Revelações



    O resto do dia seguiu-se monotonamente tranqüilo. Harry estava tão cansado que precisou levar vários cutucões de Rony, alertando-o para copiar a matéria. Sem que o ruivo percebesse, cochilou na aula de Transfiguração.


      - Potter, acorde! – exclamou a professora Macgonagall, batendo com sua régua de madeira em sua carteira. O moreno deu um salto do assento, sobressaltado. – Não é hora de dormir, por Merlin! Essa matéria vai cair nos N.I.E.Ms, sabia?


        - Desculpe professora – disse, preguiçosamente – Noite ruim.


        - Pois então trate de ir lavar o rosto! – disse ela – E só volte aqui quando estiver completamente acordado!


          Harry suspirou e levantou-se da carteira, indo até o banheiro mais próximo. Tratou de deixar seu rosto vários minutos embaixo da água gelada, mas de pouco coisa adiantou. Mesmo assim, voltou rapidamente para a aula.


 


           À noite, foi dormir bem mais cedo do que de costume. Pretendia praticar um pouco de Oclumência, a fim de evitar sonhos desagradáveis. Porem estava tão exausto que adormeceu no instante em que se deitou.


 


           Estava correndo desesperadamente por um salão espelhado, que não parecia ter fim. Vasculhou os bolsos em busca de sua varinha, mas nada encontrou. Com um assomo de pavor, constatou uma mão em seu ombro.


           - Você tem que tomar cuidado, Harry Potter – sussurrou uma sombra fantasmagórica as suas costas – O inimigo será aquele que menos espera... E colocará em risco seus amigos e aquela que mais lhe importa...


            Harry virou-se em um pulo, e a sombra desapareceu por alguns instantes, vindo a ressurgir no final do corredor. O moreno correu até ele, mas a cada passo a sombra se afastava mais.


            - Cuidado, Harry Potter... Todos são suspeitos... – continuava a sussurrar o vulto, cada vez mais longe. Por mais que o moreno tentasse, não conseguia alcançá-lo. Teve a impressão de estar correndo no mesmo lugar. – Cuidado...


            Mirando-se em um dos espelhos, gritou. Viu seu rosto distorcido, ensangüentado, e em seus braços trêmulos o corpo inerte de Hermione. Baixou temeroso os olhos para os próprios braços, estendidos em direção ao nada. Para sua surpresa, encontrou o corpo de Hermione. Seus olhos estavam abertos e vidrados, e por sua boca um filete de sangue escorria. Caiu de joelhos enquanto sentia as lágrimas quentes rolarem por sua face derrotada. A perdera para sempre...


 


         Gritou e deu um salto da cama, esfregando a cicatriz que formigava dolorosamente. A repentina agitação acordou Rony, que abriu o cortinado de sua cama e exibiu sua face sonolenta, porem preocupada.


          - Cara, o que houve? É a sua cicatriz de novo? – questionou o ruivo, apoiando-se no travesseiro.


        - Meu Deus... Que coisa horrível... – murmurou para si mesmo. Estava tremendo. Com medo.


         - O que foi? Um pesadelo? – disse Rony, levantando-se.


        - Foi... Mas está tudo bem, Rony, volte a dormir – disse Harry, sentindo que a dor na cicatriz diminuía. Mas o pavor isolado em seu peito permanecia, dificultando sua respiração.


           - Harry... Com o que você sonhou? – perguntou ele, sério.


           - Nada... Coisa boba, não se preocupe – mentiu. Aparentemente Rony não se deixou enganar.


            - Nada não te faria tremer de medo – resmungou, sentando-se na cama novamente.


             - Prefiro não falar sobre isso – disse o moreno, sentando-se também – Acho melhor todos voltarmos a dormir, teremos um dia cheio amanhã.


             - Ok – concordou o ruivo de má vontade – Boa noite.


               Voltou a deitar-se, fechando o cortinado em seguida. Fora apenas um pesadelo... mas o assustara de verdade. A mera idéia de perder Hermione já o fazia estremecer. A forma com que isso tinha acontecido... O corpo inerte em seus braços, a sensação de impotência que o dominara, a tristeza avassaladora de estar novamente sozinho...


