O Peão do Sacrifício



N/A: Está no ar mais um cap. E que cap, diga-se de passagem...
       Foi complicado escrever o encontro entre os meus dois POs preferidos. Só ficaria melhor se a Ella aparecesse no meio também... Mas gostei bastante do resultado final. Abre espaço para especulaçao, e é esse o clima que quero deixar neste fim de ano. Gente, eu sinto muito, mas só tem cap novo em 2012.
        Vocês vão perceber que a mae de Willian é muito mais relevante para o enredo do que parecia. Ela é MUITO importante. E o Willian é MUITO mais sacana do que parece. Se é que isso é possível.
        Mas não posso falar muito, já que não quero quebrar o suspense. Mas as coisas tendem a ficar cada vez mais tensas. *risada maléfica*
        Hehe.
        Outra coisa: Willian é italiano. Não é relevante para o enredo, de nenhuma forma, mas eu sempre imaginei Willian como sendo italiano. Não sei, talvez porque sua personalidade me lembre muito a um mafioso... A frase em itálico que ele fala para Hans, logo no fim do cap, significa " a família é sagrada" (la famiglia è sacra). Vcs vão dizer, mas ora, o que é isso, Kenbril nao é um sobrenome italiano. Pois é. Tem coisa aí também :) Ele não é nada, absolutamente nada do que parece ser.
        Bom, vocês já sabem: cometários, votos, emails, xingos, pedras, é tudo muito bem vindo. O que eu quero mesmo é reação. Mas não estou em clima de passar sermão, não. Afinal, é Natal
         Enfim, eu desejo para todos vcs um ótimo Natal, um Ano-Novo maravilhoso, com muita paz, amor, prosperidade, amizade, ou seja, tudo de bom. Para os leitores novos que aparecem todos os dias, para os velhos conhecidos, aqueles que comentam sempre, para os esporádicos, os que votam, ou aqueles que apenas leem: que 2012 seja um ano brilhante para todos nós!

   Um grande beijo, e até 2012! (como se fosse demorar tanto assim. Hehe)

  Giovanna de Paula


Capítulo 45


 


      Willian jogou-se em um salto ágil para trás do sofá, menos de uma fração de segundo antes das chamas incendiarem o local que encontrava-se em pé. Respirou fundo, avaliando suas possibilidades. Conseguira ter um rápido vislumbre de seu agressor: era idoso, fraco e catatônico. Sorriu. Aquilo iria ser muito fácil.


        Levantou-se de súbito e lançou um feitiço contra ele, que habilmente defendeu. Não pareceu esforçar-se muito para isso. Imediatamente, o velho revidou com uma saraivada de raios, muitos dos quais verdes. Willian defendia-se utilizando tanto a varinha quanto a mão livre. O garoto domina a técnica, pensou Hans, levemente satisfeito. Detestava adversários fáceis demais.


         Com um gesto amplo, Hans conjurou uma imensa cobra, utilizando-se do fogo que ainda ardia controladamente a suas costas. Sorrindo, atiçou-a em direção a Willian, que por sua vez apontou a varinha o encanamento que cruzava o teto e formou um escudo de água. Uma figura seria muito mais eficiente para combater a cobra, mas ele parecia preferir manter o escudo d’água ao invés. Hans, perspicaz por natureza, percebeu que isso revelava um anseio de revelar sua verdadeira personalidade. Qualquer coisa, até mesmo uma figura no meio de uma batalha como aquela, era capaz de dizer muito sobre uma pessoa.


          Sem hesitar, o bruxo movimentou a varinha e fez com que a cobra partisse para o bote. Subitamente dando-se conta que sua proteção era fraca demais, Willian saltou de volta para trás do sofá, salvando-se novamente por milímetros. Aquilo o estava irritando. Ágil, Hans lançou outra seqüencia perfeita de feitiços contra o rapaz. Contudo, desta vez Willian estava adequadamente preparado. Descrevendo um circulo ao redor do próprio corpo, e agachando-se em posição concentrada logo em seguida, ele liberou parte de seu poder de maneira surpreendentemente controlada, fazendo a saraivada de feitiços reduzir-se a nada mais que insignificantes focos de luz.


         A frase “quem manda” me ocorre, agora, pensou Willian, cheio de si. Hans, por outro lado, não parecia nem um pouco irritado. Pelo contrário, sua expressão era satisfeita. O loiro franziu as sobrancelhas, imaginando uma maneira de escapar. Ou matá-lo, completou. Contudo, sabia que era pouco prudente. Reviu mentalmente suas opções: eram escassas. A única janela estava no quarto, e para chegar até lá precisaria das as costas ao bruxo. O fogo bloqueava a porta, e partir alguma parade estava fora de cogitação. Não seria difícil, afinal eram de papel. Porém, todas davam para um outro apartamento, coisa que só complicaria sua já precária situação.


