In my Life



Capítulo 4 - In my Life


 


Chegou ao saguão minutos antes do horário previsto, mas o lugar já estava cheio de alunos descontentes com a própria sorte. De todas as festas que aconteciam no castelo, porque justamente a deles tinha de ser descoberta? E por quem? O pior de todos os professores, o pesadelo de qualquer aluno: Severo Snape.


A verdade era que o Morcegão detestava lecionar. Era um frustrado. Fizera uma escolha tremendamente errada em seu passado e agora pagava o preço. Era obrigado a passar o ano inteiro na companhia de insuportáveis adolescentes cheios de hormônios e mimados. Um bando de cabeças-ocas.


A sua adolescência não tinha fora nada agradável e ter que revivê-la ali, todo dia, ininterruptamente, ver a sua história se repetir, ver os mesmos tipos de comportamento que ele sempre desprezou desfilarem na sua frente constantemente, definitivamente não o apetecia.


Pelo menos agora, depois de tantos anos vivendo naquele inferno, conseguira o posto que desde o início julgou ser o mais adequado para si. Deixara de ser o professor de Poções para tomar o cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Era uma posição muito mais condizente consigo e com sua história.


Não que desprezasse Poções. De forma alguma. Bem o contrário na verdade. Julgava a arte das Poções sublime demais para ser ensinada a um bando de animais que mal sabiam o que era um bezoar.


Aquela matéria era, em sua opinião, terrivelmente mal compreendida e ensinada. Não conhecia um livro didático sequer que prestasse. Era impressionante que o Ministério não aprovasse livros mais novos e atualizados do que aquele monte de baboseiras que indicavam todos os anos. Eram todos tão desatualizados, incompletos e falhos que ele próprio os corrigia, melhorando as formas de preparo das substâncias e atualizando certos dados. As suas primeiras adaptações foram, na verdade, feitas em seus próprios livros escolares.


Claro que não pretendia passar esse conhecimento ‘extra’ aos seus alunos. No que dependesse dele apenas os que fossem realmente dignos os adquiririam e ele não encontrara nenhum que fosse bom o bastante. Nenhum que tivesse o mesmo dom que ele. Na verdade, em toda sua vida conhecera apenas duas pessoas a quem ele ensinaria seus segredos de bom grado.


Uma estava morta há anos. Alguém por cuja morte ele era um dos responsáveis.


Lílian Evans. Mais conhecida pelo resto do mundo bruxo, como Lilian Potter, mãe do menino-que-sobreviveu.


Ele e Lily foram melhores amigos por vários anos. Pelo menos até que Severo enveredasse pelo caminho que acabaria sua vida para sempre. Durante todo esse tempo, porém, Lily não fora somente uma amiga. Desde a infância cultivara uma paixão platônica pela ruiva. Paixão essa que acabou se tornando amor verdadeiro, mas, claro, nunca foi correspondido.


Mesmo depois de ter se aliado a Voldemort, Snape ainda a amava. Não era capaz de esquecer seus anos de estudante em que ela era a única que realmente o respeitava. Não era como os colegas mais velhos que o introduziram a magia negra, fazendo-se de amigos verdadeiros quando na verdade tentavam domá-lo como a um bicho. Tampouco era como o resto da escola que o via como uma aberração. Lily o via como o ser humano que era. Lily era a única que o entendia.


Mas ele, em toda sua imensa burrice, afastara a moça para sempre de sua vida. E como se isso não bastasse, foi ele quem, mais tarde, selou a morte da ruiva pelas mãos do homem a quem mais admirava. Pelas mãos do homem que, hoje, odiava com cada fibra de seu ser.


A outra pessoa... Bem, por essa outra pessoa ele tivera muito mais do que um amor platônico.


Há sete anos, quando ela chegou, percebeu que era diferente. Percebeu que tinha, assim como Lily, um inegável talento para a arte das Poções, muito embora não fosse um dom.


Conforme os anos se passavam, o professor começou a admirá-la. Era algo que não podia evitar. Ainda amava Lily, na época. Nunca deixou de amá-la na verdade. Mas aquele sentimento vinha se transformando em algo quase fraternal. Apenas uma lembrança daquela paixão avassaladora que sentia quando mais jovem, pois em algum ponto nos últimos anos, não era mais com as rubras mechas que ele sonhava, mas com longos cabelos dourados.


