Praia
- Draco, acorde! – Eu logo reconheci aquela voz rouca e velha: meu pai, Lúcio Malfoy, aquele velho e grande homem rancoroso de cabelos grandes e brancos, com rosto enrugado, olhos fundos e pequenos, lábios finos e delicados e nariz arrebitado. Ele não era o pai perfeito que todos gostariam de ter porém, era aceitável para mim pois fazia as minhas vontades e me respeitava. – Eu não vou chamar de novo! – Ele agora bufava.
- O que... o que você... – Eu bocejei. – o que você quer? – Agora sim eu conseguira falar a frase toda.
- Vamos, acorde. Nós vamos à praia. – Ele levantou uma sobrancelha como de costume e deu um meio sorriso.
- O que? – Eu arregalei os olhos. – Você sabe muito bem que eu não gosto de ir...
Ele me interrompeu.
- Eu sei sim Draco porém, eu não lhe fiz uma pergunta. Você vai conosco sim!
Eu arregalei os olhos.
- Conosco? – Eu revirei os olhos. – Então quer dizer que temos visita? – Meu pai sabia o quanto eu odiava visitas e ele não faria isto comigo.
- Não é exatamente uma visita Draco. Ela só vai à praia com a gente filho. – Meu pai dera um meio sorriso de novo.
- Ela? – Eu estremeci. – Eu poderia prever que...
- Não! – Ele me interrompeu. – Não é uma nova “pretendente” para ser sua mãe.
- Ah! – Eu quase gritei. – Então quem...
Ele me interrompeu novamente. Porque será que ele fazia aquilo? Ele sabia que eu odiava ser interrompido no meio de uma frase. Parecia até de propósito.
- Vá se arrumar logo antes que o sol saia.
- E desde quando o senhor gosta de sol Lúcio?
- Não me chame assim. Ainda sou seu pai! – Ele exclamou. – Eu não gosto do sol. – Ele rebateu. – Mas é inevitável dispensá-lo. Sabe como é, ele quase nunca aparece em Londres e, seria uma boa curti-lo.
- Ok, eu sei que é por que ela quer ir! – Eu exclamei.
Meu pai simplesmente ignorou minha exclamação e levantou da cama com um pulo.
- Te espero na sala em vinte minutos. – Eu sabia que aquilo era mais do que um prazo para eu descer. Era uma ordem.
Eu não tinha mais argumentos para rebater contra ele. Tive que aceitar a idiota idéia de ir para a praia mesmo eu odiando o sol. Meu pai não podia fazer aquilo. Era inaceitável e uma idiotice.
Tentei dispersar meus pensamentos e levantei da minha mole e aconchegante cama azul marinho com cobertores pretos sem detalhes algum. Era assim que eu gostava das coisas. Sem muitos detalhes e na maioria das vezes uma única cor.
- Meu Deus! – Gritei ao me olhar no espelho retangular do meu quarto emoldurado com pequenas madeiras pretas. Parecia que eu tinha entrado no olho de um furacão.
Eu nunca tinha sido muito ligado a moda ou a vaidade de algum modo porém, eu estava verdadeiramente horrível. Meu cabelo estava tão alto que parecia que bateria no teto a qualquer momento. Meus olhos, ainda um pouco fechados, tinham varias remelas e minha boca estava muito gasta. Como eu disse, estava verdadeiramente horrível. Como se estivesse feito uma plástica e mudado aquele rosto maravilhoso que tinha, por um feio e sanguinário.
Meu quarto era o mesmo de sempre. As paredes brancas. A terceira parede do lado esquerdo tinha uma mesa de computador marfim e na parede ao lado, um guarda roupas também marfim, porém com detalhes pretos. Eu o odiava. Meu quarto era muito comum. Mesmo gostando de ser extravagante, eu não usava esta “qualidade” em meu quarto.
“Já se passaram cinco minutos.” – Eu pensei comigo mesmo. – “Acho melhor começar a me arrumar logo.”
