Provação
Meus pesadelos tomavam forma na frente de meus olhos, ou Fenrir Greyback estava bem ali na minha frente?
Ele era exatamente como eu lembrava. Seu nariz já não era mais um nariz. Era um focinho. Seu cabelo era uma pelagem espessa castanho-escuro já tingido de branco em algumas partes. Ele tinha o corpo musculoso, era quase duas vezes uma pessoa normal. E seus olhos... Muito mais aterrorizantes do que os de Hati, e terrivelmente profundos. Penetrantes. Desesperadores. Ele tinha presas, óbvio, que saíam pela sua boca. Estavam... Sujas de sangue?
-Fenrir. – Sussurrei.
Ele não respondeu, sentou-se no chão. Foi ali que eu comecei a retomar minha consciência, eu acho.
-Victoire!
-Muito bem, meu caro. Ainda não apresentou nenhuma transmutação, como tentáculos.
Suspirei. – Onde ela está?
-Segura. Já Hati...? – Droga, aquilo era um acerto de contas? Naquela situação não tinha chance nenhuma de levantar um dedo contra Greyback.
Não respondi de imediato.
-Ele se uniu à você? – Perguntou. Não consegui entender direito a expressão dele. Aquilo seria admiração ou rancor?
-Ele está morto.
As palavras não causaram tanto efeito quanto eu esperava. Ele levantou as sobrancelhas, e logo, um sorriso formou-se em seu rosto.
-Como imaginei. Imagine só, se você conseguiu matar Hati, o que você não faria com Skoll? Será que você é melhor que eu também? – Falou, com uma adoração incrível na voz. – Será que você é realmente superior?
-É, talvez eu seja. – Rosnei.
-O fato de você ter matado Hati, significa que você ano vai unir-se à nos, certo?
Quase ri de sua constatação óbvia. Mas achei melhor não fazê-lo. Minha razão finalmente se pronunciou.
Se eu me unisse à ele, estaria ao lado de Victoire, assegurando sua segurança, e isso já bastava! E poderia fugir com ela, enquanto ninguém estivesse olhando.
Poderia ser muito arriscado, de qualquer forma. Eu precisava de mais tempo para planejar algo plausível.
Mas eu não tinha tempo. Fenrir estava na minha frente, e eu não podia adiar mais nenhum minuto.
Talvez ele tenha notado minha indecisão, e percebido uma possível traição, por que ele não ficou tão radiante quando eu disse: - Não, engano seu. Aquilo foi um acerto de contas pelo que ele fez à Fleur.
Depois de um tempo, Fenrir sorriu. Notara que eles se apraziam com brutalidade.
-Então venha. – Disse ele, estendendo uma mão. – Vou levá-lo até minha matilha.
Forcei um sorriso macabro e comecei a andar ao seu lado. Não foi preciso dar dois passos até que eu me curvasse com a dor.
Eu via raios prateados pousando no chão ao meu lado, e uma fraca iluminação em todo o campo.
Olhei pro céu, e senti meus olhos incrivelmente injetados. A lua cheia estava ali, e... Eba!
Mais uma vez fui assolado por um bocado de acontecimentos.
Meus músculos se expandindo de tal forma que doía.
Minha roupa se rasgando; meu corpo todo coçava.
Um frio desgraçado e a vontade de chorar.
Mantos negros e mãos podres em volta de mim.
De onde os dementadores surgiam? Eles brotavam do chão? Eram criaturas de nascimento espontâneo? De qualquer forma eles se mostravam com a exímia habilidade de surgir quando a gente menos precisa deles.
Fenrir já se desvencilhara de seus dementadores, e corria para dentro da floresta. Fiz o mesmo.
Fenrir já não era aquela criatura grotesca, meio homem, meio lobo, e sim um lobo castanho imenso e aterrador.
Corríamos lado a lado, de modo que eu me mostrava obviamente mais rápido que ele.
