Legitimencia

Hermione ansiava esperançosa que a presença de Dumbledore naquela cena surreal pudesse elucidar as coisas, mas para seu desespero e o de Rony, o diretor, mesmo provido de grandes conhecimentos não pode dar uma explicação clara do acontecido, nem mesmo os professores Snape e Macgonagal que acompanharam o diretor na incursão à sala comunal da grifinória.

Enquanto Snape e Dumbledore levaram Gina para a ala hospitalar acompanhados por Rony e Harry, a professora Minerva acompanhou Hermione até a sala do diretor.

- Professora Minerva, ela vai ficar bem, não é? – Hermione perguntou auspiciosa, enquanto subiam a escada em forma de gárgula de pedra que dava acesso a sala de Dumbledore.

- Espero que sim, Srta. Granger, para a sua própria segurança. – disse a professora antes de retirar-se da sala, deixando Hermione a sos.

Ali, somente com a companhia dos quadros dos antigos diretores da grifinória e a figura esdrúxula e bela de Fawkes, a fênix de Dumbledore, Hermione tentava rapidamente ordenar os pensamentos e escrutar seus próprios sentimentos. Ela não entendia o que havia acontecido. Ela lembrava-se de ter se deitado no sofá da sala comunal e ter adormecido e lembrava-se do terrível sonho que tivera, mas quando acordara não estava mais deitada sobre o sofá e sim no meio da sala e com sua varinha a mão. Ela não sabia que era sonâmbula. Se o fosse, por certo as amigas de dormitório já a teriam revelado. Não... era outra coisa, uma coisa que fez Hermione ter arrepios. E se, por uma desventura, estivesse sendo influenciada por uma força maléfica exatamente como Voldemort influenciara Harry no último ano na ocasião em que Sirius fora assassinado no archote de véus. E se ela estivesse sob a influência de uma legitimência?

Sim, por mais terrível que fosse esta conclusão, esta era a explicação para seu terrível ato. Ela não poderia ter machucado a ninguém que dirá Gina, uma de suas melhores amigas e irmã de seu melhor amigo? Não, ela estava sob a influencia de alguém, mas não sabia como provar isto.

Quando Dumbledore chegou na sala, meia hora mais tarde, seu semblante extraiu de Hermione suas últimas esperanças de que Gina estivesse bem.

- Infelizmente, Srta. Granger. Não tenho boas notícias – Dumbledore disse-lhe, encarando-a por cima de seus oclinhos de meia-lua. – Gina Weasley não resistiu ao ataque, nem Madame Pomfrey conseguiu salva-la.

Hermione desabou na poltrona sem conseguir exprimir nem uma lágrima tal era seu choque.

Dumbledore deu a volta na escrivaninha para sentar-se à sua frente. Mas ele parecia igualmente cansado e derrotado.

- Isto será difícil para ambos, Srta. Granger, mas preciso chamar o ministro da magia que dará seqüência a uma serie de investigações para aprisionar o culpado do assassinato da Srta. Weasley. Não sei o que aconteceu, mas parece-me que seus companheiros, inclusive seus amigos íntimos Rony e Harry, estão dizendo que foi a srta quem produziu a maldição imperdoável. Agora, eu gostaria de saber a verdade de seus próprios lábios. Sei que a senhorita não machucaria seu próximo sem uma boa explicação, prometo ser condescendente, mas agora preciso escutar esta boa explicação.

Hermione abriu a boca mas não conseguiu falar nada. Dumbledore serviu-lhe um copo de água e somente alguns minutos depois foi que conseguiu proferir alguma palavra.

- E-eu não sei exatamente o que aconteceu, professor Dumbledore. Eu jamais faria aquilo com Gina. Eu tive um pesadelo e no meu sonho eu produzi a maldição, mas jamais faria isto em plena consciência. O senhor acha que eu posso estar sob a influencia de Voldemort como o Harry ano passado quando Sirius...

- Não acredito nisto, Srta. Granger, embora sua explicação sugira isto. A legitimencia só se dá quando o legitimentado esta perto de seu atacante e não há ninguém na torre da grifinória que seja capaz de fazer tal coisa.

- Mas Harry e Voldemort...

- Harry e Voldemort tem uma ligação mística muito forte, Srta Granger, como a senhoria bem sabe, a maldição que Voldemort executou em Harry quando este era apenas um bebe criou esta ligação por vezes amaldiçoada, mas este não é o seu caso.

Hermione não conseguia acreditar no que estava acontecendo. O tom de Dumbledore, sempre tranqüilo e bondoso, sugeria agora desconfiança e rigidez. Sua sorte não poderia ser pior, pois Dumbledore era sua única esperança. Se ele não acreditava em sua versão dos fatos, ninguém mais acreditaria.

- Por favor, professor. Eu juro que não fiz aquilo por querer, eu não sei exatamente o que aconteceu... por favor...

Hermione não conteve as lágrimas, quando ela pensou que nada poderia dar errado em sua vida depois da morte de seus pais, agora ela se via como uma assassina e o pior, de alguém que amava muito. Não queria pensar na Sra. Weasley quando soubesse que ela assassinara sua única filha. Não suportava pensar em todo o pesar que causaria à família de Rony.

- Acalme-se, Srta. Granger – disse Dumbledore, com um semblante ainda mais preocupado e cansado. - Certamente o ministro há de ser complacente. A senhorita tem passado por uma terrível pressão depois do assassinato de seus pais. Todos levarão isto em conta. No final, tudo dará certo.

Era o que Hermione esperava, mas o pior havia apenas começado.

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