              Pressionou a cabaça contra o travesseiro, tentando se acalmar para poder dormir. O dia seguinte seria longo, tinha muitas coisas a fazer. E ainda havia a conversa com Dumbledore... Decididamente precisava dormir. Algum tempo depois, vencido pela insistência, acabou por adormecer. Não sonhou mais.


 


             O dia seguinte pareceu ser o exato oposto do anterior. Menos de um minuto pareceu ter se passado desde o momento em que Harry abriu os olhos até quando ele, Hermione e Rony pararam na ante-sala do gabinete que pertencera a Dumbledore, aguardando uma ordem para que entrassem.


              - O que será que ele quer? – questionou Rony, traduzindo em palavras a duvida que todos compartilhavam.


                - Não faço idéia – respondeu o moreno, balançando a cabeça. Hermione concordou com um aceno, não parecendo muito à vontade com a situação. Isso não o surpreendia, e ele preferia ignorar sua presença. Estava fazendo um grande esforço para isso, pois sabia que era preciso. Para se auto-preservar.


               - Entrem – ordenou uma voz que Harry automaticamente reconheceu como sendo a do antigo diretor. Obedeceram prontamente o chamado.


              Por alguns segundos, professor e alunos e olharam, como que em compreensão mútua. Dumbledore pareceu observar atentamente cada um, aparentemente notando algo de errado. Bem, se notou, não disse nada.


            - Bem... Acho que vocês devem estar se perguntando o que quero com esse encontro – começou ele – São assuntos diferentes... Porem relacionados a um único tema. Devo dizer que são coisas que devem ser encaradas com toda a seriedade e maturidade. O assunto é bem sério, como já devem ter presumido. Enfim... Por onde começar? Alguma sugestão, Srta. Granger?


             Harry fitou a morena, intrigado. Por que Dumbledore perguntara a ela por onde começar? Hermione parecia ainda mais aturdida.


             - Ahn... Acho que uma boa idéia seria começarmos do começo, professor – respondeu ela, por fim. Dumbledore sorriu.


             - Sim, sim, claro. O começo é sempre uma boa idéia – disse ele. Harry estava confuso com a situação, mas resolveu voltar a prestar atenção na conversa que se desenrolava. – Vejamos... Harry. Notou alguma presença incomum em seu jogo de Quadribol, ano passado?


             O rapaz franziu a testa, tentando se lembrar. De repente, os acontecimentos voltaram como um flash a sua memória. O sumiço de Willian. O pomo. O homem misterioso.


             - Havia um homem... Observando o jogo. – disse Harry. Com os últimos acontecimentos, tinha se esquecido completamente do ocorrido. – Na época fiquei intrigado... Mas depois surgiram outros problemas, e acabei me esquecendo.


             - Certo. Imaginei que diria isso. As coisas fogem de nossa memória com facilidade, não é mesmo? Bem Harry, lamento realmente ter feito isso sem seu consentimento, e sinto mais ainda se o tiver assustado, devido às circunstancias. Porem... Era necessário. – disse Dumbledore rapidamente, vendo a curiosidade do aluno – Harry, aquele homem é um auror. O chamei para observá-lo durante os treinos e os jogos.


              Então o homem era um auror contratado por Dumbledore. Tinha de confessar que não esperava por isso, mas pensando bem até que não era uma idéia tão absurda assim.  Uma pequena parte de seu cérebro estava furiosa com o ex-diretor, mas Harry tentou ignorá-la.


                - Seu nome é Jason Meyer. É um auror muito experiente, e por isso o escolhi. Você sabe... Durante o Quadribol você fica muito focado no pomo, e talvez seja isso que o faça ser tão bom. Porem, na situação atual, isso apresenta alguns ricos. Então tomei a liberdade de resolver esse pequeno problema por você. – explicou ele, em tom de desculpas – Espero que compreenda minhas intenções.


