Uma Viagem Perigosa

                 Revisado em 14/11/2011 

                 - Oi Harry! Oi Hermione! – disse Tonks, animada. Dadas as circunstâncias, tamanha animação era, no mínimo, reconfortante.

 

                   - Como vai, Harry? Hermione? – perguntou Lupim, um pouco mais sério. Sabia que Harry provavelmente não estava muito feliz com o contexto atual.

 

                   - Bem... – disseram em uníssono

 

                  – Ou quase – completou Harry.

 

                    - Seu otimismo é maravilhoso – sorriu Tonks. Apesar da descontração aparente, Harry foi capaz de notar uma leve sombra de ansiedade transpassar seus olhos. Ela estava preocupada – Mas não posso dizer que não entendo seu ponto de vista.

 

                   - O que houve exatamente, Harry? – perguntou Sr. Weasley – Na carta você não especifica bem o que aconteceu. Mesmo assim, foi o suficiente para deixar Rony alarmado. Eu mesmo li a carta repetidas vezes, mas ainda não tive tempo hábil para chegar a alguma conclusão. Suponho que você possa esclarecer alguns pontos.

 

                   - É claro. Meus tios receberam essa carta hoje de manhã – disse Harry, retirando a carta do bolso e entregando-a ao Sr. Weasley. Ele leu diversas vezes, tentando interpretá-la das formas mais variadas. A forma com que franzia a testa era sugestiva. Provavelmente não conseguia extrair dela mais do que ele próprio já fizera, apesar de se esforçar visivelmente para isso.

 

                    - Terei de examiná-la com mais calma, imagino. Contudo... – disse ele, franzindo uma sobrancelha – Há algo estranho aqui, por que ele assinou...

 

                     - Como Riddle – Harry completou – Também achei isso muito estranho... De qualquer forma, expliquei a maioria das coisas para meus tios, eles estão cientes da situação.

 

                     - Ótimo, ótimo – disse Lupim – Iríamos ter de explicar tudo a eles, já é hora. Bom você ter adiantado um pouco.

 

                     - Será que não podemos ter essa conversa quando chegarmos? – disse Tonks, olhando ao redor, preocupada - É melhor irmos, antes que passe o efeito do feitiço da desilusão!

 

                     - De fato, ela tem razão – disse Sr. Weasley – Harry, você está com sua vassoura?

 

                     Harry ia responder que sim, é claro, mas Valter o interrompeu antes mesmo da primeira sílaba.

 

                     - Espere aí! Nós vamos de vassoura, pombas?! – gritou ele

 

                     - Sim, vamos! – disse Harry, muito irritado com a atitude petulante do tio. Ele não tinha a menor idéia dos riscos que estava fazendo todos passar, e nem se importava. – Agora fale baixo se não eles vão nos ouvir e atacar!

 

                     - Harry, calma – disse Hermione, tranqüilizadora. Segurou seus ombros firmemente, provavelmente para evitar um possível soco. Tonks, que havia rapidamente ido a seu quarto, surgiu pela porta dos fundos e mirou curiosa a situação. Optou, com contida sensatez, por não fazer nenhum comentário.

 

                     - Aqui está sua vassoura, Harry.

 

                     - Ahm...gente, vocês provavelmente devem saber que eu, bem...eu nunca aprendi a voar direito e... – dizia Hermione, interrompendo-se constantemente. A ansiedade em sua voz mostrava-se perfeitamente dividida entre o medo e a frustração com si mesma.

 

                     - Sabemos sim, Hermione – Lupim disse, sorrindo amigável – e é por isso que você irá com Harry.

 

                     - Ah! Ainda bem... – disse ela, meio desconcertada por não haver deduzido coisa tão óbvia;

 

                     - Agora vamos, antes que eles percebam que estamos aqui! – disse o Sr. Weasley. Tamanha tensão simplesmente não combinava com seu semblante, geralmente tão calmo e conciliador. Se perguntassem a Harry, ele diria que era como se seu rosto se rasgasse de dentro para fora cada vez que falava.

 

                     Demorou um tempo até partirem. Petúnia acabou sendo a que mais colaborou, apesar de não ter deixado de ter um ligeiro surto histérico ao perceber que ficaria montada em um “pauzinho de madeira” por cerca de uma hora. Contudo, Valter e Duda não poderiam ser tão condescendentes.

