A chuva e a cafeteria

A chuva e a cafeteria





Chovia cântaros lá fora e fazia frio, disso ela tinha certeza. Estava naquele estágio do sono “meio acordada, meio dormindo”, encolhida debaixo das cobertas, tentando adiar a hora de levantar. Não demoraria muito e a Sra. Phillip entraria no quarto, abriria todas as cortinas e...


- Acorde, querida! – e puxaria as cobertas dela.


Lily olhou para ela e puxou o lençol de volta, cobrindo o corpo novamente, porque sabia que isso a irritaria.


- Eu ainda estou de férias, Jane. – resmungou.


A Sra. Phillip bufou, puxou a coberta de novo e olhou de cara feia para Lily.


- Você tem que ir para o hotel, esqueceu?


Sim, ela tinha esquecido. Aquele seria seu primeiro dia de trabalho ao lado do pai. Prometera ajudá-lo enquanto suas aulas na faculdade não começassem. Ela tinha sido aprovada para o curso de Inglês na Universidade de Londres e, em poucas semanas, seria uma caloura universitária. Mas, por enquanto, trabalharia com o Sr. Evans e Marion no hotel para ganhar um pouco de experiência, já que aquilo tudo seria dela um dia.


Lily pulou para o chão e correu para o banheiro. Enquanto isso, a Sra. Phillip separou a roupa que ela usaria. Arrumou o conjunto de terninho cuidadosamente em cima da cama e esperou Lily sair do banho para ajudar a arrumá-la. Não fazia isso para mimá-la, mas porque sentia falta de fazer essas pequenas coisas pela sua menininha. De arrumá-la para ir à escola ou prepará-la para dormir. De alguma forma, a Sra. Phillip achava que Lily deixara de depender dela em algum momento daquele ano.


O que era impossível. Lily sempre correria para os braços da Sra. Phillip quando precisasse.


Depois de terminar o banho, Lily se vestiu e se sentou à sua antiga penteadeira, permitindo que a Sra. Phillip ajeitasse seu cabelo, como fazia quando ela era criança. Calmamente, a governanta passou a escova pelos fios avermelhados dela, como se não quisesse que aquele momento maternal acabasse.


 - Eu quero que você saiba que eu estou muito orgulhosa.


Lily sorriu para ela através do espelho.


- Obrigada, Jane. Você é grande parte disso.


- Eu? Mas eu não fiz nada.


- Nada?! – Lily se virou e a olhou, incrédula. – Jane, como você pode pensar isso? James, Marlene e Sirius me ajudaram a mudar, mas não pense que você não tem nada a ver com isso. Se você não se lembra, quem estava comigo quando eu conheci James? Quem me deixou ir à sorveteria com eles? Quem permitiu que eu saísse escondido do meu pai com eles? Você, Jane! Sem falar em todos os anos em que você cuidou de mim.


A Sra. Phillip sorriu, emocionada.


- Eu te amo tanto. Como eu poderia impedir que você abrisse caminho para sua felicidade? Se tivesse a chance, eu deixaria você fazer tudo de novo. Mil vezes, se fosse preciso. – ela fez uma pausa para deixar a escova de lado e começar a trançar o cabelo de Lily. – Sua mãe era uma pessoa maravilhosa e eu sinto tanto que você a tenha perdido tão cedo, mas eu gostaria que você fosse minha filha de verdade.


- Jane, só porque eu não tenho seu sangue ou seu sobrenome, não significa que eu não seja sua filha de verdade. Mãe não é simplesmente quem gera a criança. Sim, a minha era maravilhosa e é triste não tê-la aqui, mas eu sempre tive você. Você é minha mãe tanto quanto ela era. E eu certamente te amo como tal. E, um dia, alguma criança sortuda vai te chamar de “vó Jane” e te amar tanto quanto eu.


A Sra. Phillip demorou alguns segundos para responder. Jogou a trança por cima do ombro de Lily e deu um apertão nos braços dela.


