terminar... – Olhou para Kate e virou-se para Lily. – Tem uma garota querendo falar com você.
A garota se dirigiu para sua cabine. O que fez James voltar ao normal e encarar Kate, em seguida Libby e parar em Lily.


- Foi mal, garotas. Ela é legal... eu acho. - Franziu o cenho, e todas riram. - Não tentem entendê-la. Tento isso há dezesseis anos. - Todas riram novamente, dessa vez acompanhadas por James.

Era impossível, o trem estava, literalmente, parando. James pulou do lugar e correu para pegar seu malão. Enquanto Kate dava, às pressas, comida a sua coruja, o que fez com que se atrasassem para pegar suas carruagens. Em lugar de um cavalo alado ou um unicórnio rosa (Como sempre desejara Kate) estava o nada. O carro andava sozinho. Kate fez questão de pegar um só para si, Lily e Libby, enquanto James ia com sua irmã e dois amigos da Sonserina.

- Ei, por favor. – Disse uma voz dura, de tal modo, dócil, mas ao mesmo tempo dura, Kate olhou assustada.
- Ora, veja se não é o Brian "Ele arrasa". – Lily comentou irônica. Brian riu-se, também ironicamente. Kate, que desejou não ter ouvido esta risada, se virou para o lado para onde deveria estar o cavalo, desejando que fosse logo, mas, para sua infelicidade, esse desejo não foi realizado.
- É, gostei desse nome. - Brian comentou, em um tom mais carregado de sarcasmo do que nunca. Kate bufou e entrou, finalmente, na carruagem. Lily e Libby se entreolharam e seguiram Kate para dentro da carruagem.
- Ei, ei! Kate, eu estava brincando!
- Tanto faz. - Respondeu Kate para si mesma.
- Meninas, posso ir com vocês? É a última carruagem. - Perguntou depois de alguns segundos constrangedores.
Lily virou-se para Kate.
- Por mim, pode ser... Kate?
- Por favor, Kate? - Brian fez beiço e Libby prendeu uma risadinha.
- O meu nome - respondeu Kate, friamente - é Katherine. - A carruagem começou a se mover lentamente na noite fria, deixando Brian para trás.


Logo ao chegar ao Grande Salão, Kate avistou Minerva, a atual diretora de Hogwarts. Dumbledore havia morrido há poucos anos, antes da queda, permanente, do Lorde das Trevas, mesmo ainda estando no quadro na sala dos Diretores. Kate viu também dois novos professores. Um moço que nem devia ter 20 anos ainda e outro que, embora mais velho, era de certa forma atraente aos olhos de Kate.

O vice-diretor, Flitwick, se posicionou ao lado de um banquinho de madeira que tinha um chapéu surrado em cima. Entre uma parte e outra do chapéu, abriu-se um rasgo e dele saiu sons, o chapéu cantou - sim, o chapéu cantou, e Kate ainda se surpreendia todo ano quando ele fazia isso - uma canção sobre as qualidades de cada Casa: Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Logo em seguida, Flitwick foi chamando os novos alunos, um por um, ao banquinho, onde o Chapéu Seletor dizia a Casa que o merecia.
- Connelly, Amanda. – E uma garotinha tímida e com um ar de nervosa, se dirigiu ao banquinho, o professor colocou o chapéu sobre sua cabeça, e o rasgo do chapéu se abriu novamente.
- Lufa-Lufa! – O Chapéu gritou, e a garotinha foi para a mesa lhe indicada, onde os alunos mais velhos batiam palmas. E assim se seguiu para os outros alunos.
- Lerroy, John.
- Sonserina!
- Romerin, Samantha.
- Corvinal!

Kate revirou os olhos. Adorava a Seleção, mas naquele dia estava ansiosa. Aquelas férias pareceram muito longas. O último aluno foi selecionado e todos bateram palmas. A diretora McGonagall abriu um sorriso enquanto apontava a varinha para o pescoço e murmurava "Sonorus", como fazia todo ano antes de começar seu discurso de boas-vindas.
- Bem vindos a mais um ano letivo em Hogwarts. O zelador Filch queria lembrá-los de que é proibido qualquer tipo de bomba ou fogos de artifício. - Ela assentiu em direção ao velho que estava na porta, com um gato preto no colo. Há alguns anos, ele tinha a "Madame Nor-r-ra" que infelizmente morreu de velhice, embora ele ainda culpasse um aluno do quarto ano de ter enfeitiçado-a.


