Sabores de uma Paixão



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“Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo." [ Friedrich Nietzsche ]


 


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Londres Trouxa - Rua dos Alfeneiros, 4. – Casa dos Dursleys. – 30 dias após a morte de Sirius Black – 01:10 da Manhã. – Chove de forma fraca e intermitente. Temperatura em 8ºC


 


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            Ele estava deitado numa cama em que mal cabia. Poderia aumentar a cama, se tivesse a possibilidade de usar magia fora da escola.


 


            Por sobre uma mesa, seus deveres das férias já estavam feitos. Seu malão estava arrumado. Ao lado de algumas penas, estavam um jornal e uma carta.


 


            Na manchete do Jornal Profeta Diário, mais uma reportagem sobre o “eleito” e sobre a Profecia, bem como alertas de que “Aquele-que-não-deve-ser-nomeado” tinha voltado. Um breve resumo sobre o combate no Ministério. Especulações diversas sobre vários assuntos. E uma manchete que deixara todos apavorados:


 


            Prisioneiros fugiram de Azkaban!!


 


            “Liderados por um comensal jovem, a prisão de Azkaban fora atacada. Onze comensais tinham sido resgatados. E entre eles... Lúcio Malfoy! Não houve mortes no local!”


 


            Ao lado do jornal, uma carta de Rony.


 


            “E ai, maroto mirim? Como está? Você não escreveu nem respondeu minhas cartas anteriores. A situação aqui em casa está melhor. Estamos todos preocupados agora com a fuga de Azkaban. Mas não é isso que eu queria te contar. Eu não sei bem como... ou por que... mas estou namorando a Luna!! É sério! Ela veio visitar a Gina e acho que pela primeira vez eu a olhei como uma mulher. Ela está passando as férias aqui em casa. A Hermione veio ontem e já está te esperando também. Acho que gostou de saber que estou namorando. A Gina está louca de saudades suas. E eu também. Não me falaram quando você pode vir pra cá, mas acho que logo vão buscar você.    É... complicado falar sobre isso, mas quero te dizer que estamos do teu lado, cara, para o que der e vier. Acho que não deve ficar isolado de todos. Nosso amigo canino, não iria gostar disso. Bola pra frente, cara. Temos muito o que fazer ainda. Ânimo! Lembre-se de que sempre é mais escuro antes do anoitecer. RW”


 


            Tudo estava aparentemente normal.


 


            Até que Harry acordou gritando.


 


            Sua mente estava sendo invadida.


 


            Sua magia ativou-se de forma involuntária, tentando protegê-lo do ataque mental.


 


            O barulho foi semelhante a uma explosão. Uma súbita claridade espalhou-se por todos os lados.


 


            E móveis foram jogados para todos os lados do quarto, alguns, inclusive, para fora da casa.


 


            O alarme trouxa disparou na casa. E o escândalo estava feito.


 


            - Eu avisei aquele anormal. – fala Valter Dursley levantando-se e após pegar um taco de “beisebol” dirigiu-se ao quarto de Harry onde gritos de pavor eram ouvidos. – Eu avisei que não iria aceitar isso novamente.


 


            - Valter! – grita Petúnia preocupada, mas ele já estava na porta do quarto de Harry. Seu filho, Duda, estava ao seu lado. – Não o machuque... muito.


 


            - Cale-se! Sei como cuidar de anormais. – fala Valter furioso e chuta a porta do quarto, apenas para ver Harry deitado no chão, resmungando palavras cujo significado lhe escapavam.


 


            - Fracassado. – resmunga Harry baixinho com uma voz grossa e cruel. – É hora de pagar por seus erros, Lucio Malfoy! Desdêmona!!


 


            Foi o bastante para que Valter Dursley o atingisse no queixo com o taco de Beisebol, arrancando de Harry um grito de dor, além de dois dentes.


 


 


 


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Londres Trouxa - Rua dos Alfeneiros, 4. – Casa dos Dursleys. – 30 dias após a morte de Sirius Black – 01:10 da Manhã. – Chove de forma fraca e intermitente. Temperatura em 8ºC


 


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“Definitivamente, não era isso que eu gostaria de fazer hoje á noite.” – pensa Snape cansado enquanto enrola a capa por seu corpo, tentando atenuar o frio da madrugada.


 


Olhou para o céu e calculou, pela posição das estrelas, que já era mais de 01:00 hs da manhã. Garoava fininho. O frio parecia entrar em seus ossos.


 


“Que frio irritante!!” – pensa Snape de forma azeda enquanto mantinha-se em meio ás sombras de uma árvore. – “Eu poderia estar em Hogwarts! Na minha cama!”


