Capitulo 4



- Eu não queria trazê-la comigo a Santa Lúcia. Não sei, por que mudei de idéia.



- Eu sei. . .


Estavam andando pela praia de mãos dadas, tendo só a lua e as estrelas por testemunhas.


A suave brisa era como um bálsamo depois do ambiente fechado da boate. Harry parou e, tirando a jaqueta, estendeu-a sobre a areia.



- Sente-se um pouco, Gina – sugeriu, acrescentando asperamente: - Você tem idéia do que fez comigo? Sabe o que sofri vendo-a o tempo todo se divertir com Mike Peters?



- Você, com ciúmes? Não posso acreditar! Nunca demonstrou Interesse por mim. . .


- Também tenho sentimentos, Gina. Sou um ser humano como qualquer outro.


- Mas tem sido tão agressivo comigo, Harry. Está sempre me criticando, chamando minha atenção...



- E tenho sofrido muito com isso. - Ele fez um carinho no rosto de Gina. - Você tem apenas dezesseis anos. . . Estou sempre tentando me convencer de que é minha irmã de criação, mas, quando a olho, isso não faz a menor diferença, só enxergo a mulher que amo. Há seis meses, quando você chegou, eu a desejei. E agora a desejo duas vezes mais. Eu a desejo tanto. . .



O corpo de Gina começou a tremer, numa resposta muda, enquanto seu dedo roçava levemente o rosto dele.



- Gina - Harry murmurou, pegando as mãos dela e beijando-lhe os dedos . - Eu não devia estar fazendo isso. Devia esquecer o que sinto por você, mas não consigo mais controlar meu desejo. . .



- E eu não quero que tente se controlar, eu também o amo - ela confessou baixinho.


- Pensei que estivesse apaixonada por Mike. Como pode me amar, se cada vez que a olho você se esquiva? O que sabe do amor? Tenho certeza de que nunca tinha visto um homem nu antes...


Gina ficou vermelha, mas ainda conseguiu reunir coragem para responder:


- O fato de eu não ser uma mulher experiente é tão importante para você? Eu estou amadurecendo. Não poderia me ensinar?


- Gina!


 


Seu nome saiu da garganta de Harry num protesto e então ele a tomou nos braços. Gina sentiu aquela boca sensual em sua pele, explorando, forçando seus lábios a se abrirem, fazendo com que conhecesse o gosto da paixão e do desejo.



Ficou alheia a tudo a sua volta, consciente apenas da sensua1idade que a invadia enquanto Harry a deitava na areia e explorava o contorno de seu corpo com mãos possessivas. Subitamente, Harry a largou, com um gemido rouco, e levantou-se devagar, deixando-a atônita.



- Tiago ficará feliz - murmurou Harry, enquanto a ajudava a se levantar. - Já notou como ele deseja nos ver juntos? - E, percebendo o silêncio perplexo dela, comentou: - Meu Deus, Gina, como você é Inocente!



Gina sentiu um tremor de apreensão. Apesar de abraçá-la carinhosamente, parecia que Harry estava ressentido, lutando contra e amor.


- Harry? - chamou-o, vacilante.


Como que sentindo sua insegurança, ele a apertou mais em seus braços.


- Harry, você me ama? - perguntou ela baixinho.


- Claro que a amo; quem não amaria... Mas agora é hora de você ir para a cama, não é?


A vontade dela era lhe dizer que preferia mil vezes passar a noite em seus braços, em sua cama, mas não encontrava palavras. A timidez a inibia. Por que Harry não sugeria algo assim? Se ele estivesse com Cho. . .



"Não tem importância", ela pensou. "Ele me ama e, assim que voltarmos a St. Martin conversarmos com Tiago, nos casaremos."


No dia seguinte, Harry lhe comunicou que decidira voltar a St. Martin mais cedo que o combinado.


 


- Me avisaram que está se formando uma tempestade - falou durante o café da manhã. - Será melhor voltarmos o quanto antes.


Ela o olhou com timidez.