"Este ano teremos um evento especial. Será sediado um Torneio Tribruxo em nossa escola." Mais palmas vindas de todas as mesas ecoaram pelo Salão. McGonagall continuou. “Fazendo assim, que, infelizmente, cancelemos a temporada de Quadribol. Para quem não sabe, o Torneio Tribruxo é um teste de perícia em magia, coragem, poderes de dedução e capacidade de enfrentar o perigo, enfim. Em algumas semanas, os nossos visitantes da Academia Beauxbatons e Durmstrang irão chegar e, obviamente, creio que serão muito hospitaleiros.”
 “Os participantes serão escolhidos por um cálice, que dirá quais alunos são capazes de enfrentar as provas. Segundo as regras, os participantes devem ter, no mínimo, 15 anos de idade.” Vários alunos reclamaram e, alguns, fizeram gestos um tanto mal-educados para a diretora, que os ignorou. A mulher esperou o burburinho diminuir e acrescentou:
- E temos também algmas mudanças no corpo docente, este ano. A professora Sprout resolveu se demitir e aproveitar a aposentadoria. - Vários alunos da mesa da Lufa-Lufa arregalaram os olhos. - A vaga será preenchida por Neville Longbottom, um ex-aluno de Hogwarts. - Um homem jovem, de rosto redondo e cabelos escuros, se levantou e acenou com a cabeça, recebendo vários aplausos de todas as mesas. A boca da diretora se retorceu num meio sorriso. - As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, a partir deste ano, serão dadas pelo professor Matthew Reynolds. - Um homem que parecia ter, no mínimo, dez anos a mais do que Neville se levantou e fez uma breve reverência, recebendo mais aplausos dos alunos.
Minerva pegou uma taça que estava disposta a sua frente e a ergueu:
- Enfim, boa refeição. – E a diretora pôs-se a se sentar.
As quatro mesas se encheram imediatamente de dezenas de pratos; desde frango assado até sopa de fígado. Kate se serviu e ficou remexendo a comida, enquanto Lily, Libby, Laila e Ashley conversavam sobre os novos professores. Era incrível como os amigos de Kate mudaram desde o primeiro ano.
- Ei, K? Está tudo bem?


Kate se desviou de seus pensamentos por alguns instantes. Libby olhava atentamente para o prato intocado da amiga, com uma sobrancelha erguida.
- Sim, está. Só estou meio... Cansada. Quero ir logo para a cama, não estou com fome. - Sorriu um pouco. Libby pareceu se convencer.
A comida logo sumiu da mesa e dos pratos interminados, dando lugar a sobremesa. Kate se serviu de um pouco de torta de maçã, mas não chegou a comer nem duas garfadas. Em poucos minutos, a sobremesa também desapareceu da mesa, e a diretora McGonagall desejou-lhes boa noite. Kate se levantou e seguiu os colegas ravinos em direção a porta. Tudo o que queria era deitar em sua cama, relaxar e dormir bastante...
- Kate, oi.
- Oi... James. - Kate sorriu, embora ainda caminhasse em direção as escadas, com pressa.
- Você vai participar? - Perguntou o garoto, segurando a amiga pelo braço, provavelmente para que a mesma parasse de subir as escadas.
- Participar?
- É. Do Torneio. Kate, acorda!
- Ah, sim, o Torneio. Acho que não. E eu estou acordada. - James revirou os olhos.
- Porque não? Você já tem idade suficiente, e é muito... Determinada. - Franziu a testa. - Digo, não seria legal? Imagina se você ganhasse.
Kate fingiu pensar por um segundo.
- Ah, acho que realmente não, Jimi. Mas você deveria tentar. Não, pensando bem, não deveria. Muito perigoso.
James soltou uma gargalhada alta; alguns alunos olharam-no espantados.
- Amanhã falamos sobre isso. Boa noite! - Soltou o braço de Kate, finalmente, dando-lhe um beijo no rosto e seguiu para as masmorras.
- Boa noite. - Respondeu um pouco atrasada, e seguiu para o dormitório.
Kate nem se deu ao trabalho de trocar de roupa; apenas se atirou na cama e fechou os olhos. No estado entre o sono e a lucidez, Kate pôde ouvir a voz de Lily na cama ao lado lhe dando boa noite, mas não conseguiu responder. Tudo estava escuro, e a garota se encontrava em uma dimensão paralela.


- BOOOM DIA, RAIO DE SOL!
Kate colocou o travesseiro sobre o rosto, evitando a luz que entrava pelas janelas do dormitório.


- Que horas são? - Sua voz saiu um tanto abafada devido ao travesseiro.
- Cedo, mas você não quer se atrasar no seu primeiro dia de aula, certo? - Laila estava sentada em sua cama, se olhando num pequeno espelho que se mantinha no ar.
- É, acho que sim. - Kate soltou um longo bocejo. - Ei, onde estão as outras meninas?
- Lily e Libby foram pegar os horários de nós todas antes de irem tomar café da manhã, e a Ash estava indo dar uma volta pelo lago antes de ir para o Salão.
- Ah, ótimo, estou atrasada. Porque não me chamou antes?
- Eu tentei, mas alguém não queria nem abrir os olhos, certo?
Kate riu enquanto corria para o banheiro do dormitório.
- Ah, droga! - A garota mirava o espelho com espanto. - Vou demorar horas para arrumar esse ninho. Muito obrigada por me acordar cedo, Laila. Muito mesmo! - Gritou irônica para a colega, que respondeu com uma gargalhada alegre.
- Te vejo no café da manhã!