Não demorou muito mais de cinco anos para começar a notar o perfume de marca que ela usava. A olhá-la furtivamente durante alguns segundos, fosse da mesa dos professores, fosse na própria sala de aula. Assim como não demorou a sentir seus batimentos cardíacos apressarem quando ela estava por perto, ou acordar no meio da noite em meio a sensações proibidas, depois de sonhar com ela. Meio sem perceber, ele se tornara um tanto quanto obcecado. Mas não podia evitar.


Snape tinha medo daquele estado estranho em que se encontrava. Talvez por receio de se largar da lembrança de seu primeiro amor. Talvez porque soubesse que sua vida e a de Sarah estariam em risco caso ousasse levar aquela loucura adiante. Na verdade, achava que era apenas atração física, afinal a garota era uma verdadeira tentação. Principalmente para ele, que mal podia satisfazer seus desejos em algum bordel qualquer em Hogsmeade. Achava que aquilo passaria com o tempo.


Mas se enganou. Os meses se passavam e as sensações só aumentavam. Dar aula para o sexto ano da Corvinal se tornou impraticável. Seu nível de estresse, já anormalmente alto, subiu em uma escala alarmante.


Ela já não invadia apenas seus sonhos. Ele quase podia vê-la e tocá-la na mesa logo à frente de sua escrivaninha, onde ela sentava sempre, quando se encontrava sozinho altas horas da noite. Podia descrever a qualquer hora, mesmo de olhos fechados, todas as cores que compunham seu rosto, a forma como segurava a pena, as leves rugas que se formavam em seu rosto quando estava concentrada, a forma como ria quando debochava dele com os amigos e achava que ele não percebia.


Sua teoria sobre atração física se esvaiu, então, assim que ela uma vez o flagrou em um de seus olhares de poucos segundos. Não soube explicar exatamente o que aconteceu. Só sabia que ela o flagrara em seu momento mais vulnerável. O professor recompôs a sua eterna pose, mas era inútil. Ele sabia o que ela tinha visto em seus olhos. E sabia que aquilo a assustara quase tanto quanto assustava a ele mesmo. Mas acima que tudo, e o que fez seu coração falhar várias batidas, Snape viu quase a mesma coisa nos olhos dela antes de desviar o olhar.


Ela sentia o mesmo que ele.


Claro que de uma forma mais... inocente.


Ele sabia que Sarah não era o maior exemplo de inocência do mundo. Pelo contrário, sabia que a corvinal cultivava vários namorados, mas ela não passava de uma criança de dezesseis anos que ainda o respeitava como seu mestre de poções. E ele só podia imaginar o quanto aquilo era estranho para a aluna. Ela talvez nem entendesse direito o que estava acontecendo. Se ele próprio tinha dificuldade nisso.


Mas ele não era criança.


Snape já era mais velho, mais experiente e entendeu de cara, naquela fração de segundo, que o que acontecia ali não se resumia apenas a atração física. Muito menos a uma inocente paixonite aluna/professor. De alguma forma algo os unia. Um laço tão forte que foi capaz que ultrapassar os limites da mera admiração. Soube, e não sabia explicar como, que não sofria sozinho.


Entendeu, de uma vez por todas, mesmo não querendo admitir, que a amava.


E o pior: era correspondido.


Daquele dia em diante as coisas só ficaram piores. Ele quase falhou com a Ordem, mal se concentrava em seu trabalho. Tinha certeza, em algumas noites, que ia enlouquecer. E Dumbledore percebera. Percebeu que havia algo de errado com o professor, mas não soube dizer o quê. Não foi capaz achar esse poço de pecado. Aquele que, embora não fosse visível, estava entranhado em sua pele como se já fosse parte de si.


O Lorde das Trevas também percebera a diferença nas atitudes do servo. O cobrara e castigara algumas vezes, mas também não conseguiu desvendar o mistério. O que Snape sentia ia muito além do que o assassino era capaz de sentir ou compreender. E só sobrou ao mestre de Poções agradecer por isso.


Pouco mais de um mês se passou e o caos em sua vida não cessava. Até que finalmente chegou o dia em que não pôde ignorar um dos desacatos da garota a si. Era essa a forma que ela achara para mantê-lo longe. Desdenhá-lo, desacatá-lo. Ele vinha ignorando tudo isso, no máximo tirando alguns pontos da Corvinal. Mas ser ignorada apenas fazia com que ela se esforçasse mais e mais, com que ela sentisse mais raiva, se sentisse mais frustrada. O que só levava a novas investidas, novos golpes. Chegando a tal ponto que, naquele dia, o professor não teve outra escolha a não ser ceder e deixá-la em detenção.


