Capítulo terceiro



Meu natal com Potter


Capítulo terceiro.


 


Eu estava penteando meu cabelo, quando Alice começou. Ela me perguntou se eu achava que ela ficava melhor num vestido vermelho ou lilás. Disse que preferia vermelho.


- Mas você não acha o vermelho obvio demais? Já que é um baile de natal? – Olhei para ela passando a informação de que nada era obvio demais para mim sobre este assunto, especialmente antes do café da manhã. – Certo eu visto as duas cores e você e Frank me ajudam a escolher.


- Infelizmente, não serei a vela ambulante de vocês desta vez. – Ela me olhou curiosa. – Vou fazer minhas compras de natal com Potter, assim você pode namorar o Frank à vontade.


É claro que não mencionei o fato de que eles já me pareciam bem à vontade, mesmo em minha companhia. Voltei a me concentrar em pentear meus cabelos, quando Alice ficou de costas para mexer em sua mala.


- Use esta blusa aqui...- Olhei pelo espelho Alice estendendo uma malha branca, realmente linda. Olhei para minha própria roupa preocupada com o fato de estar parecendo uma mendiga ou algo assim. Felizmente estava apresentável. – Vamos Lily, você tem de estar bem bonita...para o James.


Certo. Compreendi.


- Não Alice, isto não é um encontro...Ele só vai me ajudar com as compras de natal...Não teria nada menos romântico...


-Chame como quiser chamar, Lily. – Alice estava usando seu tom impaciente e imperativo.- Mas vista esta blusa... quem sabe ele não te chame para o baile hoje.


Certo, ia começar novamente. Toda vez que tínhamos um baile em Hogwarts vinha junto aquela baboseira de convite. No dia do baile iam estar todos lá mesmo, certo? Dumbledore não nos convidou? Por que outra pessoa do sexo masculino precisava nos convidar?


No entanto, senti meu estômago revirar com a possibilidade de Potter me convidar. Não compreendi muito bem o porquê.


Vesti a blusa, não estava bem para começar a discutir com Alice. Logo depois descemos e fomos nos encontrar com os meninos na mesa da Grifinória para o café da manhã.


Percebi enquanto deliciava meu pão que muitas pessoas já haviam voltado de suas casas. E quanto a comemoração de natal estar ligada a família? O que um baile não faz! Acho que verbalizei a última frase sem perceber.


-Mais coisas do que você pensa, Lily...- Sirius piscou para mim. Hoje eu me sentei ao lado de Alice tentando escapar de seus comentários nada inocentes, mas ele e James fizeram questão de sentarem a minha frente. – Me passe o açúcar...


Peguei o açúcar e lhe entreguei sem lhe dizer palavra alguma. Sei que era inútil tentar explicar a Sirius que ele agira mal no dia anterior, são anos de má educação.


- Então, Lily, James estava me dizendo que você vai alugá-lo hoje...-Olhei para a Potter que estava entretido em uma conversa com Frank e Remus. Alice os ouvia atentamente. Continuei apenas comendo. – Não que ele tenha se importado, claro, mas é que eu precisava dele também para reabastecermos nossos estoques...


Continuei muda. Não sabia o que Sirius pretendia, mas não ia cair novamente.


-James...- ele chamou a atenção de Potter ao seu lado. – Lily disse que não tem problema...ela nos ajuda com o reabastecimento...


- Eu...- ia negar é claro, mas James sorriu. E eu fiquei paralisada.


-Ótimo! Então depois de fazer suas compras de Natal nos encontramos com Sirius para ir a Zonko’s. – Fiz que sim e percebi que Sirius ria de mim enquanto comia seu pão.


Parece que ficar sem falar com Sirius não estava adiantando. Tinha que começar a pensar em algo a altura para me vingar, mas no momento não vinha nada a cabeça.


Finalmente chegamos a Hogsmead. James me perguntou o que exatamente eu pretendia comprar, sorri para ele entregando uma lista enorme de pessoas. Ele quis ajudar, certo? O dia não ia ser fácil.


-Para Alice você pode dar algo da dedos de mel...- Potter sugeriu. – Não dá para comprar uma roupa, sem saber se ela já não o fez...


Ele estava certo. Todos esses anos dava exatamente a bota que Alice já houvera comprado e ela sempre tinha de trocar. Ei, deve ser por isso que ele faz tanto sucesso com as mulheres. Além de todo o resto, claro.


