Capítulo I
Scorpius acabava de comer um delicioso prato de bouillabaisse. Não gostava muito de sopa, mas aquela estava particularmente deliciosa. Sentiu algo vibrar em seu bolso. Sacou o celular e olhou rapidamente o identificador de chamadas antes de atender.
- O que você quer, Draco? – perguntou Scorpius de mau humor.
- Preciso de seus serviços, Scorpius. – respondeu a voz arrastada e fria de seu pai.
- Por que isso não me surpreende? – retrucou Scorpius saindo do restaurante e entrando no carro. – Por que você não me liga pra dar uma notícia boa? Tipo pra dizer que o Lúcius morreu.
- Tão espirituoso... Você realmente é meu filho. Mas seu avô goza de excelente saúde, Scorpius. – respondeu Draco.
- Hm, que pena. Quer que eu mate ele então? – retrucou Scorpius ligando a BMW preta.
- Não. Quero Rosalinda Gouveia.
- Quer QUEM? – perguntou Scorpius, incrédulo.
Já fizera serviços muito estranhos para o pai. Certa vez matara um borracheiro cubano, mas no fim descobrira que o borracheiro era na verdade um traficante de petróleo. Mas matar uma garota nunca. As garotas eram espertas demais para virar líderes do crime. Elas sempre ficavam por trás fingindo-se de servis e manipulando os homens. Por isso Scorpius não se deixava envolver por nenhuma delas, sempre tendo a que quisesse. A seus pés.
- Rosalinda Gouveia. – repetiu Draco tranquilamente. – É uma garota de dezessete anos, filha de Gaspar Gouveia. Mexicana.
- Eu não faço esse tipo de serviço, Draco. – Respondeu Scorpius. – Não vou matar essa garota por que o pai dela não lambe seus pés.
- Não quero que a mate, filho... Quero que a seqüestre. – falou Draco pacientemente, já conhecendo o orgulho e as bobagens do filho. Só fazia o serviço que queria quando tinha vontade.
- Não me chame de filho. Prossiga. Quer que eu a seqüestre e aí? – perguntou Scorpius.
- Quero que a seqüestre e a traga a mim. Vou ficar com ela aqui até que o pai dela me entregue algo que eu quero muito.
- De QUANTO estamos falando? – perguntou Scorpius. Na mesma hora. Sabia que a garota não ia sair do cativeiro sã e salva, isso SE ela saísse. Se ia fazer isso com ela, tinha que ao menos receber bem. – Quero pelo menos o triplo da ultima vez.
- O dobro, Scorpius. Não vai obter mais que isso. – falou Draco.
- Certo então. Estou na França.
- Eu sei. Já tem um jato particular esperando por você.
Scorpius desligou. Já sabia aonde ir. Sentiu leve pena dessa garota. Rosalinda Gouveia. Em seguida repreendeu-se. Sua função não era sentir pena. Sua função era pegá-la. E nisso ele era muito bom.
**
Rose entrou no escritório futurista de ombros rígidos. Não gostava de ir ali vestida de tal maneira. Estava usando tênis, shorts jeans de cintura alta e uma camiseta amarela berrante. Ver a roupa que a secretária que estava ali usava, a intimidou.
A mulher era alta e usava um blazer feminino marrom café, saia comprida, meia-calça escura e saltos altos. Os cabelos castanho-escuros da secretária estavam presos num coque apertado. Os lábios carnudos tingidos de vermelho se apertaram ao registrar a aparência de Rose.
O piso da sala da secretária era de um branco brilhante e imaculado. Não havia janelas e a monotonia azul das paredes era quebrada apenas por um quadro abstrato e uma porta lateral. A estante atrás da escrivaninha da secretária estava cirurgicamente limpa. A sala pareceu um pouco claustrofóbica para a garota.
- Pois não? – perguntou a secretária olhando para Rose com desaprovação e desdém.
- Me mandaram vir até aqui para falar com meu superior, Lupin. Sou a agente Weasley. – Falou Rose, nervosa.
As sobrancelhas delicadas da secretária se ergueram numa descrença evidente. Rose xingou-a por dentro. Já estava nervosa o suficiente sem que secretária nenhuma olhasse para seu short daquela maneira. Ela sabia que não parecia uma agente secreta... Mas essa era sua maior arma.
Aos vinte e três anos, Rose já tinha toda uma reputação naquele lugar. Era a melhor agente investigativa dali, por que ninguém suspeitava que debaixo da cabeleira ruiva e dos olhos castanhos havia uma mente brilhante. Sherlock Holmes gostaria de ser tão competente quanto Rose, que estava neste ramo há sete anos.
- Agente Rose Weasley? – perguntou a secretária.
- Código 127 42 – 00 - Falou Rose.