Por breves segundos cogitou a possibilidade de pedir outro professor para executar o castigo por ele. Mas aquela fora uma ofensa direta a sua pessoa, portanto era dele a obrigação de supervisá-la na detenção. Delegar essa função a outro era mais do que seu orgulho suportava. Ou talvez tudo aquilo não tivesse absolutamente nada a ver com seu orgulho. Talvez fosse apenas aquele pecado intruso. Talvez. Ele nunca chegou a saber, na verdade. No fim das contas deu a ela uma detenção que duraria três fins de semanas. Em seu escritório.


No primeiro dia ele não achou que Sarah fosse aparecer. Desejava que ela não aparecesse. Mas ela veio. Pontualmente. Obviamente envergonhada, o rosto avermelhado. Logo o clima estranho e pesado pairou em seu escritório. Tentou agir normalmente, o que se provou um esforço quase sobre-humano.


Deu-lhe uma pilha de antigas fichas para serem passadas a limpo. Não conseguiu pensar em nada melhor. Ela ficaria ali copiando durante três tardes e ele a vigiaria durante todo o tempo. Compartilhariam a mesma sala por horas a fio.


As horas pareciam não passar nunca. Ele andara por todo o lugar, folheara alguns livros, verificara alguns ingredientes fedorentos. Mas o tempo corria lento. Era estranho pensar naquilo, mas apesar de todo desconforto ele se sentia estranhamente bem na companhia dela.


Era bom saber que eles estavam ali sozinhos. E que apenas as paredes seriam testemunhas do que poderia ocorrer.


Esse breve e insano momento de fantasia foi o estopim. Snape abriu a boca para mandar a aluna de volta a seu dormitório. Mas antes que tivesse a chance de emitir algum som, ela anunciou que pretendia terminar aquele lote de fichas antes de ir. A voz da garota era firme, como se soubesse exatamente o que queria, apesar do embaraço.  Assombrado ele apenas concordou.


Não era Legilimência. Ele era o melhor oclumente que conhecia. Sarah não estava tentando invadir a sua mente. Ela simplesmente sabia o que se passava em sua cabeça. Era como se o conhecesse intimamente há anos. Foi quando confirmou, pela segunda vez, que aquilo que os unia não era apenas atração.


 Foi quando começaram a conversar. Sem perceber. Como se fosse tão natural quanto respirar ou piscar. Ela ficou lá a tarde toda. E durante as duas outras tardes de sábado. Na última em especial já era quase noite, e eles conversavam quase animadamente, sem que ela deixasse de fazer as copias, quando Dumbledore apareceu.


Sentiu como se tivesse sido pego cometendo um crime. Ficou ligeiramente enjoado. Dumbledore compreendeu em segundos o que se passava entre professor e aluna. A expressão do velho ficou estranhamente dura, e ele mandou a loira direto para seu dormitório.


Desesperado Snape pensou consigo que ele não estava fazendo nada de errado, era uma simples detenção e ele, como o professor mau que era, queria apenas ter o prazer de atrapalhar o sábado de mais um pobre aluno.


E foi chocado que percebeu que o diretor o olhava diretamente nos olhos, quase sem piscar. Percebeu que, pela primeira vez em incontáveis anos, falhara como oclumente. Dumbledore ficou possesso e Snape não teve como se defender. Não teve argumentos para contestar. O velho sabia. Dumbledore descobrira.


Depois de ouvir muito sermão, a única pergunta que foi feita o atingiu como um soco: “Você a tocou?”.


Foi a vez de Snape se levantar. Ele sabia que não prestava. Sabia que não era santo e que nunca seria, mas nunca, nunca teria coragem de tocá-la! E era esse o motivo do asco a respeito de seus sentimentos. Esse era o motivo de ele tomar quase três banhos por dia, agora. Ela era, simplesmente, pura demais para alguém como ele.


Assustado, viu Dumbledore sorrir e aconselhá-lo a não toca-la. Pelo menos não até que ela atingisse a maioridade. Snape parou perplexo com o que ouviu, enquanto o diretor mudou completamente de assunto, como se nada demais tivesse acontecido.