                  - Claro, professor – disse o moreno – Eu entendo.


                  - Confesso que estou aliviado com isso, Harry – disse Dumbledore – Mas agora... Precisamos tratar de alguns assuntos menos agradáveis. O Sr. Weasley está a par dos acontecimentos? Quero dizer, ele sabe do que vocês dois descobriram nas masmorras?


                  Harry e Hermione balançaram negativamente a cabeça, e o ruivo fez cara de confuso. Mas a mente do rapaz já estava longe dali. Será que Dumbledore descobriu o que era aquele espelho? Pensou Harry, intrigado. Após Dumbledore explicar resumidamente o que o casal tinha descoberto, partiu para a tão esperada conclusão do acontecimento.


                   - Bem... É com tristeza que informo que o palpite da Srta. Granger estava certo. Aquele espelho é uma forma de comunicação direta com Voldemort, caso ele tenha o par. O objeto também é capaz de fazer tudo que tinham presumido: ao arranhar a face do espelho, ou melhor, escrever nele, a mensagem em questão é transmitida para a pessoa a quem é destinada. E, alem disso, com a ajuda de um feitiço simples, o espelho consegue transformar as palavras escritas sobre ele em vozes. Detalhe: o espelho é um objeto audacioso. Ele sempre transmite a mensagem na voz de quem o destinatário mais teme. – disse o velho, em tom de segredo.


                   O trio encarou o ex-diretor com ar de espanto. A situação era decididamente grave. E Snape era com certeza um traidor. Voldemort sabe de tudo que acontece em Hogwarts, por meio de Snape. Isso facilitava muito os planos do Lorde Negro. A escola estava ameaçada.


                   - Professor – disse Hermione, com a voz fraca pelo espanto – Voldemort esteve em silencio todo esse tempo. O senhor acha que é possível que ele esteja arquitetando um plano? Ele tem ajuda interna, não seria tão difícil planejar uma invasão.


                  - Hermione – disse Dumbledore, sério. Ela se surpreendeu por ser chamada pelo nome – O problema é exatamente esse. Temos um possível espião dentro de nossa própria fortaleza. A vida de todos está ameaçada. Estamos nos apressando para localizar a ultima Horcrux, para que possamos nos preparar para uma invasão. E você, Harry... Tem que estar pronto. (N/A: No meio da história, que beleza! Descosiderem as sete Horcrux relatadas no livro seis. Há apenas a faca de Morfino e a cobra, alem do proprio Voldemort.A fic ficaria mto longa se eu resolvesse colocar todas) 


                  Harry sentiu o peso do mundo se descarregar em suas costas. A profecia estava sendo cumprida. Um não poderá viver enquanto o outro sobreviver. Ou ele seria o assassino, ou o assassinado. O que mais o incomodava realmente era que ele não se sentia pronto. Não estava confiante com relação à batalha. Não sabia se seria capaz de vencer.


                   - Senhor... Será que agora, que descobrimos o que está havendo, não seria possível... evitar? – perguntou Rony, esperançoso.


                   - É inevitável. Mesmo tendo descoberto o que está havendo, Voldemort já deve ter informações mais do que suficientes. Se tenho uma certeza na vida, é que esse castelo será, muito em breve, palco de uma batalha – disse ele sombriamente. Harry estremeceu. – E Severo Snape não será o único culpado.


                   - Como assim? – deixou escapar Hermione, parecendo nervosa.


                  - Veja bem. Severo é um espião, mas não é o único – disse Dumbledore, surpreendendo a todos novamente – Ele não conseguiria sozinho todas as informações. Há mais alguém, uma pessoa mais próxima de vocês. O problema é que não temos idéia de quem.


                   Um silencio pesado reinou a seguir. Snape não é o único. Há mais alguém. Mas quem? Se Dumbledore não tinha idéia de quem fosse, essa pessoa estaria muito bem disfarçada. Oculta, por trás dos panos.  Uma grande ameaça.


