Os Bolinhos de Hagrid
Os passos de Alvo e Escórpio ecoavam nas masmorras do castelo. Eles estavam em um corredor com vários quadros, os retratados se moviam, pareciam fazer fofoca, e o assunto com certeza era a escrita na parede. Viraram em um canto iluminado por um archote e se viram em um corredor familiar. Continuaram andando. - Alvo, o que acha da bússola? – Escórpio perguntou. Sua voz fez um pequeno eco. - Não sei – o moreno simplesmente respondeu. – Mas acho que ela é boa. - Aí eu já não concordo – Corp contestou. – Devíamos entregar a McGonagall ou jogar isso na floresta, enterrar, algo assim. - Larga de ser bobo, Corp. Não podemos fazer isso, ela é minha, aquele velho confiou em mim. - Al, ele é só um velho maluco! Daria esse treco à qualquer um que estivesse na loja àquela hora. - É, nisso você tem razão – Alvo disse, depois de pensar um pouco. – Mas não é um motivo para me livrar dela. Os dois, depois do tempo de conversa, chegaram ao corredor em que ficava a parede-porta da Sala Comunal da Sonserina. Eles disseram a senha e entraram. Mário Greenhimball, o monitor-chefe da casa, estava em um canto, apreensivo. Os primeiranistas correram para cima de Alvo e Escórpio. - Me soltem, o que foi, hein? – Escórpio dizia aos berros, tentando se livrar dos amigos. - Vocês só podem ser loucos! – Mário exclamou. – A Diretora McGonagall mandou todos irem para as Salas Comunais, isso incluía vocês! - Onde vocês estavam? – Erigan perguntou animado. - Lutaram com um trasgo montanhês adulto, Alvo? Como seu pai? – Vicentino arriscou. - Não lutamos com Trasgo nenhum – Alvo começou, se perguntando onde Vicentino havia ouvido aquela história. - Todos os monitores ficaram procurando vocês, bonitões, posso saber onde estavam? – Mário insistiu cruzando os braços para Corp e Alvo. - Que horas são? – Escórpio perguntou abobado. - Já escureceu, se é o que quer saber! – Mário gritou aborrecido. - Mas tão rápido? – perguntou Alvo incrédulo. - Sim, foi rápido mesmo – o monitor continuou. – Mas isso não é uma desculpa. É melhor obedecerem a ordens superiores quando for preciso, Potter. E Malfoy também! - Nos desculpe – Corp disse aborrecido, indo para o dormitório. Alvo se sentou com Erigan, Murphy e Vicentino no sofá mais próximo da lareira. Erigan pegou sua coleção de cartas de bruxos famosos no dormitório e os quatro ficaram olhando os magos e seus feitos. Beatriz Piftyfaces, uma menina de cabelos ruivos, olhos castanhos atarracados na cara e uma pele muito branca, acabou largando o grupo de meninas do primeiro ano e se juntando aos moleques. Até que a figurinha de Ronald Weasley deu as caras. Um homem alto, cabelos ruivos, aparência desengonçada e muitas sardas no rosto sorria e acenava descontraidamente para as crianças. - Ele é seu tio, não é, Al? – Beatriz falou tomando a figurinha das mãos de Erigan. A figurinha de Harry apareceu logo depois e Alvo teve de escutar os comentários dos colegas. - Harry Tiago Potter. Ordem de Merlim, Primeira Classe. Derrotou Lorde Voldemort pela primeira vez no seu primeiro ano de idade, no dia em que o bruxo das trevas matou seus pais. Desde então viveu em luta com o bruxo que atormentou sua vida e em 1997 foi oferecida uma recompensa por sua cabeça. Em 1998 ele matou o bruxo das trevas na Batalha de Hogwarts. – Vicentino leu, prendendo a atenção dos demais. – Devo ter mais umas três figurinhas do seu pai... - Como é ser filho de alguém famoso? – Murphy perguntou, demonstrando curiosidade. – Deve ser maneiro. - Ah... – Alvo começou, tentando pensar em uma resposta que satisfizesse aos colegas. Agora só restava o grupinho na Sala Comunal. – É normal, agora ele só trabalha, não tem mais aquelas histórias todas de invadir o ministério. - Queria ter conhecido seu pai e seu tio quando eles faziam todas aquelas coisas envolvendo Trasgos e aranhas gigantes – lamentou