          Mirou a bolsa que deixara em cima do sofá. Se ao menos pudesse alcançá-la... Era sua melhor opção. Descreveu um semi-círculo com a varinha, lançando uma corrente de vento em direção ao bruxo, que deveria distraí-lo. E saltou para apanhá-la.


          Hans, entretanto, estava muito mais atento do que aparentava. Repeliu a corrente de ar, e utilizou-se do fogo para formar um jato de chamas. Willian soltou um grito e recuou, surpreso. Ágil como era sua característica, lançou outra sequencia de feitiços, e a varinha do inimigo escapou de suas mãos, ao mesmo tempo que ele era arremessado duramente contra a parede.


         O caçador sorriu e cruzou sem pressa o apartamento, recolhendo a varinha do chão. Sabia que isso não lhe dava poder algum diante do bruxo, uma vez que ele claramente não precisava efetivamente de uma, mas era interessante observar a cara surpresa de Willian frente à derrota.


         - Você é muito confiante de si, garoto. Concordo, você é bom. Mas você tem que admitir que eu também sou – disse Hans, sorrindo – Willian Kenbril. É um prazer finalmente conhecê-lo.


         - Receio não poder dizer o mesmo – respondeu Willian, petulante – Quem é você?


        - Ora, achei que você nunca me daria a chance de me apresentar propriamente. Hans Müller, garoto. Levante-se – ordenou, apontando ambas as varinhas para o peito do rapaz. Ele obedeceu.


         - Foi o Lorde das Trevas que te mandou, certo? Por experiência, eu suspeitaria de Dumbledore, mas duvido que ele se envolva com esse tipo de gente. Além do mais, matar-me não é de seu interesse.


         - Perspicaz, porém óbvio. Não duvido de sua inteligência, mas confesso que está me decepcionando. Achei que seu poder de dedução estaria um pouco mais a frente. Porque qualquer um é capaz de dizer óbvio, mas poucos são capazes de fazer com que o óbvio pareça inusitado. Por exemplo. Não há livros nas estantes, comida na dispensa e, até onde posso ver, roupas além das que leva em sua mochila. Logo, posso concluir que este local é provisório. Por conseqüência, consigo deduzir que você é ou um mochileiro ou um fugitivo. Mas você não é um mochileiro, certo?


             Willian fitou-o com desprezo. Por trás de seu semblante calmo, sua mente estava a mil. Müller arrastava levemente a perna esquerda. Provável deslocamento de patela. Era de uma certa idade, e Willian podia contar com as estatísticas ao supor que tinha algum grau de osteoporose. Seus dentes, muito brancos, eram originais. Deviam ser, portanto, muito fracos. Dessa maneira, começava a arquitetar uma forma de fugir.


          - É claro que não – respondeu o loiro.


           - É claro que não – repetiu – Viu como soou inteligente? Nada dá mais margem para divagações do que o óbvio. E ninguém fala mais do que aquele que não entende nada do assunto. – concluiu, pensativo – Minha missão aqui é rápida, porém minha curiosidade é mais forte. Em que sua morte favorece meu mestre?


           - A curiosidade matou o gato – respondeu.


           - Felizmente para nós dois, também tenho sete vidas. Não vai me dizer? – murmurou, a expressão tornando-se muito séria. Ergueu a varinha – Crucio!


           A maldição atingiu o loiro no meio do peito, com uma força surpreendente. Imediatamente, Willian arqueou o tronco para frente, soltando um grito sentido de dor. Hans fez questão de manter o feitiço por quase um minuto, deliciando-se com o jovem contorcendo-se aos seus pés. Willian, apesar de muito bem-treinado a resistir a aquele tipo de maldição, jamais havia visto poder igual. Era forte demais para ele combater. Quando estava a beira da inconsciência, Hans interrompeu a tortura.


             - Que tal agora? – perguntou o carrasco. Willian ergueu um olhar desafiador.


            Hans respirou fundo. Garoto teimoso ,pensou. Passou os olhos com mais cuidado pelo apartamento. Sua atenção pousou sobre o único retrato da sala. Com um gesto da varinha, o quadro veio para em sua mão. Observou-o. Era uma foto bruxa de uma mulher loira, muito bonita. E muito jovem. Intrigado, disse:


             - Sua mãe era muito bonita. E eu digo era porque, bem, pela idade dessa foto, ela deve estar morta.


              - Como você sabe que é a minha mãe?