 

                      Valter recusava-se terminantemente e expor-se daquela maneira, montado como um ”fugitivo de uma droga de guerra invisível”, mas acabou cedendo. Duda foi um problema, pois nenhuma das vassouras era capaz de suportar tanto peso. Por fim, um feitiço eficiente lembrado por Lupim o deixou duas vezes mais leve.

 

                      Harry montou em sua Firebolt, com Hermione logo atrás. Eles nem tinham decolado e ela já tremia da cabeça aos pés, agarrada a ele.

 

                       - Hermione, calma! – disse Harry, afagando seus cabelos – Não vai ser tão ruim assim. Sabe, não vou te derrubar da vassoura ou algo assim – brincou, mas interrompeu-se ao ver a expressão pálida da amiga.

 

                       - Melhor você não falar comigo, Harry – disse ela, com a vos fraca – Acho que vou enjoar...

 

                       Harry obedeceu à ordem imediatamente, culpando-se levemente por achar um pouco de graça da situação. Cerca de cinco minutos depois, eles partiram.

 

                       Harry sentia que estava novamente em seu lugar. Sentia o vento bagunçar-lhe ainda mais os cabelos, enquanto a Rua dos Alfeneiros ia ficando cada vez mais distante. O ar gélido que entrava por seus pulmões lhe dava um prazer indescritível, por algum motivo acentuado pela presença marcante das mãos quentes de Hermione em suas costas. Balançou a cabeça, procurando focar-se.

 

                       Harry alarmou-se ao perceber que a corrente de ar se intensificava. Sabendo Aque tal coisa não era normal naquela altitude, preocupou-se. Em um átimo de segundo ele viu-se cercado por uma imensa nuvem negra, que se movia na mesma velocidade que eles. A princípio não entendeu, até que ouvi Lupim gritar:

 

                       - São eles! Rápido, separem-se!

 

                       Ao dar-se conta do que se tratava, ele deu uma ginada violenta para a esquerda e desceu dez metros. Um comensal da morte surgiu a sua frente, sorrindo, e Harry o estuporou.  Gritou para Hermione segurar-se e voou em zigue-zague, desviando-se dos constantes feitiços lançados sobre eles.

 

                       Mais comensais da morte o perseguiam. Hermione estava sendo muito eficiente, porem Harry se preocupava muito com ela. Talvez estivesse mais segura com alguém que não fosse Harry Potter. Percebendo o absurdo e a ineficiência do pensamento diante da situação, obrigou-se e direcionar a mente para algo mais prático: uma solução. Olhou a seu redor. Estavam todos sendo atacados ininterruptamente. Foi interrompido por um feitiço que passou zunindo a centímetros de seu rosto.

 

                       Hermione, distraída pelo acontecido, teve a varinha arrancada da mão. Ele, no reflexo,  agarrou-a antes que se perdesse. Nesse meio tempo outra sequencia de feitiços foi disparada contra ele, atingindo seu peito e seu rosto. Hermione, que encontrava-se desprotegida e desequilibrada em cima da vassoura, foi arremessada no ar e caiu, cortando a noite.

 

                       Com um grito de puro desespero, Harry apontou a vassoura para o chão. Voou o mais rapidamente que pode, seguindo o grito de sua melhor amiga. Nunca se perdoaria se algo acontecesse a ela.

 

                       Era esse o pensamento que martelava-lhe a cabeça quando finalmente a viu, quinze metros abaixo. Recostou-se mais firmemente contra o cabo e, a menos de dez metros do chão, Harry a alcançou e segurou em seu braço, puxando-a de volta para a vassoura, aliviado.

 

                        - Hermione, você está bem? Vamos, acorde Mione! – ele a sacudia, parado no ar. Supôs que ela havia desmaiado, de susto. Finalmente ela abriu os olhos molemente, olhando a sua volta, e depois para ele.

 

                        - Harry? Você conseguiu me pegar, não foi? – ela perguntou, ainda confusa.

 

                        - Consegui, graças a Deus que consegui – falou aliviado. Voltaram a subir, e novamente, foram cercados por comensais. Harry entregou a varinha a Hermione, que estuporou três comensais de uma vez. Surpreso e maravilhado, gritou para a noite:

 

                        - Você não perde o jeito, não é?!

