A familia perfeita
13. A família perfeita
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decorre sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
- Sarah, tens a certeza que queres vir?
A Sarah olhou para o irmão que ostentava o seu, agora habitual, olhar preocupado na sua direcção e não conteve um suspiro.
- Na verdade, não, John mas o que é que queres que faça? – Perguntou olhando para as duas pessoas que iam na frente deles com os seus luxuosos fatos e uma cara de pesar que ela nunca tinha visto antes.
O John revirou os olhos.
- Sarah, para mim, eu queria ir e queria mostrar a minha solidariedade ao David mas não desta forma.
- E achas que eu estou satisfeita com o facto de trazer os responsáveis ao funeral? – Assobiou irritada.
- Não era isso que queria dizer! – Exclamou revirando outra vez os olhos. – O facto é que nós não os devíamos de trazer!
- E o que é que queres fazer agora? Pô-los inconscientes? – Murmurou irritada olhando para a figura do seu pai que entrava no grande cemitério abraçado à mulher. – É que só se for!
- Ah, tens razão Sarah, - suspirou derrotado - só que não acho certo.
- E achas que eu acho? – Perguntou tão irritada que se esqueceu de andar.
- Não, Sarah, é que... esquece... nós não podemos fazer nada mesmo. – Disse olhando para o brilhante céu azul que se punha não conseguindo acreditar que eles os dois estavam mesmo a participar naquela palhaçada toda de trazer os seus pais juntos.
- É. – Murmurou tentando conter a raiva olhando de longe para o grande cemitério que era infelizmente conhecido dela soltando outro suspiro ao ver os grandes portões que estavam abertos e se via mesmo à distância as pessoas que se acumulavam lá dentro para dar um último adeus ao Sr. Palmer. Aquele cemitério era o maior cemitério bruxo e situava-se mesmo no centro de Londres. Toda a sua estranha beleza o fez ficar famoso. Lá dentro havia árvores de todos os tipos que davam um ar natural ao cemitério e se não fosse as campas poderia passar por um jardim. Mas inevitavelmente à Sarah dava uma grande tristeza que a fazia inclusive temer entrar lá dentro.
- Mas Sarah o que eu queria perguntar era se tu estavas bem. Quer dizer, tu nunca mais cá entraste depois do...
- Não, John. – Cortou-o. – É verdade que eu nunca mais cá vi depois que... tu sabes, mas eu não posso fugir para sempre. O David precisa de mim e o pai dele morreu por minha causa por isso nada mais justo que eu ir... mesmo que eu tenha que enfrentar fantasmas pessoais. – Murmurou para si.
- Mas Sarah...
- Não, John! Eu não posso evitar mais. Eu tenho que aceitar e quando entrar lá dentro é a prova disso. Ela não me iria querer assim para sempre...
- Tens razão. – Disse passando o seu braço pelo ombro dela. – Vamos lá.
- Hey. – Ouviram o chamamento do seu pai que olhavam para trás. Só agora se dando conta que eles não estavam com eles. – Passa-se alguma coisa?
A Sarah abanou negativamente com a cabeça enquanto se dirigiu para os grandes portões onde os seus pais pararam.
- Sarah, está tudo bem? – Perguntou a sua mãe com o que parecia... preocupação?
- Está, embora preferisse que vocês não viessem. – Murmurou olhando para eles não escondendo o seu ódio.
- Já discutimos isso ontem, Sarah! – Resmungou o seu pai. – Ou também achas bem o que me fizeste?
- Mas tu estás ai... bem e vivo!
- Sarah, tu sabias tão bem quanto eu que ias ter um castigo e agradece só ser este. – Ela abriu a boca para responder mas ele impediu-a. – E além do mais a exibiçãozinha que vocês fizeram nos Potter vai ter as suas consequências e a única maneira que eu arranjei de resolver isso é dando uma imagem de família perfeita! Por isso, ajam de acordo porque a culpa foi vossa!
Ela sentiu o braço do John que estava nos seus ombros enrijecer o que a fez dizer tendo ódio de si pelas palavras que saiam da sua boca:
- Certo. Vamos lá então... a família perfeita.
Os seus pais exibiram idênticos olhares espantados e deram-lhe passagem numa clara ordem de ela ir na frente o que fez depois de suspirar, tendo um mau pressentimento naquilo tudo.
