Fuga
Querida Gina,
Sem mais desculpas. Prefiro passar a vida toda sem me desculpar a ter que parar de trocar confidências com você. Afinal, quem começou isso tudo fui eu. Não quero terminar agora. Sabes, Escórpio, ontem, veio me perguntar se eu realmente amava Madressilva. Fiquei sem palavras e disse que precisava ir ao banheiro. Acho que ele notou, é um garoto muito esperto. Não perguntou mais. Fiquei um pouco embaraçado com a situação, mas também não toquei mais no assunto.
Madressilva e eu estamos brigados. Acho que não estamos mais tão felizes quanto antes. Estou perdido. Não sei para onde ir. Você poderia me dar um rumo? Uma saída ou remédio para a situação? Não sei como a deixar feliz. Agora, nossas conversas são monólogos sobre o tempo, ou Escórpio. Ela não ri mais e nem me chama mais para nosso café com torradas à tarde. Só fica trancada no quarto, costurando ou de vez em quando chamando alguma amiga para visitá-la. Escórpio fica cada vez mais parecido comigo. Calado, sozinho e um pouco rude. Tento educá-lo o melhor possível para não ser como o velho Draco. Quero que ele pareça com o novo Draco, que na verdade, sempre foi o original. Ele sempre vem falar comigo. É muito inteligente e muitas vezes me faz perguntas que não consigo responder. Perguntas cheias de incógnitas. Minhas respostas, a maioria das vezes, vazias. Ontem ele me perguntou quem Harry Potter realmente foi e o que ele fez. Expliquei para ele toda a história de Potter até a morte de Voldemort, ou pelo menos tudo o que sei. Ele ficou boquiaberto. Perguntou de que lado eu estava. Fiquei indeciso, contaria ou não a verdade a Escórpio? Contei a verdade. Disse que eu era um garoto muito bobo. Que tinha ficado do lado de Voldemort porque tinha ciúmes de Harry. Também tinha ficado do lado do mal, porque a Sonserina era do mal. Hoje em dia, não mais, pelo menos em minha visão. Ele perguntou se Lúcio, seu avô e meu pai, era um comensal. Eu disse que sim, mas que ele também era um avô muito bobo. Mas que agora, nenhum de nós gostava mais de Voldemort. Escórpio riu, me abraçou e disse, essas palavras exatamente: "Eu te perdoô papai, sei que fez muitas coisas erradas, mas eu ainda te amo". Naquele momento, fiquei sem palavras e segurei um pouco de saliva na garganta.
Também sinto sua falta Gina, de vê-la sempre orgulhosa pelos terrenos de Hogwarts, batendo nos garotos, ou jogando feitiços. Dando aqueles seus risinhos sarcásticos, querendo ser a melhor em tudo. Você disse para imaginá-la sussurrando em meu ouvido. Imaginei. Porém, agora, essa imaginação não quer se livrar de mim. Você é como um carrapato, uma parasita. Não quer mais sair de mim, da minha cabeça, do meu coração. Apenas, suga toda a minha energia. Minha sanidade. Deixa-me cada vez mais louco, com vontade de largar tudo e sair correndo atrás de você. De deixar Escórpio (Deus me perdoe!) e Madressilva. Pegar minha vassoura e voar até você, ou então, apenas desaparatar em seu quarto e te surpreender na cama com Potter. Te dar um susto, te deixar vermelha de vergonha e raiva. Um misto de alegria, timidez e chateação. Sei que Harry tentaria dar um de "machão". Mas eu te digo, uma vez começada a travessura, eu iria terminá-la. Não, não iria matar Potter. Iria apenas te pegar e fugir com você. Fazer de você, minha. Poder acordar todos os dias ao teu lado, à tarde poder tomar café com torradas conversando com você e, no final do dia, ao dormir, te aninhar em meus braços e fazer de você, minha mulher. Isso é impossível. Jamais, em hipótese alguma eu deixaria Escórpio. Ele é a minha vida, minha essência. Eu poderia dizer tudo para você, mas jamais iria superar o que sinto por Escórpio. É como se ele fosse uma parte minha desprotegida por aí. Meu maior medo é perdê-lo.
Gina, eu sei que se algum dia eu adentrasse em sua casa e pedisse para fugir comigo, você não iria. Mas não por Potter, e sim, por seus filhos. Sei que pode me amar. Sei que não sou muito mais que ele, porém posso chegar a superá-lo. Você sabe disso. Só quero que me imagine, sussurrando ao teu ouvido: Eu te amo.
Beijos, Draco.
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