Vozes perturbadas



McGonagall ofegava. A fúria ardendo em seu interior, os olhos pequenos e escuros assustadoramente brilhantes de ódio. As narinas arreganhadas parecendo expelir fogo enquanto as mãos magras massacravam os braços da cadeira e a Rosa em uma das mãos. Com o sangue ribombando em seu cérebro, fixava ameaçadoramente a figura a sua frente. A qual, estática na posição em que a deixara após a agressão, encarava o chão com o olhar congelado, os longos cabelos prateados cobrindo a grande mancha vermelha que ardia em seu rosto.


Nos poucos segundos de silêncio, o interior da professora parecia estourar em colapso. Várias vozes pareceram ressoar em sua mente, ora gritando em medo, ora em firmeza e frieza.


"O que eu fiz?!"


"Ele mereceu"


"Como fui capaz?!"


"Pensasse duas vezes antes de abrir esta boca imunda"


"Ele é meu melhor amigo!"


"Que se dane os laços de amizade"


"Há anos o conheço! Ele não merecia!"


"Merecia, merecia sim! Um imbecil, isso que ele é..."


"NÃO! É o meu melhor amigo! Como pude esbofeteá-lo?!"


"Tudo isso é inútil!"


"E o pior é que e-..."


"É MENTIRA! É MENTIRA! VOCÊ PENSA QUE É VERDADE, MAS NÃO É! NÃO PERCEBE, SUA IDIOTA?! NÃO PERCEBE?!"


 - Como se atreve...? - a professora McGonagall murmurou por entre os dentes muito cerrados, os olhos pequenos e negros começando a embaçar por lágrimas de raiva -- COMO SE ATREVE? - ela explodiu com força máxima.


Nesse momento ela não duvidava que mais da metade do castelo a ouvira gritar, tombar com força a cadeira ao se levantar com brutalidade, mas a certeza de que o fogo que saia de seus olhos em água quente fora silencioso até então a incentivava. Nunca, em toda a sua vida, pensara que se enfureceria daquela forma; tampouco com Albus... Daquele momento em diante, a McGonagall educada e discreta morreu totalmente.


 - RESPONDA-ME, ALBUS - falou em alta voz, curvada sobre a escrivaninha para ficar o mais próximo que pudesse do rosto oculto - , COMO SE ATREVE A ME PERGUNTAR ISTO? - e bateu com força na mesa.


"Achou mesmo que acreditaria nisso, Dumbledore? Nisso? DEPOIS DE TUDO, TEVE A INGENUIDADE DE PENSAR QUE REALMENTE EU ACREDITARIA NESTAS PALAVRAS? Em todos os anos de convivência, recolhi muitíssimas informações, e sabe mais do que ninguém disto! E isto certamente não se encaixa com que há muito aprendi!


"VOCÊ AINDA AMA GRINDELWALD! - ela disse ainda mais alto, as lágrimas escorrendo em um volume ainda maior - AINDA O AMA! VOCÊ VIVE REPETINDO ISSO PARA MIM! ORA OU OUTRA ESTÁ FALANDO DELE, QUE GOSTARIA DE VOLTAR ATRÁS, QUE QUERIA QUE TUDO FOSSE DIFERENTE! QUE PUDESSE ESTAR JUNTO DELE! E AGORA ME DIZ QUE ME AMA?! AH, MAS É CLARO! É CLARO AGORA! VOCÊ QUER UM OBJETO PARA SE CONTENTAR COM A PERDA, NÃO É?! PARA SERVIR COMO UM CONSOLO TEMPORÁRIO QUE, ASSIM QUE SE DESGASTAR, JOGAR FORA COMO UM PERGAMINHO USADO!


"Mas, permita-me deixar algo bem claro e espero nunca mais ter de repetir... EU NÃO SEREI SEU ARTIFÍCIO! JAMAIS, ENTENDE? NUNCA!"


O brado da professora pareceu ecoar pela sala. Enquanto McGonagall perdia completamente seu controle emocional, encharcando tanto seu rosto, quanto a escrivaninha do diretor com as lágrimas grossas, Dumbledore espantosamente permanecia calado, sem tomar a mínima reação física, tampouco emocional. Ainda com o rosto oculto pelos cabelos longos, ele parecia congelado pelas palavras que ouvia e deixava sem ela saber, o seu coração cada vez mais apertado.


Foi nessa hora que a professora finalmente decidiu parar. Por alguns instantes, inspirou e expirou muitas vezes na tentativa de recuperar o fôlego perdido.  Era enquanto observava o diretor ainda imóvel que a luta de vozes voltou a torturá-la. Desta vez uma chorava e outra falava maliciosamente satisfeita.


"O que foi que fiz... Não podia..."


"Muito bem... Excelente! Nunca vi tanta verdade ser dita para esse..."


"Por favor, para... Eu não... eu nunca deveria..."


"Oras, cale a boca! Um tapa e algumas palavrinhas para ver se..."


"Para! Fui burra... idiota"


"Olhe só para ele... Todo abalado"


"Ele foi a melhor coisa que...!"


"Cale-se ignóbil! Não percebe?! Quantas vezes tenho que lhe dizer?! É MENTIRA! NÃO PASSA DE UMA MENTIRA! VOCÊ NÃO O AMA! ASSIM COMO ELE NÃO AMA VOCÊ!


Seu olhar pareceu expelir um fogo muito ardente e ameaçadoramente brilhante, seus punhos fecharam-se com muitíssima força, cobertos por estralos e começando a tremer violentamente; incluindo o punho o qual segurava a Rosa Perpetua, autora odiosa de toda aquela situação. Foi ao perceber um talo com ausência de espinhos em uma das mãos que o ódio cresceu mais em seu peito, o coração a mil por hora e o sangue ribombando em seu cérebro.
 
 - E - começou a dizer por fim, os dentes mais cerrados do nunca se destacando em um rosto vermelho - que tome de volta o insígnia dessa... dessa... DESSA COISA RIDÍCULA QUE VOCÊ CHAMA DE AMOR! - e jogou com violência a planta sobre a mesa, virando as costas e batendo a porta com muita força ao sair.


Ao retornarem, um por um aos seus lugares, os diretores e diretoras dos quadros surpreenderam-se ao ver Albus Dumbledore chorar silenciosamente.
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N/A: Aiaiaiaiai, por favor, não me estraçalhem!!!!!!!!!!!!!! D:

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Comentários (1)

  • Deborah Rodrigues de Morais

    Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!! O.O Tadinho do Dumbledore... D: Não que eu esteja dizendo que a fic é boa, muito pelo contrário! É ótima... Mas cara... Eu "entrei" tanto na história, que até parece que a gente tá vendo a cena. E agora, o que será que o Dumbie faz pra Min? *w* Confesso que to com um certo receio, mas vamos ver, huh? ;) Continua xD

    2011-04-25
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