Entrou dentro do cemitério ao lado do John e olhou em volta. Há tantos anos que não ia a li... na verdade só foi uma vez mas ela não tinha dúvidas que essa vez a tinha marcado para sempre. Viu o longo caminho à sua frente que ia dar para o grande edifício que era onde ia ocorrer o funeral, dos dois lados campas e mais campas sempre acompanhadas por grandes árvores que faziam um contraste com o ambiente de morte normal dos cemitérios. Ao longe perto da entrada viu o cabelo ruivo do David que era abraçado pela mãe e estava rodeado por jovens da sua idade, provavelmente amigos da escola dele. Perto, estava a família Potter, Scout, Weasley e até constatou com divertimento ao ver a rivalidade, a família Malfoy completa. Estavam ali todos para o último adeus do homem que lutou ao lado deles. Viu os olhares deles à medida que se aproximava e obrigou-se a estar indiferente. Eles nunca poderiam ver os seus verdadeiros sentimentos, principalmente depois do ocorrido há dois dias. Sentiu o braço do John sair do seu ombro e ela logo viu o porquê. A Susan olhava para ele de boca aberta ao lado da Rose. Viu o olhar do Albus e do Scorpius sobre si e também viu o triste olhar do James na direcção do John mas não podia fazer nada. Olhou para o David que também olhava para os recém-chegados fazendo amaldiçoar mentalmente os seus pais por quererem sempre chegar na hora em que todos olhavam mas teve que continuar a andar sem dizer nada, afinal eles eram a família perfeita, não eram? Assustou-se verdadeiramente ao ver a iniciativa da Susan e do Albus para irem ter com eles mas agradeceu mentalmente ao Harry Potter que agarrou o braço do filho mais novo e fez sinal para a mãe da Susan fazer o mesmo. Olhou para a Lily que estava agarrada ao primo, o Hugo, a olharem para o David... eles eram tão novos e já tinham visto coisas que nunca deviam de ter visto... Não era justo. Sentiu a dúvida dentro de si quando estava a chegar ao pé da família Palmer mas tinha que ir falar com eles... nunca poderia só fugir, não era o certo... não da família perfeita pensou com amargura olhando pelo canto dos olhos para os seus pais que mostravam outra vez aquela face triste... Se ela não os conhecesse até acreditava. Sentiu os seus pés pararem ao lado do David e olhou para ele sem saber o que fazer. Como é que ela podia dar os seus sentimentos e dizer que iria ficar tudo bem quando os verdadeiros responsáveis estavam atrás de si? Por causa da sua presença?
- Sarah, - ouviu a voz dele e assustou-se ao ver um pequeno sorriso – não sabes o quão importante para mim é estares aqui. – Disse abraçando-a. – Todos vocês. – Acrescentou para as famílias que estavam atrás deles. - E John, -disse também lhe dando um rápido abraço – muito obrigado.
Engoliu em seco sem saber o que dizer.
- David, eu...
- Espera, eu já falei com eles mas eu queria te agradecer. Eu... bem, é realmente importante para mim porque vocês foram as pessoas que estiveram ao meu lado a lutar contra... contra aquelas coisas. – Murmurou com nojo. – E eu sei que se há alguém que percebe o que aconteceu foram vocês que estiveram connosco a lutar – disse olhando para a sua mãe que estava a falar com os homens que também estiveram a lutar e com... Reprimiu um palavrão ao ver os seus pais a falar com ela. E pela cara deles estavam a mostrar todo o seu pesar... fingido é claro... afinal eram a família perfeita não? - e por isso é que é tão importante vos ver aqui. Para me lembrar que ele... – mordeu o lábio inferior antes de continuar – que ele tinha o que defender e ele foi um herói... para me lembrar que não foi em vão a luta e é por isso que eu venho estudar para Hogwarts. Eu estou a estudar no Durmstrang mas vou pedir transferência, provavelmente não vou neste ano mas quero ver se vou para o ano, ou então, para o outro. Eu quero estar na linha da frente a lutar contra... contra eles e por isso venho para aqui. Eu não quero perder nenhuma oportunidade, eu vou fazer de tudo para os parar! – Disse com ódio.
- Mas David, - ouviu a voz calma e harmoniosa da Susan – o ódio não leva a lugar nenhum.
