Prólogo



Kate olhava para o chão sem muito interesse. Era balançada para frente e para trás lentamente, enquanto chutava as pedrinhas abaixo de seus pés. O céu estava cinzento. Fazia frio, ventava um pouco também. Logo vai nevar, pensou com seus botões. Ouviu-se, então, um ruído metálico. Com espanto, olhou para os dois lados. Um garoto, mais ou menos da mesma idade que Kate, pensou a mesma, se sentara no balanço ao lado. Não dava para especificar muito bem a altura, já que estava sentado, mas seus cabelos eram castanho-claro, quase loiros, os olhos azuis e a pele clara. Sorria para o nada, como se estivesse pensando em algo feliz.
- Oi! - Saudou-o, um pouco animada demais.
- Olá. - Ele respondeu, ainda sorrindo.
Kate começou a se balançar com mais força, e os minutos se passaram silenciosos.
- Você mora por aqui perto? - Perguntou o Garoto Que Sorri.
- Logo ali em frente - Ela apontou para uma casinha amarela, de dois andares, logo em frente à pracinha. -, com meu pai. E você?
- Há umas quatro quadras para lá. - Apontou para a rua oposta a da casa de Kate. A garota balançou a cabeça e voltou a balançar-se, enquanto o Garoto Que Sorri fazia o mesmo.
Novamente, o tempo se arrastou em silêncio. Até que, então, um homem saíra de dentro da casa de Kate, usando luvas acolchoadas próprias para mexer no forno. Tinha os cabelos levemente despenteados e a barba por fazer.
- KATE! Venha para dentro, está começando a nevar! - Berrou.
A garotinha saltou do balanço e estava prestes a correr quando ouviu a voz do Garoto Que Sorri - que já não sorria mais, por ironia.
- Acho que já vou também. Até. - Acenou.
- Até! Ei, espere. Eu não sei seu nome.
- Brian. Sou Brian Ellehauser, e você é...?
- Katherine Williams... Ou só Kate mesmo.


- Certo, Katherine Williams, nos vemos depois. - Deu um pequeno sorriso e seguiu seu curso. Kate foi em direção ao pai, que apoiou o braço esquerdo sobre os ombros da menina e falou baixinho, como se fosse um segredo:
- Fiz biscoitos de chocolate! Se você se apressar, talvez a Sam não tenha comido todos. - Riu. Sam era a gata dos Williams.




Cinco Meses Após

- Kate! – Uma pausa e um assobio. – Aqui!
Kate jogou o último suéter na mala e correu para abrir a porta da sacada.
- Oi, Brian. – Sorriu. – Bom dia!
- Bom dia pra você também, mas VAMOS LOGO! – Ele praticamente gritou a última parte.
- Certo. Já estou descendo. – Soprou-lhe um beijo e em seguida voltou para o quarto.
A garota fechou a mala e a arrastou para o andar de baixo, onde o senhor Williams esperava-a, ainda de pijamas, na sala de estar.
- Está tudo pronto?
- Está sim. Eu vou com o Brian até a casa dele, e de lá todo mundo vai para a estação.
- Todo mundo? Todo mundo quem? – Ergueu uma sobrancelha.
- Eu, o Brian, a mãe dele, o pai dele... – levantava um dedo a cada nome citado, contando. – E tinha algo a ver com encontrar um tio de nome esquisito por lá, também. Hermínio, algo desse tipo.
O senhor Williams abriu a boca para falar algo, mas a porta se abriu, revelando um garoto aparentemente da mesma idade de Kate.
- Hãn... Bom dia, senhor Williams. – Sorriu um pouco hesitante, e se virou para Kate. – Vamos? Está quase na hora, vamos nos atrasar.
Kate consultou rapidamente o relógio de pulso.
- Nossa, é mesmo. Pai, eu acho que... Bem, eu tenho que ir e... Brian?
- O que? Ah, sim. Eu espero ali fora.
Brian saiu da pequena sala, em silêncio. Kate ainda olhava para o pai, sem saber o que dizer.
- Vou sentir saudades. – Pensou ser um bom começo.
- Eu também vou, filhota. – Puxou a filha num abraço apertado. – Nos vemos no Natal, então?
- É, acho que sim. – Sorriu. Uma lágrima tímida começava a surgir nos olhos brilhantes de Kate. O pai a abraçou mais forte.
- Acabe com eles, garota.
- Espero que não, pai. – Riu.


Kate se soltou do pai e agarrou a alça de sua mala. Caminhou lentamente até a porta.
- E, Katherine?
Kate travou-se, como se fosse pregada ao chão.
- Sim?
- Se você cair na Sonserina, eu a enforco com as minhas próprias mãos. – Seu tom fora sério, embora acabasse com a ameaça ao abrir um pequeno sorriso para a filha.