- Você está pronta para ir. – disse, soluçando.


No fundo, queria dizer que Lily estava pronta para ir embora, virar adulta e não precisar mais dela. E essa verdade partiu o coração daquela senhora que um dia prometera fazer chocolatinho e dar beijo de boa noite em sua menina.


Lily se levantou, deu um beijo e um abraço na Sra. Phillip, e pegou sua bolsa.


- Jane, eu não vou a lugar nenhum. – completou, como se soubesse que era a isso que ela se referia, e saiu para começar a viver sua própria vida.


Henry a deixou na frente do hotel e ela correu para debaixo do toldo, fugindo da chuva forte. Respirou fundo antes de passar pela porta giratória, desejando que tudo desse certo.


O dia não foi puxado como ela imaginou que seria. Passou o tempo todo junto com o pai e a madrasta no escritório principal, um cômodo de cores claras e móveis escuros, digitando alguns documentos que seriam importantes para que ela aprendesse, basicamente, como toda a empresa funcionava.


Afinal, são apenas hotéis em vários países da Europa. Trabalho fácil, Lily.


Como o Sr. Evans e Marion ficavam conversando, Lily não se entediou. Vez ou outra, participava do assunto e percebeu, um tanto animada, que aquele era um ótimo ambiente para se trabalhar. Não conseguia imaginar como seria fazer aquilo com pai antigamente, mas estava feliz de estar ali, com ele e naquela hora, depois de tudo. A relação de pai e filha deles atingia novos patamares a cada dia e os laços que os uniam continuavam a se estreitar.


Enquanto trabalhavam, a chuva lá fora continuava a cair e eles podiam ver o tempo ruim pela janela.


- Eu odeio chuvas. – resmungou Marion, quando um raio particularmente forte caiu.


Lily levantou os olhos e admirou a tempestade cair, sem se intimidar como teria feito um ano antes. Um sorriso quase involuntário surgiu em seus lábios.


- Elas não são tão ruins. – disse.


- Acha mesmo? – Marion perguntou, curiosa.


- Eu costumava odiar também, mas foi em um dia chuvoso como esse que eu conheci James. – ela explicou, distraindo-se ao lembrar da primeira vez em que eles se encontraram.


 


“- Ahn, oi. Eu me chamo James. James Potter.


- Li-Lily. Desculpe, eu sou Lily Evans. Você me parece meio novo para trabalhar.


- Tenho dezessete anos. Muita gente trabalha aos dezessete. Você me parece meio velha para andar acompanhada pela rua. Desculpe tê-la envergonhado, eu falo o que não devo quando vejo meninas muito bonitas.”


 


Uma risada escapou pelo nariz dela. Se ela não fosse tão ingênua naquela época – e se James não fosse tão absolutamente perfeito -, provavelmente não teria caído na cantada furada dele.


Mas ela era ingênua e não se arrependia nem um pouco disso.


- Querida? – chamou Marion.


Lily desviou os olhos do nada e sorriu para a madrasta.


- Desculpe, eu me distraí. Então, como eu disse, é por isso que eu não tenho mais problemas com chuvas.


- James, huh? – o Sr. Evans se meteu. – A solução para todos os seus problemas, inclusive seu medo de chuva.


Arqueando uma das sobrancelhas, Lily olhou para o Sr. Evans.


- Você não acha que está um pouquinho atrasado, pai?


- Muito tarde para ser pai ciumento?


- Demais.


Ele deu de ombros.


- Você vai vê-lo hoje? – perguntou casualmente.


Casualmente demais, Lily percebeu.


- Não sei ainda. A princípio, não. Por quê?


O Sr. Evans desviou os olhos e Lily o encarou desconfiada.


- Nada.


- Pai...


- Nada, Lily.


- Tenho a ligeira sensação de que você está me escondendo alguma coisa. E, eu não sei se você sabe, as minhas sensações sempre se provam corretas.


