Capítulo único



"I'm lucky I'm in love with my best friend"


 


 



- Eu estou calma, eu estou calma, eu estou calma... – tentei repetir isso umas mil vezes, mas a verdade era que não estava nem um pouco tranquila.


Não me interprete mal. Eu não estava em uma situação complicada. Bom, pelo menos ninguém consideraria minha escolha como algo complicado, mas ainda sim eu estava uma pilha de nervos.


Foi graças a esse nervosismo que fui me sentar no beiral da janela e refletir sobre tudo que me levou até ali. E, vou te contar, as coisas aconteceram tão rapidamente que não saberia explicar exatamente como cheguei até ali, mas lembro-me perfeitamente de como tudo começou.


Ainda estava na escola. Pra ser mais precisa, no meu último ano.


Hogwarts terminaria em poucos meses e acredite quando digo que estava levando muito a sério o lance da formatura e o fato de que em breve poderia conseguir um ótimo estágio no Ministério da Magia.


A última coisa que esperava encontrar era ele. Calma, calma, sem pânico ok?! A pessoa em questão não é Voldemort. Por Merlin, meu tio derrotou o cara há anos!


Estava tarde e, pra variar, eu estava enfiada na biblioteca em busca de um livro de Runas que me ajudasse com a tradução de um texto.


Meu dia havia sido... Irritante. Qual é, você também acharia muito irritante o fato de ser Monitora Chefe, ter que dar broncas no irmão caçula e brigar com o namorado – sim, naquela época eu ainda tinha um namorado pra me preocupar – ok?!


Mas não vamos perder o foco da história, certo?


Eu estava na biblioteca, irritada, procurando um livro quando de repente... BOOOM! É, isso ficou estranho, mas a verdade foi que me virei rapidamente com uma pilha de livros e trombei com um ser que eu não tinha visto se aproximar, resultando na queda dos dois no chão.


Hoje em dia eu até acho engraçado, mas na hora fiquei brava. Fala sério, depois de um dia cheio, trombar com uma pessoa no meio de uma biblioteca e se estabacar no chão não é uma boa forma de ficar calma.


Eu deveria ter dito: “Ohhh, me desculpe! Se machucou? Eu não vi você chegar.” Mas, no calor da emoção, eu acabei dizendo:


- PELAS CALÇAS DE MERLIN! Você não tem olhos? – praticamente gritei de tão furiosa.


É claro que agora você espera que eu diga que o cidadão gritou também e iniciamos uma grande discussão.


Sinto-lhe informar, mas está enganado.


No momento em que ouviu minha revolta, ele começou a rir.


Entendeu o que eu disse? Enquanto eu estava soltando os cachorros, ele estava rindo e ainda sendo educado ao recolher meus livros.


- Tenho olhos sim. Muito bons, por sinal. O que não tenho é uma bola de cristal pra saber quando uma menina vai surgir rodeada de livros e me derrubar no chão! – ele disse, zombando da minha cara, é óbvio.


Olhei-o furiosa. Estava preparada para brigar e exigir um belo pedido de desculpas, afinal de contas, eu havia sido atirada violentamente no chão por um cara, que além de cego, gostava de fazer piadas.


- É digno informar que olhares assassinos de meninas desastradas não me intimidam, certo?! – ele disse novamente, sem esconder o divertimento. – Foi mal ter te derrubado. Eu realmente não te vi.


- Eu percebi isso, já que fui parar no chão.


- Bom, caso não tenha notado, eu também fui lançado ferozmente contra esse chão duro e frio da biblioteca. – ele observou – E você ainda não se desculpou por isso.


Aquilo obviamente me irritou ainda mais. Ele tava zombando da minha cara e de forma descarada.


Tinha que ser Sonserino!


- Escuta aqui, seu...


- Shiu! Estamos em uma biblioteca e você não deveria elevar a voz, sabia? Pessoas estão estudando aqui e não é digno que você, por estar irritada e provavelmente na TPM, comece a surtar e atrapalhar a concentração alheia.


Eu juro pelas barbas brancas de Merlin que tive vontade de jogar o livro de Runas em cima da cabeça daquele garoto.


Mas ao invés disso, me contive e apenas disse entre os dentes:


- Com licença!