- Eu sei e é por isso que eu vou querer ser auror! Eu não os quero matar só os quero ver no lugar deles, na prisão!
A Sarah não conseguiu evitar e olhou para eles. Eles estavam agora a poucos passos dela e viu a longa troca de olhares da Susan e do John o que a levou a fechar os olhos suspirando. O John nunca poderia mostrar os seus sentimentos verdadeiros com os seus pais ali, seria demasiado perigoso pois os seus pais teriam algo para porem contra ele, mesmo eles estando numa de família perfeita... O que iria provavelmente fazer a Susan pensar coisas erradas que até poderiam acabar a relação. O olhar do John ao cortar o contacto entre eles fez o seu coração se partir. Tinha sido tão mas fácil se ele só tivesse ficado na casa dos Potter e contado a verdade toda... apesar que isso levasse a ela ser procurada por todos os lados, a nunca mais ver o John, e todos os outros, a não ser que fosse numa batalha... em lados diferentes... mas seria tão mais simples. Sem fingimentos, sem medo de prejudicar alguém, quem provavelmente seria morta ou iria fazer de tudo para morrer era ela... e assim, eles finalmente viveriam em paz, seria um mundo perfeito, mas não, ele escolheu segui-la, não contar a verdade ao Potter o que fazia todos estarem em perigo, todos mesmo, inocentes, culpados, tudo... Fechou os olhos com dor suspirando. Olhou para dentro do edifício querendo dispersar os pensamentos mas o que viu fê-la gritar de medo.
Ela não estava no funeral do Sr. Parker, não estava noutro... noutro onde já esteve anos antes, noutro que ainda lhe causava uma dor tão grande que ela só queria morrer. O caixão branco... a sua cor preferida, porque dizia que era a cor da paz... adolescentes em volta chorando com dor... olhares de pena na sua direcção... o seu choro junto ao do John... um estrondo... as portas a fecharem-se... raios de várias cores em todos os sentidos... encapuzados... gritos... dor... olhos verdes escuros e duros a olharem para ela... uma varinha na sua cara e... escuridão.
*****
- Albus tem calma! – Exigiu o seu pai que agarrava o seu ombro.
Como é que o seu pai queria que ele tivesse calma quando viu a Sarah gritar? E não foi um grito qualquer, como aqueles que ela costuma mandar a chamar-lhe refilão e preguiçoso, não foi um grito assustado e pior... com tanta dor como ele nunca tinha visto.... como se tivesse acabado de acordar do seu pior pesadelo.
Era verdade que quando ela chegou ele queria ir ter com ela, primeiro para resmungar com ela, para a chamar de irresponsável (sim, agora era sua vez!) por não lhe ter mandado uma carta e explicar o quanto eles ficaram nervosos com a forma como ela e o John saíram de casa. Mas depois quando sentiu o seu pai apertar-lhe o ombro lembrou-se que lhe tinha que dar espaço e teve a sua confirmação quando ela ao invés de lhes dar pelo menos um aceno passou por eles e foi logo falar com o David. Ser completamente ignorado, não o deixou feliz, não o deixou nada feliz, mas quando viu que até o John ignorou a Susan, ou melhor, tentou porque não conseguia parar de olhar para ela começou a pensar se não se passava alguma coisa.
Ah, e agora teve a sua confirmação. Viu atentamente a Sarah olhar da Susan para o John e fechar os olhos, mas o que o surpreendeu foi quando ela abriu, porque estava com os olhos tão negros que pareciam engolir a claridade à sua volta e uma coisa estranha, uma aura negra, aquela aura que ela viu antes em sua casa rodeava-a enquanto ela olhava para dentro do edifício e gritava como se não houvesse amanhã.
- Kate. – Ouviu-a sussurrar nos seus braços enquanto evitava que ela caísse no chão.
Depois foi uma confusão, viu-a fechar os olhos ainda nos seus braços enquanto gritava por ela, tentava-a fazer reagir. Sentiu-se ser empurrado e apesar dos seus protestos viu tirarem-na dos seus braços. Viu os pais dela agarrarem-na apesar do John gritar para eles largarem-na. Viu pessoas que eram seguranças aparecerem e fazerem uma roda fazendo qualquer um sem ser os pais dela poderem ver o que se passava. O que o fez se juntar ao James e ao Scorpius que gritavam por ela. O que fez o seu pai dizer para ter calma.