- Como assim? – ele e Marion perguntaram ao mesmo tempo.


Os quinze minutos seguintes foram usados para que Lily contasse a história das sensações. Como ela se sentiu próximo à morte da mãe, do dia em que conheceu James, do acidente e do dia em que Sirius acordou.


- Em todas as vezes em que você sentiu algo, essas coisas aconteceram? – Marion perguntou, surpresa. Lily assentiu.


- Devo me preocupar o suficiente para te colocar na terapia? – perguntou o Sr. Evans, arrancando uma risada dela.


- Não. Isso é a última coisa que me levaria para a terapia e você sabe disso. Eu penso nisso como um sexto sentido bastante apurado. Às vezes, é bom, às vezes, é ruim. Não vou parar de viver porque, de vez em quando, sinto que alguma coisa vai acontecer. Na verdade, isso só me faz querer descobrir o que pode ser. Por exemplo, agora, eu sinto que você está me escondendo alguma coisa, pai, e fico mais curiosa a cada segundo para saber o que é.


- É impressão sua, Lily.


- Veremos. Não vai demorar muito para eu descobrir o que é, você vai ver.


Marion pigarreou, chamando a atenção da enteada para ela.


- Além de achar que seu pai está te escondendo algo, você está sentindo alguma coisa agora? – perguntou, com educada curiosidade.


- Hm. – Lily fez, parando para pensar. Um sorriso se desenhou nos lábios dela. – Agora que você mencionou, Marion, estou. Faz uns dois dias que eu sinto uma coisinha na boca do estômago.


- Mas é bom ou ruim? Você disse que isso só acontece quando alguma coisa grande está para acontecer.


- É bom. Engraçado... eu achava que era ansiedade por começar a trabalhar. Mas não, é outra coisa. Não imagino o que possa ser, mas me parece que é muito bom. Hm, agora fiquei curiosa.


- Você realmente não sabe o que é? – o Sr. Evans perguntou, trocando um olhar com Marion. Lily fingiu que não viu, mas sentiu a desconfiança surgir.


- Não.


- Então o que será que o seu dia te reserva, Lily? – Marion disse, com um risinho nervoso.


- Boa pergunta. – ela disse, avaliando o pai e a madrasta. Agora tinha certeza de que eles escondiam alguma coisa.


Uh, o que será que o dia te reserva, Lily?


Ela não lembrava, mas fazia exatamente um ano desde que entrara naquela cafeteria pela primeira vez. Sabia que tinha sido em setembro, mas a data certa nunca ficara gravada em sua memória. E, do mesmo jeito que aquele dia chuvoso lhe reservara o encontro da sua vida, esse lhe guardava algo especial. Só precisava esperar.


Decidida a interrogar o Sr. Evans mais tarde, Lily voltou ao trabalho. Se queria arrancar respostas dele, era melhor que o deixasse feliz. Mas não conseguiu se concentrar totalmente, encafifada com o comportamento do pai, e o resto de sua atenção foi para o espaço quando o celular começou a tocar.


- Você se importa se eu atender, pai?


Sem sequer desviar os olhos do computador, o Sr. Evans disse:


- James?


- Sim.


- Tudo bem, pode atender.


Lily se levantou e foi para o corredor, fechando a porta do escritório atrás dela. Voltou dois minutos depois, parecendo exasperada.


- O que foi? – Marion perguntou.


- James quer que eu vá agora à cafeteria, disse que precisa falar comigo urgente. Como se eu pudesse ir... ele sabe que eu estou trabalhando. Além do mais, o que é tão importante que não possa ser dito pelo telefone? Se fosse alguma coisa ruim, eu saberia.


- Pode ir, Lily. – disse o Sr. Evans.


- Posso? Você está me dispensando do trabalho?


- Você adiantou uma boa parte hoje, já está anoitecendo e é sábado. Pode ir ver seu namorado. – o rosto de Lily se contorceu numa careta desconfiada quando o Sr. Evans pegou o telefone. – Srta. Jennings? Chame um táxi para a minha filha, por favor. Ela já está descendo.