A secretária tirou o próprio blazer e entregou-a a Rosa dizendo “Vista”. Rose vestiu o blazer de má vontade. Se a queriam produzida formalmente, pensou ela com irritação, podiam tê-la chamado com antecedência e não ligado para ela no meio da aula!
- Por aqui. – falou a secretária guiando Rose até a porta fechada do outro lado da sala.
O salto alto da secretária produzia um toque-toque irritante no piso espelhado. Ela abriu a porta pra Rose e falou:
- Dr. Lupin lhe falará em breve. Aguarde alguns minutos. – disse indicando a única cadeira do cômodo.
E saiu fechando a porta. A segunda sala era ainda menor que o escritório da secretária. A parede oposta era na verdade um telão. Havia uma escrivaninha, um arquivo de metal e a cadeira giratória na qual Rose estava sentada.
A garota olhou para os lados com nervosismo e entrelaçou as mãos no colo. Girou levemente a cadeira pra direita e depois pra esquerda. Rose era uma agente investigativa apenas. Não sabia o que fizera para ser chamada por ninguém menos que Remus Lupin.
Nunca vira Lupin pessoalmente e sabia que ele era um funcionário de primeiro escalão. Alguns o chamavam de “O Lobo”. Diziam que certa vez, Lupin fora atacado por um lobo adulto e feroz e vencera a luta usando apenas a força bruta. Rose não sabia se tal história era verdade, mas também ouvira falar que ele era um lobisomem e que se alguém fixasse Remus Lupin no fundo dos olhos, seria morto de imediato.
Rose girava distraidamente na cadeira quando uma voz alta, grave e cansada soou por todos os cantos da minúscula sala:
- Boa tarde, agente Weasley.
- UAAAAARGH!
Rose caiu no chão de susto quando o telão foi repentinamente ligado e o rosto de um homem de aparentemente cinqüenta anos de idade olhando de lá. Sentiu o rosto pegando fogo ao erguer-se e sentar novamente na cadeira.
- Isto é uma gravação... – ia dizendo o homem.
- Graças a Deus. – falou Rose – Se você estivesse me vendo agora, eu me mataria.
- ... Este vídeo não será repetido. Tem se mostrado uma agente muito inteligente, Weasley. Meu superior está verdadeiramente impressionado com você.
- E o Lobo tem superiores? – perguntou-se surpresa
- Tem um rapaz que contém uma informação valiosa para nós. O paradeiro de alguns arquivos roubados. Ele é filho de um chefão da máfia e assassino profissional. Queremos que a informação seja extraída e logo em seguida, ele deve ser eliminado. Precisamos de uma agente com o seu perfil, Weasley. Você tem doze horas para decidir se aceita a missão. Você receberá mais detalhes agora. A secretária levará você até sua mentora. Boa sorte, Weasley.
A tela ficou escura outra vez, mas Rose não se moveu. MATAR? Uma pessoa de verdade? Rose respirou fundo. Sabia que algum dia teria que cometer o primeiro assassinato. Só não esperava que esse dia chegasse TÃO cedo. Ainda podia recusar a missão, mas era realmente uma oportunidade única...
A garota ergueu-se da cadeira giratória e saiu da sala, muito mais séria do que quando entrara. A secretária ergueu os olhos apenas quando Rose estendeu o blazer emprestado para ela.
- Já viu o vídeo? – perguntou a secretária. Ridiculamente, Rose lembrou-se do filme “O Chamado” e perguntou-se se alguém ia ligar para ela e dizer “Doze horas”. No filme eram sete dias, mas seu prazo para pensar se ia aceitar ou não a missão era de apenas meio dia...
- Vi. Devo receber instruções agora. – respondeu Rose, mecanicamente.
- Eu sei. Há outra agente que vai explicar tudo a você. Ela está esperando você na recepção do prédio B.
Rose saiu da sala sem dizer mais nada. Não podia fazer isso. Não podia simplesmente matar alguém. Nunca matara um mosquito, fazia mal ao karma. Agora ia matar uma pessoa? O que dera no superior de Lupin? Ela era só uma agente investigativa. Investigativa, não de campo. O que significava INVESTIGAR, não MATAR.
Chegou à recepção do prédio B. Havia uma linda agente conversando com o recepcionista. A agente era alta, loira e elegante até parada. Seus longos cabelos prateados cobriam-lhe o rosto enquanto ela preenchia um formulário no balcão. A agente virou-se revelando um dos rostos mais bonitos que Rose já vira. Um rosto muito conhecido. O rosto da sua prima.
- V... Victoire?
N/A: Primeiro capítulo curtinho. Eu acho que os outros vão ser bem maiores. Espero que curtam. Posto o dois só com bastante incentivo da parte de vocês. A propósito... Alguém quer betar isso aqui? Eu to sem tempo e sem beta. Rola um helpzinho? Obrigada pelos comentários. Beijos'
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