Um aniversário peculiar – Part



AS MEMÓRIAS DE GINA WEASLEY


 


 


 


Capítulo 1 – Um aniversário peculiar – Parte I


 


 


Há anos que eu me acostumara a acordar cedo. Desde minha juventude em Hogwarts, passando a minha vida adulta como jogadora profissional de Quadribol, eu tive uma dieta regrada, horários regulados, acompanhamento constante de profissionais e um relógio biológico beirando a perfeição. Seria difícil me acostumar à outra rotina, aliás, será que eu gostaria de outra? Divagações feitas na cama, para meu travesseiro, que cansado de me agüentar, expulsou-me da cama. Devia eu estar ficando retórica demais, ou exigente de menos...


Eu morava em uma casa relativamente grande, aconchegante e feliz. Harry não viria para casa, estava em alguma missão há alguns dias, e retornaria no horário do almoço. Sorri para mim mesma, ao imaginar Harry correndo atrás de foras da lei, enfeitiçando e sobrepujando-os, mesmo com a sua idade relativamente avançada. Para os bruxos, não estávamos tão velhos, tínhamos uma expectativa de vida entre 140 e 180 anos, o que nos levava diretamente a meia idade e não a senioridade.


- Se eu tinha medo que ele se machucasse? – óbvio que sim, e meu marido era um idiota teimoso em se envolver em todas as atividades de campo, visto que já comandava os Aurores há muito tempo. E mesmo recebendo convites para se candidatar a Ministro da Magia, recusava-os constantemente. Eu sabia o que meu amado gostaria, mas ele nunca dizia nada a respeito, talvez até por uma questão de bom senso e respeito. Seu sonho era ser Diretor de Hogwarts, mas ele nunca passaria por cima de Minerva McGonagal, que apesar de estar beirando os seus 150 anos, na verdade não sei sua idade exata, parecia lúcida como sempre fora.


Vocês podem estar se perguntando sobre os meus filhos, aliás, nossos filhos. Bem, eles são maravilhosos, fofos, mágicos e perfeitos, porém não moram mais comigo, visto que ambos já são maiores de idade há muito tempo, todos casados, pais e tios entre si, o que me enche de felicidade. Houve tempos, em um passado não tão distante, que eu me pegava sonhando com momentos como esse, e chorava, chorava com todas as minhas forças, pois a vida tomava outros rumos naquela época.


Contarei sobre eles, sobre meus netos e sobre o meu bisneto, sim, alguém foi muito levado e acabou providenciando mais uma dádiva na minha vida, mas esse não é o momento.  Quero contar sobre minha família como ela merece, ou seja, com tempo, disposição e com Harry ao meu lado. Nada mais justo afinal, pois graças a ele, todo o mundo mágico pode se reconstruir, graças a ele eu encontrei um amor sem limites, uma sorte que poucos mortais conseguem ou possuem, e eu fui uma das felizardas. Veja bem, não estou tirando o mérito de todos aqueles que lutaram contra Voldemort, e ainda lutam em favor da justiça, muito pelo contrário, vários deles tiveram papéis importantes nessa luta, até mais importantes do que meu marido, mas sempre há um ícone, uma pessoa a que todas as outras se apóiam em momentos difíceis, e é ai que eu dou toda a minha gratidão, e acredito que praticamente todos os bruxos da Grã-Bretanha, a Harry Potter.


Desci a cozinha e preparei uma xícara de chá, alguns bolinhos e me sentei à mesa para pensar enquanto esperava uma repórter muito simpática que viria me entrevistar. A casa estava muito quieta e anormalmente vazia, visto que, como eu imaginava, muita gente estava organizando nosso “aniversário” na casa de Rony e Hermione. Ainda era muito cedo, e eu teria algumas horas para dispor jogando conversa fora e relembrando os bons e velhos tempos.


Após longos minutos eu escutei o aviso que emanava da sala de estar, e através de um feitiço simples liberei a nossa lareira. A convidada chegou dentro de alguns estantes, via Floo, com um sorriso estonteante e uma expressão tão alegre e sincera, que me peguei sorrindo abertamente, sem ao menos ter um motivo. Não, eu não era uma pessoa amarga, era simpática e divertida com as pessoas, mas algumas coisas pelas quais passamos na vida, nos deixam marcas, e uma delas foi sempre desconfiar de pessoas das quais não conhecemos. Tudo bem que ela tinha ótimas referências, mas ainda assim me surpreendi com a aura daquela linda menina, cabelos loiros cacheados e olhos verdes vivos.


