CAPÍTULO DEZ



CAPÍTULO DEZ


 


A sirene tocou no fim das aulas do dia. Como sempre, os rostos dos alunos de Hermione iluminaram-se de alegria.


Ela entristeceu. Se o dia estava terminado, teria de ir para casa e, conseqüentemente, pensaria. E era isso que não queria.


Com um suspiro, sentou-se e observou os alunos pegarem o material escolar. E continuou sentada depois que eles saíram, fechando os olhos.


- Senhorita?


Abrindo os olhos, viu o pequeno Jimmy Peto com suas sardas no rosto e seus cabelos lisos.


- Sim, Jimmy?


- Você não poderia trazer uma galinha para a aula de inglês algum dia, como aquele chef fez na nossa aula de tecnologia alimentar? Foi tão legal.


- Não acho que galinhas tenham muito a ver com literatura inglesa, Jimmy.


- Bem, eu tenho um porquinho-da-índia. Poderia trazer aqui se você quisesse.


Ela meneou a cabeça.


- Não, Jimmy. Ele provavelmente ficaria com medo.


O menino pareceu pensativo.


- Eu queria que Harry Potter fosse nosso professor nas aulas de tecnologia alimentar. Não a Srta. Cutter, que nos mantém em atividades com brotos de alfafa. - Ele pôs a língua para fora.


- Talvez ele volte uma hora dessas para ensiná-los. Bom dia, Jimmy.


- Obrigado. - Ele pegou a mochila e saiu da sala. Passou por Jennifer, que vinha em sentido contrário e parou à mesa de Hermione, entregando-lhe uma folha de papel.


Hermione pegou o papel, que estava coberto de correções.


- Você escolheu canja como entrada. - observou. - Com macarrão.


Jennifer corou, mas assentiu.


- Estive praticando fazer uma massa. Só tenho duas semanas para praticar antes da competição. Estou na dúvida se faço uma musse ou uma torta de massa folhada. O que acha?


Hermione imaginou se Jennifer teria tido coragem de pedir ajuda a alguém antes.


- Não sei, Jennifer. - murmurou ela gentilmente. - Não sou boa em culinária. Deveria ter perguntado à Srta. Cutter. Ou a Harry.


- Perguntarei a Harry, então. - disse Jennifer. Então acrescentou: - Você gosta dele, Srta. Granger?


A pergunta foi inesperada.


- Sim, gosto. Você também gosta muito dele, certo, Jennifer?


A menina assentiu.


- Mas acho que Danny não percebeu.


Hermione ficou intrigada antes de perceber que Jennifer usara a definição de uma garota de quinze anos para a palavra "gostar", no sentido amoroso, dando a entender que Danny não detectara a atração que ambas sentiam por Harry Potter.


- Estou contente por ele me ter ensinado a fazer canja de galinha. Adeus, Srta. Granger.


- Até logo, Jennifer.


Harry Potter. Qualquer lugar aonde ela ia, lembravam-na do efeito que ele tinha sobre a vida das pessoas. A transformação que efetuara em Jennifer era um milagre. E a transformação que efetuara nela...


Hermione meneou a cabeça com firmeza. Aquela transformação fora uma loucura temporária. Nada a ver com sua vida normal. Quando abriu a gaveta de sua mesa para pegar a bolsa, ligou o celular. Mas não havia mensagens. Ele não telefonara.


Por que deveria ligar! Pensou quando saiu da escola. Ele a convidara para um fim de semana e este havia terminado. Os dois não tinham razão alguma para se ver novamente até quarta-feira, na aula de culinária. Harry estava ocupado e ela também. Tinham suas vidas e trabalhos, e algo bobo como um preservativo rompido não alterava nada.


O celular tocou. Ela parou no meio da calçada e vasculhou dentro da bolsa com dedos apressados. Não reconheceu o número na tela, mas não sabia o número de Harry de qualquer forma.


- Alô?


- É Hermione Granger?


Não era Harry, percebeu desapontada.


- Sim, quem está falando?


- Você não me conhece, Hermione, mas meu nome é Clive Jones, e alguém me deu o número do seu celular.