- Mas pai, a Sarah... ela...
- NÃO! VOCÊS NÃO PODEM! ELA É MINHA IRMÃ!
Olhou surpreendido para o John que, só agora reparou, também estava fora daquele circulo e gritava a plenos pulmões para deixarem-no vê-la apesar de não ser correspondido. E também só agora viu que enquanto ele, o James e o Scorpius gritavam pela Sarah, a Susan e a Rose tentavam controlá-lo ou, pelo menos, acalmá-lo. Viu também a sua mãe agarrar a Lily que chorava e a sua tia Hermione agarrar o Hugo que também gritava. O cemitério que há segundos estava em silêncio estava uma completa confusão com os gritos deles.
- Pai? – Perguntou assustado. – O que eles estão a fazer? – Perguntou vendo que aquele círculo de homens começa a dirigir-se para a saída sem sinal do que estava no meio dele, ou seja, sem sinal da Sarah que estava com os seus pais.
- EU NÃO VOS VOU DEIXAR FAZER ISSO COM ELA! NÃO A ELA TAMBÉM! – Gritou o John vendo que eles começaram a se mover como prefeitos soldados sem mostrarem o que estava lá dentro. Viu-o olhar para si e viu-o abrir a boca e fechar até que olhou para o seu pai que ainda tinha uma mão no seu ombro.
- Sr. Potter. – Gritou o John meio a correr, meio a tropeçar. – Por favor, faça alguma coisa. Os meus pais não a podem levar. – Chorou.
O Albus abriu a boca chocado sem saber o que fazer ao ver o John pela primeira vez com medo.
- Não... eu não quero arriscar. Por favor a salve!
Viu o seu pai piscar os olhos surpreendido até que perguntou:
- Mas o que é que eles vão fazer com ela?
- EU NÃO SEI! – Gritou completamente desesperado. – PODE SER QUE SÓ A QUEIRAM SALVAR MAS EU NÃO QUERO ARRISCAR! EU SÓ SEI O QUE VI HÁ DOIS DIAS QUANDO CHEGUEI A CASA E NÃO ME PARECEU QUE ELES SE ESTAVAM A DAR BEM... E SE ELES A MATAREM? – Perguntou chorando verdadeiramente ficando com os olhos estranhamente azuis.
- Mas... – engoliu em seco – eles não podem simplesmente matá-la! – Gritou horrorizado.
- Al, tu não conheces os meus pais! – Murmurou e olhou para trás arregalando os olhos ao ver que eles já estavam demasiado perto do portão. – POR FAVOR, SR. POTTER!
- Eu... eu não sei o que posso fazer. São os vossos pais.
- O... o Sr. Potter pode obrigá-los a ir a St. Mungus... sim, é isso! Por favor, eu assim sei que ela está bem.
Viu o seu pai olhar indeciso do John para aquele conjunto de homens até que se decidiu chamando “Ron” e correndo até eles.
- Parem! – Gritou para eles. – Vocês não podem levar simplesmente assim uma pessoa ferida!
Viu eles pararem e olharem para algo dentro do círculo até que abriram passagem e, por ela, passou a Sr.ª Franklin.
- Ela é a minha filha e eu posso fazer o que quiser! – Gritou.
- Não, quando ela pareceu sofrer algum tipo de feitiço. Ela precisa de ir ao St. Mungus!
A mulher fez um barulho parecido com um rosnado e olhou para o lado do Harry, onde estava o John que olhava com uma grande fúria para ela.
- Certo, mas depois de verem que ela provavelmente só desmaiou podemo-la levar para casa?
- Sim, mas um desmaio não demora tanto tempo. – Disse apontando com a cabeça para o centro onde o Sr. Franklin agarrava ao colo uma Sarah ainda desmaiada.
- Então nós vamos para lá! Se quiser pode nos seguir para confirmar. – Murmurou irritada.
*****
Silêncio, um silêncio tão grande que até lhe fazia impressão aos ouvidos. Abriu os olhos e viu-se numa sala completamente desconhecida para si. Viu uma estante carregada de livros e arregalou os olhos ao ver o livro onde tinha aprendido a fazer o feitiço que utilizou na última aula... o de as pessoas com más intenções não entrarem dentro do sítio protegido. Seria aquilo uma passagem secreta de sua casa? Ouviu passos e virou-se para trás a querer tirar a varinha das suas calças mas não tinha varinha... onde é que estava e o que aconteceu à varinha? Ela nunca abandonava a varinha...