E, sem dizer mais nada, saí daquele corredor e parti para uma mesa que ficava no fundo da biblioteca, onde poderia estudar com sossego.


Bom, você deve tá achando que depois disso as coisas ficaram tranqüilas e eu consegui fazer meu adorável trabalho sem maiores problemas, certo?


É aí que você se engana.


Minutos depois o garoto apareceu do nada na minha mesa, puxou uma cadeira e se sentou como se tivesse sido convidado a participar.


- Desculpa, mas eu também gosto desse lugar para fazer as tarefas. – ele se justificou, enquanto eu ainda o encarava boquiaberta.


A vontade de socar um livro na cabeça daquele menino aumentou consideravelmente, quando ele, da forma mais folgada possível, colocou os pés sobre a mesa e relaxou em sua cadeira, enquanto folheava um livro.


- Escuta aqui, garoto, voc...


- Scorpius. – ele me interrompeu, como sempre.


- O que?


- Você me chamou de garoto e eu, utilizando da educação que me foi dada, disse meu nome.


- Ora, eu sei como você se chama! – e na verdade sabia mesmo. Todos conheciam Scorpius Malfoy. Ele era um dos mais populares da escola.


- Se você sabe, então o utilize garota! – ele disse, fingindo seriedade.


Aquilo foi o suficiente, para que eu explodisse e empurrasse os pés dele para fora da mesa.


- Meu nome é Rose, agora vê se sossega, e pára de gracinhas porque eu não estou com vontade e muito menos paciência pra aturar brincadeirinhas!


Se eu fosse tão esperta como imaginava que era, deveria ter previsto que minha ação geraria uma reação por parte de Scorpius.


E bom, a reação dele me assustou, já que num segundo ele estava sentado, e no outro estava praticamente debruçado sobre a mesa, me encarando com uma expressão séria e de poucos amigos.


- Eu também sei como você se chama! – ele disse, me encarando de perto. Foi ali que descobri que seus olhos não eram somente azuis e sim azuis acinzentados. Não que isso vá mudar muita coisa na história, mas achei que você quisesse compartilhar tal informação comigo – Rose Weasley, a Monitora Chefe. A garotinha mais popular entre os professores e alunos. A “sabe-tudo” que faz praticamente todas as aulas comigo.


Depois do pequeno discurso de Scorpius, nenhum de nós estava preparado para minha reação.


De repente, comecei a rir. Sério, eu comecei a rir feito idiota e alguns segundos depois, ele se rendeu e me acompanhou nas gargalhadas.


Impressionante como as coisas acontecem de forma maluca.


Depois das risadas, você deve imaginar o que aconteceu... EI, VAMOS COM CALMA! Não rolou nada do tipo romântico ok?! Eu já mencionei que tinha namorado e, naquela época, Scorpius também estava envolvido com outra.


Nós terminamos de fazer nossos trabalhos e acabamos conversando bastante. Descobrimos muitas coisas em comum e, naquele dia mesmo, já éramos praticamente melhores amigos.


Como eu disse, foi tudo bem maluco. Num minuto estávamos querendo nossos pescoços... Ok, ok. Eu estava querendo o pescoço dele, mas dê um desconto ok?! Ele estava me irritando. Enfim, a questão é que pouco tempo depois, nós estávamos lá, trocando confissões de amigos íntimos.


Mais tarde, eu viria descobrir que passar tempo demais com o Scorpius me fazia bem, muito, muito bem.


Por hora é preciso que você saiba que naquele dia 19 de fevereiro, eu havia acabado de encontrar uma das pessoas mais importantes pra mim.


Os dias que se seguiram foram absolutamente normais. Quero dizer, quando se é Monitora Chefe e se tem um namorado que consegue acabar com seus nervos e depois fazer tantas juras de amor que te deixam absolutamente confusa, até coisas esquisitas se tornam normais.


Vou te contar, era muita loucura pra minha cabeça. Eu estava uma pilha. Algumas pessoas até fugiam da minha presença super estressada, exceto Scorpius, é claro.


Eu já disse a você que aquele loiro, por algum motivo sobrenatural, gostava da minha companhia? Não? Pois bem, ele gostava. E era por isso que passava bastante tempo comigo, conversando sobre coisas idiotas que me faziam rir e sair dos meus surtos paranóicos.