O professor seguiu o conselho de Dumbledore e nunca a tocou. Nunca sequer lhe pegara as mãos. Mas a partir daquele dia, ela passou a vir em seu escritório, quando tinha um tempo de fugir dos amigos, ou às vezes dava motivos para detenções. Constantemente entregava bilhetes junto com seus deveres. Das formas mais diferentes eles se comunicavam.


Algo que o fez admirá-la mais foi o fato de ela não reclamar nenhuma vez sequer o fato de eles manterem uma distância razoável entre si durante esses encontros. Admirou-o saber que ela entendia o que poderia acontecer se aquela barreira invisível fosse quebrada e aceitar aquilo tão bem.


E à medida que ele a conhecia melhor, a admirava mais e sabia que a mesma coisa acontecia com a aluna. Aquela estranha ligação se tornava cada vez mais forte e, à medida que o tempo passava, ele já não sentia mais tanto nojo de si mesmo.


Então vieram as confissões. Passaram a tocar em assuntos pessoais. O que foi difícil para ele, mas aparentemente fácil para ela. Descobriu que a família era tudo, menos perfeita. Que ela mal suportava a mãe, suas obvias traições e a sua insistência quase doentia em casá-la com o primo. Que ela adorava frutas tropicais e que era alérgica a gatos.


Ele contou a Sarah sua juventude e suas desventuras tanto familiares quanto escolares. Mas teve medo de contar sobre o pior de seus erros. Embora fosse de conhecimento geral, praticamente nenhum aluno seu sabia a fundo. Ela apenas foi descobri-lo meses depois, no dia de seu aniversário.


Ela era de abril. Faria 17 em abril daquele ano. Embora nunca tivesse sido mencionado, ambos sabiam o significado daquela data. Às vésperas do dia, Dumbledore veio até seu escritório com uma caixinha aveludada e a depositou encima de sua escrivaninha. O professor apenas encarou o velho interrogativamente, embora soubesse muito bem o que aquilo queria dizer. “Peça-a em casamento” ele disse.


Snape riu. Nunca ouvira disparate maior. Ele era um homem marcado. Nem sequer devia ter alimentado aquele relacionamento que, no momento, mal passava de uma amizade! Quanto mais pensar em casamento! Não estava em condições de se casar! Ele a amava e era retribuído, disso ele sabia. Mas também sabia que o amor era o ponto mais fraco dos homens e ele não podia ter pontos fracos. Ao que Dumbledore apenas retrucou: “Severo, ela não é um ponto fraco. Ela é seu ponto mais forte. Ela te sustentará quando assim for necessário.” Dizendo essas palavras o diretor saiu, deixando-o a sós com seus pensamentos e com a caixinha de veludo.


As palavras do diretor martelaram em sua cabeça durante os dias que se seguiram. Será que aquela era a coisa certa a fazer? Não sabia se ela o aceitaria como era. Não acreditava que ela o aceitasse sendo Comensal, sendo o responsável por tanta dor. Mas sempre que a via a idéia de casamento parecia deliciosamente tentadora. Afinal, e se Dumbledore estivesse certo? O amor é que os faria vencer a guerra? O amor derrotaria Voldemort de uma vez por todas?


E finalmente quando chegou o dia do aniversário (uma quarta-feira na qual Snape fez questão de marcar uma detenção) ele finalmente a tocou pela primeira vez. Tomou-lhe as mãos e, antes de tudo, lhe contou a pior parte de sua história.


De início ela pareceu chocada, mas logo em seguida o abraçou apertado. Ela o aceitou. Retribuiu o abraço com força. E quase num impulso, numa golfada de fôlego, então, ele a pediu em casamento.


Não foi algo dramático. Ele não era assim. Apenas sussurrou, em meio ao primeiro e longo abraço, em seu ouvido. Foi direto, sem rodeios. Parou para sentir as reações, o próprio coração vacilando.


Ela de repente parou de respirar. Não se movia. No que pareceu horas depois, ele sentiu algo morno cair em seu ombro. Ela chorava. Aquilo era bom ou ruim? Sentiu o coração acelerar, junto ao dela. A garota apenas afastou o rosto um pouco para que pudesse sussurrar em seu ouvido: “Sim”.


Ele segurava o anel na mão esquerda, que escorregou da cintura da garota. Ela procurou-lhe a mão. Sabia que o anel estaria lá. Colocou a jóia na mão direita da moça e a beijou pela primeira vez, quebrando de uma vez por todas aquela barreira invisível.


