O anjo loiro
Minha mãe me levou para a estação ferroviária de pé.Ela queria estender o nossas ultimas horas juntas o máximo possível.A temperatura de Londres era razoável, por isso me permitia usar minha blusa preferida com uma " Adeus, Até logo " para a cidade e para o sol, já que eu estaria me mudando para um lugar, onde o sol raramente aparecia, onde o sol e a chuva quase sempre dominavam.Que lugar deprimente meu pai tinha escolhi para morar.
Foi desse lugar deprimente, de sua chuva e depressão que minha mãe saiu quando eu tinha alguns anos de vida, agora, o destino cômico, estava me levando de volta para lá.Porém eu não ia ficar muito, logo estaria ingressando para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.Eu podia ter escolhido Beauxbatons, mas contrariada escolhi Hogwarts.Porque isso deixava meu pai feliz.
Eu passava algumas férias em Liverpool.Aos 13 anos, comecei a impor minhas vontade e fazer meu pai viajar comigo.Geralmente passávamos algumas semanas por vários lugares do mundo nas férias.
- Mione – disse minha mãe.Eu podia notar o tom triste na voz dela – Você pode ficar se quiser e ir para Beauxbatons.
- Tudo bem mãe, estou feliz – menti.Mentira nunca tinha sido meu forte.Mas algo nessa mentira em especial, parecia torna-la realidade.
- Mande lembranças ao seu pai.
- Direi.
- Nos vemos no próximo verão.
- Eu te amo mãe.
Ela me envolveu em uma abraço aconchegante antes que eu entrasse no trem.Puxei meu malão pelo corredor extenso, por alguns minutos, até que encontrei uma cabine vazia.Não estava afim de conversar, eu não gostava muito de conversar de me abrir, eu era do tipo que sofria em silencio.Para meu alivio, ninguém mais ocupou a cabine na qual eu estava.Eu me senti melhor com isso, tinha suas vantagens viajar em dias de semana.Quando chegamos a estação de um vilarejo próximo a Liverpool, Joseph me esperava, encostado na parede da pequena estação.Um garoa fina tocou meu rosto, logo que saltei para fora do trem, não me incomodei com isso, afinal já tinha dado adeus ao sol.Meu pai, era chefe dos aurores do Ministério Inglês, por isso quase sempre saia de casa cedo e chegava em casa de tarde.
Joseph também me envolveu e um abraço quando me viu.Só que o abraço dele era desajeitado e apertado demais para meu gosto.O abraço de minha mãe era melhor, fato.Mas eu não podia culpar meu pai por isso, ele também era de poucas palavras.
- Como é bom te ver Hermi – disse ele, enquanto se afastava para pegar minhas malas – Você não mudou muito, como está sua mãe ?
- Sophie está bem – garanti – É bom ver você, pai – Ele não gostava que eu o chamasse pelo nome,quando ele estivesse ouvindo.
A minhas únicas malas era pequenas, minha mãe tinha usado alguns feitiços para no interior carregarem mais conteúdo do que o tamanho parecia permitir.
- Comprei uma vassoura nova para você – anunciou ele, enquanto caminhávamos para longe do vilarejo.
- Que tipo de vassoura ?
- Bem, é uma nimbus.
- Onde comprou ?
- Lembra de Thiago Potter ?
- Não – tratei logo de responder, eu não conhecia mesmo.
- Ele costumava desgnomizar o jardins com a gente em alguns verões – Ajudou ele.
Isso me fez entender porque não lembrava.Eu tinha certa habilidade em evitar lembranças inúteis.
- O filho dele, Harry Potter, ganhou um Firebolt a três anos atrás e ele me vendou a Nimbus.
- De que ano é?
- 2000.
- Bom, segundo Thiago, Harry fez alguns ajustes nela, usou alguns feitiços e ela está como se fosse novinha em folha.
- Quando foi que ele a comprou ?
- Harry ganhou a vassoura de uma professora dele no seu primeiro ano em Hogwarts.
- Obrigado, pai – Não ia mais incomodar meu pai, com perguntas sem propósito.
- Que isso, querida, comprei como um presente de Boas Vindas para você.
No caminho para a zona de aparatação, conversamos sobre alguns assuntos.O mundo da magia, quadribol ( assunto que não era o meu preferido ), o clima de Liverpool, a escola.
Depois que paramos de conversar, observei a paisagem.Arvores, montanhas e mais arvores.
- Mione, quer ir comigo ou pode fazer isso sozinha ? – Ele estava se referindo sobre aparatar até casa.