Obedecendo meus pensamentos, fui direto ao banheiro pelo corredor da minha casa. Era um corredor comum. Mais largo do que os normais porém, comum. Com carpete verde no chão e paredes meio beje, o corredor não era muito longo e o fim dava direto a porta do banheiro.
Entrei sem hesitar.
O banheiro era grande e largo. Havia de tudo um pouco ali. Banheira, espelho enorme, uma pia maior ainda com diversas divisões para escova e objetos pessoais, etc. Coisas que não podem faltar em um banheiro comum e em um banheiro para “ricos”. Galeões não eram problemas para meu pai. Ele era muito rico e a cada dia “chovia” mais galeões para ele.
Escovei os dentes como de costume. Demorei e tive mais desconforto na hora em que tive de arrumar meu cabelo. Estava incrivelmente elevado. Passei o gel “Para um cabelo melhor”, rosnando ao ler o logotipo e ver foto que estava na embalagem do gel.
Desci rapidamente para a cozinha. Não podia demorar e nem ultrapassar o tempo que meu pai me dera. Não iria ser bom.
Peguei uma torrada e uma cerveja amanteigada para comer e beber respectivamente. Eu não gostava muito de comer logo de manhã, porém era inevitável.
- Draco meu filho – Meu pai disse logo quando eu cheguei à sala. A sala ainda era a mesma também, com apenas alguns detalhes a mais. Era enorme com sofás muito grandes e pretos. Tinha uma lareira, tapete, um lustre de cristal e uma televisão enorme ( que eu não achava necessário. ). – porque passar gel para ir à praia? – Meu pai rira alto.
- Costume. – Eu respondi de mal humor. – E então? Cadê a...
Ele me interrompeu.
- Não a chame disto! – Meu pai gritou.
- Dá pra parar de me interromper?! – Eu gritei mais alto. – E eu não disse nada... por enquanto.
- Ela está lá fora nos esperando para ir. Nossas vassouras já estão lá. Coma logo e vamos. – Meu pai harmonizou o clima mesmo não querendo. Acho que seria pelo fato de ele não querer se atrasar.
Eu instantaneamente obedeci. Hoje definitivamente não estava sendo um bom dia. Tinha de obedecê-lo a toda hora. Isto estava me irritando.
Logo após eu ter ido para fora, tomei um susto. Eu definitivamente não sabia quem era aquela mulher e agora ainda mais tive certeza de que ela era uma pretendente a supostamente ser minha mãe. Como se ela tivesse morrido. Ela somente estava em Azkaban, e meu pai não podia fazer aquilo.
- Quem... quem é... – Eu não conseguia falar. O que estava acontecendo?
- Quem sou eu? – A mulher sorriu. Ela era incrivelmente bonita e simpática, mesmo que eu não tivesse a conhecido. Eu não sei, ela me harmonizava. Seus cabelos eram ruivos, lisos e grandes, seu rosto era incrivelmente redondo e liso. Seus olhos eram grandes e pretos, seu nariz pequeno e sua boca levemente carnuda. Ela também era incrivelmente grande. – Me desculpe Draco, eu não me apresentei. Meu nome é Layre.
- Como... como você sabe meu nome? – Perguntei de olhos arregalados.
- É muito fácil saber. Seu pai só fala em você. – Ela sorriu mais largamente e ficou ligeiramente muito mais linda. – E então, vamos? – Ela perguntou.
Meu pai assentiu e nós montamos em nossas vassouras para voar até a praia.
Eu estremeci com a idéia de ir à praia.
Incrivelmente a minha Nimbus 2000 ainda estava intacta após anos de uso. Eu sinceramente não sei como ela ainda me agüentava.
- Ok, onde, quando e porque a conheceu? – Eu cochichei para meu pai do lado da vassoura dele.
- Não estamos na hora exata para isto meu filho. – Meu pai sorriu.