Erigan. - Minha tia também ajudou bastante – Alvo comentou. – Ela é bem legal e inteligente também. - Meus pais e meus tios tiveram que responder um julgamento no ministério por causa da lei de discriminação aos trouxas que sua tia criou – Beatriz disse, chamando a atenção do moreno. - Sinto muito, eles foram presos? – perguntou. - Não, mas tiveram de fazer serviços para alguns trouxas. Você sabe, caridade a hospitais de crianças – Beatriz terminou. - Meu avô pagou uma bela multa – Erigan dizia. – Hoje ele não fala mais nada, mas eu percebo que ele sente certo receio de se aproximar de sangues ruins. - Todos indo dormir – Mário apareceu, surpreendendo a todos. – Amanhã vocês terão mais aulas. - Mas a professora de Transfiguração nem chegou a Hogwarts! – Murphy argumentou. – A gente nem precisaria subir para a aula hoje se você tivesse avisado. - Transfiguração não é a única matéria. Vocês têm dois tempos de poções com a Grifinória logo cedo – Mário cortou o assunto e guardou a coleção de figurinhas com um aceno de varinha. – Todos dormindo em cinco minutos! Deitado na cama, Alvo pensou em como se divertira no primeiro dia de aulas. Não havia mais muito preconceito por parte dos Sonserinos com sangues ruins, aliás, esse termo nem era muito usado! Já fizera amigos em sua casa, mais do que ele mesmo esperava. O cansaço lhe dominou, mas ele não dormiu antes de pensar na misteriosa bússola, escondida no meio de um suéter Weasley, dentro da malão. No dia seguinte não se falava em outra coisa pelos corredores do castelo. A história contada era que centauros haviam invadido o castelo e jogado uma maldição, outra era que espíritos do mal escreveram a frase na parede e a mais absurda era a de uma tal de ilusão de ótica que uma quartanista fofoqueira defendia com fervor. Alvo e Escórpio tomaram o café da manhã com Beatriz, Murphy, Erigan e Vicentino. Os seis comentavam sobre a escrita na parede, assunto que já deixava Alvo e Escórpio injuriados. - Já houve algumas escritas em Hogwarts antes – Murphy comentou, o que acabou chamando a atenção de Alvo. - Sobre o quê? – Beatriz perguntou apurando os ouvidos. - Uma lenda de Salazar Slytherin – Murphy terminou. – Pode ser a lenda de outro fundador agora... Será que tem um monstro no castelo? - Não acho que tenha – Alvo disse finalmente. Em pouco tempo a mesa da Sonserina inteira ficou sabendo que alguém vira um monstro no castelo e que esse monstro era implantado por Godrico Gryffindor. Alvo desconfiou de que Beatriz espalhou a notícia rapidamente para as amigas, que não se preocuparam em desconfiar da veracidade. Era incrível como alguém poderia acreditar naquilo. Os primeiranistas da Grifinória e da Sonserina se juntaram para descer até as masmorras para uma aula de poções com o Professor Slughorn. Beatriz foi conversar com um grupo de três grifinórias que comentavam sobre os jogadores de quadribol, focando o assunto "beleza". - Oi! – Rosa cumprimentou quando chegou perto de Alvo e Escórpio. - Como vai? – Corp perguntou. – Tudo certo? - Tudo. - Cadê a Maddy? – Alvo perguntou curioso, olhando por cima dos ombros da ruiva. - Enfermaria – a menina respondeu. – Comeu um nugá sangra-nariz do Tiago. Estava na sala comunal, Maddy comeu sem querer. - Esse seu irmão é um idiota, Al – Escórpio disse. Os primeiranistas aguardavam a porta da sala de poções se abrir. - Eu não discordo – Alvo apoiou. - Não foi por querer – Rosa disse. - Está defendendo aquele Tiago? - Claro que não! – se defendeu ela da acusação proposta por Alvo. – Eu só quis dizer que ele não teve culpa, quero dizer, Maddy comeu por conta própria. - Afinal, ela vai sair quando? – Escórpio perguntou interessado. – Madame Polckan disse? - No fim do dia... – Rosa informou. A porta da sala de aula se abriu logo depois revelando um cômodo de teto baixo, com várias bancadas, um armário velho a um canto, uma