Kate olhava através da janela, sem realmente ver nada, devido à escuridão. Ao seu lado, Brian tirava um cochilo, e no banco da frente, duas garotas ruivas, as quais Kate já havia feito amizade quando todas decidiram entrar na mesma cabine ao mesmo tempo por coincidência. Conversavam fervorosamente sobre as férias, Hogwarts e como descobriram sua magia.
-... Então quando eu vi que tinha levitado tudo na sala, papai me contou sobre a magia. Eu tinha uns... Sete anos. – Encerrou Kate ao ver que uma das ruivas, gostaria de falar.
- Bem, comigo foi totalmente... Inesperado, nenhum da minha família é bruxo. Mas mamãe ficou super animada quando recebi a carta. No começo imaginei que fosse uma brincadeira de mau gosto, mas quando me lembrei sobre todos os fatos estranhos que vinham de mim – Lily, a ruiva que falava, fez uma pausa para se lembrar, mas nada disse.

Logo estariam chegando a Hogwarts, Brian já havia acordado, e o assunto havia se encerrado. Ao longe se via o grande castelo, com algumas luzes acesas, e torres e mais torres por todos os lados. Todo mundo já tinha colocado as vestes de Hogwarts quando o trem começou a perder a velocidade.
- Calma aí, porque estamos parando? O castelo ainda está longe. – Exclamou Brian, preocupado.
Ao longe se ouvia um grito, um homem.
-Alunos do Primeiro ano! Aqui, por favor! – Todos saíram para ver quem era. Um homem alto e gordo demais estava postado perto do trem com uma lanterna do tamanho de uma cabeça, ou maior.
Libby acompanhou Lily, Kate e Brian até o gigante.


- Este aí, é o Hagrid, Rúbeo Hagrid, ele... Ele faz... Ora, ele trabalha em Hogwarts. – Libby apresentava-o para as garotas. – Enfim, adeus, garotas. Nos vemos no castelo. – Libby já se encontrava longe quando Kate se virou para ela.
- Onde pensa que vai, Libby?
- Não sou primeiranista. Já estou no segundo ano em Hogwarts. Os primeiranista atravessam o lago para chegar a Hogwarts, já os outros alunos seguem para aquele caminho. – Libby apontou para uma estrada estreita que se via logo à frente. – Ande logo, Hagrid já está indo, vai.
Kate correu até Lily, onde seguiram juntas para uns barquinhos que deveria caber umas 3, 4 pessoas. Sentou-se Kate, Lily, Brian e outra garota, Britany, que parecia se interessar em Brian, o que chateou muito Kate. Juntos seguiram pelo lago para chegar a Hogwarts, que agora se mostrava maior do que imaginavam.
- Observem bem, pessoal, Será a primeira visão do castelo que terão. Imaginem quando entrarem nele. – gritou o gigante, que se encontrava sozinho em um barco por sua grandeza.
Ao tocar as escadarias de mármore do Saguão de Entrada, Kate engoliu em seco, apertou bem a mão de Brian, que estava grudada a sua, e entraram.


- Ca-ham – Ao alto da escada se encontrava um senhor bem baixinho, que bateria a cintura de Kate se tentasse se aproximar. – Sejam Bem vindos a Escola de Magia e Bruxaria, Hogwarts. Façam desse lugar um lar para vocês. A partir do momento que atravessarem esses portões – O baixinho apontou para uma porta logo atrás de si. – Serão selecionados para suas casas. As “casas” serão como suas famílias. Participe das aulas e ganhe pontos para sua casa, quebre regras e serão retirados pontos de sua casa. Ao final do ano haverá a copa das casas, a casa campeã terá seus devidos prêmios. Há quatro casas em Hogwarts – O senhor parou e respirou um pouco. – Elas são Lufa-Lufa, Grifinória, Sonserina e Corvinal – Disse “Corvinal” cordialmente demais. – Ah, perdão – Disse soltando uma breve e silenciosa risadinha – Meu nome é Filius Flitwick, serei seu professor de Feitiço. Então? Vamos ao que interessa? – O professor se postou frente à porta e a abriu. Muitos alunos estavam sentados em mesas diferentes. Havia pratos vazios, talheres e taças. Kate olhou surpresa para o teto, ainda segurando a mão de Brian, em lugar do teto havia apenas um vazio, um céu escuro sem estrelas e nuvens. Logo a frente havia uma mesa, onde havia senhores e senhoras, Professores, pensou Kate. E logo a frente da mesa havia um banquinho de quatro pés e logo acima, um chapéu velho meio empoeirado. Kate se assustou quando viu que se abriu um rasgo no meio do chapéu, e dele saiu palavras – Kate se surpreendeu, ele falou, ou melhor, cantou. Ele cantou belas palavras sábias sobre sua velhice e história, e logo em seguida cantou sobre as casas. Logo o rasgo se remendou sozinho e o chapéu se calou. Logo a frente do chapéu apareceu uma senhora corpulenta, magricela, com um rolo de pergaminho a sua mão.