 

                        - Não. Nunca – ela respondeu, com a sombra de um sorriso varrendo-lhe os lábios. Novamente, surpreendeu-se pela capacidade de readaptação dela.

 

                        Hermione deu conta de todos os comensais. Harry, ainda focado na viagem, mal percebeu quando uma nuvem preta, muito maior e escura que as demais, cortou a noite, por trás deles.

 

                         - HARRY! Olha lá! – gritou Hermione. Ele se virou e viu. Pálido, com os olhos vermelhos de fúria e um sorriso malvado no rosto: Voldemort. Ele disse algo que não pode ser ouvido e sua cicatriz ardeu em chamas, que por um segundo estavam só em sua mente, mas depois tornaram-se reais, vindo velozes na direção deles.

 

                         Hermione gritou novamente e cobriu o rosto. Ela ia ser a principal atingida pelo fogo. Harry, em um movimento completamente inexplicável e irracional, deu um jeito de colocar Hermione na sua frente. Ele desviou a vassoura cegamente e se encolheu por cima dela, protegendo-a...

 

                         Por sorte, ele conseguiu desviar a vassoura do alvo da maior parte do fogo. Ainda assim, algumas chamas vieram em sua direção, lambendo suas costas, queimando-as. Eles estavam a poucos metros do chão, e a dor era tão intensa que Harry perdeu o controle. Eles caíram em parafuso.

 

                          O choque com o chão foi mais intenso do que imaginava. Harry teve uma vaga consciência de ter quebrado o nariz, mas não registrou o fato. Em meio a dor insuportável da queimadura em suas costas, o ultimo pingo de racionalidade em sua mente o obrigou a dizer:

 

                           -Hermione... Hermione... – chamou o mais alto que pode.

 

                           -Harry! Você está bem? – perguntou ela, se aproximando. Assustou-se ao perceber que o amigo chorava de dor. – Harry, o que houve com você?

 

                           Harry apenas virou-se, quase inconscientemente, para mostrá-la a queimadura grave em suas costas. Hermione levou as mãos à boca, surpresa. Lagrimas também se formaram em seus olhos, enquanto ela examinava a extensão dos ferimentos do amigo. Sentia-se impotente por vê-lo naquele estado sem poder fazer nada. Tinha sangue em suas mãos, e ainda mais escorria profusamente pelos ferimentos. Agoniada, sentou-se ao seu lado e o aconchegou em seu colo. Queria demais poder fazer algo, mas sabia que era inútil.

 

                           Hermione gritou por ajuda diversas vezes, sem resultado. A cada grito se sentia mais e mais decepcionada com sigo mesmo. Era por causa dela que Harry estava assim. Como sempre, ele se ferira para protegê-la. Ela o amava como um irmão e não suportava vê-lo daquele jeito.

 

                            Depois de muitos gritos de socorro a ajuda, finalmente, chegou. Rony, vindo sabe-se Deus de onde, pousou com seu pai a alguns metros de distância, logo percebendo que algo não estava bem. Algo não estava certo.

 

                             - Hermione, o que ouve? – perguntou Rony, preocupado – De quem é todo esse sangue? – acrescentou, alarmado, ao ver a imensa mancha vermelha que tingia sua blusa.

 

                             - É do Harry! – ela gritou, chorando novamente. Harry tinha perdido a consciência minutos antes. Ela sentia-se quase aliviada por isso: ele estava sofrendo muito – Estávamos quase chegando quando Voldemort apareceu e lançou um feitiço que fez aparecer um monte de fogo e... – essa era a parte que ela não gostava. Era difícil fazer as palavras saírem por sua boca. – o Harry ficou na minha frente para me proteger e foi queimado!

 

                             - Tudo bem Hermione – disse Rony, abraçando-a – Não fique nervosa, ele vai ficar bem... – apesar da tentativa aparente do amigo de acalmá-la, Hermione foi capaz de notar a insegurança em sua voz, como se não acreditasse nas próprias palavras.

 

                              O Sr. Weasley então usou um feitiço que fez Harry levitar. Hermione, ainda muito nervosa, teve que ser levitada também. Por precaução, resolveram aparatar até o Largo Grimmauld, onde poderiam cuidar melhor dos dois.

( N/A: Ufa, dois capitulos em um dia.... NAO SE ACOSTUMEM)            

 

            

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