Acabei arranjando na dedos de mel presentes para toda a minha família. Um chocolate que explodia assim que você dava a primeira mordida, lambuzando todo o rosto, especialmente para Petúnia. James sugeriu que eu levasse um para Valter também, mas não ia gastar meus galeões com esta criatura.


Assim que avistamos a prateleira de jujubas, que ficava perto do caixa, vi os olhos de James brilhando. Haviam centenas de tipos diferentes, ele foi em direção a um saquinho em que dizia que as jujubas teriam o gosto da coisa em que estivesse pensando.


- Sabe quanto tempo estou esperando...- Potter me dizia enquanto pegava um saquinho. Bati em sua mão fazendo-o deixar as jujubas exatamente onde estavam.


- Não me diga que gosta disso...- Fiz uma careta, ele ainda me olhava como se eu fosse uma louca. – Pense bem, além de jujuba ser o doce mais sem graça que eu já conheci, e se você estiver pensando em....fezes de pombo ?


Minhas últimas palavras tiveram o efeito desejado. Ele fez uma cara de nojo e foi em direção a fila para pagarmos. Disfarcei e coloquei algumas na minha sexta. Se James era próximo de mim o suficiente para me ajudar com as compras de natal, também havia de ser para que eu desse um presente de natal. E se não aproveitasse esta chance, teria de apelar para Sirius e perguntar o que mais James gostaria de ganhar. Pensando bem, esta não era uma opção.


Quando finalmente chegamos às ruas de Hogsmead percebi como o povoado estava cheio. Odeio andar no meio de multidões e também notei que começara a nevar enquanto estávamos na dedos de mel. Parei de andar instantaneamente.


- Nós podíamos voltar para Hogwarts agora? – Virei para encarar James. Ele ria do meu pânico.


-Até poderíamos fazer isto, mas acho que ainda temos de passar no correio para enviar os presentes...- O ruim é que ele estava certo...Eu não era papai Noel para ter um trenó e passar em todas as casas com meus presentes antes do natal. Olhei de lado para o correio, e vi que a fila já estava do lado de fora. Suspirei enquanto flocos de neves ficavam presos no topo de minha cabeça. – Vamos comer alguma coisa antes...


Consegui esboçar um sorriso e então Potter passou o braço pelos meus ombros me conduzindo no meio da multidão. Não sei bem ao certo o que aconteceu, mas de repente eu me sentia bem novamente. Não me lembro de nosso percurso até o três vassouras, só fui trazida novamente para a realidade, quando ouvi a voz de Sirius.


- Ei, Pontas...- ele gritou. Ainda não entendo os apelidos que os marotos costumam se chamar, mas certamente de pessoas que se auto-intitulam marotos você pode esperar qualquer coisa. A imagem do Três vassouras completamente lotado entrou em foco, assim que James tirou o braço de meus ombros e pegou minha mão me puxando para nos sentarmos com Sirius e Remus.Acho que era o cheiro dele que me deixava daquela maneira.


Enquanto nos sentávamos e os três começavam uma conversa sobre qualquer coisa sobre a qual não prestei atenção, eu avaliava Potter. Por um momento me passou pela cabeça que ele tivesse borrifado alguma droga ao invés de perfume, pois esta seria uma boa explicação. No entanto, quando ele se virou para mim com aquele sorriso enorme, descobri que confiava nele.


-Certo...- Ele parou de sorrir para mim e virou-se para Madame Rosmerta, que sabe-se lá há quanto tempo estava ao lado de nossa mesa.-Pode trazer uma cerveja amanteigada pra ela também...


-Traga também uma porção de batatas fritas com queijo, por favor.- Consegui pronunciar, evitando sempre olhar para Sirius.


- Conseguiu fazer suas compras, Lily?- Remus me perguntou com seu jeito educado. Ele e Sirius já estavam comendo.


- De forma incrível...-Falei empolgada.- Só gastei uma manhã fazendo isto...


- Com a minha ajuda fica incrivelmente fácil mesmo. – James falou cheio de si.


-  Fica fácil quando se vem às compras mais vezes no ano, que os alunos de Hogwarts vão nos seus sete anos como estudantes. - Sabia que ele estava brincando, mas era inevitável responder. Ele apenas riu. – Mas de fato a ajuda de James foi fundamental.


Sei que não deveria ter dito isto. Não na frente de Sirius, ou para James que com certeza não precisa de ninguém dizendo o quanto ele é fundamental no mundo. Mas era a verdade e eu ainda estava sob o efeito da droga que Potter misturou em seu perfume.


- Nós já imaginávamos...- Comentou Remus, roubando uma de minhas batatas que haviam acabado de chegar.