             - Veja bem... vocês dois tem a mesma marca de nascença no queixo. Isso só é possível em relações genéticas diretas. No caso, mãe e filho ou irmãos. Mas eu pesquisei um pouco sobre você, e sei que é filho único. Logo... quantos anos, exatamente, tem essa foto?


               - Dezessete – respondeu Willian com simplicidade, incomodado por sua falta de privacidade. Tinha de estar no controle, e não admitia que fosse rendido por ninguém. Nunca.


              - Dezessete? – exclamou Hans, surpreso – Você é jovem para não ter mãe hoje. E era ainda mais jovem dezessete anos atrás.


             - Concordo – disse ele – Mas creio que não faz parte de seu trabalho especular.


             - Tem razão. É sempre melhor utilizar-se da eficiência dos feitiços modernos, não? – murmurou Hans, satisfeito. Lhe ocorrera naquele momento um encantamento novo, descoberto há apenas alguns meses por um conhecido seu. Utilizando-se de sua comum perspicácia e eficiência na arte da manipulação alheia, convencera tal colega a fornecê-lo o feitiço. Era, portanto, inédito. Só deveria sair na próxima edição dos livros desse tipo, programada para dali a dois meses. – Memorium revelium imediatus!


                Willian pareceu, pela primeira vez naquela noite, realmente assustado ao ver o raio laranja escapar da varinha do caçador e projetar-se em sua direção. Ele teme muito o desconhecido, conclui Hans. Meio segundo mais tarde, um leve torpor o invadiu, e ele penetrou nas memórias daquele que era, naquele momento, o maior obstáculo no caminho tortuoso do Lorde das Trevas. Estava prestes a descobrir por que.


 


                O jovem Willian Kenbril estava muito concentrado em tomar sua sopa. Sua mãe o observava com um sorriso amável. Apesar de tudo, sua expressão era muito cansada. Estivera examinando alguns papéis, que cobriam toda a mesa. Em certo ponto Willian, mal conseguindo conter a curiosidade, perguntou:


            - Mama, por que a senhora está tão cansada hoje?


            O sorriso da mulher falhou um pouco diante do comentário inesperado. Arrastou a cadeira um pouco mais para perto do filho, acariciando seus cabelos compridos. Você está realmente precisando de um corte, pensou ela.


             - Estou ajudando uma família que está em perigo, figlio mio. – respondeu ela devagar – Há um bruxo muito mau querendo machucá-los, e eu estou fazendo de tudo para não deixar que isso aconteça.


             - Eles são importantes? – questionou o garoto, com sua vozinha infantil.


             - Muito, Willian, muito. No futuro, o filho deles poderá ser um grande homem – murmurou, pensativa – É claro que não tão grande quanto você, meu querido.


             Ele sorriu para a mãe e voltou a comer. Naquele instante, foi ouvida uma batida seca e firme na porta de madeira. A mãe levantou-se, subitamente preocupada. Willian arregalou os olhos quando a viu tirar a varinha das vestes. Ela nunca a usava perto dele.


             Ela teve o intuito de abrir a porta devagar e com cuidado, mas ela foi escancarada rudemente no momento em que ela girou a maçaneta. Foi arremessada para trás e caiu, gemendo de dor. Imediatamente, Willian abandonou sua sopa e escondeu-se embaixo da mesa, oculto pela toalha. A levantou apenas um pouco, e viu dois homens de capa preta adentrarem na casa e arrancarem a varinha das mãos de sua mãe. O ar pareceu congelar quando uma terceira pessoa, descalça e muito branca, passou pela porta.


              Sua mãe pareceu muito assustada ao vê-lo. Os dois homens a seguraram, cada um por um braço, e a forçaram a ficar de pé. Seus joelhos, trêmulos, cederam. Irritado, um dos homens lhe deu um murro no rosto, fazendo seu nariz começar a sangrar.


              Willian teve coragem de espiar o homem que entrara por último apenas por um segundo, mas foi o suficiente. Os olhos ofídicos eram muito vermelhos e cruéis. A capa que usava era diferente das demais: parecia prestes a se desintegrar a qualquer momento. Quando falou, Willian sentiu os pelos de sua nuca se arrepiarem. A voz era fria e isenta de emoção.


              - Eu quero saber onde eles estão.


              - Eu não sei de nada... – sussurrou a mãe, temeroso. Ele esbofetou-a.


             - Agora! – ordenou ele, irritado. – Eu sei que você está os ajudando! Eu sei que você está protegendo os Potter!


               A mulher ergueu um olhar desafiador ao bruxo, respirando fundo. Em seguida, disse:


              - Eu nunca diria nada a você.