Parecia que Lily estava sendo despachada. Ela pegou a bolsa e abriu a porta.


- Vocês estão muito esquisitos. Mas, tudo bem. Vejo vocês em casa.


- Tchau, querida! – Marion se despediu, sorrindo abertamente.


Quando entrou no táxi, deu uma última olhada para a janela no último andar do hotel, aonde seu pai e sua madrasta estariam falando dela. Lily não era burra. Apenas o comportamento estranho deles seria suficiente para deixá-la extremamente curiosa, mas a ligação de James terminou o serviço. E algo lhe dizia que os dois estavam conectados.


Ela só não conseguia imaginar o que era.


A única vez em que vira seu pai e seu namorado realmente conversando a sós fora depois do recital, quando estavam no restaurante, e eles apertaram as mãos. Ela tinha esquecido daquilo até aquele momento, mas agora que tinha lembrado, só conseguia se perguntar o que os dois teriam em comum que os fizessem apertar as mãos como se firmassem um acordo. Porque, ela sabia, a única coisa que eles tinham em comum era, bom, ela.


Ela...


Os olhos verdes se arregalaram na hora em que ela entendeu. Era tão óbvio, as evidências quase lhe estapeavam.


 


“- Eu quase não tenho fotos nossas. E, além do mais, você vai poder encarar esse desenho todos os dias depois que nós casarmos.


- Você está me pedindo em casamento?


- Não oficialmente, mas quem sabe um dia? Quando tivermos mais de dezoito anos...”


 


- Minha memória é ótima. E eu preciso gravar essas coisas para poder mencionar no meu discurso quando completarmos cinquenta anos de casados.


- Acredita mesmo nisso?


- Acredito. Eu ainda vou casar com você, Lily Evans.


- Lily Potter... soa bem, não?


- Muito bem.


 


- Casa comigo?


- Quando você quiser.


- Eu estou falando sério.


- Eu também.


- Então se prepara.


 


- O quê? Você acha que James pode me pedir em casamento por agora?


- Não tenho certeza, mas ele sempre tem alguma coisa em mente quando diz para se preparar. Acredite, eu o conheço.


...


- James e Lily transaram e ele disse a ela para ficar preparada para um pedido de casamento!


- Sobre a primeira parte eu sabia, claro. Mas essa história de casamento é nova. E casamento é coisa séria para o James... acho que alguém vai ficar noiva logo logo.”


 


- Ah. Meu. Deus! – exclamou.


- Senhorita? – perguntou o motorista, olhando para ela pelo retrovisor.


- James vai me pedir em casamento. – sussurrou, distraída, sem ouvir o motorista falar com ela.


- Senhorita, está tudo bem? – ele tornou a perguntar, dessa vez mais alto, olhando preocupado para o rosto espantado dela.


Lily subitamente lembrou que ele estava ali e sorriu ao encontrar os olhos dele pelo retrovisor.


- Melhor impossível, senhor.


O motorista sorriu de volta para ela, mas não respondeu. Lily não ligou: fixou os olhos na paisagem do lado de fora do taxi e esperou, ansiosa, para dizer sim a James.


E vocês aí achando que o ano dela não podia ficar melhor. Que tal essa agora?


Quando o taxi estacionou em frente à cafeteria, Lily olhou pela janela e sorriu. Em cima do toldo se lia “Um Recanto” e, um ano depois, ela ainda achava aquilo pitoresco.


O sininho tilintou quando Lily empurrou a porta e adentrou a cafeteria. O lugar estava do mesmo jeito como da primeira vez em que ela estivera ali: vazio, silencioso, aconchegante e com um garoto lindo atrás do balcão.


- Uma bomba de chocolate com creme e um cappuccino. - ela disse, sentando-se no banco em frente ao balcão, aonde James tinha acabado de colocar o lanche. – Você está recriando o momento em que nos conhecemos? – completou, começando a comer.


