A Escolha de Lilly Evans
A notícia do retorno de Hermione a Hogwarts e os boatos sobre um suposto ataque ao Ministério da Magia atingiu em cheio os ânimos dos estudantes. Se a situação parecia tensa até aquele momento, agora se transformara em caos completos: estudantes abandonavam a escola a todos os momentos buscados pelos pais que temiam um ataque. Nos corredores, os alunos cochichavam e andavam em bandos, preocupadíssimos com novas notícias. Esta ânsia por novidades remeteu a uma edição recorde do “Profeta Diário” e do “O Pasquim”, folhetim dirigido pelo pai de Lunna.
Mas apesar de todo o drama, encenado pelos estudantes que estavam a beira de um ataque de nervos, nenhum ataque foi promovido depois disso. É claro, isto não serviu para aliviar o Ministro Fudge que vinha, quase todos os dias, em Hogwarts falar com Dumbledore a respeito de algumas provisões. Previsivelmente, Fudge pareceu esquecer milagrosamente que Hogwarts mantinha uma “prisioneira condenada” em sua guarda.
Hermione melhorou consideravelmente em poucos dias depois de ter recebido a carta de Malfoy. Harry atribuiu a recepção da carta à sua melhora, mas não falara com ela para saber se isto era verdade. Sempre que ele queria saber de alguma notícia de Hermione apelava a Rony que a visitava constantemente.
Depois de cinco dias, Harry recebeu a alegre notícia de que Hermione receberia alta naquele dia e teria pleno acesso a torre da Grifinória, o que indicava que ele poderia vê-la mais vezes, embora ainda não estivesse pronto para falar com ela, depois daquele dia em que ele lhe entregara a carta.
Mais seu dia ficou ainda melhor, quando, durante o jantar, Hermione entrou no salão principal. Harry teve seu rosto iluminado quando a viu cruzando os corredores em direção à mesa da Grifinória. Alguns alunos a cumprimentavam, mas ela não parou em nenhum lugar vindo se sentar à frente dele, e ao lado de Rony.
- Hermione! – Rony disse, abraçando a amiga que retribuiu com um sorriso – Como você está?
- Bem melhor, obrigada! – Hermione respondeu, olhando para Harry com o canto dos olhos. – Tudo bem, Harry, se eu me sentar aqui com vocês?
- Não, não! – Harry respondeu sem jeito. – Pelo contrário, estou muito feliz de saber que...
- Ordens de Dumbledore! – Hermione o cortou antes que terminasse de falar – Ele me disse para me sentar com vocês durante o jantar. Parece que ele está planejando algo...
Hermione ainda estava muito pálida, Harry concluiu, mas estava bem melhor, melhor do que estava desde que fora condenada à Azkaban pela primeira vez, mas comera muito pouco durante o jantar, limitando-se a olhar com freqüência para a mesa dos professores.
Dumbledore, no entanto, só começou a falar quando todos os alunos terminaram de jantar.
- Bruxos e Bruxas de Hogwarts. Como todos estão sabendo, Voldemort está cada vez mais perto de liderar os comensais e, agora, os dementadores – Dumbledore olhou para Hermione – numa guerra contra os demais bruxos e trouxas. É com muito pesar que digo que até agora pouco se fez para se conter os ataques e não sabemos o que acontecerá ao nosso mundo pouco preparado para enfrentar as forças do mal.
“Muitos estão fugindo, evitando esta guerra, mas até quando esta guerra poderá ser evitada? Até quando poderemos fugir e nos esquivarmos do perigo, deixando que outras pessoas sejam vitimadas? Se não contivermos esta força, pessoas inocentes vão morrer, trouxas vão morrer, crianças vão morrer. A maioria de vocês será levada por seus pais para longe, mas está na hora de assumirmos nossa responsabilidade na defesa do mundo, pois talvez um dia, mesmo longe, esta guerra nos alcance.”
O diretor fez uma pausa, olhando para os estudantes que faziam expressões de assustados.
- No ano passado, Harry Potter e Hermione – Todos os estudantes olharam para os dois sentados na mesa da Grifinória – criaram um grupo de estudos muito especial. Um grupo que visava armar-se contra as artes das trevas. Um grupo chamado “Armada de Dumbledore”. Todos os que fizeram parte deste grupo aprenderam com Harry algumas de suas técnicas e assim, estão mais preparados para se defenderem em caso de necessidade.
O diretor suspirou revelando desânimo e preocupação.
- Tomando como exemplo a atitude dos integrantes da Armada, eu decidi que, daqui para frente, não haverá mais aulas como vocês estão acostumados a ter. Todas as aulas estarão voltadas para a Defesa das Artes das Trevas isto quer dizer que vocês terão somente aulas de defesa contra as artes das trevas, feitiços, transformação e poções. As outras aulas estão canceladas até segunda ordem.
O salão principal explodiu em comentários. Alguns alunos começaram a falar em voz alta, revoltados contra a decisão de Dumbledore.
- Os alunos que quiserem ir para casa ou chamarem seus pais estão livres para fazerem isto. Os que quiserem ficar, saibam que eu estarei iniciando uma nova armada, uma armada contra Voldemort e que, espero, esteja preparada para o pior. O Ministro da Magia deu-me permissão para que eu faça o que pretendo fazer. Esta nova armada não se chamará “Armada de Dumbledore” pois eu não serei o líder, esta armada se chamará “Armada de Harry Potter”, o líder dos bruxos contras as artes das trevas e contra Voldemort.