- Você não está arrependido pelo que aconteceu ontem à noite, está?


- Estou mais arrependido pelo que não aconteceu - ele brincou. - Gina, tem idéia do que está querendo? Você ainda não fez dezessete anos e mal começou a viver.



- Eu te amo, Harry.



- Insiste em dizer isso, e eu quero muito acreditar. Deveríamos esperar no mínimo mais dois anos, mas não posso me arriscar a perdê-la. Devo estar louco por pensar assim, mas amo você demais.


- O que acha que Tiago vai dizer?


- Acho que ele não ficará muito surpreso. Alguma coisa me diz que já sabia do meu amor por você. Tenho certeza de que planejou essa viagem só para que ficássemos juntos. Ele insistiu para que eu a trouxesse. Vive tentando me mostrar como você está crescida, como se transformou numa mulher, mas eu continuo pensando na sua idade...


- Não sou mais uma criança, Harry - Gina protestou, odiando o cinismo que via nos olhos e na voz dele. - No mês que vem farei dezessete anos, e mais um ano...


- Terá dezoito. - Harry riu. - Mal posso esperar, Gina. - E mudando de assunto: - Vá pegar suas coisas. Se sairmos agora, talvez possamos chegar a St. Martin antes que a tempestade comece.




Saíram uma hora depois. O céu estava sem nuvens, mas havia bruma em volta do sol, o que fez Gina acreditar que realmente a tempestade estava por perto.



Dessa vez não havia razão para ela ficar na cabine. Como Harry, também vestia short de jeans. Seu corpo pulsou de excitação quando os olhos de Harry se demoraram em seus seios realçados pela camisa curta e justa, enquanto a ajudava a entrar na escuna.



- Vou usar toda a força do motor - ele anunciou laconicamente. - Não estou gostando da cor do céu.


Ainda estavam no início da viagem quando Harry, checando os instrumentos, chamou Gina:



- Diabo! Está havendo muita interferência por causa da tempestade.


 


 


 


O vento começava a soprar mais forte. Gina suspirou aliviada quando Harry aproximou-se dela para examinar as velas, enquanto a escuna adquiria maior velocidade.


 
- Inferno! - praguejou ele. - Parece que estamos indo bem na direção da tempestade. Eu devia ter mudado o curso. Tomara que o rádio dê algum sinal. Vá para baixo, Gina. Ponha um salva-vidas e traga um para mim. - Vendo a apreensão nos olhos dela, acrescentou:



- Não precisa se preocupar, estou só tomando algumas precauções.


- 'Vai ser muito perigoso? - Gina tentou firmar a voz, mostrando que Não era mais uma criança que precisava ser acalmada em uma situação de perigo. Por um momento, pensou que Harry fosse manda-la para a cabine, sem responder. Mas ele sorriu.


- Mais ou menos. Não vai ser um furacão, mas esta manhã o Serviço de Meteorologia nos aconselhou a não navegar pela rota principal. Vamos torcer para que tudo dê certo. Seria ótimo se conseguíssemos algum contato pelo rádio.


 
Depois daquilo não houve mais tempo para conversa. Harry ia dando as ordens e Gina obedecia automaticamente, fazendo o possível para acertar. Com muito esforço, conseguiram manter a escuna na rota, apesar do vento forte e das ondas que iam se tornando cada vez maiores. O céu escureceu e Harry tinha que gritar as instruções. A força do vento começou a rasgar as velas.



- Estamos com muitas velas içadas e indo muito depressa. Pode segurar o leme com força, para manter a rota, enquanto tento dar um jeito nas velas?


Assustada, Gina concordou. Sabia, que sem a orientação de Harry, qualquer erro poderia ser fatal. Naquele momento a escuna seguia na direção do vento, mas, se este mudasse e batesse de lado nas velas, eles poderiam naufragar. Com o coração na boca, Gina lutou para manter a escuna no curso. Subitamente, o que mais temia aconteceu: o vento mudou e sacudiu ferozmente a delicada embarcação.