- Se não se importa, prefiro ir com você, não lembro muito bem do lugar.
- Tudo bem querida.
Ele segurou minha malas em uma só das mãos e colocou o braço esquerdo, em uma posição que eu pudesse ficar segura.Assenti quando a cabeça, quando tinha certeza que estava pronta.Fechei os olhos.Logo depois senti a sensação ruim.Tive a impressão de que meu estomago tinha grudado sobre minha garganta, meu coração tinha sido apertado contra o corpo e quando o ar ia começar a me faltar, senti a terra firme debaixo dos meus pés.Abri os olhos aliviada, com meu pai soltando as malas e me firmando.Observei a pequena casa branca, de dois andares a minha frente. " Lar doce lar " pensei em tom de ironia na minha mente.
Meu pai comprou aquela casa logo que se casou com minha mãe, ela tinha dois quartos e um banheiro, o qual não fiquei tão feliz em dividir com meu pai.Ele abriu a porta da frente para mim em uma forma de cortesia e me levou até o quarto, que me pertencia desde que nasci.
O lugar continuava da mesma maneira que eu lembrava.O piso de madeira envernizada, as parede lilás, as cortinas de renda branca.A única coisa que tinha mudado ali, era minha pequena cama, que agora tinha sido trocado por uma maior e os meus brinquedos de criança, estavam em uma caixa, em cima do armário, pude perceber, por alguns que pediam para o lado de fora, desarrumados. Os brinquedos tinham sido substituídos por uma mesa de estudos, com um abajur e uma estante com vários livros.Minha cadeira de balanço, onde eu passava as tarde lendo, ainda estava lá.
Depois que Joseph, me levou ao quarto e fez alguns comentários, saiu,fechando a porta.Isso me agradava muito no meu pai.Ele não era do tipo que esperava que eu me pronunciasse toda vez que via algo fora do lugar ou que uma idéia me surgisse a cabeça.Comecei a desfazer minhas malas em silencio.Minha cabeça estava ocupada e trabalhando rápido demais para eu tentar expor minhas idéias mesmo que para mim mesma em um tom de voz alto.Depois que terminei de tirar as roupas e organiza-las no guarda roupa, me joguei na cama, observando o teto.
As horas já eram avançadas, passava um pouco das sete horas da noite quando sai do quarto.Desci a escada e levei um susto no degrau que rangeu.Meu pai riu do meu pulo.Ele estava sentado em frente a um objeto quadrado, que logo reconheci como uma televisão trouxa.Ele parecia interessado com o que passava.Dei algumas passadas até a sala de estar e sentei ao lado dele no sofá.
- Esses bruxos de hoje dia, jogos de Quadribol pela televisão.
Me situei quanto ao que passava agora.Dei um leve sorriso depois que meu pai falou.Abracei minhas pernas e fiquei observando as imagens que passavam.Parecia ser um jogo dos TT contra os BB.Os Tornados estavam na frente por 60 a 40, um dos atacantes dos Tornados foi derrubado por um balaço, mas logo entrou um substituto, no final do jogo o TT ganhou por 210 a 120 e subiu alguns pontos na classificação da copa de Quadribol.Iria começar mais um jogo, quando a campainha tocou.Meu pai parecia não estar com muito vontade de abrir, então me prontifiquei.
- Pode deixar que eu atendo pai – Pulei para fora do sofá e caminhei até a porta.
Pelo vidro da porta e através da cortina de renda, pude ver rapidamente, um figura alta e magra, com cabelos negros, espetados para todas as direções.Seus olhos azuis focaram os meus no exato momento que girei a maçaneta.
- Hermione ?
- É sou eu – disse sorrindo, mesmo sem reconhecer de imediato a figura a minha frente.
- Sou eu Harry.
- Aah claro – dei um tapa na minha própria testa.
Rapidamente reconheci, o garoto de olhos azuis, era Harry Potter, cuja amizade eu tinha desde que me conhecia por gente.Não tinha mais falado com ele, depois que parei de passar as férias de verão aqui.
Avancei para abraça-lo.Ele pareceu ser pego de surpresa com a minha atitude.
- Saudades – murmurei
- É – Foi tudo o que ele disse.
Me afastei de Harry, quando Thiago se aproximou.Mantive meu sorriso intacto.
- Olá Hermione.
Ele me abraçou com apenas um braço e logo depois ouvimos meu pai gritar da sala.
- Olá jovem Harry e Thiago, ande rápido senão vai perder o inicio do jogo.