O tempo passou, é claro. Não acho necessário narrar cada parte das semanas que se seguiram, porque elas não interessam.


O que você precisa saber é que Scorpius e eu nos tornamos como irmãos e passamos a dividir todos os problemas.


Foi por isso que não hesitei em correr até ele quando meu namoro desmoronou.


- Own Indigna, não chora! – eu não mencionei, mas “Indigna” foi um apelido carinhoso que ele me deu. – Não vale a pena, sério.


- Fala sério, eu fui tão cega! Eu tô com tanto ódio! Você não tem noção, Indigno! – bom, se ele me chamava de “Indigna” eu tinha o direito de lhe dar a versão masculina do meu apelido ok?!


- É complicado, Indigna, eu sei. – e de fato ele sabia. Dias antes o namoro dele também havia desmoronado – Mas vai dar tudo certo, ok?!


Scorpius estava certo quanto ao fato das coisas darem certo.


Os dias que se seguiram foram a prova de que nem todo mal dura pra sempre e eu já conseguia sorrir sem me sentir um lixo.


Scorpius e eu estávamos mais próximos que nunca a essa altura, e eu percebi que quando estava com ele não me importava com os exames finais chegando ou qualquer outra coisa estressante.


De certa forma, ele havia se tornado meu porto seguro.


- Indigno, eu realmente espero que esteja certo quanto a passarmos nessas provas finais ok?! Se eu reprovar, vou dar um tapa em sua face.


Estávamos sentados no jardim da escola, a sombra de uma árvore próxima ao lago negro.


- Creeeeeedo Indigna! Sem violência ok?! – ele ergueu as mãos pro alto e depois, muito rapidamente, levou elas até meu cabelo e bagunçou. Scorpius deveria ter muita certeza de que eu gostava dele, caso contrário não se atreveria a mexer no meu cabelo assim. – Nós vamos passar na prova, e... Indigna, quer parar de ler enquanto eu falo?


Sem muita educação, Scorpius retirou o livro da minha mão e se recusou a me devolver, embora eu fizesse um grande esforço para alcançá-lo.


Não me pergunte como foi exatamente, mas o negócio é que naquela enrolação para pegar o livro e ele se recusando a me entregar, eu acabei caindo (pra você ver o quanto estava decidida a encerrar minha leitura!) e o Scorpius veio junto, praticamente se jogando sobre mim.


- Saaaaaaaai de cima, Indigno! – eu disse, tentando parecer séria. A coisa toda havia sido engraçada, então você deve ter em vista que minha tentativa de parecer séria foi totalmente frustrada.


Scorpius me obedeceu, é claro. Só que bem na hora que ele me ajudou a levantar, me puxou tão rápido que quem foi pra cima dele fui eu.


- Ah Rose, fala sério! Você não resiste mesmo aos meus encantos né?! – ele debochou, enquanto me segurava em seus braços.


Rindo, eu o encarei. Queria protestar, mas a verdade era que Scorpius tinha um poder estranho sobre mim. Eu nunca conseguia ficar irritada o suficiente pra gritar.


Você deve se lembrar que eu mencionei que as coisas aconteceram de forma maluca, não é? Pois bem, apegue-se bastante a esse fato e não se choque ao saber que depois que meus olhos focalizaram os de Scorpius, o clima mudou consideravelmente.


Num segundo ele era meu amigo e irmão... No outro... Bom, no outro segundo estávamos nos beijando como um casal apaixonado.


Eu nem sei bem o que te dizer a respeito disso. Foi uma das melhores coisas que me aconteceram, pode ter certeza.


No instante em que os lábios de Scorpius tocaram os meus, esqueci-me completamente do mundo em minha volta e só consegui pensar nele, no seu beijo e no seu abraço.


Não havia mais ninguém, a não ser ele.


Segundos, minutos, talvez horas depois, nos separamos e quando olhei novamente em seus olhos, alguma coisa havia mudado ali.


Com um suspiro profundo, me dei conta da verdade.


- Eu estava apaixonada pelo meu melhor amigo!


- Estava não, ainda está! – a voz da minha prima Lily invadiu o quarto e me trouxe de volta a realidade. Eu nem percebi que havia dito meu último pensamento em voz alta, pra você ter idéia de como estava perdida em meus devaneios. – Rose, deixe-me lembrar de uma coisa. Hoje são 27 de junho. Dia do seu casamento. Seu noivo totalmente indigno está lá embaixo esperando que você faça uma entrada triunfal e diga sim ao Juiz. Então nada mais digno que saia dessa janela e desça.


