Um momento especial



N/A: revisada em 24/12/2011          

           1º de setembro. 09h30min h. Correria típica. Harry, um insone nato, pegara no sono apenas no meio da madrugada da noite anterior, e por conseqüência havia perdido espetacularmente a hora. Foi acordado aos gritos pela Sra. Weasley, que naquele ano parecia muito mais estressada que o normal. Aliviado por ter arrumado tudo antes, Harry apressou-se em vestir-se.



              Desceu correndo, ignorando as repetidas batidas da mala em seus calcanhares, e deixou-a junto à pilha que repousava perto da porta. Quando voltava, colidiu com Rony.


             - E pensar que esse é o ultimo ano que fazemos isso! – disse ele, se ajeitando.


 


             - Pois é – disse Harry, sorrindo – Apesar de achar que não sentirei muita falta.


 


               Como de praxe, voltou ao quarto para conferir se não estava esquecendo nada. Alarmado, constatou que quase partira sem seu novo livro de feitiços. Ajeitou-o embaixo do braço, mas não partiu de imediato. Ainda não havia visto Hermione em meio a aquela confusão. Simplesmente pensar na garota lhe dava uma incomoda sensação no estomago. As ultimas semanas o haviam deixado muito confuso. E a decisão que tomara ainda na noite anterior não contribuía para amenizar essa sensação.


 


              - Harry, vamos, está na hora! – gritou Gina do meio do corredor.


 


              - Estou indo! – gritou em resposta. Afastou aqueles pensamentos da mente, ciente de que era questão de tempo até eles voltarem para atormentá-lo. Mas, por enquanto, podia aproveitar um pouco de seu silencio mental.


 


                  Harry foi velozmente em direção à porta. Disse um rápido “tchau” para os tios e saiu. Os Dursleys partiriam no dia seguinte, acompanhados por Tonks. Provavelmente ficariam hospedados em um hotel e, assim que possível, tentariam comprar uma nova casa.


                 Ele não deixou de se surpreender quando viu o enorme ônibus roxo aguardando-o na calçada. Nunca gostara muito do meio de transporte, especialmente levando em consideração as circunstancias de sua primeira viagem, praticamente quatro anos atrás. Virou-se para olhar a casa, saudosista. Eu ainda sinto sua falta, Sirius, pensou. Apesar do ódio ainda queimá-lo por dentro, fazia muito tempo que não pensava no padrinho. Assustou-se com o estrondo que o ônibus fez quando seu bagageiro foi aberto, e foi retirado de seus pensamentos. Melhor assim, concluiu. 


                   - Não sabia que o Noitebus operava de dia também – comentou Harry despreocupadamente para o Sr. Weasley, enquanto guardava as malas.


                     - Apesar da ironia, funciona sim – respondeu ele, com um sorriso – Além do mais, é complicado pedir carros ao Ministério nessa época conturbada


                    - Imagino que sim – concordou o garoto.


                    Harry entrou no ônibus e olhou a sua volta: estava tudo exatamente como lembrava, a exceção, é claro, das camas. Localizou Rony, Gina e Hermione no penúltimo sofá da esquerda, e acomodou-se junto a eles, por coincidência ao lado da morena. Sem querer, quando foi se sentar, sua mão repousou na dela por um segundo, e Harry sentiu sua respiração falhar ao toque. Ajeitou-se rapidamente, rezando para não ter ficado vermelho.


                        - E aí, já decidiram o que vão fazer da vida depois que o ano acabar? – perguntou Rony, alegremente.


                        - Estou pensando em ser curandeira... Ou trabalhar no Ministério. Sempre gostei dos tribunais. Modéstia a parte, de acordo com as minhas notas eu posso fazer a opção que quiser. – disse Hermione, com um meio-sorriso orgulhoso nos lábios.


                       - E isso surpreende alguém? – comentou o ruivo – E você, Harry?


                       - Com um pouco de sorte em poções acho que consigo ser auror – disse ele.


                         - Era de se esperar, não é? – disse Gina, erguendo as sobrancelhas – Depois de tudo que você viveu... Acho que é mesmo o melhor a fazer.


                        - É, foi mais ou menos nisso que pensei – contou Harry – Mas e você, Rony?


                         - Para ser franco, um trabalho no Ministério é o que mais me agrada – disse ele – Algo que não exija as melhores notas de Hogwarts... E eu sempre posso trabalhar com o meu pai.