Tinha esquecido como meu pai era fascinado por Quadribol e Thiago e o acompanhava nisso.Se minha mente não me enganava, Thiago vinha a minha casa quase todos os dias de jogos, isso seria bom daqui pra frente,não tinha certeza se teria assunto o suficiente para entreter meu pai, até que eu fosse Hogwarts.
- Já estou indo – Respondeu Thiago voltando a olhar para mim – Foi bom você ter vindo, seu pai não para de falar disso, desde que você disse que viria.
Sorri meio sem jeito, ser o centro das atenções não era bom para mim.
Thiago caminhou rapidamente e sentou ao lado de meu pai.Eu e Harry ficamos algum tempo parados na porta, olhando um para a cara do outro.Olhei para a sala rapidamente e torci o nariz.
- Gosta de quadribol ? – perguntei.
- Sim e você ?
- Não muito – declarei.Quadribol não era meu jogo preferido, fato.Nada que pudesse me fazer causar algum acidente era atraente pra mim.Eu agradecia todos os dias ao seus por gostar de livros.O único perigo que você corria lendo, era cortar o dedo na folha ou não conseguir parar de ler até descobrir o final da historia.Eu precisava alguns riscos, esses eram ótimos para mim.
Atravessei a porta e analise o jardim.Me sentei no degrau da pequena escada em frente a porta e apoiei a mãos no rosto.Harry deixou a porta se fechar e foi se colocar ao meu lado.
- Já se acostumou com a idéia de morar aqui ?
Eu estranhei a pergunta.
- Não tive tempo ainda para ter certeza da resposta, mas eu vou me acostumar, pelo menos espero – respondi rapidamente.
- Não deve ser fácil, se mudar da movimentada e badalada Londres, para a pacata e parada Liverpool.
- Vai ser difícil desacelerar comentei – Harry parecia distraído com algo do outro lado da rua.Segui o olhar dele, era um cachorro negro, com os pelos de aspecto sujos, eu tive a impressão que ele sorriu para o cachorro.A cidadezinha já estava me deixando louca. – Qual a sua rua ? – comecei, tentando me livrar do pensamento absurdo.
- Eu não morro na cidade – Ele pareceu se incomodar com a pergunta.
- Morro no Vilarejo de Godric's Hollow a alguns km daqui.
Olhei para as arvores ao lado da casa, não gostei muito da idéia de ter uma floresta escura ao lado da casa.
- Gostou da vassoura ?
- Ah claro, eu estava mesmo precisando de uma nova.
Menti, eu não estava precisando de uma nova.Tive a capacidade de quebrar a minha em Londres para minha mãe para de tentar me fazer praticar quadribol com o Philipe.
Me abracei, depois que um vento soprou da floresta.
- Quer entrar ?
Harry estava olhando para mim, franzindo o cenho.
- É bom, ta ficando frio aqui fora – Levantei, esperando por ele e caminhando pra dentro – Você estuda em Hogwarts ?
- Aham, sou da Grifinória – Começamos a caminhar para dentro da casa, logo estávamos em um lugar quente e aconchegante.
- Coragem e Lealdade – Constatei
- Sim sim – Ele pareceu estudar o peito, ele era da minha estatura.Olhava pra mim com uma certa alegria no olhar.
Sentamos no chão da sala de estar, encostadas em um poltrona. Conversávamos entre sussurros para não atrapalhar o jogo dos nossos pais.As horas se passaram rapidamente e eu não tinha notado.
Joseph desligou a televisão, quando Thiago se levantou do sofá.Harry não demorou muito e também já estava de pé.Me apoiei na poltrona e me equilibrei sobre minhas pernas.Fomos até a porta que já estava aberta, com os adultos caminhando para o carro.O garoto se virou para mim, antes que eu atravessasse a porta e sorriu.
- A gente se vê.
- A gente se vê – concordei.
- Vá me fazer uma visita em Godric's Hollow quando puder – Parecia que ele tinha estufado o peito mais uma vez.Me perdi nos olhos azuis dele novamente e voltei a mim mesma.
- Claro claro.
Fiquei na porta ao lado de Joseph, esperando os dois partirem.Quando as vassouras sumiram no horizonte, dei as costas e comecei a subir no meu quarto.Estava na metade da escada, meu pai me chamou.
- Hermione, não está com fome ?
- Não, pai.
Terminei de subir os últimos lances de escada e entrei no meu quarto.Peguei minha nécessaire que estava na ponta da cama, meu pijama no armário e entrei no banheiro.Meu banho não demorou muito, a agua dali era mais fria do que eu esperava.Fiz uma anotação mental para começar a tomar banho mais cedo.Escovei meus dentes, tentei pentear meus cabelos e fui para a cama.