A constatação da Lily me trouxe de volta não apenas a realidade, como também ao desespero que me fizera sentar no beiral da janela e refletir sobre o passado.


“Eu estou calma! Eu estou calma! Eu estou calma...” essa frase estava se tornando um verdadeiro mantra.


- Você tem certeza de que eu estou decente? – perguntei. Qual é? Todas as noivas são inseguras ok?!


Lily nem teve a capacidade de me responder. Aquela ingrata apenas me puxou pela mão e me obrigou a parar em frente ao espelho.


- Viu só? – ela perguntou – Você está DIVINA! Agora vamos logo. Tio Rony vai ter um ataque já, já. Acredite, ele tá mais nervoso que você.


- Pais... – eu suspirei – Tão dramáticos!


Lily riu e depois chamou meu pai para que me acompanhasse.


Eu realmente não vou narrar pra vocês a trajetória até o altar. Não percebi nada, ainda estava nervosa demais.


Foi só quando vi Scorpius parado no altar que meu coração desacelerou.


Fui muito idiota por sentir medo disso, mas se você estivesse em meu lugar, creio que não seria diferente.


Scorpius sorriu pra mim e a certeza transmitida naquele gesto me fez sentir a mulher mais feliz do mundo.


Era ele... Sempre foi ele o tempo inteiro e eu fui cega por não me permitir enxergar além do que meus olhos mostravam.


Meu amigo, meu melhor amigo, no final das contas, era meu grande amor.


- Rose? – a voz de Scorpius me chamou ao longe – Amor, você está acordada?


Pisquei lentamente algumas vezes para que meus olhos se acostumassem à claridade da manhã.


Merlin tenha piedade, eu estava revivendo o momento do meu casamento... de novo. Isso é o que podemos chamar de fixação em alguma coisa.


- Bom dia, amor! – eu disse, me sentando na cama. Nem quis me virar e conferir meu cabelo no espelho. Provavelmente estava um horror!


Scorpius não me respondeu de imediato. Ao invés disso ele ficou lá, parado, olhando pra mim com um grande sorriso e uma rosa vermelha na mão.


Espera! Eu disse rosa vermelha na mão? Foi então que olhei em volta.


Não havia apenas uma rosa naquele quarto. Ah não! A rosa que estava na mão de Scorpius não era a única flor ali.


“Uma, duas, três...” comecei a contar mentalmente.


Scorpius pareceu ter notado isso, porque se sentou na beira da cama e disse gentilmente:


- São sessenta rosas. Uma pra cada dia do nosso casamento, o que significa que...


- Hoje são 27 de agosto! – eu completei a frase – Dois meses juntos.


- Exatamente! – Scorpius confirmou com um grande sorriso – Feliz dois meses, meu amor!


Confesso que não sabia se ria, se chorava, se me jogava em seus braços... a questão era que eu precisava reagir aquela demonstração de carinho de alguma forma realmente criativa.


Eu disse que precisava, mas não que conseguiria. Tenho problemas sérios com minha criatividade. Ela sempre me abandona quando mais preciso.


Foi por esse motivo que disse:


- Eu te amo! – e então o abracei. Quando me afastei o suficiente para olhar em seus olhos, levei uma das minhas mãos até seu rosto e o acariciei gentilmente – Eu gostaria de lhe dizer alguma coisa diferente, mas só consigo dizer isso.


- Essa é a única coisa que eu preciso ouvir! – ele respondeu e então me beijou.


Creio que com isso, você pode concluir que eu definitivamente sou uma sortuda.


 Eu sou apaixonada pelo meu melhor amigo e tenho a sorte dele também ser apaixonado por mim.


 




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Comentários (3)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI E RI MUITO AQUI :)"TIO RONY" kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'ELE DEVIA ESTAR UMA PILHA MSM kkkkkkkkkkkkkkkk' 

    2013-03-04
  • Lana Silva

    Suas fics são perfeitamente perfeiiitas *--------------------*

    2011-10-07
  • camila prongs.

    Que. Fic. Linda!

    2011-08-22
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