- Seja bem vinda, Natalie.  – a saudei de maneira simpática.


A menina – não me interpretem mal, pois a jovem deveria ter muito mais do que vinte anos, talvez menos do que trinta, mas em comparação a mim, era uma menina, e linda, por sinal.


- É um imenso prazer revê-la, Sra. Potter – começou Natalie, que parecia não se caber dentro de si – Nem consegui dormir essa noite ansiando pelo nosso encontro. – disse a mim com um sorriso esfuziante.


- Ora, não me venha com bobagens, não sou nenhuma aberração, e estarei sempre disponível para o que você precisar. Presumo que sua tia-avó, Luna, esteja muito bem de saúde, estou correta? – perguntei a ela.


- Oh, sim, ela está muito bem por sinal. Pelo que me consta, voltou faz dois dias de uma viagem ao redor do mundo, procurando algo que eu entendi como bufadores de alguma coisa enrugados, e a propósito, ela me pediu para avisar que irá a sua comemoração hoje à noite.


- Perfeito, sinto saudades daquela maluca. – e apontei o sofá para a minha visitante. Só esqueci de mencionar que a suposta festa me foi dita ser reservada apenas para a família, mas eu já sabia da surpresa de todos os convidados, e a minha querida amiga Luna Lovegood continuava sincera como sempre, até demais em algumas situações.


 


 


 


 


Ela passou alguns instantes olhando as fotos que adornavam a nossa sala de estar. E devo dizer, havia muitas delas. A que eu mais gostava era uma em que estávamos eu e Harry, em um jogo beneficente de Quadribol.  A foto em si era muito bela, meu marido sorria para o fotógrafo após uma captura espetacular do pomo de ouro, batendo ninguém menos do que Vitor Krum. O Búlgaro, após aterrissar, tentou convidá-lo para jogar profissionalmente, mas Harry não aceitou. Aliás, eu perdi as contas de quantas propostas ele teve de recusar, mas nada comparado ao que eu tive que ouvir. De cada dez pessoas do meio do Quadribol, nove me faziam propostas absurdas de valores para convencer meu marido a jogar, e eu não preciso dizer que quando Harry põe algo na cabeça, ninguém consegue tirar, e ele sempre me respondia dizendo que iria fazer a diferença no mundo, e que o Quadribol, para ele, era apenas uma diversão, uma válvula de escape para a tensão de sua profissão, e uma lembrança feliz dos tempos de Hogwarts.


Vi seus olhos enxerem de lágrimas, diversas vezes, ao relembrar nosso primeiro beijo e o nosso sexto ano, para ele, o mais feliz e trágico de muitos outros.


Havia também diversas fotos de nossa infância, nosso casamento e lua de mel, filhos, netos e amigos, havia também fotos dos bons tempos de Hogwarts, e em um local destacado, junto à lareira da sala, emoldurada em uma armação de ouro, estava Alvo Dumbledore, não uma foto, e sim uma pintura raríssima, uma das poucas existentes nos dias de hoje, feita por um artista trouxa particularmente conhecido. Secretamente, eu chorei junto ao quadro, e por mais de uma vez tive a impressão de ver Harry por perto, mas ele teve a mesma sensibilidade que eu ao vê-lo chorar diante de muitas lembranças, ou seja, ambos respeitávamos momentos como esses.


Às vezes, quando se tem uma idade considerável, fazemos um balanço de tudo que vivemos, e quais momentos devem se sobrepujar aos outros. Devo dizer que nesse quesito, eu falho miseravelmente. A cada dia, a cada semana, eu mudo de opinião. Todo momento parece único, especial e inesquecível. Assim é a vida, uma magia que nunca busquei conhecer, pois está além de qualquer um de nós.


- Para a mente bem estruturada, a morte é apenas a aventura seguinte – comentei com Natalie, ao vê-la contemplar o quadro de nosso eterno diretor de Hogwarts.


Ela se assustou, absorta que estava na pintura, e virou para me encarar.


- Desculpe, mas o que você disse? – me indagou à jovem.


- Apenas uma frase célebre de Alvo. Ele sempre dizia que para a mente estruturada a morte é apenas a aventura seguinte. Quer dizer simplesmente para não temermos a morte, pois a vida nos reserva algo muito maior, um objetivo que só poderemos compreender após deixarmos esse mundo.