Oh! O homem tinha sotaque galês. O dançarino de tango que Jô estava tentando apresentar-lhe.


A última coisa de que precisava naquele momento era um encontro com um homem. Todavia, era um amigo de Joanna.


- Oh, sim. Obrigada por ligar, Clive. Como vai?


- Estou bem, obrigado. Eu estava pensando se podíamos tomar um drinque juntos esta tarde. Já terminou seu trabalho por hoje?


- Sim, mas...


- Sei que está ocupada, mas só quero conhecer você, conversar por alguns minutos. Que tal nos encontrarmos no Café do Benny? É perto de sua escola, acho, e você poderia parar lá no seu caminho para casa.


Ele era insistente. Conhecendo Jô, ela havia fornecido os detalhes para Clive, pois o Café do Benny era na esquina da escola. Seria mais educado encontrar-se com ele e dizer-lhe pessoalmente que não estava interessada em "encontros".


E o que mais tinha a fazer, afinal de contas?


- Está bem. - concordou. - Como reconhecerei você?


- Não se preocupe. - replicou ele alegremente. - Eu a conheço. Estou no Café do Benny agora, portanto, a verei em dez minutos.


Ela desligou o celular e dirigiu-se para o Café do Benny.


Estava bem iluminado, quase vazio naquela hora da tarde.


Um homem sentado a uma mesa perto da porta levantou-se tão logo ela entrou e se aproximou, com a mão estendida.


- Hermione? Sou Clive. Que bom que você veio.


- Prazer em conhecê-lo, Clive. - Ele era mais baixo do que ela, com cabelos louros ralos. Não o seu tipo, em absoluto. Hermione imaginou o que havia passado pela cabeça de Jô.


Talvez ele fosse realmente um bom dançarino.


- O que gostaria de beber?


Ela pediu água mineral e observou Clive ir até o bar. Devia ter pedido café. Quase não dormira na noite anterior e sentia-se muito tensa. E sua cama estivera vazia.


Era incrível o fato de, depois de somente duas noites, ter se acostumado a dormir nos braços de Harry.


O melhor mesmo era ter pedido uma taça de vinho e tentar relaxar.


No entanto, não deveria beber se estivesse grávida.


Clive retornou com um copo de água e um caneco de cerveja. Quando se sentou na frente dela, Hermione perguntou-se o que estava fazendo num Café com um homem quando havia a possibilidade de estar carregando um bebê de HArry.


- Sinto muito, Clive. Sei que disse a Joanna que você deveria ligar-me para um encontro, mas não acho que tenha sido uma boa idéia. - Clive parecia surpreso. - Quero dizer, você parece um bom sujeito, mas...


- Você está saindo com outra pessoa. - concluiu ele.


Não mais.


- Bem, sim.


Ele assentiu.


- É algo novo. Aceito isso. Ele apareceu antes de mim, huh?


- Mais ou menos. Sinto muito, Clive. Não pretendia enganá-lo, mas achei melhor encontrá-lo e dizer-lhe pessoalmente.


Clive tomou um gole de sua cerveja.


- Fiquei desapontado, Hermione, mas satisfeito por ter sido honesta comigo. - Ele inclinou-se sobre a mesa. - Ele é realmente muito especial? Alguma chance de você trocá-lo por mim?


- Ele é muito talentoso. - disse ela cautelosa, brincando com o copo de água mineral.


- E uma aventura ou você está pensando em casamento, filhos, todas essas coisas?


Casamento, depois filhos. Esta era a ordem que gostaria.


- Oh, é cedo para isso.


- Você já não tem crianças suficientes na escola?


- Não. Quero filhos meus, um dia.


Queria filhos. Ansiava por eles. Toda vez que via um bebê, pensava naquele que perdera, e agora pensava no que teria algum dia.


Estar grávida de um filho de Harry não era uma boa idéia. Se tivesse escolha, optaria por ser mãe solteira. Afinal, uma criança importava mais do que uma aliança no dedo.


- Então, como resolveu aprender a dançar tango? - perguntou ela, mudando de assunto.


Ele riu.