Gina se empenhava em controlar o leme, rezando para que Harry conseguisse baixar as velas. Em segundos o céu ficou completamente escuro.


 


As ondas erguiam e baixavam a embarcação como se esta não tivesse peso.


"Harry, venha logo!", ela pensou, apavorada.


De repente, houve outro baque surdo, seguido do barulho de velas rasgando. Gina precisava ver por que ele não voltava! Ligou o piloto automático e saiu à procura de Harry. Viu que uma das velas estava solta, balançando-se livremente. Subtamente, tropeçou em algo no convés. Segurando-se para não cair, e apavorada, percebeu que Harry estava no chão do convés, inconsciente. Imediatamente compreendeu o que tinha acontecido: ao tentar prender a vela, ele fora atingido pelo mastro.


- Harry! - exclamou assustada. Ele gemeu, tentando levantar-se, e Gina amparou-o, aliviada.



- Deus! O que aconteceu? Parece que fui atingido por um caminhão de dez toneladas!


- Foi a vela que se soltou.


- Hum... acho que foi isso mesmo - ele concordou, segurando-se nela para não cair quando o barco balançou outra vez.


- É melhor descermos para a cabine - Mas antes vamos ter que dar um jeito nessa vela. Vou baixar a âncora e ver o que posso fazer com as velas restantes.


Depois que conseguiram controlar as velas, os dois desceram para a cabine e Gina examinou o ferimento de Harry. Um filete de sangue corria de sua testa e havia mais sangue empapando seus cabelos.


 
- Deixe-me cuidar disso - ofereceu-se, querendo evitar que Harry visse a extensão do ferimento.



Ele reclamou um pouco enquanto Gina aplicava o anti-séptico, e apesar dos protestos dela, subiu imediatamente ao tombadilho a fim de verificar os estragos.


 
- O vento diminuiu um pouco - informou, ao voltar. - Mas não podemos nos arriscar mais. Acho melhor ficarmos por aqui algum tempo, agora que o pior já passou. - Harry começou a bocejar, e Gina notou o cansaço em seus olhos.


 
- Por que não descansa um pouco?


- Boa idéia. Estou me sentindo um pouco tonto. Acho que é o cansaço. Me acorde daqui a uma hora esta bem?


Gina acompanhou-o até a cabine. No futuro, sempre que ele fosse velejar, ela estaria com ele.


 


Esse pensamento a fez ficar sonhando acordada, felicíssima. Mal podia acreditar que Harry a amasse. Tudo parecia um maravilhoso sonho.


Conforme a previsão de Harry, o vento estava realmente começando a amainar. Vendo-o profundamente adormecido e tão indefeso, uma onda de ternura inundou-a. Quando afastava os cabelos de sua testa ferida, Harry abriu os olhos e murmurou ainda sonolento:



- Gina? - E segurou-a pelo pulso, puxando-a para perto de si. Acariciou com boca possessiva a pele macia de Gina, que perdeu toda sua defesa com a urgência desse toque. - Deus, Gina, como eu a desejo! - Harry apertou seu corpo de encontro ao dela, enquanto corria os lábios ardentes pelo colo nu de Gina. - Beije-me, toque-me! - ele murmurou, quase sem fôlego, e tirou impulsivamente a fina camiseta que protegia os seios de Gina. Sentindo seu corpo responder àquele apelo sensual, ela não protestou quando Harry lhe acariciou eroticamente os bicos duros dos seios. Ondas de prazer percorreram-na enquanto o beijava ardentemente. Seus gemidos faziam com que ele ficasse mais excitado.


 
- Você é tão perfeita que nem parece real. - Harry comentou carinhosamente. Logo sua boca a beijava apaixonadamente, fazendo com que Gina pressionasse o corpo junto ao dele, tremendo em deliciosa resposta. Quase não conseguia mais respirar, quando a boca exigente de Harry se fechou sobre um de seus seios. Ao sentir que ele procurava impacientemente pelo zíper de seu short, ela teve consciência de seu incontrolável desejo.