Aquela não foi uma das melhores noites da minha vida, mesmo depois de derramar lagrimas, por horas, eu não estava completamente satisfeita e cansada para dormir.A chuva continuava lá fora e batia na vidraça da minha janela, criando uma barulho incomoda.O vento que varria o detalhe sem cessar, assovia meu nome.Cansada de esperar que a chuva lá fora parasse, entrei debaixo do cobertor, coloquei o travesseiro sobre minha cabeça e tentei dormir.
Pela manhã, não abri os olhos.Mentalmente, rezava para que todo o dia anterior, tivesse sido um sonho e que agora na aconchegante casa da minha mãe e que uma café delicioso me esperava na cozinha.Enfim criei coragem e abri os olhos, tirando a coberta de cima de mim, primeiro sinal de que meu desejo não tinha sido atendido.Olhei para o quarto, é, eu estava mesmo em Liverpool.Sai da cama sem vontade alguma e foi direto para o banheiro.Escovei os dentes e desci para tomar café.Joseph já estava na cozinha, preparando torradas e aquecendo o leite.
O café da manhã, foi silencioso.Antes de ir para o Ministério ele me desejou Boa Sorte para o meu primeiro dia na cidade.Mesmo depois da saída dele, fiquei sentada, sozinha, na mesa da cozinha.Olhava pela janela, a procura de algum ser vivo.Era muito raro algum trouxa passar por ali.A parte da cidade que estávamos era protegida por vários feitiços contra trouxas.
Olhei para analisar a cozinha, tudo estava como eu me lembrava.Os armários amarelos, o chão branco, as paredes de madeira, as fotos em cima da lareira, meu pai parecia pior do que eu para se desapegar das coisas.
Era impossível não notar, como meu pai não tinha superado a perda da minha mãe, ao ficar nessa casa e manter as coisas exatamente como ela tinha deixado.Acho que no fundo, ele tinha alguma esperança de que ela voltasse.Esperança que acabou quando ela se casou com Philipe.
Segui direto para o sofá da sala de estar, liguei a televisão e mudei várias vezes de canal, passando por diversos programas trouxas.Parei em dos programas que falava algo sobre técnicas de pescaria.Troquei de roupa depois de me cansar de ouvir sobre peixes.Coloquei meu moletom azul preferido, uma calça jeans e meu tênis.Fui até a cozinha, pegando o dinheiro trouxa que estava reservado para a comida, conforme a identificação do pote onde estava guardado.Durante a caminhada para a zona de aparatação, Joseph tocou no assunto de que não sabia cozinhar muito bem e pediu desculpas por isso.Aproveitando disso, pedi para cuidar da cozinha, enquanto estivesse morando ali, como forma de pagamento.Fiz uma pequena lista de compras, de acordo com o que eu achava necessário.
Caminhei algumas quadras até chegar ao pequeno mercado, agora em zona Trouxa. Logo que empurrei a porta, o sininho para sinalizar a entrada de pessoas tocou.
- Hermione ! – Sinalizou a voz logo que entrei.A mulher que cuidava do balcão correu em minha direção.
- Querida, quanto tempo.
Reconheci a mulher como Elizabeth Vondertoff.
- Sra. Vondertoff.
Ela me deu um abraço e depois me olhou de cima a abaixo.
- Como você está bonita.
- Obrigada.
Ela devia estar mentindo.Eu tinha uma aparência albina, nunca me encaixava em lugar nenhum.Minha pele era branca como marfim.Meus cabelos bem ruivos, meio castanhos cacheados podiam servir de desculpa.Era magra e fraca, tinha tendência para provocar desastres.
- Com licença querida.
A Sra. a minha frente, voltou para o caixa, atender alguns clientes.Caminhei pelas prateleiras como uma cestinha amarelada.Peguei alguns enlatados, ervilhas, milho verde, sardinha.Caminhei para os frios e pegava alguns empanados de franco, quando meu olhar se voltou para o lado.
Um anjo loiro estava parado ao meu lado.Ele estava um pouco distante de mim.Eu o examinava, quando ele se virou, olhando para mim e encontrou meu olhar.Seus olhos acinzentados encontram os meus, ele tinha uma expressão curiosa.Desviei os olhos rapidamente, com minha mão nervosa, segurando a beirada do frízer. Fiz mais uma tentativa de ver seu rosto, só que dessa vez ele estava olhando para o outro lado e sua bochecha erguida, como se estivesse sorrindo.Voltei ao que estava fazendo, me ridicularizando, por ficar encarando um provinciano.Peguei uma pacote com pais fatiados, macarrão instantâneo, café, achocolatado e segui para o caixa.Sra. Vondertoff, sorria passando minhas compras pelo caixa.Peguei as sacolas para sair, senti algo me segurando.Ela estava sussurrando em meu ouvido.