mesa lascada na frente e uma luz tremulante. Alvo poderia descrever o Professor Slughorn como uma grande morsa gorda e velha. Ele estava sentado na mesa com um sorriso grande e forçado. Vestia roupas esmeraldas com várias pedras na barra da capa. Seu bigode era grande e branco e os botões da camisa pareciam que iriam saltar a qualquer momento. O menino se mexeu desconfortável na cadeira enquanto o professor olhava pare ele. - Conte-nos, quem é seu pai? - Sivaldo Muckylip... Ele é chefe do Departamento de Esportes Mágicos – o menino disse olhando para o próprio colo. - E também temos... Verônica Paccini! Filha da escritora de Um guia mais prático e atualizado contra as artes das trevas! O livro de sua mãe é usado no segundo ano de Hogwarts. Conte-nos um pouco sobre ela. Uma menina corpulenta, cabelos castanhos e amarrados em uma trança, olhos fundos e amarelos, disse: - É bem legal ser filha dela... – sua voz era baixa. – Eu gosto. - Ótimo! – Slughorn interrompeu. – Temos hoje também dois primos! Um é filho de Harry Potter e outra é filha de Ronald e Hermione Weasley! Alvo olhou para o professor sem saber o que falar. Rosa se preocupou em procurar alguma coisa em sua mochila. O professor olhou interessado para Alvo e a classe permaneceu em absoluto silêncio. - Envergonhados! – ele exclamou por fim. – Hoje nós vamos preparar uma poção do sono. Vocês vão gostar e aquele que conseguir primeiro ganhará vinte pontos e um pouco de uma poção chamada Poção Revitalizante. Escórpio conseguiu terminar sua poção antes de Rosa, o que a deixou furiosa com sua derrota. O pior foi que Slughorn anunciou em alto e bom som que já havia achado o melhor aluno da matéria. Rosa ficou escalarte depois daquilo e não melhorou muito depois que o professor declarou: - Até que está bem feitinha, mas te dividiria em duas se você tomasse. Quando o sinal bateu, ele anunciou que o trabalho seria uma pesquisa sobre a pedra da lua e seus efeitos nas poções básicas. Alvo anotou com pressa de sair e alcançar os outros dois. Também não agüentava mais aquele cheiro esquisito que pairava na sala, estava enjoado. - Fala sério, dever difícil pra caramba! – Alvo lamentou enquanto andavam pelos corredores da masmorra. - Não é não, se quiser eu te ajudo – Escórpio falou. - O professor não olhou muito bem minha poção... Só pode ser isso! – Rosa exclamou distante do assunto "dever de casa". – Vou reler o modo de preparo e tentar achar meu erro. - Larga disso – Alvo zombou. – Você não pode ser a melhor sempre! - Essa não é a questão – a menina argumentou. - Ele disse que a sua até que estava boazinha – Corp consolou ironicamente. - Cala a boca, seu mané – Alvo disse entre os dentes. – Escórpio é um mente-vazia, ele teve apenas sorte. - Não, Al – Rosa abaixou a cabeça. – Ele é bom mesmo. Que aula vocês têm agora? Escórpio pegou o horário no fundo da mala e leu: - Transfiguração com a tal da Fidélia Furkins. - Então vocês têm tempo livre – Rosa se desanimou. – Furkins ainda nem chegou à escola, parece que está na Itália ainda e só começará a dar aulas na segunda-feira. - Você tem o que agora? – Alvo perguntou feliz com a idéia de um descanso depois do desastre que cometera com sua poção (derrubara tudo no chão, fazendo-o borbulhar, mas isso não vinha ao caso). - Feitiços, aliás, preciso ir. Tchau meninos! A ruiva saiu correndo na direção das outras meninas grifinórias. Alvo e Escórpio se juntaram com Murphy, Vicentino e Erigan no caminho para a sala comunal. Erigan foi o primeiro a falar da vocação de Alvo para Poções. - Nunca vi alguém ruim ao ponto de fazer o chão borbulhar! – ele riu-se. - Você realmente é horrível nisso Al! – Murphy completou. – Ainda bem que temos alguém realmente bom na Sonserina, não é Corp? - É, acho que herdei esse dom do meu pai... – o louro se gabou e os cinco se jogaram em um canto do aposento