- Acertou. Já que hoje faz um ano que nos conhecemos, achei que seria bom comemorarmos no lugar em que tudo começou.


- Hoje faz um ano? Exatamente? – James assentiu. – Uau. Tanta coisa aconteceu nesse período que parece muito mais do que isso.


- Quem diria que aquela garota que precisava de babá um ano atrás mudaria tanto?


- Era acompanhante!


- “Acompanhante” é uma palavra bonita para “babá”. Lily, foi ela quem fez o pedido para você naquele dia. Eu ainda não sei como a Sra. Phillip te deixou sozinha comigo para ir ao banheiro.


- Você a conquistou de cara. – James deu um sorriso metido. Lily terminou de comer e sorriu para ele. – Não acredito que você se lembra de tantos detalhes.


- Tantos? Eu me lembro de todos. – ele pegou um guardanapo e limpou o canto da boca dela. – Eu fiz exatamente a mesma coisa quando você acabou de comer. Você realmente não consegue ficar sem se sujar.


- E, mesmo assim, você se apaixonou por mim. – ela falou, marota.


- Praticamente naquela hora. Quando cheguei em casa, eu disse ao meu pai que tinha acabado de conhecer a mulher com quem eu ia casar.


- Ah, James Potter, você sabe como ganhar uma garota. Mas eu acredito que você tenha dito isso. Eu também senti alguma coisa diferente naquele dia. Eu sabia que precisava vir porque alguma coisa muito boa me esperava aqui dentro. E você sabe que eu sempre acerto.


- Eu sei. E se eu bem te conheço, você sentiu alguma coisa assim hoje também, não foi?


- Foi. E depois, a caminho daqui, eu juntei todas as peças. – Lily se colocou de pé e deu a volta no balcão para abraçá-lo. – Você vai me pedir em casamento.


James soltou uma risada e a apertou contra ele.


- Dá para esconder alguma coisa de você? – ela negou. – No fundo, eu sabia que você acabaria adivinhando, mas agora a surpresa acabou.


- Eu não precisava de surpresa, James. Mas confesso que a escolha da cafeteria foi ideal. Eu sempre vou me lembrar com carinho daqui como o lugar em que dois dos dias mais felizes da minha vida aconteceram: o dia em que eu te conheci e o dia em que nós dois decidimos ficar juntos para sempre.


- Essa cafeteria sempre foi muito especial para a minha família. Agora, mais ainda. E eu agradeço à ela e a chuva por te colocarem na minha vida.


Lily sorriu.


- Eu nunca tinha gostado de chuvas até aquele dia. Quando saí daqui, olhei para cima e pensei que elas não eram tão ruins assim. Pelo visto, todo dia importante para nós será um dia chuvoso.


- Quando você passou por aquela porta pela primeira vez, eu soube que você não era uma pessoa qualquer. E quando eu olhei nos seus olhos, eu tive certeza de que você era especial. Eles me intrigaram no momento em que eu te vi. Eu quis saber o que eles escondiam por trás daquela máscara triste que você tinha, porque se sobressaíam tanto no seu rosto. Foi pelos os seus olhos que eu me apaixonei primeiro e eles são o que eu mais amo em você. Tudo o que você sente transparece neles e foi admirando-os que eu aprendi a ler você. Então, Lily, - ele fez uma pausa enquanto tirava uma caixinha de veludo azul do bolso – se você permitir, eu pretendo passar o resto da vida olhando para eles. Casa comigo?


Lily jogou os braços ao redor do pescoço dele e disse, sorrindo por entre as lágrimas:


- Claro que sim.


James enxugou as lágrimas dela e a beijou.


Quando interromperam o beijo, James colocou o anel de noivado, uma bonita peça de ouro branco e brilhantes, na mão direita dela. Dentro, havia a inscrição, em letras muito miúdas, “James Potter ama muito, muito, muito Lily Evans”, que era a frase que ela tinha escrito no vidro da London Eye no dia do seu aniversário.


