Lestrange, prazer.



5 de novembro de 1978 Londres, Inglaterra.


É Black: Acabou. Acabou como todas as milhares histórias clichês que o destino impede. (ainda que eu não acredite em destino).


E agora que acabou, eu só sei pensar no começo, porque no começo tudo era mais fácil, todas essas palavras não passavam nem pela possibilidade de serem escritas nessa agenda (ou diário, que seja).


Não quero narrar isso como se estivesse em uma grande bosta de reunião de auto-ajuda “Oi, meu nome é Bellatriz Black, tenho 17 anos e blá blᔹ.


(também não é como se eu estivesse tão desesperada pra compartilhar nosso ex-relacionamento sem sentido com uma pessoa real).


Não lembro de quanto o vi pela primeira vez. (oh shit, conheço esse traidorzinho do sangue desde que me entendo por gente). Lembro de uma infância mórbida ao lado de Narcisa, Regulos, você Black e mais alguns inúteis. E daí PUM, tudo apaga, lembro que você já era irritante, e depois só lembro-me da adolescência.


Haviam todas as cores do mundo e todos os cabelos e todos os sorrisos. Mas eu queria os seus olhos escuros e isso era estranho, porque o preto é uma cor vazia, não-excitante e comum e você Black era tudo – menos comum. Eu queria sentir os seus cabelos bagunçados. E volto a repetir: que surreal, cara! Toda a população masculina de Hogwarts popular tinha cabelos dessa maneira, por Merlin, até o Potter – veja bem, James Potter, o mestiço que tinha obsessão por aquela coisa ruiva – tinha cabelos idênticos ou até mais bagunçados que os seus. (mas eu nem lembrava a existência desse idiota, é claro). E haviam os seus sorrisos. Sua coleção de sorrisos. Eu posso descrever cada um deles. É como se você tivesse reinventado todas as qualidades de um ser humano de uma forma tão complexa, que eu poderia classificar e expor em minha estante. Sobre o seu sorriso de canto de lábio, hm. (e Merlin sabe o quão afetada eu fico ao vê-lo) (e não, eu não estou sob a poção da incoerência). O seu sorriso espontâneo, que sempre me fazia crer que o resto do mundo era infeliz demais comparado a nós (se é que algum dia você realmente foi sincero). Ah, ainda tem o seu sorriso malvado (o meu preferido), aquele em que minhas pernas ficam bambas e a gente ia tão longe até que não houvessem mais limites. Não. Você e eu nunca precisamos de limites. Nós precisávamos de sanidade, de compromisso, de alguma noção romântica de amor. Nunca limites.


Eu disse que te odiava tantas, tantas vezes:


Eu te odeio, some daqui, estúpido! (essa era a frase mais clássica).


Ou


Vai a merda, eu te odeio! (era o que eu dizia quando você chegava perto munido daquele seu sarcasmo repugante).


Ou


EU TE ODEIO, BLACK! (gritos meus em momentos de profunda histeria, principalmente daquela vez em que você me prensou na parede e me beijou a força, pra no final dizer: “pode dar seus pulinhos de empolgação. Seu sonho se realizou, gata”).


Quer saber, Black? Meu sonho nunca se realizou. Porque eu nunca tive sonhos. Eu nunca quis uma vida medíocre como a que você escolheu levar, eu nunca quis amigos ao invés de aceitação a qualquer custo, eu nunca quis lutar contra meu sangue ao invés de ser a Bellatriz malvada (oh, apanhem suas varinhas. Não vê o quanto uma garota chutada se torna perigosa?).


Tem horas em que eu só quero lançar a porra de um Crucios em alguém, pra ver se o tempo passa mais rápido, pra ver se o tempo leva as marcas do nosso fim quase pós-adolescente. É uma dor tão real, tão minha, que a única coisa que eu me sinto capaz de fazer é tornar essa vida um inferno alheio, uma grande bosta de um espetáculo em que eu represento o que eu preciso ser: (o que eu sou) uma vilã.


É, eu sou uma vilã, daquelas bem malvadas incrivelmente sexyies que excitam caras falsamente bonzinhos. Porque você não é um bom garoto, nem nunca foi. Você é um desses hipócritas que querem chocar o mundo, causar algum tipo de impacto sobre as pessoas. Que eles pensem “Ele é diferente do resto da família, oh, merece uma medalha!”. Só que você não é (digo, diferente). Não, você pisa no coração das garotas que sobriamente ilude. Você faz promessas sem sentido. Você segura a mão de alguém à beira do precipício e quando algum traidor te chama pra seguir em frente, você... Parte.


Por isso, Black, dessa vez eu te odeio de verdade. Eu espero que você morra, porque essa bosta dói tanto que a cura provém de uma vingança.


Você faz todo aquele bando de traidores rirem, com suas piadas de “Tem Sirius pra todos, não briguem, galera”; contudo, qualquer coisa que você não diga pode me fazer chorar² . Não chorar com lágrimas e soluços, mas chorar através de uma imoralidade espontânea.


E agora que você escolheu seguir ao lado dos seus amigos contra Mi lord, você pensa que o meu coração é como um diagrama ³, mas você não sabe o que é o amor, porque nunca foi capaz de lutar comigo.


E dane-se se eu me tornei uma comensal da morte. “Fria e sem coração”. Ah é, quem sabe. Mas eu não sou a mesma Bellatriz Black, of course.


Eu sou Bellatriz Lestrange agora, prazer.


Recebeu os convites do meu casamento? Não? Oh, que lástima.


Enfim, escrevi tudo isso porque queria deixar meus sentimentos as claras.


Bellatriz Lestrange.


 


Ps: A gente se cruza durante as batalhas por aí, Black.


**


n/a:


¹ Créditos ao livro O pacto.


² Trecho da canção da Kate Nash “qualquer coisa que você diga pode me fazer chorar”.


³ Trecho dito por Larry de Closer- perto demais. “Você pensa que o coração é como um diagrama”.


Sim, eu tenho sérios problemas psicológicos. Curto MESMO escrever POV de vilões, so what, hã? Bellatriz lestrange e Sirius inspira. Em muitos momentos. Essa fanficition foi escrita em  horas de tédio, com grandes oscilações, eu me sentia indiferente e eufórica demais, cara. Sentir como Bellatriz deve ter lá suas vantagens. E tentar explicar os sintomas de uma história de amor fracassada também exerce algum tipo de fascinação sobre mim. Finais tristes inspiram tanto quanto ter a idéia fresca em nossa mente.


Desculpem qualquer erro. espero que tenham gostado. Expressem seu ponto de vista, certo? Bjs.

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Comentários (1)

  • Nanda R. Black

    Amei a fic. Cara, escrever como uma vilã realmente inspira, super te entendo... Enfim, adorei isso :)Beijos, NRB. 

    2012-10-12
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