Fora exatamente como Kate previra, estava atrasada para sua primeira aula. O lado bom é que era com o Slughorn, e o lado péssimo é que mal comera sua bolachinha.
- Droga, poções com a Sonserina e grifinória. Vai ser emocionante. – Disse Kate, irônica, que acabara de alcançar Lily no meio aos Sonserinos que entravam nas Masmorras.
- Ah, Kate, não reclame. Não é tão ruim. Seu amigo é um Sonserino, se lembra?
- Não me queixo de ter uma aula com Sonserinos – exclamou Kate -, me queixo por ter aula com Sonserinos na mesma sala que Grifinórios – Completou para si mesma, embora Lily tivesse ouvido.
- Sejam Bem vindos a mais um ano letivo em Hogwarts. Se estão aqui é porque tiraram pelo menos um Aceitável na NOM de Poções. Agora, quero que estejam avisados que a partir de agora, estarão sendo preparados para as NIEMs, que será bem mais complexo...
- Sabe, não sei por que estamos aqui. Afinal... Precisamos de poções para... – Kate fora interrompido por um estalo vindo do professor.
- Creio que a Senhorita Kate gostaria de dar a aula por mim... Se está conversando, é porque já está ciente do que aprenderão. Estou certo?
- M-me desculpe, Senhor. Eu só...
- Mas, continuando, alguém pode me dizer o quê é a poção do morto...?
Lily bufou alto. Kate se lembrou que Lily era a melhor da sala, e uma das mais preferidas de Slughorn, e talvez ele pudesse não pensar bem dela se a visse conversando demais. Baboseira pensava Kate.
- Por Favor, Professor. – Jean, uma sonserina, levantara o braço.
- Sim, Senhorita Simons.
- A Poção do Morto-Vivo é uma poção bastante poderosa, que faz a pessoa parecer morta viva. Ela toma a poção e fica adormecida por um bom tempo.
- E poderia, Senhorita Simons, mencionar alguns ingredientes da poção? – A garota concordou com a cabeça.
- Bem... é... Raiz de asfódelo em pó, Infusão de losna – E levantava um dedo a cada ingrediente -, Raízes de valeriana e Vagem soporífera.


- Muito bom, 10 pontos para a Sonserina. – Eu quero que façam a poção do morto-vivo exatamente como está no livro de vocês, no capítulo 3.
Kate, embora se esforçasse ao máximo, não obtinha os resultados que o livro exigia. Lily e a sonserina, Jean, foram as únicas que obtiveram resultados, até certo ponto.
- Muito bem, muito bem. Acabou o tempo. Ora, vejamos. Hum... Não ficou bom, filho. – Slughorn caminhava sobre as mesas para analisar todos. – Me desculpe, querida.
E assim se seguiu o dia. Kate havia saído da aula de poções e fora ter dobradinha em Feitiços e depois Adivinhação. Embora preferisse ir aulas com Firenze, fora forçada a freqüentar as aulas de Sibila. Todo ano ela previa que um aluno, logo, iria morrer. Kate se preparava para caçoar do mesmo.
- Oh, meus alunos. Hoje estou aqui para ensinar a vocês a descobrirem o futuro. Sinto muito em dizer que as maiorias das tentativas foram... Horríveis. Poucos souberam aproveitar este dom que muitos têm...
- Quanta bobagem – bocejou Kate para Lily e outra ravina que se sentou logo atrás, ambas riu.
- Bobagem, querida? Oh, deixe-me ver o que temos nessas belas mãos. – Sibila se atreveu e meteu-lhe a mão na da garota. E começou a observá-la. – OH! Não... N-não.
Kate riu.
- Que pena, querida. Foi ótimo te conhecer, pena que não dura muito tempo. – Sibila ia se virando quando Kate se levantou e berrou.
- O QUÊ? Está me dizendo que logo morrerei?
- Se parasse dizer que Adivinhação é vaga e prestasse sua atenção ao futuro, teria percebido antes, querida. Desculpa-me.
- Louca! – Kate se levantou pegando sua bolsa, e se retirou da sala, deixando seu livro sobre a mesa, e indo para o grande Salão.

Não demorou muito para Lily encontrar Kate no Salão Principal. Logo a ruiva, junto de Libby, se dirigiu para a moça.
- O QUE DEU EM VOCÊ? Kate... – Lily a encarava. Embora seu rosto parecesse raivoso, só estava mesmo era curiosa.
- Sabe, é engraçado quando ela diz isso... Aos outros, mas ela conseguiu mesmo me irritar...


- Fiquei sabendo, Lily me contou. Mas O QUÊ houve? – Libby se sentou ao lado da amiga.
- É estranho... Só isso. E... Lily... – Kate se virou para a outra ruiva, que desaparecera de vista. – Ué, onde ela se meteu?
Libby deu de ombros, e continuou a vasculhar a área em busca da amiga.


 

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