sonserino. - Quando é a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas? – Vicentino levantou o assunto. - Só na quinta-feira, depois de amanhã – lamentou Alvo, era a aula que ele mais esperava em toda Hogwarts. – Professor Tropus Mylor... - O tal do Mylor não foi viajar? – Murphy perguntou. - Deixa de ser animal! – Erigan rebateu. – O irmão dele foi quem viajou! Anta! - Não precisa xingar o coitado – Vicentino interveio. Os meninos optaram por começar o dever de Poções, aproveitando a presença de Escórpio. O louro começou a recitar o trabalho enquanto os outros se preocupavam em mudar algumas palavras para não deixar os trabalhos idênticos. Depois do tempo livre os primeiranistas sonserinos foram para dois cansativos tempos de Herbologia na estufa três. Alvo passou maus bocados com o seu arbusto, que gritou pelo menos três vezes durante a aula. Como se não fosse o bastante, teve de agüentar os amigos zombarem de suas falhas tentativas com a planta. Murphy cuidou bem do seu Arbusto, o que garantiu cinco pontos para a Sonserina. Depois do almoço Alvo pôde descansar na sala comunal e terminar os deveres de poções junto com os colegas de classe. O que o desanimou foi ver que teria aula de Astronomia à meia noite em uma torre no castelo. Ninguém estava muito ansioso para essa aula a não ser Fátima Eirstogan, uma menina de cabelos negros e presos em um rabo de cavalo. Os olhos de Fátima eram azuis e seu rosto macilento. Ela não parava de comentar em como ouvira falar bem da Professora Jill McHill. Quando a hora da aula chegou , Mário levou os primeiranistas até a torre de astronomia, onde eles tiveram a lição de como montar os telescópios. - Não serão nada na vida se não conseguirem montar um telescópio! – A Professora Jill dizia em sua voz enérgica e rápida. Alvo se embaralhou com as regras do Telescópio dos Irmãos Klapaws, e isso lhe estressou. Quando conseguiu montar teve que procurar a constelação de câncer no céu e depois desenhá-la em uma tal de Roda das Constelações. Fátima foi a que se saiu melhor na lição, Escórpio chegara a colocar a constelação fora da Roda, o que lhe rendeu uma bela de uma bronca, na frente dos lufanos. Assim que Alvo se deitou, adormeceu. O dia seguinte fora repleto de mais deveres dos professores, mais falhas, mais um sucesso de Escórpio na aula de Poções e mais um discurso de Slughorn de como Harry era fantástico e um exímio preparador de Poções. Logo em seguida tiveram que agüentar mais galanteios do Professor Clavell, o que deixava Vicentino louco das idéias. - Acho que você está ligando demais para ele – Murphy constatou durante o almoço. - Eu também – Alvo concordou. – Nem liga para aquele atirado. - É verdade, um babaca – disse Malfoy e o assunto se encerrou por aí. A diretora McGonagall havia reforçado a patrulha de monitores e funcionários nos corredores de Hogwarts pro causa das escritas, mas a poeira abaixou tão rápido quanto subiu e quase ninguém mais ligava para as escritas que haviam aparecido na parede do castelo. No dia seguinte os primeiranistas de toda a Hogwarts teriam sua primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. A dos Sonserinos e Lufanos seria somente depois do almoço. Alvo visualizou Madeline e Rosa no meio da mesa Grifinória e foi falar com elas. - Posso saber por que você não veio às aulas ontem? – Alvo perguntou para a loura, surpreendendo-a. - Consegui uma licença da Madame Polckan, ela ficou muito preocupada – explicou a garota. - Ela ficou na biblioteca pesquisando a história completa de Rowena e Helga -, Rosa começou – mas não achou nada sobre a bússola. - Bom, eu vou tomar o café – Falou Alvo, mas antes de sair ele se lembrou de um detalhe. – Vamos ao chá do Hagrid? - Vamos! – Exclamou Rosa. – Maddy vai gostar dele! Alvo voltou para a mesa da Sonserina contente por ter uma companhia para visitar Hagrid na