Lily não duvidava que seu peito explodisse de felicidade a qualquer momento. Não conseguia imaginar nada que superasse aquilo e olha que aquele ano estava cheio de eventos que chegavam bem perto, mas ela tinha certeza de que nada seria melhor do que a ideia de passar o resto da vida com a pessoa que ela mais amava. Se pudesse, casaria ali mesmo, naquele minuto.


Eles ficaram em silêncio, apenas abraçados, por alguns minutos. James foi o primeiro a falar.


- Que cara de sorte. Noivo de Lily Evans. Eu vou mandar emoldurar essa frase.


Lily riu.


- Emoldura essa que eu emolduro “Futura Sra. Potter”. Combina, não? “Lily Potter”?


- Combina perfeitamente.


De repente, James a puxou para o meio da cafeteria. Tirou um pequeno controle do bolso e apontou para o som.


- Dança comigo, futura Sra. Potter?


Lily deu a mão a ele e se deixou ser conduzida enquanto “True Colors” enchia a cafeteria.


- Eu achei que essa música fosse da Cyndi Lauper. – ela comentou contra o peito dele.


- É, mas eu gosto mais com o Phil Collins.


- Tem razão, é melhor com ele.


- Quando eu ouvi essa música pela primeira vez depois de te conhecer, eu tive certeza de que você se encaixava nela. Se você prestar atenção na letra, vai ver que eu estou certo.


Lily apurou os ouvidos e fez o que ele disse.


 


You with the sad eyes


Don’t be discouraged till I realise


Is hard to take courage


In a world full of people


You can lose sight of it


And the darkness inside you makes you feel so small


 


But I’ll see your true colors shining through


I see your true colors and that’s why I love you


So don’t be afraid to let them show


Your true colors, true colors


Are beautiful like a rainbow


 


Show me a smile


Don’t be unhappy


Can’t remember when I last saw you laughing


When this world makes you crazy


And you’ve taken all you can bear


Just call me up, cause you know I’ll be there


 


And I’ll see your true colors shining through


I see your true colors and that’s why I love you


So don’t be afraid to let them show


Your true colors, true colors


Are beautiful like a rainbow


 


Such sad eyes


Take courage now, realise


If this world makes you crazy


And you’ve taken all you can bear


Just call me up, cause you know I’ll be there


 


And I’ll see your true colors shinning through


I see your true colors, and that’s why I love you


So don’t be afraid to let them show


Your true colors, true colors, true colors are shinning through


I see your true colors and that’s why I love you


So don’t be afraid, sharing your shoulder


True colors, true colors, true colors


Are beautiful, beautiful like a rainbow


Show me your colors, show me your rainbows


 


A música chegou ao fim e Lily percebeu que James tinha razão: ela se encaixava perfeitamente à letra.


- Uau. – foi o que conseguiu dizer a princípio.


- Eu sei. Parece que foi escrita para você.


- A música parece que mostra como eu era até conhecer você.


- Triste, abatida... – James começou a enumerar.


- Medrosa, culpada, solitária, introvertida... – Lily ergueu os olhos para ele. – Sem cor, sem vida.


- Exceto pelos seus olhos.


Ela sorriu e tornou a abraçá-lo.


- E aí você apareceu. Você me deu coragem para mudar, para amadurecer. Do seu lado, eu posso ser exatamente quem quero ser. Aliás, eu já sou como quero ser. Porque você, Sr. Potter, me mostrou o caminho.


- A caminhada foi longa, não foi? – ele falou, sorrindo, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.


- Muito, mas valeu a pena.


- Você se arrepende de alguma coisa?


