decoração branca.



Entra no local, joga-se no sofá. (ela não dá atenção ao visível buquê de rosas intacto sob a mesa de centro.) É aí que tudo termina.


Odeio flores. (elas lembram enterros.) Exceto os girassóis. É, girassóis são diferentes. Eles me lembram das tardes em que o céu atingia um tom mediador de laranja e amarelo. Essa era a melhor visão em Hogwarts.


Ela abre os olhos após 3 minutos. (algum tipo de sensação estranha a faz sentir como se o resto da sua vida estivesse errado, mas ela continua encarando o teto).


O único som que consigo ouvir vem do relógio de parede. Não me atrevo a olhar. Não importa o que aconteça, o tempo ainda passa. Odeio a forma como eu sei que os pequenos ponteiros se movem na direção dos números, e como cada número representa o game over disso.


A mão (aquela que nunca usou aliança) seca a pequena lágrima que se enchia no canto de um dos orbes castanhos.


Chorar é a coisa mais inútil que existe. Não existe uma maneira de concentrar toda a dor e retirá-la, feito um átomo de sentimentos em construção, porque a minha dor nunca foi um sentimento em construção. Ela sempre existiu, por trás dos estoques de sarcasmo, por trás dos tapas, por trás da esperança sem credibilidade. Talvez tenhamos sido todo esse tempo dois grandes masoquistas, rindo feito amantes em aceitação cada vez que a dor chegava: a dor de não ser o bastante, a dor de ser impossível, a dor no produto entre um Malfoy e uma sangue ruim.


O convite em branco gelo, tão condescendente e tradicional, continua ao lado das flores. As flores tem gosto de “Você-merece-alguém-melhor. Não-me-procure”, embora você saiba que as palavras são pequenas demais pra uma despedida, esta o é, as fodásticas flores, pra boas garotas e seus suspiros de amor. Mas você vê algum amor por aqui? Não. Você só encara o teto. Você não quer encarar mais nada. Azuis sombrios. O teto é bege. Então, por quê você você só vê o azul? A decoração morta não te comove, porque as flores já fizeram o serviço. Duas bocas encontrando-se, e os corpos afundando na cama, como se a vida fosse perfeita. Por quê você ainda lembra disso? Quanto tempo faz? 1mês? 10? Você não o odeia? Não? MERDA.


Eu te amo, Malfoy. E agora eu sei que eu te amo mais.


Você ignora o orgulho. Você só quer apodrecer naquela porra de existência medíocre: Que o sofá a engula pra dentro da sua não-vida. Porque você já não tinha vida. Você não tem mais nada, porque lá no convite está escrito: CASAMENTO DE DRACO MALFOY E ASTORIA GREENGRASS


the end.


_


n/a: Duas noites infelizes escrevendo essa fanfiction. Tudo começou, porque eu me dei conta de que odeio flores, e senti que seria interessante escrever duas narrações sob o mesmo contexto. Uma em terceira pessoa e outra em primeira. Deu isso. Espero que tenham gostado. Achei tão... pedante, talvez. Não sei. Tem dias que a coisa não flui e eu só escrevo. Talvez tenham sido alguns desses dias. (:


Fazem dois dias que escrevi essa história e agora, relendo, me dei conta que combina um pouco com  a morbidez dos acontecimentos recentes.


Enfim, comentem *-*

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Comentários (2)

  • Crik Snape

    Muito bom, eu quase chorei junto com a Mione imaginando a dor dessa notícia.  Sua short está linda. Parabéns.  

    2014-10-25
  • TCLestrange

    "Chorar é a coisa mais inútil que existe. Não existe uma maneira de concentrar toda a dor e retirá-la, feito um átomo de sentimentos em construção, porque a minha dor nunca foi um sentimento em construção."Perfect!Foi o parágrafo que mais amei!..E..Eu quero mais!!!.. Quero vê-la estrangando o casamento dele.. deixando todos de boca aberta!.. Pleeeeasee!Faz uma continuação!.. 

    2014-01-30
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