- O nome dele é Draco Malfoy.
- Ah, obrigada.
Não entendi inicialmente o porque daquilo.A caminho de casa, alguns raios de sol, despontaram do céu.Um sorriso brotou em meu rosto.
A casa estava calma e silenciosa, quando cheguei.Aproveitando disso e do sol lá fora, peguei um manta no meu quarto, alguns livros que estava com vontade de ler e rumei para o jardim.Ia saindo do meu quarto, quando o pio de uma coruja me chamou a atenção.Na cabeceira da minha cama, uma coruja marrom, piava a alegremente exibindo uma carta presa em sua pata.Dei de ombros e foi até lá.Sentei em cima dos joelhos e desamarrei a carta.A coruja ficou imóvel enquanto isso.Desenrolei o pergaminho e li, antes mesmo de ler a primeira linha, a caligrafia já me entregava dono, minha mãe.
" Hermione,
Se eu você me escrever até as vinte horas de hoje, vou pegar um trem para Liverpool.
Ps: O que houve com as outras duas cartas que eu te mandei?
Mamãe ".
Olhei para o relógio na parede ao lado da porta.Faltava algumas horas para as vinte horas.Suspirei.Levantei da cama, seguindo a minha mesa de estudo, me ajeitei de uma forma confortável na cadeira, molhei a pena no tinteiro e comecei.
" Mãe,
Não chegou nenhuma carta sua aqui. "
Movi os olhos para o quarto, dois pedaços pequenos de pergaminho estavam jogados, debaixo da minha cama.Desde quando aquilo estava ali ?
Como diz minha mãe, se fosse uma cobra tinha me pegado.
Puxei os dois pergaminhos de lá, sentando na cama, soltando a cera e desenrolando ambos.
O primeiro dizia.
" Escreva-me logo depois de ler está carta, sabe como não gosto de esperar.Conte-me tudo o que acontece desde que chegou.Estou com saudades.Philipe está mandando lembranças.Estamos na Bulgária já.
Mamãe. "
A segunda.
" Porque não me respondeu ainda ? Estou esperando.
Mamãe. "
Não ia fazer minha mãe esperar mais.Sentei na minha mesa de estudo, molhei a pena no tinteiro e deslizei meu punho pelo pergaminho suavemente.
" Mãe,
Está tudo bem.Tudo na perfeita ordem.Lembrasse de Thiago e Harry Potter ? Revi eles ontem.Harry está mais alto, como era de se esperar e bonito também.Joseph comprou a Nimbus dele pra mim, não é que eu precisasse de uma vassoura, mas ele acha que eu preciso.Também estou com saudades.Escrevo assim que tiver algo de interessante para contar.Eu te amo.
Hermione. "
Amarrei a carta na pata a coruja e soltei ela na janela.Peguei minhas coisas e desci para o jardim.
Estendi a manta na grama,soltei os livros ali e me deitei.
Passei boas horas ali.Já estava me arrumando para sair, quando a garoa fina voltou a cair.Recolhi minhas coisas rapidamente e soltei-as em cima da minha cama no quarto.Olhei para o relógio, já estava na hora do meu pai chegar.Me apressei até a cozinha.Estava abrindo a geladeira, quando a porta se abriu.
- Hermione ? – Ouvi meu pai dizer.
- Estou na cozinha, pai !
Peguei o saco de batatas e coloquei sobre a pia.Alcancei o pacote de bife na geladeira e joguei também sobre a pia.
- O que temos para o jantar ?
- Bife com batatas – respondi.
Chamei quando o jantar já estava na mesa.Comemos em silencio.Lavei a louça do jantar e rumei direto para meu quarto,Esperava as novas lágrimas que iriam surgir, o que não aconteceu.
O que restava da semana foi tranqüilo, ao menos para mim.
Já estava arrumando minhas coisas para ir a escola.Alguma coisa estava faltando, só não me lembrava o que." Meus livros " gritei ao lembrar.Abri meu armário e tirei a pilha de materiais escolares, eu tinha comprado tudo no Beco Diagonal, alguns dias antes de viajar.Agora eu estava pronta para ir.
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