- Oh, não sei. Acho que aconteceu. - Que resposta estranha! E por que a pergunta o fizera rir? - De qualquer forma, chega sobre mim. Conte-me mais sobre você.


Hermione empurrou a cadeira para trás. Como Joanna pensara que ela se interessaria por aquele homem, que parecia ficar mais estranho a cada segundo? Talvez Jô o tivesse conhecido num bom dia. Para ser honesta, Hermione também não estava no seu melhor dia.


- Sinto muito, Clive, mas tenho de ir agora. - Ela levantou-se. Ele fez o mesmo.


- Tem certeza? Gostei de conversar com você.


- Sim, tenho certeza. Foi um prazer conhecê-lo. - Ela estendeu a mão e ele a apertou.


- Boa sorte com seu novo homem, Hermione.


- Obrigada. - disse ela e deixou Clive e o café. Passaria aquela noite pensando em sua aula para o dia seguinte, disse a si mesma no caminho de casa. Faria tudo que não fizera naquele fim de semana anterior. E desligaria o telefone, de modo que não esperasse pelo seu toque. Porque ele não ligaria, com certeza.


Então olhou para a frente do seu edifício e parou.


Um Jaguar vermelho com Harry Potter encostado nele.


Os dois se viram no mesmo momento, e Harry sorriu-lhe.


O coração de Hermione disparou.


- Hermione. - Ele se aproximou e tomou-a nos braços.


Ela perdeu o fôlego.


- Senti sua falta. - murmurou ele.


- Não seja bobo, não faz nem um dia que nos vimos. - disse ela, sabendo que estava fingindo.


Ele afastou-se um pouco para lhe acariciar o rosto.


- Sensata Srta. Granger.


- Imagino que tenha estado ocupado.


- Fiquei no Magnum o dia inteiro. Eles se saíram muito bem sem mim este fim de semana.


- Deve ser terrível descobrir que você não é tão importante quanto pensava.


Harry sorriu.


- Você está com medo de que eu a cative outra vez, não está?


- Sim.


- Não a culpo, porque isso é exatamente o que vim fazer.


E eleja estava fazendo isso. Hermione queria tirar-lhe o paletó, a camisa, sentir a textura do peito largo.


- Se você espera que eu caia a seus pés por causa do seu carro cintilante, pode esquecer.


- Oh. Meu plano A foi por água abaixo. - brincou ele. - Procurei-a na escola primeiramente, mas foi tarde demais. Você está vindo de lá?


- Mais ou menos.


- Já comeu?


- Nada desde o almoço.


- Perfeito. - Ele a liberou, abriu a porta do carro e pegou uma caixa de isopor.


- O que é isso?


- Abominável Plano B. Posso entrar?


- Sim.


- Ótimo. - Ele voltou ao interior do carro e tirou de lá uma garrafa de vinho.


O apartamento de Hermione era bem menor do que a casa dele. Harry estava parado na sala de estar e parecia tomar muito espaço do ambiente, não somente pela sua altura, mas por causa de sua energia e presença. Ela o viu observar a mobília com seu sofá cheio de almofadas bordadas, as paredes repletas de livros, os vasos de planta no peitoril das janelas.


Ele colocou a caixa de isopor e a garrafa sobre a mesinha de centro e passou os dedos pelas viçosas folhas verdes das plantas.


- Você é amante da natureza e cuida bem delas.


- Não sou eu, é a poesia que leio para elas em voz alta. Elas gostam particularmente de Keats e dos versos de Bob Dylan.


Ele largou a folha.


- O que há dentro dessa caixa? - perguntou Hermione.


Ele tirou a tampa e pegou uma sucessão de caixinhas de plástico com comida de pronta entrega. Nomeou o conteúdo, com expressão feliz.


- Ravióli de lagosta escocesa e camarões à grega. Pato na laranja, nabos brancos e molho foie gras. E uma torta de limão para a sobremesa.


- Você trouxe tudo isso do Magnum?