Viu uma rapariga ruiva que aparentava os vinte anos entrar. Franziu a testa ao não reconhecê-la e ainda mais ao ver como estava vestida. Definitivamente ela não a conhecia, porque lembrar-se-ia com certeza de uma pessoa vestida assim... não era facilmente esquecida. Desde os sapatos cor-de-rosa até ao casaco tudo era cor-de-rosa como se ela tivesse uma grande fixação por cor-de-rosa. Observou-a melhor à espera de poder conhece-la quando ela era criança. Tinha um cabelo ruivo que dava quase pelas costas e uns olhos tão azuis que faziam lembrar o céu. Tinha um sorriso tão cheio de vida e uma alegria contagiante que chegou mesmo à conclusão que não a conhecia.
- Bem, Sarah, eu hoje vou-te mostrar magia antiga que poderás usar no futuro contra os teus pais. – Disse com um sorriso que mostrou os seus dentes perfeitos. – Desta eles não escapam e tu sendo do elemento que és vais dominar na perfeição. – Disse sorrindo orgulhosa.
- Elemento? Magia antiga? Mas quem é a Senhora? E onde É QUE ESTÁ A MINHA VARINHA? – Gritou.
A mulher passou por ela parecendo não a ter ouvido o que a fez arregalar os olhos e gritar:
- Oh, Senhora de cor-de-rosa eu estou a falar consigo.
A mulher para seu espanto continuou a ignorá-la e retirou o livro que ela tinha visto anteriormente começando a desfolhá-lo.
- Este livro Sarah é um dos meus preferidos apesar de também ter sido um dos mais difíceis. – Riu. – Nem imaginas o que eu passei para o ter apanhado... lembras-te daquele templo de que eu te falei? – Perguntou olhando para algo atrás da Sarah. – Pois digamos que eu tive que jogar muito poker para o ganhar.
- Poker? – Perguntou uma voz que a fez gelar e se virar para o sítio que a mulher olhava. Uma voz que ainda continha uma parte da sua inocência... Ao ver aquela criança ali arregalou os olhos. Como é que era possível estar ali à sua frente ela própria mas muito mais nova... estava ali uma Sarah criança, loira e com dois brilhantes olhos azuis que brilhavam de expectativa para a mulher.
- Sim, poker. – Riu outra vez. – Foi muito interessante, os homens do templo eram realmente umas pessoas... bem, não interessa. – Disse abanando a cabeça e olhando para ela com um sorriso amigável. – Bem, vamos ao que interessa. – Disse batendo palmas. – Este livro é prefeito para eu te começar a ensinar. É só magia antiga que protege, acho que é uma boa forma de começaremos depois do treino que tiveste com o mestre Swan e o M. Mas acredita que com esta magia podes fazer um palácio ser completamente invisível ao mundo, até o bruxo mais poderoso não saberá. Posso dizer orgulhosamente que estes grandes terrenos têm estes encantamentos. – Disse sorrindo orgulhosa.
- Porquê começar com magia protectora?
- Bem a verdade é que como temos 12 longos meses pela frente achei melhor começar por esta... porque eu sei perfeitamente que tu ainda pensas que vais seguir os passos que os teus pais querem para ti apesar do que nós dizemos e até o que a Kate diz... então qual a melhor forma de demonstrar a uma pessoa que ela vai trazer a luz e não a escuridão de que com magia protectora? Eu acredito que no final disto tu vais ter confiança suficiente de que vais fazer o bem e que aceites que tudo o que estás a aprender é para fazer o mundo melhor e não pior.... é para proteger e não para matar porque é verdade que nas tuas mãos estão muitas vidas... mas é para protege-las nunca matá-las!
A Sarah olhou para a mulher chocada... o que era aquilo? Onde estava? Porque é que estava a ver coisas que não tinham acontecido? Tinha enlouquecido verdadeiramente? Fechou os olhos com força tentando acordar do pesadelo ou lá o que aquilo fosse mas o som daquele riso cristalino fê-la abrir os olhos chocadas tendo uma certeza... ou tinha morrido ou tinha enlouquecido... que outra explicação havia para estar a ouvir o riso da Kate?