Se muitos dos alunos já estavam com olhos sobre Harry, agora então, não havia outro alvo para se olhar. Harry enrubescera, mas sentiu-se confiante quando viu a expressão decidida de Hermione a sua frente.
- Chegou a hora, Harry! – Hermione sussurrou – Chegou a hora de assumir o posto que lhe foi reservado desde recebeu esta cicatriz.
A aula de poções no dia seguinte não foi muito diferente do que Harry imaginou que seria depois do inflamado discurso do diretor. A única diferença é que Snape passou receitas de contra-poções, como foi o caso do Desveritasserum, uma poção que neutralizava o efeito da Veritasserum.
- Isto servirá quando forem capturados por Comensais. – disse o professor Snape de forma ríspida como se ser capturado fosse algo normal – Tomando um frasco desta poção vocês ficarão livres do efeito da poção Veritasserum por dois dias, dependendo da qualidade até mais. A minha poção já durou até duas semanas.
Hermione participou da aula também para a surpresa de Harry. Ela chegou um pouco atrasada e sentou-se ao lado de Neville que fazia progressos, pela primeira vez na vida, sozinho.
Quando a aula acabou e a maioria dos alunos saia, o professor Snape solicitou a Hermione que ficasse.
- É só um minutinho! – disse o professor, quando Hermione fez uma expressão de contragosto.
- Esta bem! – Hermione disse, permanecendo sentada, enquanto os outros alunos, inclusive Harry, tomavam o rumo dos corredores. – Sobre o que quer falar comigo?
- Por acaso você teve alguma notícia de Draco – Perguntou o professor Snape, aproximando-se e sentando-se ao seu lado.
- Bem... eu... na verdade.... eu tive... – Hermione revelou assustada.
- Não fique preocupada! – respondeu o professor, esboçando um sorriso sem graça – Na verdade eu recebi uma carta antes de ontem. Ele me disse que lhe escreveu uma carta, mas que eu não deveria mencionar a senhorita, pois talvez esta carta nunca lhe fosse entregue. Ela foi entregue?
- Sim, Harry me entregou – Hermione falou, sem entender onde o professor queria chegar.
- Bom! Muito bom!
- Por que está me perguntando sobre isto, professor? – Hermione indagou, curiosa.
- A sua estória me lembra muito uma estória que aconteceu a quase dezessete anos. Uma estória que nunca revelei a ninguém, mas que desejo revelar a você agora, Srta. Granger, para que tenha a sabedoria para escolher o que tiver de escolher.
- Como assim?
- Bom... eu sempre fui muito ligado as artes das trevas, Hermione. Fui atraído para o lado ruim, o lado do mal, por que era cheio de preconceitos e maldades. Voldemort me seduziu e eu passei a ser um comensal da morte.
- Eu já sabia disso!
- Mas não sabe como eu me converti! A única pessoa que sabe é Dumbledore e Lily Evans que agora não está mais entre nós.
- Lilly Evans? – Hermione perguntou, boquiaberta – Lilly Evans é a mãe de...
- Harry! Sim. Lilly sempre me defendeu enquanto eu estava em Hogwarts enquanto eu era perseguido por Tiago e seus comparsas. Eu me apaixonei por ela, Hermione, quando estava muito perto de me tornar o súdito mais fiel de Voldemort. – Snape fez uma expressã tristonha - Lilly fez tudo o que pôde para trazer-me de volta ao mundo do bem, assim como você fez com Draco e eu fiquei muito feliz por isso. Eu amava Lilly, mas Lilly escolheu Potter. Se ela tivesse escolhido a mim, Hermione, talvez ela ainda estivesse viva. Talvez eu fosse o pai de Harry, hoje. É por isso que não consigo suportar Harry, por que Harry é a imagem de Tiago, o homem que roubou a minha amada Lilly e ao mesmo tempo eu não consigo suportar ver aqueles olhos verdes, os olhos dela!
Hermione estava perplexa com a revelação de Snape.
- Professor, eu... eu... não sei o que dizer.
- Eu não quero que diga nada. Eu só quero que saiba que mesmo que Lilly tenha morrido eu sei que ela foi feliz com Tiago por que ela o amava, e era amor verdadeiro, não uma paixão temporária como eu fui para ela. O seu destino e o destino de Lilly parecem-se muito. Você pode escolher entre uma pessoa que poderá levá-la a morte, que é Harry Potter. Ou Malfoy e fugir para encontrá-lo.
- Há! – Hermione sorriu sarcasticamente – Não é assim tão fácil, não é. Tenho certeza que Tiago Potter era alguém muito melhor do que Harry é. Harry me magoou muito.
- Tiago não era um santo assim como Harry não o é.
Snape levantou-se e deu duas voltas na sala antes de recomeçar a falar.
- Tiago pediu a Lily para fugir comigo, levando Harry que era apenas um bebezinho. Ele a magoou para que ela decidisse fugir, mas ela não fugiu. Ela ficou para enfrentar a morte ao lado do homem que amava. Este parece ser o seu destino se resolver ficar aqui, do lado de Harry, Hermione. Harry sabe disto e é por isto que ele fez tudo o que fez para afastá-la. A decisão cabe a você e só a você, mas... deve escolher com sabedoria. Isto adquiriu uma dimensão ainda maior do que a decisão de Lilly Evans, afinal, além de Harry, parece-me que Voldemort tem um acentuado interesse na senhorita, um interesse que está me assombrando ultimamente. Voldemort não é piedoso e ele teve a chance de matá-la e não matou... isto não é algo comum... acho que ele viu na senhorita algo muito mais importante do que podemos prever...
Proximo capítulo: "A destruição do Ministério da Magia".
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