- Meu cozinheiro não faz lagosta. Você tem alguns pratos? E alguns cálices? - Ele tirou do bolso um saca-rolhas e abriu a garrafa de vinho. Hermione foi buscar duas peças de jogo americano, guardanapos, pratos, copos e talheres. Quando retornou, Harry pôs a mesa para eles. Abriu os recipientes de alumínio e um aroma delicioso preencheu a sala. Hermione percebeu que estava com água na boca. Ela sentou-se no sofá.


- Vinho? - perguntou Harry, sentando-se a seu lado, e acrescentou antes de esperar a resposta: - Sei que está pensando que há uma possibilidade de você estar grávida.


- As chances são muito reduzidas. Estou certa de que tudo ficará bem. - Ela não conseguiria ser menos convincente se tentasse.


Ele tomou-lhe a mão.


- Você está preocupada e não posso culpá-la. Mas, Hermione, se estiver grávida, não farei a mesma coisa que Draco fez com você.


Os olhos dela queimaram e ela piscou para conter as lágrimas.


- Isso não vai acontecer, portanto, é irrelevante.


- Pode acontecer. E precisa saber que, se acontecer, não estará sozinha. Eu ficaria com você e com o bebê. Olhe para mim, Hermione.


Ela o fitou. Os olhos acinzentados eram firmes e sérios. E diferente dela, ele parecia completamente sincero, Harry era bom em parecer sincero. Certamente uma habilidade que havia aperfeiçoado ao longo dos anos, outra arma no seu arsenal de charme.


- Isto não foi o que declarou quando me pediu para passar o fim de semana com você. - murmurou ela.


- Não, não foi. E tentamos evitar. Mas, se acontecer, faremos o melhor. Certo?


Não havia um único traço de sorriso nos lábios de Harry.


Era um homem acostumado a seguir o próprio caminho, acostumado a ter independência e prazer. Mais importante: um homem que conduzia sua vida fazendo as pessoas o apreciarem.


Hermione assentiu, e Harry abriu um sorriso. Então a puxou para o seu colo.


- Estive pensando em todos os minutos que passamos juntos. - murmurou. - Estava louco para tocá-la, para falar com você. Quase irrompi em uma de suas aulas, mas tive medo de ser banido da escola.


- Se você levasse MacNugget outra vez, teria assegurado sua popularidade pela vida toda.


- Não queria fazer um show com uma galinha, e sim raptar a professora e levá-la embora para fazer amor comigo.


As palavras a excitaram, fazendo seu corpo querer fundir-se com o dele. Reconhecia, finalmente, a verdade sobre aquela situação.


Podia preocupar-se com o futuro, com sua possível gravidez. Mas a realidade era que Hermione o queria tanto que aquelas preocupações não faziam diferença.


Entrelaçando os dedos nos cabelos dele, beijou-o com paixão. Queria prová-lo, perder-se no infinito de seu corpo e de sua alegria de viver.


Sentada no colo de Harry, sentiu a ereção contra a sua coxa, e gostou disso.


Com dedos ágeis, começou a desabotoar-lhe a camisa, e tocar-lhe a pele quente, enquanto Harry passava as próprias mãos por baixo da blusa para segurar-lhe os seios.


- Nossa comida vai esfriar. - sussurrou ela e então gemeu quando ele provocou seus mamilos com os polegares, sob o sutiã.


- Isto - disse ele, beijando-lhe o pescoço - é exatamente o que eu esperava que acontecesse quando trouxe a comida aqui.


- Abominável Plano C. - concordou ela.


- Não me abandone, Hermione. Eu não poderia suportar isso.


- Eu não posso resistir a você. - sussurrou ela.


A ereção de Harry era visível agora. Ela se levantou e, em seguida, ajoelhou-se diante dele no tapete.


- Estou faminta. - murmurou e abriu-lhe o cinto com ar malicioso.


 


 


Agradecimentos especiais:


 


Lúh. C. P.: Que bom que está gostando da fic. Beijos.


 


Nanny Black: A dúvida sobre a gravidez da Mione perdura até os últimos capítulos que não estão longe, apenas mais três e fim da fic. Acho que você vai se surpreender quando descobrir quem foi que furou para a imprensa. Ah, e não é diretora e sim diretor, Howard é o nome dele. Beijos.


 


 

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