- Quando eu chamar seu nome, ponha o chapéu e se sente no banquinho. Quando o chapéu anunciar sua casa, vá se sentar à mesa correspondente. – A Moça chamou vários alunos, e a maioria foi para a Grifinória. Logo foi chamado Brian. – Ellehauser, Brian.
Brian se endireitou e soltou a mão de Kate. Ele sentou-se sobre o banco, sentiu aos poucos o chapéu se aproximando de seu coro cabeludo. Mal terminara de ajustar-lo o chapéu exclamou:
- Sonserina!
Brian, pra irritação de Kate, sorriu. Enquanto a garota se enfurecia, Sonserina? Como assim? Não, NÃO pode ser!, pensou consigo mesma.
- Grings, Nicolle. – Uma ruiva atravessou os novos alunos e se sentou sobre o banco.
- Sonserina! – A Mesa da Sonserina se irradiou de aplausos e gritos.
- Lewis, James.
Um garoto com o rosto apagado e zangado demais para a sua idade, andou lentamente até o chapéu, pelo menos até ser empurrado por uma garota que estava ao seu lado.
- Hum, um novo Lewis? Sonserina!
- Lewis, Sunday.
A garota que empurrara o tal James gelou, seu rosto ficara pálido. Seguiu, praticamente, correndo até o chapéu.
- Ora, Ora, dois Lewis em uma noite... Sonserina! – Os alunos ficaram nervosos quando viram vários alunos seguidos indo pra Sonserina, enquanto a mesa da Sonserina gritava e comemorava, mas ora, aquilo por acaso seria uma competição?
- Nate, Britany. – A garota que deu em cima de Brian agora se encontrava com ar de poder e um enorme sorriso sobre o rosto. Não demorou muito, logo o chapéu anunciou.
- Grifinória!
- Sharper, Lilian. – A garota ruiva, amiga de Kate, abriu um sorriso tímido e se despediu de Kate com um aceno.
- Corvinal!
- Studart, Laila.
- Corvinal.
- Williams, Katherine – Kate engoliu em seco, virou-se e deu uma última olhada em Brian que a encarava sorrindo delicadamente. Kate por outro lado, ficou fria e seca.


- Haha – riu-se o chapéu. – Não se estresse por culpa disto – Kate arregalou os olhos, Por acaso está lendo minha mente? E para seu espanto: - Sim, estou, Williams. Vejamos; esperta... Bonita... Limitada... Isso... Corvinal! – Kate correu até Lily que aplaudia alegre enquanto conversava com Laila, aluna primeiranista, também.
Restava apenas uma garota. Bonita, mas muito calada e tímida, seu rosto estava pálido, um branco com tons avermelhados nas bochechas. Ela deu nós em seus dedos e esperou ser chamada.
- Bem, só restou você, vamos... Yellowman, Ashley. – A garota saiu correndo e quase tropeçou em seus próprios pés.
- Hum... Corvinal! – Todos os alunos aplaudiram, a professora retirou o banquinho com o chapéu do salão, se retirando para seu lugar na mesa. Enquanto um velho senhor se levantava da cadeira de maior destaque na mesa dos professores.
- Só tenho duas palavras para lhes dizer. Bom Apetite!
E assim se seguiu a noite, até o próximo aviso do diretor, Dumbledore.
- Então! Agora que já comemos e molhamos também a garganta, preciso mais uma vez pedir sua atenção para alguns avisos.


“O Sr. Filch, o zelador, me pediu para avisá-los de que a lista dos objetos proibidos no interior do castelo este ano cresceu, passando a incluir Ioiôs-berrantes, Frisbees-dentados e Bumerangues-de-repetição. A lista inteira tem uns quatrocentos e trinta e sete itens, creio eu, e pode ser examinada na sala do Sr. Filch, se alguém quiser lê-la. Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida a todos os alunos, e o povoado de Hogsmead, àqueles que ainda não chegaram à terceira série.”
“Tenho ainda o doloroso dever de informar que este ano não realizaremos a Copa de Quadribol entre as casas. Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza de que vocês irão apreciá-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano em Hogwarts...”


Kate teve a leve impressão de ter ouvido a porta se abrir, um raio, palmas tímidas vindas lá da frente e uma porção de acontecimentos que, no momento, não interessavam a mesma. Kate mantinha seus olhos pregados em Brian, sorridente e instantaneamente populares na mesa da Sonserina. Havia uma aura de orgulho e em sua volta, Kate resmungou. Parecia tão diferente da pessoa que se sentara com ela na carruagem há meia hora... Kate balançou a cabeça. É ele, ainda. O mesmo Brian. É só o choque, logo ele voltará ao normal amanhã ou depois, é claro.
Ela não sabia como estava errada.

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