Arrisquei duas ou três olhadas para trás e consegui contar cinco dementadores. Eles não nos seguiam, apenas nos fitavam. Quase suspirei aliviado, e o teria feito se não tivesse batido de cara em uma árvore. Prefiro acreditar que eu não sou um retardado, mas só que eu não estava acostumado com a minha super velocidade.
Fenrir emitiu um chiado, que eu posso crer que era uma risada, e derrapou até parar de correr, me esperando.
Logo, quando estávamos no meio da floresta, no seu confim mais obscuro, Fenrir parou e se transformou em homem mais uma vez.
Rosnei.
-Pronto. Aqui eles não vão nos atormentar mais.
Lati, talvez.
-Pode voltar à sua forma humana.
Dei um salto em sua direção, mas ele se abaixou e eu passei diretamente por cima de sua cabeça.
Acho que ele já havia notado que eu não havia fugido com ele, e sim simplesmente o seguido.
Sim, eu sei que eu tinha combinado comigo mesmo que eu iria fingir que estava me unindo à matilha para fugir com Victoire. Mas quando eu me transformei em lobo, não consegui mais atuar ou reprimir minhas ações.
Eu agia por instinto.
E meu instinto clamava pelo sangue daquele indivíduo.
Foi como um raio que ele se transformou novamente naquele lobo imenso. Ele era maior, e bem mais forte. Mas eu era mais rápido.
Ele lançou-se contra mim e me atingiu no peito com suas patas, e nos embolamos no chão, girando de uma lado para o outro. Eu desferia mordidas em seu pescoço e peito, sem nem se importar com as pontadas lacerantes que eram os dentes dele se cravando em várias partes de me corpo.
Nos separamos de repente, e nos encaramos novamente. Ele ficou em duas patas e uivou. Notei que seu pelo estava tingido de vermelho em vários pontos vitais, mas meu estado também não estava muito bom. Escorria sangue em meus olhos e eu piscava incessantemente para clarear minha visão.
Ele veio contra mim novamente, e eu o repeli com minhas garras. Não foi suficiente para fazê-lo desistir. Ele parecia cada vez mais colérico.
Ele deu um impulso incrívelmente forte e pulou na minha direção. Saltei para um lado, desviando de suas garras, e ele atingiu em cheio uma árvore. Ouvi ossos quebrando.
Aproveitei o momento de dor e tontura, e agarrei seu pescoço com meus dentes. Senti o gosto de sangue, e aquilo vou realmente saboroso.
Ele estava imobilizado, e aos poucos foi parando de se mexer. Foi um movimento imprudente, claro, mas eu o larguei. Ele pôs-se em pé e se afastou, meio cambaleante.
Ouvimos barulhos. Passos. Mãos afastando galhos e pés quebrando gravetos.
Fenrir pareceu apavorado demais com a idéia de mais dementadores, e saiu em disparada, com uma velocidade que eu achei que ele não fosse capaz de atingir. Mas eu fiquei.
Ah é, eu sou um retardado, não vou me esquecer disso.
Mas talvez tenha sido algo no cheiro que eu senti. Era familiar, e eu precisava dele.
Foi quando aquela colossal esfera de luz apareceu. Era a coisa mais bela de certa forma, mas era aterrorizante na mesma proporção.
Mostrei os dentes, tentando ver por trás da luz, até que eu distingui o que era.
Era a minha provação. O que decidiria se eu merecia ou não continuar vivendo.
notadoautor: Sinceras desculpas por ter postado duas seguidas. Mas é que tipo, faz um tempão que eu nao posto (nos meus padrões, uma semana é um tempão) e os dois eram pequenos, criatividade decaindo, etc. E obrigado aos que estão acompanhando e lendo, né.
notadoautor²: A história vai ter 13 capítulos, pq eu nao to gostando dela HUIAEHIUE ! Tá, era só pra avisar mesmo.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!