Ela me olhou por alguns instantes e disse:


- Gostaria de tê-lo conhecido. Sou aficcionada por tudo que venha da época da Guerra, por mais horrível que ela tenha sido. Acredito que devemos aprender com o passado para não cometermos os mesmos erros do futuro. – finalizou a garota de cabelos loiros.


- De fato, a história muitas vezes se apresenta de forma cíclica, ou talvez uma simples coincidência. Por mais que fujamos dos nossos erros, os instintos de sobrevivência (egoísmo) falam mais alto, e acabamos mais uma vez decepcionando-nos. Mas você deve estar querendo fazer sua entrevista, então comecemos. – e aguardei Natalie se recompor.


- Então, Natalie, sobre o que você quer conversar? – essa é uma entrevista formal para a biografia ou apenas uma prévia? – inquiri a ela.


- Um pouco de um, um pouco de outro. Você sabe que alguns detalhes eu irei publicar no jornal como forma de entrevista, mas não impede de eu colocar tudo isso também na biografia. Como combinado, obviamente, a notícia virá até suas mãos antes da publicação, para o caso da senhora querer vetar ou modificar alguma coisa. – disse Natalie, sem parar para respirar. Uma mania comum entre os jovens, ou seja, falar pelos cotovelos.


- Bem minha querida, como eu já disse, confio no senso crítico do seu jornal, e tenho certeza que se você teve tantos elogios e recomendações empolgantes de diversos amigos, não vou ter surpresa alguma. Espero que eu possa ser útil, mas talvez tenha de recorrer a meus amigos, ao meu marido ou a penseira para relembrar alguns fatos que me escapam pela idade. – disse a ela.


Ela me analisou por alguns segundos, tentando detectar alguma ironia na minha voz ao falar sobre a penseira, mas como eu não estava brincando, e ela concluiu isso de maneira rápida, acrescentou:


- Vocês usam mesmo a tal penseira herdada de Alvo Dumbledore e arquivam as suas memórias?


- Isso talvez seja a primeira pergunta, hehehe. Sim, meu bem, nós usamos constantemente uma penseira, que por coincidência é a mesma utilizada por Alvo há muito tempo atrás, e de fato arquivamos muitas coisas, grande parte por nosso gosto pessoal, e outra para a profissão do meu marido.


- Compreendo. Isso vai encher as publicações quinzenais de fofocas depois que for publicado. As pessoas estão loucas para saber qualquer coisa sobre você e o Harry, e isso vai esbaldá-los por alguns dias. – e a jovem começou a anotar furiosamente detalhes sobre minha resposta e penso eu sobre as fotos e meus comentários anteriores.


Quando terminou de anotar, ela me olhou de um jeito meio tímido e perguntou:


- Você poderia me contar como foi o dia em que Voldemort – e eu me surpreendi pelo fato de ela pronunciar o nome de maneira natural, afinal, mesmo anos e anos -, finalmente foi derrotado, e também como foram os dias posteriores. Isso é um mistério para muita gente, e eu acredito que apenas você, Harry, Rony e Hermione podem esclarecer.


 


Eu a olhei  e vi seus olhos brilhando, aquela aura distinta de uma repórter ávida pelo saber, mas também uma menina honesta e sincera, tentando ao máximo ser uma profissional séria e respeitada.


- Venha, Natalie, vamos tomar um chá. – E me dirigi à cozinha. Pelo jeito, aquela seria uma longa conversa.


 


 


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Povo e Pova. Sinto muito pelo tempo, mas a faculdade e o serviço estavam me consumindo ao máximo. Prometo tentar ser mais frequente na atualização dos caps. Espero que vocês gostem.


 


Beijos e Abraços, e por favor, COMENTEM!!!

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Comentários (3)

  • Maria Eduarda Rieg Weasley

    MAAAGNIFICAAA atualizaaaaaaa Vc postou ela em outro lugar??Passa o link 

    2014-07-02
  • barbara aguiar azevedo

    Queee fic lindaaa! Seu dominio descritivo é simplesmentee sensacional!!! Estou no aguardo dos proximos capitulos... =))   Beijo

    2011-03-27
  • barbara aguiar azevedo

    Queee fic lindaaa! Seu dominio descritivo é simplesmentee sensacional!!! Estou no aguardo dos proximos capitulos... =))   Beijo

    2011-03-27
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