 


Afastou aqueles pensamentos mantendo-se concentrado em outros problemas. A guerra estava num ponto“morto”. Não havia ataques acontecendo. Ambos os lados mantinham-se em suas posições, esperando por um movimento do inimigo. Movimento esse, que Snape sabia ser próximo.


 


            Sabia, porém, que o movimento de Voldemort seria interno. Um “expurgo interno” iria acontecer. E seria breve. Por isso fora enviado para ficar de guardião nessa noite. Dia após dia, elementos da Ordem da Fênix ficavam de olho no Santo Potter.


 


            “Tédio completo!” – pensa Snape sério. Estava ali há horas. Tudo o que vira, por uma janela, o fez repensar o que sabia ou achava que sabia sobre Harry.


 


            “Os tios dele... Eles o tratam como se fosse um escravo. Pior do que se trata um elfo. Agüentar esses trouxas deve fazer com que ele sinta saudades de minhas aulas em Hogwarts!” – pensa Snape sorrindo cansado e lembrando-se de que tivera que se segurar para não invadir a casa e estuporar o tio de Harry quando ele ria a vontade ao descobrir sobre a morte de Sirius. E o pior é que Harry tivera que engolir os insultos em silêncio e ainda preparar o jantar para aqueles... trouxas!


 


            “Existe um limite para as coisas!” – pensa Snape indignado. – “Fiquei, secretamente contente aos saber que Sirius morreu. Mas jamais jogaria isso na cara do Potter. Existe algo chamado decência!!”


 


             Respirou profundamente e tentou lembrar-se do que sabia sobre eles. Algumas coisas ele lembrava de sua infância, principalmente sobre Petúnia. Outras, ele soube por Dumbledore.


 


[Início do FlashBack]


 


             - Eles são os “tios” de Harry Potter. São trouxas, ou seja, não têm um pingo de sangue mágico correndo em suas veias. São gananciosos. São violentos para com Harry que já aprendeu: o melhor a fazer é concordar com o tio para não levar uns safanões. Se dependesse do tio, Harry não teria vindo para Hogwarts. Como a mulher, ele acredita que o filho, Duda, é o melhor garoto do mundo. Trabalha como diretor da Grunnings, uma firma de perfurações, odeia bruxos e acha que bom mesmo é ser "normal". Durante as primeiras férias de verão de Harry, o tio ficava morrendo de medo de que ele lhe apontasse a varinha. Depois, quando o tio descobriu que é proibido usar magia fora da escola, as brigas recomeçaram. – fala Dumbledore sério.


 


- Petúnia eu já conheço desde que éramos crianças. Uma trouxa inútil. Uma... incapaz! Vivia implicando comigo e com Lilian. Chamava-a de anormal! – fala Snape irritado.


 


- É, eu lembro que ela me escreveu uma carta querendo estudar aqui. Tive que recusar, é claro. Pelo que descobri, Petúnia e Válter concordaram em criar Harry, mantendo-o longe da magia tanto quanto possível, na tentativa que ela se dissipasse. Enquanto Harry crescia, eles nunca lhe contaram a verdade sobre os pais verdadeiros: diziam eles que os pais morreram num acidente de carro”.


 


-  Que absurdo!! – reclama Snape sério. – Como se Lilian fosse morrer dessa forma!


 


- De fato. Quanto ao primo de Harry... Não tenho muito a dizer, exceto que é nervoso e encrenqueiro.– fala Dumbledore. – Ele não é, de forma alguma, uma boa companhia para Harry.


 


- Por que não me entregou o garoto, ainda bebê, Dumbledore? – pergunta Snape seco. – Se era  para que a vida dele como criança fosse um inferno, eu faria isso a ele.


 


- Você, criando um filho de Tiago, Severus? – pergunta Dumbledore sorrindo.


 


Ele é filho de Lilian em primeiro lugar. Você sabe o quanto eu a amava! – rosna Snape encarando o diretor. – Eu cuidaria bem dele. Poderia ter lhe dito que ele era meu filho adotivo. Eu poderia ter ido morar em outro país com ele. Mudaria meu nome. Sempre haveria maneiras de proteger o filho de Lilian! Havia sempre maneiras de resolver isso e você sabe!


 


- Era necessário que ele ficasse lá, Severus. O sacrifício de Lilian o manteve seguro por todo esse tempo. – retruca Dumbledore.


 


- Seguro quanto aos bruxos, mas não quanto aos tios dele, não é mesmo? – pergunta Snape de forma mordaz. – Sinceramente, se eu soubesse disso antes, teria ido até lá e o adotado. Garanto que ele sofreria menos na minhas mãos do que nas mãos daqueles... trouxas!


 


- Achei que você odiasse o garoto. – fala Dumbledore sorrindo.