"Era isso que eu tanto desejava, que daria razão à minha vida!", pensou, de relance, enquanto sentia a insistência das mãos de Harry por todo seu corpo. Com os lábios, ele seguia o caminho de suas mãos, deixando Gina ao mesmo tempo incrédula e excitada pela intimidade do gesto.



Presa em seus braços, Gina pensava no quanto o amava e como desejava desesperadamente pertencer a ele, embora estivesse surpresa por ele haver escolhido aquele exato momento para se amarem.


 


Talvez a violência da tempestade tivesse feito com que Harry se lembrasse de que ele era mortal. E ela, sentindo-lhe a feroz necessidade de possuí-la, não foi capaz de raciocinar ou se defender.



O corpo de Harry parecia chamas queimando a pele de Gina. Suas coxas musculosas apertaram-se às dela.



- Gina, Gina! - sussurrava, como um refrão, cego pelo crescente desejo. - Gina! - E mais uma vez pressionou seu corpo tenso ao de Gina, possuindo-a com um ardor selvagem.
Houve um breve momento de dor, e depois os dois mergulharam na tempestade de suas emoções. Depois, pouco a pouco, o fogo do desejo foi se apagando...


 


Mais tarde, quando Harry adormeceu, Gina passou algum tempo a observá-lo, admirada com aquela nova intimidade. Agora eram realmente marido e mulher, ligados pelo amor, e logo o seriam também pela lei. Perdida nesse sonho feliz, demorou um pouco para se levantar e verificar se tudo estava em ordem. A tempestade, assim como o amor que compartilhara com Harry, deixara um oásis de calmaria. Harry ainda dormia, esparramado na cama, com a respiração leve.



Não havia espaço para os dois no beliche. Para não perturbar, Gina foi para sua cabine. Ficou esperando pelo amanhecer, ansiosa para ouvir novamente as palavras de amor que ele havia lhe dito enquanto se amavam. Como estava feliz por Harry ter sido o seu primeiro amor! Como ansiava para sentir novamente os braços dele ao redor de seu corpo!



- Gina! - A voz rouca foi como se um intruso tivesse se intrometido em seus sonhos. Abrindo os olhos, deparou com Harry, que lhe oferecia uma xícara de café.


- Harry...



Quando ia lhe perguntar se ainda a amava, Harry virou-se para a porta como se nada tivesse acontecido. Parou antes de sair para dizer com voz impessoal que a chuva já havia parado. Em seguida, passou a mão pela testa, com uma leve contração de dor. Gina perguntou, aflita:



- Você esta bem? Eu fiquei preocupada...


- Estou bem. Estranho, a pancada me deixar tão atordoado que não me lembro de quase nada, a não ser de ter apagado completamente e de ter acordado hoje de manhã com a cabeça latejando...


- Não se lembra de nada? - Gina encarou-o: será que ele estava brincando? - Não se lembra mesmo de nada? - repetiu ainda uma vez.


 
Ele balançou a cabeça, negando, e sorriu para ela.


- Não mesmo. Obrigado por ter me levado para a cabine e por ter tirado minhas roupas. Não deve ter sido fácil. Não sei o que poderia ter acontecido comigo se você não estivesse aqui. Vamos voltar o mais rápido possível, meu pai deve estar muito preocupado.


Não era o momento de contar ou discutir o que havia acontecido a noite passada.


Gina sorria, imaginando como caçoaria dele por não se lembrar de terem se amado. Sabia que uma pancada na cabeça podia causar efeitos sérios, mas sentia-se aliviada pois vira que os ferimentos de Harry tinham sido superficiais. E não pensou muito sobre o caso.



- Café da manhã em quinze minutos. E não saia da cabine antes disso porque vou nadar - avisou ele.


Gina sorriu. O que Harry diria se ela lhe contasse que não havia mais necessidade de ficar na cabine, pois já conhecia seu corpo intimamente...


 


 


 


 


(...)


 


 


 


 


 


Comenteeem ;**

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