                        - O mesmo vale para mim, acredito. Mas não sei... burocracia nunca foi exatamente o meu forte – complementou Gina.


                      Harry não prestava atenção. O Noitebus ia veloz pelas ruas, desviando incrivelmente de todos os inúmeros obstáculos pelo caminho. Talvez se tornar auror o ajudasse, caso ao houvesse uma batalha em um distante o suficiente para que ele pudesse se formar. Queria vencer, afinal.


                       - Harry? Você esta prestando atenção? – perguntou Hermione.


                        - Não. Desculpe – confessou.


                         - Pensando em Voldemort de novo? – perguntou ela, desconfiada.


                        - Não consigo mentir para você. Estava sim. – admitiu.


                         - Sei que isso te preocupa, assim como a nos. Mas você tem que dar tempo ao tempo, Harry. Quando tiver que ser, será. Além disso...eu acredito em você – disse ela, devagar, para assegurar que o moreno entendesse mesmo o que ela falara. Mais do que isso: para assegurar que ele percebesse seu tom de voz. E a gentileza que ele ocultava. Harry permitiu-se um pequeno sorriso


                         - Você não entende – disse Harry – Foram cinco anos com a dúvida, e agora, que sei de tudo, sinto que tenho que me preparar. É isso que me preocupa. Não sei se consigo.


                        - Tenho certeza que vai conseguir. Mas tenha paciência, tudo vai acabar se acertando. Confie em você mesmo. Você tem mais potencial do que pensa. – disse ela, com uma certa convicção na voz que o comoveu. Ele afirmou com a cabeça, como quem diz que vai pensar a respeito. Para quebrar o silencio incomodo que se seguiu, Rony disse:


                       - Harry, cara, acalme-se. Em Hogwarts você não tem por que se preocupar. Aquilo é uma verdadeira fortaleza.


                     - Já invadiram Hogwarts uma vez, podem invadir outra – cortou Gina.


                     - Eram outras circunstancias – disse Hermione.


                     - Eram. Mas isso não anula o fato de que, se aconteceu uma vez, pode acontecer de novo – disse Harry. 


                      Todos ficaram em silencio, cada um absorto em suas próprias lembranças. Aparentemente, eles entenderam. Entenderam o quanto é difícil controlar o sentimento de vingança e raiva. O quanto ele se sentia responsável por todas as mortes e destruições. E como a culpa o fazia sofrer.


                      Chegaram à estação mais cedo do que esperavam. Desta vez, passaram em grupos de dois. Primeiro passaram Gina e Rony. Em seguida foi à vez dele e Hermione. Por ultimo passou o Sr. Weasley. A Sra. Weasley, absorta em suas tarefas culinárias na casa, não viera com eles. Deixaram as coisas no trem e depois foram se despedir. Como sempre, o Sr. Weasley recomendou cautela e cuidado em Hogwarts. Seu tom pareceu especialmente veemente naquele ano.


                        - Vou ficar em uma cabine com uns amigos. Vemo-nos em Hogwarts – disse Gina.


                         - Ok. Até mais – disse Harry.


                         O trio ocupou discretamente uma das últimas cabines disponíveis. Rony, o primeiro a entrar, logo acomodou-se de forma espaçosa no banco, forçando Harry e Hermione a sentarem lado a lado. Teria de agradecê-lo depois, pensou o moreno. Concentrou-se por um segundo. Estava tudo ao seu favor. Na noite anterior, chegara a uma conclusão bastante precisa do que sentia, e sabia o que deveria fazer. Só lhe restava descobrir se seria correspondido, e tal perspectiva lhe dava um nó no estomago.


                       Hermione estava sentada, encolhida, no canto mais distante possível dele no banco. Parecia muito pouco a vontade, e suas bochechas coravam esporadicamente. Rony observava tudo com uma sobrancelha erguida de modo cômico, coisa que lhe era característica. Harry a cutucou, com delicadeza. Para sua surpresa, sua voz saiu impressionantemente calma:


                        - Posso... falar a sós com você um instante? – perguntou, rezando a qualquer Deus que o quisesse ouvir para não estar ficando vermelho.


                       - Claro... vamos para uma outra cabine? – sugeriu ela, baixinho. A proposta soou quase infantil, já que a possibilidade de haver outra cabine vazia era remota. Harry, que não tinha previsto isso, sentiu-se repentinamente desesperado. Ainda assim, concordou.