             Willian sentiu uma súbita corrente de ar invadir o aposento. Anos mais tarde, concluiria que era o poder do bruxo ondulando. Também descobriria seu verdadeiro nome: Tom Riddle. Mais conhecido como Voldemort.


              Voldemort apontou a varinha para a mulher, ameaçador. Sua respiração falhou alguns compassos quando um jato de luz vermelha a atingiu, certeiro. Imediatamente, ela começou a gritar, em agonia, contorcer-se. Seu corpo cedeu e seu rosto foi de encontro ao chão. Por um segundo, seus olhos se encontraram aos do único filho. Havia compaixão naqueles olhos, mas também havia medo. Muito medo.


              O bruxo encostou a varinha na parte de trás da cabeça dela. Lágrimas corriam livremente por seu rosto belo. Ela sabia o que iria acontecer, e aceitava. Mas rezava para que Willian permanecesse escondido, permanecesse quieto. Rezava para que ele, ao menos, vivesse.


             O jato de luz verde escapou da varinha com rapidez. Willian assistiu, impotente, a expressão de sua mãe congelar a meio caminho de um grito, seus olhos virarem para trás e suas pálpebras caírem, sem forças, sobre as órbitas vazias. Lágrimas instantaneamente escaparam de seus olhos, e ele tapou a boca com a mão para conter um soluço. Até uma criança sabia reconhecer o fim quando lhe era posto em frente ao rosto.


            Sua mãe estava morta. Morta.               


 


            Hans voltou a realidade completamente sem ar. Willian Kenbril... Os Potter... Ouvira falar, realmente, do assassinato de uma das que eram tidas como protetoras do segredo dos Potter. Fora um pouco antes do Lorde Negro encontrá-los, graças a Pedro Pettigrew.


             Aquilo explicava muita coisa.


            O caçador mirou Willian, perplexo. Assustou-se. O rapaz estava imóvel, cabeça pendendo sobre o peito. Uma energia estranha enchia o lugar. Hans podia ver o tórax do loiro subir e descer pesadamente. De repente, seu pescoço enrijeceu-se e ele pode ver seus olhos. Brilhavam de forma ameaçadora. Abriu a boca para falar, e sua voz saiu incrivelmente grave. A voz de um demônio, pensou Willian, e agora você vai pagar.


              - Você, Hans Müller, tem que aprender a não se meter em assuntos familiares. La famiglia è sacra.


            Foi tudo muito rápido. Um feitiço escapou diretamente dos dedos de Willian e arrancou ambas as varinhas de sua mão. No segundo seguinte, ele já estava debruçado sobre a mochila, e de lá tirava outro punhal, gêmeo daquele que usara em Hogwarts. Este, entretanto, era adornado em ouro e rubis. Antes que Hans pudesse entender o que acabara de se passar, Willian cravou o punhal em seu peito, repetidas vezes. O sangue invadiu seus pulmões e ele tossiu, sufocando. Seus joelhos cederam e ele caiu, escorregando pela parede e manchando de sangue o piso claro.


               Levou os dedos aos ferimentos, arquejante. A dor confundia seus sentidos, e o ar não alcançava as células de seu corpo. Sua visão escureceu e sua cabeça tombou molemente sobre o ombro. Uma lágrima escapou de seus olhos e correu por sua face, misturando-se ao sangue que escapava também por sua boca. O tremor em seu corpo cessou e ele não mais se mexeu.


                Willian agachou-se e limpou o punhal na barra da calça do cadáver. Olhou o homem, sem emoção. Patético, pensou, se é esse o tipo de inimigo que deveria me eliminar, estou começando a achar que não me querem morto de verdade. Guardou rapidamente a arma de volta na bolsa e levantou-se, indo em direção a porta. Teria de desaparecer novamente, mas tal perspectiva não o incomodava. Mirou novamente o corpo no chão. Ele levara seu segredo para o túmulo... literalmente.


                Encare isso como um aviso, Tom Riddle, pensou, um principio de sorriso surgindo em seus lábios, estou indo te pegar.

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Comentários (2)

  • Isis Brito

    E eu acertei!! William quer Voldemort morto!! *-*

    2012-05-02
  • Gabriela

    Feeliz natal Giovanna, e um prospero ano novo também ! É incrivel como com o passar dos anos acabo ganhando menos presentes, mas chegar em casa e ver esse capitulo, nossa, foi um presente e tanto ! Isso ajudou a explicar muita coisa, Willian quer vingança, mas não só do Lord, por ter matado sua mãe, mas acho que do Harry também , pq querendo ou não ele foi o grande motivo disso tudo ! Nossa, mal da para esperar por 2012 e um novo capitulo ! Amo muiito sua fic ! UP

    2011-12-24
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