- Nada. – respondeu sem precisar pensar. – Eu precisava disso. Precisava derramar todas as lágrimas que ficaram catorze anos presas, precisava gritar tudo o que eu gritei. Todas as brigas que eu tive com meu pai, com Kim Sawyer, com Charles... bom, eu precisava delas também. Todas essas coisas me ajudaram a encontrar minha própria voz. Eu precisava ser desafiada a viver e foi isso que a sua aparição fez.


- Aparição parece coisa de fantasma. – James falou, pensativo.


Lily se afastou um pouco e o olhou de cara feia.


- Obrigada por cortar o clima, James.


Ele começou a rir e a apertou contra seu corpo de novo.


- Desculpe, não resisti. Mas eu juro que estava te dando atenção. Só quando já tivermos uns quinze anos de casados, eu vou fingir que estou te ouvindo.


- Você mal me pediu em casamento e já quer que eu me separe? Porque está dando certo, Jay. – disse Lily, rindo.


James segurou o rosto dela entre as mãos e a olhou bem de perto, repentinamente sério.


- Nunca. Se depender de mim, você não sai do meu lado nunca mais. Eu prometo, Lily, que nós dois vamos ficar juntos para sempre. Se você quiser, claro, porque se não quiser, nós vamos ter um problema: não vou te deixar ir embora. Nem que eu te amarre no pé da mesa.


Lily riu.


- É claro que eu quero. Nada nunca vai ficar no nosso caminho. E, caso algo apareça, nós vamos enfrentar do mesmo jeito que passamos por esse ano: juntos.


- Juntos. – ele sorriu. - Que ano, hein, Lily.


- Que ano! – ela concordou. – Arranjei o namorado mais maravilhoso que já pisou na Terra...


- Namorado?


- Ah, perdão. Arranjei o noivo mais maravilhoso do mundo. Os melhores amigos que poderiam existir, a afilhada mais adorável que qualquer um já teve, uma boadrasta e um pai. Falando sério, tirando os percalços no meio do caminho, eu não posso reclamar. Ganhei mais em um ano do que em dezessete.


- Eu estou orgulhoso de você.


- Obrigada. Eu finalmente sei o que é orgulho e é graças a você.


- Eu só te dei um empurrãozinho, Lily. Se você não quisesse mudar, tudo estaria do mesmo jeito.


- Pode ser, mas, mesmo assim, eu nunca vou poder te agradecer o suficiente.


- Casar comigo é um belo começo.


- Isso já está encaminhado. – afirmou, sorrindo. – Eu te amo, James Potter.


- Eu também te amo, Lily Evans. – ele respondeu, abaixando o rosto para beijá-la.


Lá fora, um trovão ressoou tão alto que os assustou, separando-os. Lily e James começaram a gargalhar.


- Obrigada, chuva. – ela disse, rindo, e se aproximou para beijar seu futuro marido.

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N/A: Uau. Último capítulo postado. Não acredito nisso. Essa é a penúltima N/A que eu faço para Colorful. Se eu contar para vocês que estou triste, vocês acreditam? Não estou conseguindo assimilar que Colorful chegou ao final. Eu comecei a escrever essa fic em agosto de 2009, um pouco antes de enfrentar um momento muito difícil na minha vida - tanto que a fic entrou em hiatus por um curto período. -, em que eu quase morri numa mesa de cirurgia. Tive hemorragia interna e perdi um 1,5l de sangue - o que, no meu corpinho magrelo, significa metade do que eu tinha - e por muito pouco não precisei de transfusão de sangue, ainda bem. Minhas amigas mais próximas, Bela, Anne e Camilla, me viram de perto e sabem como eu estava mais magra e com aspecto de doente mesmo. No período em que eu levei para me recuperar - seis meses - Colorful tava ali do meu ladinho, só esperando para ser escrita. Quando eu achava que ia enlouquecer de tédio - quando você perde metade do seu sangue e precisa tomar anticoagulante porque a veia suturada formou uma trombose, acredite em mim, você não pode fazer NADA - eu virava pro meu computador e colocava mãos à obra. Eu amo essa fic de todo o meu coração. É minha bebê, meu xodó, que nós todos vimos crescer. Eu só tenho a agradecer a quem aguentou todas as pausas enormes que eu dava entre um capítulo e outro, quem comentou, quem deu força, quem pediu por mais capítulo. Quem amou Lily, James, Sirius, Marlene, John, Marion, Jane e Charles tanto quanto eu. Obrigada. Vou parar por aqui, vejo vocês no epílogo. É um compromisso, ok? Dia 4/08, quando a fic completa 3 anos de postagem, o epílogo estará aqui, esperando vocês. Lá, eu me despeço de verdade. Amo todos <3