                       Rony assistia a cena em silencio. Trocou alguns olhares significativos com Harry, mas fez sinal para irem. O moreno pareceu ver um princípio de um sorriso lhe chegar aos lábios logo após a saída da dupla. Harry não havia comentado, sequer insinuado, absolutamente nada a Rony, porém tinha a nítida impressão de que ele sabia, e o que era melhor, não se importava. Ele lembrava-se de ter conversado sobre Hermione logo no final do sexto ano, e o ruivo alegara que eram bons amigos, mas que não funcionariam como casal. Na época, Harry concordou, mas não tinha a menor idéia de que seria ele, justamente, o próximo pretendente da morena.


                                Os dois procuraram, nervosos, uma cabine. Harry já havia perdido as esperanças quando Hermione apontou para uma, aparentemente a última ainda desocupada, no fim do trem. Entraram.


                             - E ai, o que queria falar comigo, Harry? – perguntou ela, direta, porem visivelmente agitada.


                            - Eu... – Merlin, ele não tinha a menor idéia de como fazer aquilo – Tem uma coisa que eu queria te contar.


                          - Então diga Harry – disse ela, receosa.


                           - Eu... Percebi uma coisa – disse ele – Eh... Percebi depois do acidente com Voldemort.


                           - E o que seria isso? – disse ela, esboçando um sorriso. Seus olhos brilharam.


                           - É melhor... É melhor eu te mostrar - disse, nervoso.


                             Hermione estava cabisbaixa, mãos entrelaçadas atrás das costas, visivelmente ansiosa. Harry pousou a mão em seu queixo, e a fez olhar em seus olhos. Contemplou-os por um instante, e permitiu-se perder-se em pensamentos. Em um gesto unanime, ambos curvaram levemente o pescoço, e suas testas se tocaram. Não interromperam o contato visual nem por um segundo. Então Harry roçou seu nariz no dela, e suas bocas se encontraram, delicadas.


                            Ele fechou os olhos, curtindo o momento. Forçou a entrada dos lábios dela, e ela o deixou passar. O moreno a beijou com ternura. Em certo ponto, ela pareceu finalmente tomar coragem e retribuiu, em igual delicadeza.


                             Depois de um minuto que pareceu durar toda a eternidade, eles se separaram. Hermione estava extremamente vermelha, mas sorria. Harry, divertido, sorria também.


                             - Eu... – começou ela


                             - Não precisa dizer nada – disse Harry – Por favor, só não diga nada que possa...


                            - Estragar? – completou Hermione, tímida.


                             - ...É


                            - Eu nunca estragaria, Harry. Jamais – disse ela, com carinho. – Por que o que eu vou dizer, direi não somente para te agradar. Direi porque é o que eu sinto. O que eu preciso.


                           - Diga. Diga e complete minha felicidade.


                            - Eu... Eu te amo – concluiu ela.


                        Harry abriu um largo sorriso. Sentia-se, finalmente, completo. Hermione leu isso em sua alma, e sorriu também. Seus olhos brilhavam. Por um segundo, eles se encararam.


                         - Você não tem idéia – disse Harry – de como estou feliz com isso.


                        - Eu também. Eu sempre fui feliz com você. – afirmou, com convicção.


                        Harry levou a mão a seu rosto. Afastou um fio de cabelo da frente de seus olhos e tocou aquela pele extremamente macia. Ela estremeceu ao toque, mas não fez nenhuma objeção. Harry trouxe a cabeça dela mais para perto de si. Seus lábios se juntaram novamente, alheios ao mundo ao redor. O mundo ao redor pouco importava. Porque, naquele momento, ninguém estava em guerra, nada estava perdido.


                            Aquilo importava. E apenas aquilo.


 


 N/A: Eu sei, eu sei, sou pessima com momentos amorosos. Mas o que posso fazer? Nenhuma autora e perfeita, nao e mesmo?
         Para quem nao entendeu minha N/A do ultimo cap, ai vai a explicacao: disse que tinha uma certa inclinacao para desastres, ou seja, faco coisas runs acontecerem com frequencia aos meus personagens. E repito: se exagerar, me avisem!
         Outra coisa: o cap 6 so vem com mais coments, ok?
Bjs e ate o proximo capitulo

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