Uma Breve Troca de Apologias
UMA BREVE TROCA DE APOLOGIAS
Quarta-Feira, 3 horas da tarde. Escritório de Severo Snape.
Seus olhos não desgrudavam do mapa. Ele acompanhava os rápidos movimentos de Hermione através do pergaminho mágico. Puxou o relógio do bolso. Três horas e um minuto, agora. E em uma fração de minuto, a garota chegaria. Rapidamente, guardou o Mapa do Maroto na gaveta e se levantou. Desfilou elegantemente pela sala, até chegar à porta.
Pelos seus cálculos, Hermione deveria estar passando pela porta da sala de DCAT neste exato momento. Aguardou um instante e abriu a porta, surpreendendo a aluna que acabara de chegar ali.
- Falei que não toleraria atrasos, senhorita Granger...
- Perdão, professor.
- Vamos, entre! - falou sem paciência.
A garota entrou, desconfiada, na sala. Snape fechou a porta em suas costas e caminhou com elegância até sua mesa. A menina permaneceu no mesmo lugar. Estava determinada a não fazer coisa alguma sem o consentimento do mestre.
- Sente-se, garota!
Lentamente, ela se encaminhou à cadeira que ele apontara.
- Rápido! Não tenho o dia todo!
Hermione apressou o passo e sentou-se em frente a ele.
- Chamei-a aqui porque quero conversar com você.
Surpresa, ela consentiu, cabisbaixa e tímida, tentando fazer com que ele não percebesse a fraqueza em seu olhar. As mãos, unidas sobre a mesa.
- Pois não, professor.
- Olhe, senhorita Granger... Lamento pelo que houve ontem à tarde. Deveras, não pretendia ter ido tão longe... - falou pausadamente, enquanto colocava suas mãos frias sobre o punho ferido de Hermione e o direcionava para cima.
A fita vermelha ainda cobria as cicatrizes da menina. Ela estava abismada com aquele pedido de desculpas inusitado. O toque delicado do professor serviu para intensificar a desconfiança, mas seus olhos estavam presos aos dele, agora, enquanto um leve e efêmero friozinho passava por sua barriga.
- Acontece que estava muito atordoado e nervoso... Por isso cometi tamanha crueldade. Não espero que compreenda, nem tampouco que me perdoe, mas precisava ao menos dizer-lhe isto.
- Não, professor... Eu... Compreendo.
Os olhos de Snape arregalaram-se, duvidosos.
- Como disse, senhorita Granger?
Hermione sentia mais uma vez aquela sensação de sangue quente subindo-lhe a cabeça. Falara demais... Agora teria de ir até o fim...
- Bom... O senhor não foi o único que leu o que não devia naquela tarde...
Snape ficou mais transtornado ainda. Lembrou-se, finalmente do pergaminho que esquecera sobre a mesa. Teria ela lido a carta de Dumbledore? Severo se aproximou da garota, colocado-se um pouco mais sobre a mesa.
- Então você leu a carta?
Hermione estremeceu.
- Lamento, professor.
- Onde estava, quando eu a recebi?
- Bem... Eu estava na sala, recolhendo umas folhas em baixo da carteira. Receio que o senhor não tenha me visto, então...
- Chega, senhorita Granger! - falou, furioso.
Hermione viu a fúria dominar seus olhos negros. Ela não tivera culpa. Só estava curiosa. Nem sabia o que significavam aquelas palavras. Mal havia parado para pensar nelas ainda.
- Perdão, professor... Mas posso garantir que não li nada demais...
Ao contrário do que seus olhos falavam, Snape respondeu com calma e delicadeza, com os olhos fixos no punho direito de Hermione.
- Imagino que não, senhorita Granger. Agora... Se me dá licença... Acho que já lhe falei tudo o que precisava...
Hermione assentiu, com insegurança e se retirou da sala.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!