Beijos,
Liv

PS1: quem quiser ouvir a música do Phil Collins (eu também prefiro com ele do que com a  Cyndi Lauper, crucifiquem-me!), ta aí o link do youtube; http://www.youtube.com/watch?v=z0yDk5BhgCk
PS2: se tiver algum erro no capítulo, por favor, compreendam. Eu não deixei ninguém ler antes, então, minhas amiugas não revisaram para mim como fazem sempre. 


 

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Comentários (9)

  • mariana radcliffe

    você apenas se superou pq conseguiu me fazer chorar desde (aproximadamente) o 5º parágrafo até a sua N/A maldita TE ODEIO!!!!! nossa que vontade de socar a cara da lily por estragar a supresa, sério, fiquei puta, bicha tosca cortou a onda do james :( achei muito fofo o sr. evans e a marion com segredinhos, vontade de abraçar a sra. phillip COISA LINDA, porém chatiada por não ter sirius e marlene nesse. ansiosa pelo epílogo que sei que vou chorar muito e te xingar no comentário de novo. 1bj livião

    2012-08-04
  • Lana Silva

    É uma linda fic flr, muito linda mesmo. Eu amei tudo nela. Cada paragrafo, a maneira com que você fez que eles se encontrasse e a maneira com que os manteve junto durante todo o tempo. É realmente uma historia maravilhosa ahhhhhh eu amei muito mesmo *--------------* Não me arrependo de ter marcado essa fanfic, porque eu aprendi muita coisa com ela. Parabens!Beijos! 

    2012-07-25
  • Sah Espósito

    Posso chorar?!QUe linda a ficcomeei a ler ela e viciei... obrigada por ter enfrentado tudoparabéns!bjss

    2012-07-16
  • Chrys

    Ameeeeeeeeiii!!!lindo demais!!!!Esperando o epílogo ansiosamente!!!Bjo 

    2012-07-15
  • Natti Black

    T.T OMSG

    2012-07-15
  • Anne Malfoy.

    Vc é uma filha mãe, sabia?Como vc me conhece desde que o mundo é mundo pode me responder claramente, qual a coisa que eu mais odeio no mundo? Chorar! E o que aconteceu agora? Eu chorei! Não preciso nem dizer o quão maravilhosa ficou a fic, Correggere? Coisinha é a coisa mais linda do mundo, Sirius o mais gostoso, Lily a mais fofa, Marlene a mais incrivel e James o mais apaixonate, daria um braço e uma perna por um James (por um Sirius também, e um braço por um Charles)!Fico triste pela fic ter acabado, afinal, três aninhos não é pra qualquer um não, mas como foi muito bem escrito pela Bela, o fim de uma fic significa o inicio de outra, certo? (outra que com certeza será tão boa, ou melhor -apesar disso ser dificil- do que essa!)espero anciosa pelo Epilogo, amiga! 

    2012-07-15
  • bela moony.

    Mais que coisa linda, eu não sabia se chorava ou se ria. Triste ter que terminar :/ maaaas a parte boa é que você terminando essa vai começar outra NÉÉE LÍVIA? Amo ler suas histórias, fico até romântica kkk  

    2012-07-15
  • Lily Proongs

    PERFEITO DEMAIS!

    2012-07-15
  • Maria _Fernandes_99

    Perfeito! 

    2012-07-15
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