- Ei Pontas...- Sirius começou a falar e eu gelei.- Espero que tenha dado a dica certa sobre o meu presente...


Certo até eu ri da prepotência dele. Eu havia comprado um chocolate para ele, mas ele realmente não merecia nem uma formiga.


Então os três começaram a conversar sobre alguma coisa em código. Com toda certeza era o próximo plano, já os vi falando assim algumas vezes e pelo que captei estão bolando algo inacreditável para nossa festa de formatura em julho. Talvez seja só minha intuição. Ou realmente esteja andando tempo demais com os marotos.


 - Primeiro, eu e a Lily temos que ir nos correios pra enviar os presentes dela...- James me chamou de volta a realidade com esta frase, pois momentos antes avistei uma mesa perto da minha. Uma menina olha fixamente para Sirius. E eu a observava. Até ele tinha seu ponto fraco. Seria ela a menina com quem ele estava saindo?


Os três olhavam pra mim aguardando uma resposta, ou algo assim. – Vou com James nos correios e vocês adiantem as compras nas Zoncos, tanta gente está me deixando atordoada.


Todos pareceram satisfeitos com a minha resolução. Até mesmo Sirius, que aliás, vi lançar um olhar para a menina. Não estava me lembrando o nome dela.


 James carregava minhas sacolas de compras, enquanto eu praguejava contra o mundo capitalista em que vivemos.  Poderíamos fazer nossos presentes ao invés de comprá-los. Combinei que era este meu plano para o próximo Natal. James apenas ria de minhas teorias, e às vezes concordava em tom meio irônico com meus ideais de que se deve sempre evitar uma multidão.


A fila dos correios estava menor, mas não suficiente para eu não suspirar a cada minuto com a demora. Odeio filas, não fui presenteada com a virtude da paciência. James me entretinha contando histórias sobre natais passados. Aparentemente esta também era a primeira vez que comemorava a data em Hogwarts.


A Mansão dos Potter, acredite mansão é o termo apropriado, ele tem uma quadra de quadribol em um de seus jardins, parece que todo ano faz uma festança. Muitos convidados, música, familiares bêbados e felizes. Cada história mais interessante que a outra. Muitas envolvendo os outros marotos.


- Daria tudo pra ver o Sirius escalando a arvore de natal...- Comentei rindo da última história.


- Se você der uns galeões a ele... provavelmente ele escala a de Hogwarts também... – Ele falou serio demais. De Sirius eu realmente não duvidava de nada. – Mas, por favor, me avise antes se isto for acontecer.... teria que arranjar um jeito de chamar mais atenção do que ele...


Sabia que ele estava me  tirando uma com a minha cara. Nos nossos tempos de berros, eu sempre o acusava de egocentrismo, narcisismo e de querer ser o centro das atenções. James, claro, sempre faz piada disso. Acontece que ele realmente gosta de ficar em evidência, mas descobri que ele não precisa provocar isso, ele simplesmente ama a fama. E apesar de eu estar errada sobre o egocentrismo, James é o narcisista mais adorável que já conheci.


- Por que você resolveu passar o Natal em Hogwarts? – Isso realmente era um mistério para mim. Afinal a mansão dos Potter parecia muito mais animada.


Ele passou a mão pelos cabelos. Por um segundo pensei que poderia ser por minha causa. É as vezes também acho que o mundo gira ao meu redor. Mas ele não teve tempo de responder, finalmente chegou nossa vez de sermos atendidos e o balconista do Correio nos interrompeu.


Quando caminhávamos para a Zonco’s nevava ainda mais. Com minha toca e cachecol, ainda sim estava morrendo de frio. James então fez de novo aquele negócio de passar o braço pelos meus ombros. O frio continuava, mas o cheiro dele me anestesiava. Se morresse congelada, certamente morreria feliz.


Foi um alivio quando chegamos a loja. O ar estava magicamente aquecido. James tirou o braço de meu ombro e automaticamente pegou a minha mão. Fomos andando entre as prateleiras cheias de bombas de bosta e afins a procura de Sirius e Remus. Será que Alice estava certa? Aquilo era um encontro? Por que estava andando de mãos dadas com Potter? Por que eu n conseguia tirar minha mão da dele?


Comecei a ficar nervosa. Se eu estava mesmo num encontro com James, poderia haver um beijo e um pedido para ir ao baile. E só Merlin sabe como eu não estava em condições de resistir a nada daquilo. Comecei tentar  voltar para a realidade. James deve ter me dado a mão com medo de que eu me perdesse no meio da multidão. Afinal a Zonco’s pode ser muito grande para pessoas sem senso de direção como eu.