                 Com um estalo, lembrou-se do sonho que tivera. O inimigo será aquele que menos espera, e colocará a vida de todos e daquele que mais ama em perigo... Agora todo fazia sentido. O que teria sido aquilo? Um aviso?


                 - Devo perguntar: algum de vocês tem suspeitas de quem seja? – perguntou Dumbledore pausadamente. Harry e Rony negaram automaticamente. Apenas Hermione pareceu hesitar por um instante. Seus lábios tremeram e ela ficou lívida.


                 - Não sei, professor – disse ela, por fim.


                 - Pois bem. Sendo assim, devo reforçar que não comentem essa conversa com ninguém. Todos são suspeitos. – aconselhou Dumbledore. O trio se entreolhou, preocupado. – Ora, ora, vejo que já está tarde. Acho melhor vocês irem. Fique apenas você, Harry, quero lhe perguntar uma coisa.


                  O moreno assentiu para o professor e permaneceu em seu lugar. Rony murmurou um “Te espero lá fora” antes de sair, e Hermione lhe dirigiu um olhar preocupado antes de seguir o ruivo. Harry procurou ignorar.


                   - E então, professor? – perguntou ele.


                   - Harry, eu sei que isso deve estar pesando em você. Mas não se preocupe. Tudo dará certo, pode acreditar – disse o ex-diretor. Ver Dumbledore falando daquela forma com ele o deixou intrigado. O homem se dirigiu a ele não como um aluno, mas como amigo. – Mudando para assuntos mais agradáveis... Notei que a Srta. Granger está usando o colar que foi de sua mãe. Foi um presente adequado, eu espero?


                  O estomago de Harry deu um nó. Se Dumbledore sequer imaginasse o que estava acontecendo... Apesar de tudo, decidiu manter sigilo.


                  - Sem duvida, professor. Ela adorou – respondeu o moreno, tentando parecer convincente.


                 - Ótimo. Bom, era apenas isso que tinha para falar – concluiu Dumbledore. – Boa-noite.


                Ao sair, Harry encontrou Rony esperando-o, como disse que faria. O ruivo imediatamente quis saber o que eles tinham conversado, e ele alegou que não era nada demais. Seguiram juntos para o salão comunal.        


 


               Subiram direto para o dormitório. Harry, cansado, foi imediatamente para a cama. Poucos instantes antes dele fechar o cortinado, Rony disse:


              - Você não pode ficar assim. Principalmente agora, com toda essa confusão. Eu sei que é difícil, as esqueça a Hermione. No sábado vamos arranjar alguém para você.


                 - Não precisa Rony. Estou bem, pode crer – respondeu Harry. Ele não pareceu se convencer.


                 - Não, você não está. Vamos e ponto final. Te arrasto até lá, se for preciso – argumentou o ruivo. Harry negou novamente.


                 A discução seguiu por mais alguns minutos, até que Harry, vencido pela exaustão, acabou cedendo. Talvez não seja uma idéia tão ruim, pensou ele. Estava precisando se distrair, não era verdade?             

N/A: Taí, um cap novinho e chaio de surpresas! Usei e abusei do Itálico dessa vez, e não me perguntem por que. Deu vontade e ponto.
         Demorei porque esse cap preisava ter mtos detalhes, para que todo mundo entendesse. Acho que chaguei ao meu objetivo. Bem, qualquer duvida, sintam-se a vontade para entrar em contato por e-mail ou deixando seu comentário. Você é que escolhe.
        Olha só pessoal, fiz uma stimativa rápida e descobri que a fic vai ficar BEM grande. Mais 6 ou 7 caps, no minimo. Estou começando a explicar as coisas agora, para não ficar muito corrido no final. Enfim.
         Uma coisa que açguns leitores vem pedindo muito é que eu não mate a Hermione. Bem, não posso garantir nada... Não tomem como exemplo minhas outras fics. Eu sou cruel em todas, não é mesmo?

  Por hoje é só. Não sei o que me deu na cabeça para postar em plena segunda-feira, mas...Tudo bem.Comentem, pessoal!

 Bjos e até o proximo cap!

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Comentários (1)

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