 


- Odeio a indisciplina dele. Ele tem a chance de ser um bruxo fenomenal, mas lhe falta disciplina! – rosna Snape. –Como eu poderia odiar o filho de Lilian??


 


         - Tive que fazer uma escolha rápida, Severus. E não tive muito tempo para escolher também. – respondera Dumbledore sério. – Agora está feito. Não posso mudar isso.


 


[Fim do FlashBack]


 


            “Velho idiota! Sim, ele é filho de Tiago! Sim, eu odiava Tiago e Sirius. Mas ele também é filho de Lilian. Aquela a quem amei, e... ainda amo!” – pensa Snape cansado.


 


            O frio se tornou ainda mais forte. Enrolou-se ainda mais na capa e ficou em silêncio. Foi quando sentiu o chamado, fazendo com que a marca negra ardesse com força em seu braço. Enviou seu patrono a Dumbledore solicitando um substituto imediato para que ele pudesse atender ao chamado de Voldemort. Parece que era hora do Expurgo!


 


            Só não estava preparado para o que aconteceu na casa de Harry.


 


            Subitamente a janela do quarto onde Harry dormia, explodiu! Móveis foram jogados no jardim.


 


            “Mas que *******! Não dá pra esperar que alguém me substitua.” – pensa Snape saindo das sombras e correu em direção á casa. Não quis perder tempo. Com um Bombarda, explodiu a porta da casa e correu pelas escadas em direção aonde sabia ser o quarto de Harry.


 


            Mas não estava preparado para o que viu.


 


            Na porta do quarto de Harry, Petúnia e seu filho ganiam de medo.


 


            - Seu anormal!! – gritava Valter furioso batendo nas costelas de Harry com o taco de Beisebol. – Pare com isso!! Vai acordar os vizinhos!!!


 


            - Pai! Tem outro deles aqui! – grita Duda avançando contra Snape usando um soco inglês, com o qual tentou desferir um soco.


 


            Com um movimento seco e curto de sua varinha, Snape “colou” Duda do teto do corredor. Sem perder tempo, entrou no quarto de Harry que estava encolhido no chão, com sangue saindo de sua boca. Ao seu lado, Valter tinha um taco de “beisebol” nas mãos e continuava a bater em Harry.


 


            - Seu anormal!! – grita Valter batendo nas costelas de Harry que se encolhia todo, ainda sob ataque mental.


 


            - Afaste-se dele! – fala Snape friamente entrando no quarto como se fosse um Demônio Vingador.


 



 


 


 


                 - Mais um anormal. – grita Valter furioso tentando atacar Snape que viu o movimento de Valter, tentando lhe acertar com o taco de beisebol. Simplesmente deixou o golpe cair no vazio, após se desviar. A seguir, acertou-lhe no queixo com um cruzado de direita, que o derrubou, arrancando dois dentes. Quando Valter tentou se levantar, Snape acertou-lhe com um chute no queixo, arrancando mais três dentes. A seguir,  apontou-lhe a varinha e murmurou um feitiço fazendo-o urrar de dor e se contorcer em agonia. Petúnia avançou, tentando deter Snape que simplesmente a olhou com desprezo e murmurou outro feitiço, fazendo com que ela caísse no chão, paralisada.


 


            - Bando de animais! – rosna Snape seco. – Levante-se Potter! Dane-se o que Dumbledore quer. Você vai morar comigo, a partir de hoje. Pelo menos não vou bater em você com um taco de madeira, por mais tentador que isso me pareça. Levante-se, vamos. O tempo é curto! Você precisa sair daqui!!!


 


            Mas Harry não se mexia, apenas mantinha suas mãos em torno de sua cabeça e resmungava algumas palavras. Snape aproximou-se do garoto e viu que ele tinha várias costelas machucadas, além de alguns dentes arrancados.


 


            O que mais lhe assustou foi outra coisa. A cicatriz de Harry brilhava e sangrava. Ele mantinha seus olhos fechados com força e resmungava algumas palavras. Quase como se fosse um “mantra”.


 


            “Mantenha a mente fechada. Mantenha sua mente limpa. Ignore tudo. Mantenha sua mente fechada. Mantenha sua mente limpa. Ignore tudo.” – resmunga o garoto sem parar de se contorcer.


 


            “Ele está sob ataque!” – pensa Snape preocupado ao ver que o garoto estava, pelo menos,  tentando usar o que aprendera em oclumência para se manter são.


 


            Enquanto Snape pensava em que feitiço usar para aumentar as defesas mentais de Harry, ele deu um grito apavorante que gelou os ossos do professor de poções. A seguir, abriu seus olhos e olhou diretamente para Snape.