sexta-feira. Quando o correio coruja chegou, uma ave velha e gorda lhe deixou cair um bilhete. A caligrafia era rústica e torta. Alvo, está tudo combinado para o chá de sexta? Alguém mais vai com você? - Corp, quer passear amanhã? – Alvo perguntou, pegando uma pena para responder no verso do bilhete. - Dudo zerto – respondeu ele com um pedaço grande de torrada na boca. Alvo amarrou o bilhete nos pés da coruja, que saiu voando pela janela do Salão Principal. As aulas que antecederam o almoço pareciam mais monótonas do que o normal para Alvo (principalmente História da Magia) porque o moreno estava ansioso para a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os corvinos vieram contar para os primeiranistas sonserinos durante o almoço como fora aula. - O Professor é bem legal – disse um menino de aspecto sonolento. – Não é, Jerry? Os comentários das outras casas só aumentaram a vontade de Alvo e seus amigos de terem a aula. O professor Tropus fora elogiado por todos. Quando eles subiram para o terceiro andar foi uma agitação geral. Os cochichos de apreensão tomavam conta, mas aquilo já deixava Alvo enjoado. O Professor Tropus tinha um nariz em forma de gancho, uma cicatriz na bochecha e cabelos e barbas louros. A barba rala lhe dava um ar de alguém que não é nada vaidoso e suas roupas eram mais parecidas com panos de chão. Alvo pensou ter visto um cachorro de rua quando se deparou com aquela figura de cabelos desgrenhados. Apesar da aparência, o Professor Tropus (era assim que ele gostaria de ser chamado) sabia dominar muito bem uma aula. Ele conversou com os alunos sobre o que seria Artes das Trevas, e no final formou-se um debate de alunos. Alvo saiu satisfeito com a aula, mas preferia que tivesse algo mais com vários feitiços de ataque e de defesa. O dia seguinte amanheceu com um belo sol e uma brisa que agitava a copa das árvores nos jardins de Hogwarts. Agora que já tiveram a aula com o Professor Tropus, os primeiranistas esperavam ansiosos pela primeira aula de vôo, que aconteceria somente no sábado seguinte. A primeira aula do dia seguinte de Alvo e Escórpio foi de Defesa Contra as Artes das Trevas, onde os alunos aprenderam alguma coisa legal. Tiveram que praticar o Feitiço Escudo. Alvo conseguiu em poucas tentativas, mas Corp não teve tanto sucesso assim. Os meninos sonserinos saíram comentando a aula. - Alvo, – começou Murphy – você realmente é muito bom. - Obrigado – agradeceu feliz. - O Professor Tropus disse que um Feitiço de Imobilização passaria fácil pelo meu Feitiço Escudo – lamentou Erigan. - Vamos treinar nos jardins hoje à tarde – Vicentino sugeriu e Murphy e Erigan aceitaram a sugestão no mesmo momento. - Por que não vai poder ir, Al? – Murphy perguntou depois que o moreno disse que não poderia acompanhar os outros. - Eu e Corp vamos visitar um amigo. - Vamos? – o louro se manifestou curioso. - Você me confirmou – Alvo respondeu. – Mas da próxima vez nós estaremos lá. Os cinco se desanimaram quando souberam que teriam feitiços na segunda aula, o pior, dois tempos. Alvo já estava cansado de ver o Professor Clavell se gabando de sua ótima aparência física e de ter dito pelo menos quatro vezes que "as mulheres se matariam" por ele, o pior era que as lufanas não paravam de suspirar quando ele dizia isso. Alvo ouviu alguém dizer que "faria tudo que pudesse para ter um reforço com ele". Depois daquele dia de aulas Alvo jogou a mochila sobre as costas e encontrou, junto com Escórpio, Rosa e Maddy no Hall de Entrada. - Olá, Corp – Maddy cumprimentou. - Oi... – O louro tinha ficado com as bochechas rosadas. - Vamos logo ver o Hagrid! – Rosa disse, aparentando um pouco de nervosismo. - Hagrid? – Escórpio perguntou. – Rúbeo Hagrid? - Sim, meu padrinho. - Um gigante? - Meio-gigante – corrigiu Maddy. - Eu não acredito que veremos um gigante, pior, entraremos na cabana dele! – Escórpio