- E então Lily? – Sai de meus pensamentos. Pelo visto, Remus e Sirius estavam falando comigo e com Potter fazia tempo. E eu não fazia idéia do que eles falavam. Sirius tinha uma cesta cheia e Remus também.


- Pra que tudo isso? – Estava bem consciente que ainda estava de mãos dadas com James. Mas começava a recuperar minha vida pensante. – Estão pretendendo o que? Explodir Hogwarts?


- Não seria má idéia...- Começou James me lançando um sorriso.


- Exatamente... Hogwats sem os Marotos seria um tédio...- Sirius não parecia estar brincando.


- Podemos dizer que a idéia foi de Lily? – Remus indagou a James que assentiu com a cabeça. – Então estou dentro...


- Realmente muito engraçado...- Eles estavam rindo. Em outros tempos eu não duvidaria que realmente colocariam o castelo a baixo e depois deixariam uma carta falando que fui a musa inspiradora deles. Mas hoje, sei que eles são loucos, mas não tanto.


James teve de largar a minha mão para ajudar na escolha de mais mercadorias. Dava para ver que ele e Sirius estavam discordando quanto a quantidade de bombas de bostas necessárias para algo. Remus se solidarizou comigo e tentou traduzir as discussões deles. Parece que o número de galeões gastos com bombas de botas é sempre uma discordância entre os dois.


O dono da loja apertou a mão dos três antes de entregar o embrulho para eles. Realmente acho que os marotos devem ser os clientes mais fies dessa loja. Cada um dos três saiu carregado de sacolas e o frio já havia melhorado, no entanto já anoitecia. Apesar de exausta a caminhada até Hogwarts foi repleta de risadas.


Encontrei Alice no salão comunal. Ela parecia muito feliz com suas compras. Queria me mostrar o vestido que comprara para o baile. Frank avisou que ia para o quarto, pois estava morto de sono. Sentei-me ao lado de minha melhor amiga e deixei que ela me mostrasse suas compras.


Os marotos subiram para guardar suas compras no dormitório. Fui tirando minha bota enquanto Alice me falava sobre o presente que comprara para a mãe de Frank, parece que ela ama chapéus. Ela comprou o presente de Frank, sem que ele soubesse que era pra ele. Na verdade tenho certeza que Frank sabe, mas fingiu não saber para agradá-la.


James roubou minha atenção quando sentou-se a nossa frente, já sem o agasalho. Alice resolveu mostrar pra ele também suas compras e contar sobre os presentes que irá dar para a família de Frank. Potter a ouviu gentilmente, com a maior paciência do mundo.


Foi quando percebi que estava desejando que Alice saísse dali e me deixasse sozinha com James. Aquilo estava ficando potencialmente perigoso. Levantei e peguei minhas botas.


- Gente, sinto muito, preciso de uma noite de sono imediatamente. – Alice e James também se levantaram. – Muito obrigada pela ajuda, James.


Alice começou a empilhar todas as suas compras e fazê-las flutuar em direção ao dormitório. Ela nos deu um boa noite atrapalhado e começou a subir as escadas dando pulinhos. James ria dela quando voltei a prestar atenção nele.


- Eu que agradeço, Lily. – Se inclinou e me beijou no rosto. Definitivamente aquilo não era um encontro. Mas então por que meu coração estava disparado? – Foi um dia muito divertido...


- Fico feliz de fazer papel de palhaça para vocês...- falei em falso tom de indignação. Ele apenas riu. – Boa noite!


-Lily, é...- eu me virei do topo da escada. Ele bagunçou mais um pouco o cabelo. Estava começando a dar vontade de eu mesma bagunçar o cabelo dele. – Boa noite.


Sorri. Eu esperava o que? Um convite para o Baile? Entrei no dormitório e me joguei na cama sem nem mesmo trocar de roupa- Alice ocupava o banheiro-, não precisei esperar nem um minuto para dormir profundamente.


 


Nota da autora:


Oie gente! Eu vou postar conforme for tendo comentário. Gostaram do passeio a Hogsmead?


Ana Paula B Potter : Fiquei muito feliz que vc tenha gostado! Espero que continue gostando. E se eu não fosse uma reles trouxe, ia sonhar com Hogwarts noite e dia até meus 11 anos de idade. Muito obrigada e beijinhos infinitos.


Bjs gente, muito obrigada!

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