 


Foi bruscamente desperto de seus devaneios quando McGonagall se dirigiu a ele:


-          Severo, tem certeza que toda essa gente estava na festa? Será que é uma boa idéia dar detenção a tantos?


-          Tentando salvar pontos, Minerva?


A professora ignorou completamente a resposta do colega e se preparou para o discurso.


Os argumentos usados eram quase os mesmos que ele ouvia desde sua época em Hogwarts, apenas com o acréscimo de que havia um psicopata a solta no mundo bruxo e “As regras, agora, não são apenas da escola, mas do próprio Ministério. E Deus sabe a tragédia que seria se algo acontecesse.”


De onde estava, e se desligando novamente das palavras da colega, ele podia ver Sarah do outro lado da sala, bem no final da fila dos Corvinais, à frente de Flitwick. Ela parecia compartilhar seu tédio em relação à fala de McGonagall, mas também parecia preocupada e um tanto abalada. Desviou o rosto assim que seus olhares se encontraram.


Ele próprio era só raiva. A cena que viu quando entrou na sala ainda parecia gravada em sua retina. O ciúme corria em suas veias como veneno. Eastwood a beijava. Como aquele desgraçado teve coragem de tocar em sua esposa? Como ela permitiu?


Obviamente ele sabia que Eastwood era muito maior mais forte que Sarah, que provavelmente a pegara desprevenida e tudo mais, mas ele era um homem em meio a um ataque de ciúmes e, numa situação como essa, a última coisa que ele usava era a razão. Simplesmente deixava que a raiva pensasse por ele.


Vivia um dilema. Não sabia o que queria mais: se gritar com Sarah até estourar a própria garganta, ou se esganar o filho-da-mãe que estava na sua frente agora, bem ao seu alcance. Seria fácil. Ele poderia simplesmente lançar uma maldição naquele boçal e estaria satisfeito.


Pensava seriamente na questão quando Minerva finalmente terminou o seu sermão e quebrou, novamente, a linha de seus pensamentos:


-          Vocês serão divididos em grupos dentro de suas próprias casas e farão os trabalhos que lhe forem designados pelo seu diretor.


Um imperceptível sorriso sádico passou pelos lábios de Snape. Já que não podia matar o garoto... Eastwood era o único sonserino da festa, portanto seria alvo único à sua ira. Passara a noite toda pensando no melhor castigo para o aluno e achou a solução perfeita.


Levou-o para a cozinha, onde já estivera mais cedo no mesmo dia. Eastwood era um sonserino e não há nada mais importante para um sonserino que seu orgulho, então...


-          O senhor trabalhará durante uma semana sob as ordens dos elfos domésticos do castelo...


-          O QUÊ?


O garoto gritou indignado. A expressão em seu fez Snape querer rir.


-          Não me interrompa novamente Sr. Eastwood, ou serão quatro semanas servindo aos grifinórios!


A expressão no rosto do professor não deixava dúvidas de que aquilo não era um blefe. O garoto não precisou se uma segunda advertência.  


-     O senhor irá atender a todas as ordens que eles lhe derem e trabalhará com eles durante os intervalos e à noite até as sete. Deve estar aqui as dez para as seis todos os dias para ajudá-los com o café da manhã. Fará suas refeições aqui durante essa semana. E não dê uma de engraçadinho. Lembre-se: Eles têm ordens para tratá-lo como inferior durante essa semana, e é o que eles farão.


Emburrado e chocado, o garoto apenas balançou a cabeça afirmativamente, sem tirar os olhos do chão.


-       Ótimo. Sua detenção começa a partir de agora até o mesmo horário próximo sábado. Quem sabe isso te ensine a escolher melhor suas companhias, Sr. Eastwood.


Snape parou para ver os elfos carregando o garoto cozinha adentro. Chamou Dobby e outro elfo velho:


-          Não atendam a nenhuma exigência do garoto. Ele agora é inferior a vocês e deve ser tratado como tal. Isso é uma ordem. E exijo ser imediatamente comunicado caso ele dê um passo fora da linha.


Deu uma última olhada para o garoto antes de sair. Ele empunhava uma varinha e tentava ameaçar os elfos à sua volta. Chamou o velho elfo novamente.


-          E tirem a varinha dele.


Saiu com um sorriso e a deliciosa sensação de vingança acariciando seu ego.

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