 


             - Snape... me...ajude. – pede Harry chorando de dor. – Dói... demais..


 


            - Mas o que aconteceu aqui? – pergunta Dumbledore entrando no quarto neste momento.


 


            - Ele está sob ataque. – fala Snape tentando entender tudo o que via. – Voldemort está afetando-o!


 


            - Mas como? – pergunta Dumbledore seco.


 


               - Mate-a!! Vamos!! Prove sua lealdade a mim! Mate Narcisa Malfoy!! É uma Ordem!!! – grita Harry em desespero antes de se deitar e resmungar palavras desconexas em língua de cobra.


 


           - Não sei direito. A ligação entre eles. – fala Snape sentindo um formigamento maior em seu braço onde estava a tatuagem. – Alvo....


 


            - O que houve com os trouxas? – pergunta Dumbledore olhando para os trouxas desmaiados.


 


            - Eles atacaram o garoto. E depois me atacaram. Fui obrigado a ser... radical. – fala Snape seco esfregando seu braço onde estava a marca negra ardendo pra valer agora.


 


        - Eles eram inocentes, Severus. Os tios trouxas de Harry são inocentes. - censura Dumbledore. – Não deveria ter reagido de forma tão... violenta.


 


        - Estou mortificado com o sofrimento deles. Lembre-se de me mandar um memorando reclamando sobre isso, para que eu o ignore de forma apropriada. - rosna Snape com um tom frio. - Não dou a mínima para os tios do garoto. Bateram nele com um taco de madeira!! Cuide do Potter. Preciso ver o que Voldemort quer. Ele está me convocando já faz tempo.


 


        - Harry? – chama Dumbledore limpando o sangue de sua boca e com um movimento da varinha, restaurou seus dentes quebrados. – Fale comigo, Harry? Você está bem?


 


        Foi quando Harry o olhou. Seus olhos estavam vermelhos e ele parecia expelir o ódio por eles.


 


        -Matem-no! Matem-no! Avada Kedavra! Avada Kedavra! Avada Kedavra! – grita Harry extremamente agitado.


 


        - Contenha-se Harry. – fala Dumbledore tentando manter Harry parado no chão, mas ele se debatia sem cessar.


 


           - Matem-no!! – gritava Harry, mas a voz era mais grossa, mais forte, mais odiosa.


 


        No mesmo instante a marca negra no braço de Snape agitou-se furiosamente, obrigando Snape a abrir sua camisa. Ela parecia mais viva do que nunca, e apenas o extenso treinamento de Snape evitou que ele urrasse de dor enquanto segurava seu braço. Apertou seu braço com força enquanto caía de joelhos no chão.


 


         - MEU BRAÇO!!! ELE ARRANCOU MEU BRAÇO! – grita Harry apavorado antes de desmaiar uivando de dor.


 


No segundo seguinte, a tatuagem saiu do braço de Snape e se desfez no ar. Como se nunca tivesse existido.


 


        - Alvo? – chama Snape com a voz trêmula pela primeira vez em décadas.


 


        - O que foi, Severo? – pergunta Dumbledore analisando os ferimentos de Harry.


 


        - A Marca Negra! – fala Snape mostrando-lhe o braço imaculadamente limpo. – Ela sumiu!!!


 


        - Mas a Marca Negra só sumiria se... – fala Dumbledore e pára ao imaginar essa possibilidade.


 


        - Se Voldemort morresse. – completa Snape sério ainda esfregando o braço. – Ela sumiu, portanto Voldemort está morto!!


 


        - Mas... se Harry está aqui... Quem foi que matou Voldemort? – pergunta Dumbledore olhando para Harry que estava desmaiado.

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Comentários (3)

  • Dark Moon

    fiquei curiosa com essa fanfic tbm.... ate tive algumas ideias, mas quais eram as suas ideias em relaçao a essa fanfic? o que vc tava pensando qndo escreveu e tal? pq eu pensei em varias coisas mas pode fugir totalmente da sua ideia principal. Fiqquei curiosa pq ela me inspirou rsrsrs apesar do Alysson ja quere-la. nossa vc escreve demais ja disse vc devia publicar livros rs =D

    2013-01-27
  • Alysson Lima

    Sabe, eu toparia escrever essa FIC, mas não tenho ideia alguma de como voldemort poderia ter morrido assim...

    2012-06-26
  • Mohrod

    oi? o.o tipo... não é nada justo, Claudomir, você pensar numa fic desse jeito -que é maravilhosa- e não continuar! fiquei super curiosa, mas Império Romano está me matando. além do mais, gostaria de ler, essa, não escrever. mas tudo bem! (: você tem ótimas ideias.

    2011-11-21
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