- Ótimo! - Eu bufei e revirei os olhos.
Após meia hora de viagem eu comecei a ver a ridícula praia. Ela era ferozmente azul e brilhava muito.
- Vamos descer! – Layre disse quase gritando para que nós a escutasse.
Obedecemos seu pedido e descemos em frente a praia.
A areia era incrivelmente branca, fina e quente devido ao sol. A água que fazia movimentos circulares a sua frente parecia ainda muito mais azul e cristalina. Parecia que ela possuía cristais a todo lado. Porém, aquela bonita paisagem não mudou nada em relação a minha opinião sobre a praia assim que a primeira onda veio e trouxe aquele cheiro enjoativo de sal.
- Ok, já que estou aqui vou dar uma volta. – Eu sorri obrigado.
- Sim. – Meu pai assentiu.
Andei por muito tempo pela areia fina e quente que a cada vez mais queimava meu pé. Eu andava chutando-a.
“ Ridícula, ridícula, ridícula! “ – Eu pensei comigo mesmo ao chutar mais uma vez a areia e sentir novamente o cheiro de sal.
Depois de meia hora andando pela areia da praia eu vi uma grande menina ruiva de cabelos grandes. Não. Não podia ser que até aqui, na ridícula praia, aquela sangue-ruim iria me seguir. Mais era bom. Poderia pelo menos tirar sarro de alguém.
Fui caminhando lentamente ao seu encontro.
- Hermione Granger... você... Uma sangue-ruim aqui? – Eu disse muito sincero. – então realmente não valeu apena vir!
Ela hesitou.
- O quê? Malfoy? Ah meu Deus! – Senti o ódio explodir em sua voz.
Eu assenti.
- Até na praia você me segue sua...
- Olha Malfoy. Espero que eu tenha que falar apenas uma vez pra você. Não me encha o saco! – Ela gritou.
- Te encher o saco? Será que realmente você não se toca? – Eu perguntei olhando-a do pé até a cabeça.
Ela estava ridiculamente igual como sempre. Alguns acessórios a mais que eu nunca tinha visto e sem livros é claro. Seus cabelos ainda eram os mesmos ruivos meio lisos e encaracolados. Seus olhos grande e sua boca carnuda.
- Bem Malfoy, eu não vou perder este sol único que nunca faz em Londres por ficar aqui discutindo com você. Então, tchau! – Ela quase gritou e deu-me as costas.
- Sangue-ruim! – Eu gritei.
Mais que por impulso, eu acho, ela virou e me deu um soco no olho.
“ Idiota!” – Pensei.
- Quem você acha que é sua sangue-ruim! – Exclamei.
Ela pareceu não me ouvir e virou-se para ir embora.
“ Idiota, idiota e idiota!” – Pensei de novo. “ Aquela estúpida! Eu vou arrancar a cabeça dela!” – Meus pensamentos gritavam em minha cabeça que agora latejava por causa do soco.
- O que houve com seu olho meu filho? – Meu pai perguntou de olhos arregalados.
- Está tão ruim assim? – Perguntei.
- Está roxo. – Disse Layre rindo.
- Ótimo. – Eu fiz uma cara de nojo para aquela risada estúpida.
- Mais o que houve? – Meu pai perguntou de novo.
- Uma sangue-ruim – Eu olhei enigmaticamente para ele. – que eu encontrei e se irritou por eu falar a verdade. – Eu revirei os olhos. – Mais não se preocupe. Ela terá o troco! – Eu disse.
- Isto mesmo! – Meu pai disse. – Dê o troco! – Ele e Layre riram juntos.
- Rá rá. – Eu bufei.
Meu pai e Layre ficaram conversando por um longo tempo sobre algo que eu não percebi o que era. Não estava prestando muita atenção neles. Apenas lembrando do rosto daquela sangue-ruim ridícula e pensando em como seria o troco que eu daria nela.
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