Pôr do Sol



Querida Gina,


                  


Ontem lembrei de você. Lembrei porque vi o Sol se pôr, ficando laranja, da cor dos seus cabelos. Eu sei que penso em você todos os dias, mas ontem foi mais intenso. Estava sentado em minha cadeira preferida, lendo um livro sobre Hogwarts, parei para ver o Sol se pôr. E, de repente, você apareceu correndo por entre as flores do meu jardim, lutei para não piscar, vi você sorrindo, reparei em seus lindos cabelos voando contra o vento, senti seu cheiro de maracujá e ouvi sua risada inebriante. Porém, meus olhos me traíram e, por um segundo em que os fechei você sumiu. Tentei, inutilmente, te ver de novo, perfeitamente, como antes. Não consegui.


Ao acordar hoje, senti que tinha que saber se você está bem, se Potter está te tratando como deve. Acho que está. Ele jamais faria mal a você. Ele pode ser tudo, mas te ama. Todos sabem disso. Você também o ama. Isso, eu sei. Mas nem tudo na vida é como queremos. Eu me casei, tenho um filho. O meu bem mais precioso. Você casou, teve filhos. Uma delas, uma menina linda que se parece muito com você. Lembrei daquele dia primeiro de setembro, em que a vi junto com Potter e seus filhos. Você estava mais linda que nunca. Tentei guardar a felicidade de te ver, só para mim. Minha mulher estava ali, tinha que respeitá-la. Respeitar seu marido também. Não sei se já contou a ele que sou apaixonado por você. Se já, creio que ele deve estar fulo de raiva.


Não sei se você gosta que eu te mande cartas. Eu me sinto melhor quando recebo as suas, me contando como Alvo cresceu e está cada vez mais esperto ou como Lílian está ficando igualzinha a você, com o mesmo gênio e com diversos pretendentes. Rio com suas cartas e choro também. Lembro de como fui um idiota ao ter colocado os comensais para dentro de Hogwarts. Mas eu não tinha escolha. Na verdade, a minha maior vontade era que Potter, ou outro qualquer, matasse logo Voldemort e livrasse minha família daquele indesejado. Eu odiava aquele ser que me atormentava todos os dias. Que aparecia em meus pesadelos e me aterrorizava. Eu odiava Harry também. Não por ele ser um trouxa da Grifinória, ou ser contra Voldemort. Mas por ele ser querido por todos, ou pelo menos por quase todos. Ser ótimo em quadribol. E algum tempo depois de entrarmos em Hogwarts, odiei-o ainda mais por ter te conquistado. Todos sabiam que você gostava dele. Menos ele. Aquele idiota. Passaram-se muitos anos até ele descobrir. Ninguém nunca descobriu que eu te amava. Naquele tempo, nem eu sabia se era amor. Mas te via em meus sonhos, cheguei até a ver, um Natal com sua família, todos rindo alegremente. Nós dois de mãos dadas. Apaixonados.


Acho que se eu tivesse mostrado quem eu realmente era você teria se apaixonado por mim. Se eu tivesse deixado o Draco idiota, mesquinho e medroso de lado. Se eu tivesse, em vez disso, te mostrado meu lado sorridente, compreensivo, amoroso e apaixonado. Você, com certeza, se apaixonaria por mim. Mas os alunos da Sonserina nasceram para isso, para serem maus. Inúteis.


Eu peço, pela milésima vez, desculpas. Essa madrugada, reli todas as cartas que você me mandou, desde o ano retrasado. São exatamente cem cartas. Será que você guarda as que eu te envio? Será que você as relê? Sei que parece bobagem, mas relendo-as, sinto você aqui do meu lado. E, o mais importante, te guardo em minha mente e em meu coração.


 


Beijos, Draco.


 

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