se lamentou, o que lhe fez ganhar um olhar reprovador de Rosa. Durante o caminho até a cabana de Hagrid, Corp não parou de soltar frases como "olha onde eu cheguei" e "ele mede quanto?". Alvo já estava de saco cheio do menino, mas sabia que ele iria parar quando conhecesse Hagrid. Bateram na porta da cabana. As abóboras do jardim estavam crescendo para a festa de Dia das Bruxas. Um homem extremamente grande, com uma grande barba grisalha e cabelos iguais abriu a porta. Ele vestia um avental florido que mais parecia um lençol de cama de casal. Suas barbas estavam queimadas em algum ponto e vestia uma luva de forno. Os olhos de Hagrid eram negros e parecia um grande homem rústico. - Entrem logo! – disse ele depois de um grande sorriso. A cabana cheirava a queimado e havia grandes pedaços de presunto pendurados no teto. Em um canto estava um forno aberto, com uma bandeja ainda dentro. Uma mesa enorme e algumas cadeiras (que mais pareciam tronos) estavam no centro da cabana e uma cama grande em um canto. Os meninos se sentaram nas cadeiras e na falta de uma, Rosa e Maddy dividiram, o espaço era o suficiente paras as duas meninas. Hagrid colocou uma assadeira sobre a mesa e sorriu para os garotos. - Escórpio Malfoy! – ele exclamou. – Seu pai já me aprontou muito. Me levou até um grupo de júris, mas isso não vem ao caso. - Padrinho, essa é Maddy – Alvo falou logo, percebendo a cara assustada de Corp. - Olá, Hagrid – a menina disse radiante. - Maddy? Vem de Madeline, não é? – Hagrid perguntou. – Como foi a primeira semana de vocês aqui, hein? - Foi boa – Rosa respondeu. – Não está dando mais aulas, não é? - Não, infelizmente – Hagrid respondeu. – Mas eles arranjaram alguém à altura, não é? - Não tão legal quanto você, padrinho – Alvo disse. - Andem, experimentem os bolinhos. Cada um, receosamente, pegou um bolinho de passas. A aparência era horrível, mas não tão ruim quanto o gosto. A boca do estômago de Alvo reclamou assim que a comida entrou na boca e foi difícil engolir aquilo. Alvo se sentiu agradecido por terminar aquele primeiro, mas havia ainda outros na travessa. Os cinco ficaram conversando até o pôr-do-sol. Escórpio foi se soltando ao longo do tempo e Alvo teve a impressão de que o menino abandonara o preconceito que tinha contra Hagrid. Não tiveram que comer os outros bolinhos porque Hagrid sentiu "um leve gosto de queimado" no dele e jogou o resto pela janela. Alvo se despediu do gigante na hora, e em instantes os quatro já comentavam o gosto horrível da culinária de Hagrid. Subiam a inclinação do jardim. Alguns insetos voavam na frente deles e Alvo pensou em como fora boa aquela semana. O céu estava em uma mistura de laranja e rosa e havia muitos pássaros nas árvores. A tranqüilidade e os pensamentos de Alvo foram interrompidos quando sua mala foi puxada para trás, levando-o ao chão. O ser que segurava sua mala o arrastou em direção ao castelo, mas Escórpio segurou os pés do amigo assim que percebeu aquilo. Alvo não enxergava ninguém que pudesse puxar sua mala. Escórpio ainda segurava seus calcanhares e Rosa e Maddy olhavam assustadas para o garoto. O moreno se levantou assustado e olhou para trás. Não havia nada nem ninguém nos jardins. - Você se jogou? – Maddy perguntou incrédula. - Claro que não! Alguém me puxou, vocês viram quem foi? - Ninguém te puxou, Al – Rosa disse. – Estávamos andando, aí você tombou de costas e foi se arrastando para o castelo. - Eu não sou doido – o menino se defendeu. – Alguém me puxava para o castelo pela mochila - Pode ter sido algum feitiço – Corp sugeriu. - Alvo e se algo dentro da sua mala te puxou? – Rosa perguntou e o menino entendeu. Ele abriu a mala e viu a bússola lá dentro. Assim que tocou nela sentiu sua mão pegar fogo, o que o fez largar o objeto na hora. - A bússola me puxou!
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