*****
- JAMES E ALBUS PAREM! – Gritou o Harry ao vê-los a andarem de um lado para o outro sem pararem fazendo-lhe dor de cabeça.
- Deixa-os estar Harry, eles estão nervosos. – Disse a Ginny ao vê-lo bufar.
- Ah, certo mas que eles façam o mesmo que eles – disse apontando para a Rose, a Susan, o Scorpius, o Hugo e a Lily que estavam sentados num canto do hospital a observar o John que estava contra a porta do quarto à espera de notícias da Sarah que estava lá dentro. À frente dele, estavam os seus pais que demonstravam caras preocupadas e conversavam entre si à espera de notícias do quarto.
- Certo pai, mas como é que queres que eu pare quando não sei nada sobre a Sarah?
- Junta-te ao clube, só isso! – Murmurou irritado para o filho mais novo.
Viu o James bufar mas sentar-se ao lado da Lily segurando-a em apoia mas o Albus ainda estava no mesmo lugar.
- É isso? Junta-te ao clube? E se ela está mesmo mal?
- Se ela estiver mal não é por não parares no mesmo local que vais ajudar. Era só isso que o teu pai queria dizer. – Disse a Hermione quando viu o Harry tapar a cara com as mãos exasperado.
Ele bufou como resposta mas foi-se sentar ao lado do James.
- Certo, vou ser o filho perfeito, então. – Resmungou cruzando os braços.
O Harry não evitou um sorriso ao vê-lo fazer birra, parecia completamente uma criança.
*****
Abriu os olhos e tendo certeza que não estava na vida real viu-se outra vez no cemitério mas desta vez ele parecia deserto.
Apesar de ter ouvido o seu riso não a via levando-a a pensar que tinha mesmo enlouquecido.
- Não, não enlouqueceste Sarah. – Disse uma voz risonha que a fez fechar os olhos para ver se acordava ou alguma coisa assim. Ela realmente não queria sonhar, enlouquecer ou qualquer coisa, com ela. Não, porque isso iria faze-la sofrer quando acordasse.
- Sarah, - ouviu o seu nome pronunciado por aquela voz harmoniosa que a fez fechar ainda com mais força os olhos – a minha morte não era para tu sofreres.
- Não! Tu és um produto qualquer esquisito da minha mente. Como aquelas imagens confusas que eu tive do cemitério e a visão que eu tive antes. É tudo um produto estranho da minha mente!
- Vá lá, Sarah... abre os olhos. – Riu ela. – Por favor?
- Não! Tu és só um produto da minha mente para me mostrar o que eu tenho que fazer não é? Para mostrares que aquela coisa que eu vi antes podia ser uma lembrança mas devido às minhas más escolhas não foi. É o que eu nunca poderei fazer!
- Claro que não! – Disse aquela voz tão horrorizada que a fez abrir os olhos. – Sarah, eu... eu não posso falar, eu só não me contive ao ver o quanto eles te mudaram. Tu até pensas que a realidade é uma ilusão... – Disse com tanta tristeza que a Sarah sentiu o seu próprio coração apertar.
Ela não se conteve e abriu a boca espantada ao vê-la... ali estava ela, exactamente como nas suas lembranças... uma adolescente com cabelo loiro comprido, os brilhantes olhos azuis que olhavam com carinho para ela... as saudades que tinha dela... e o quanto dava para a ter verdadeiramente ali.
- Sarah, – suspirou – anda cá! – Disse abraçando-a. – Eu também tinha saudades. Eu não posso ficar muito tempo é só um aviso. – Disse se afastando dela. – Eu estou morta e enterrada não sofras por mim e... – ela fechou os olhos como se se estivesse a conter – e tem cuidado porque as aparências iludem e há quem seja mestre nisso... Quando uma pessoa promete a outra o que ela não acabou pode dar confusão, Sarah. -avisou. – Lembra-te que eu só queria o melhor para ti!
- Mas Kate como...
- Como é que estás aqui? – Perguntou rindo se afastando dela olhando-a com carinho. – Não interessa até porque quando acordares vais achar que eu vou ser um produto da tua mente... mas lembra-te que és uma rapariga muito especial e muito dificilmente alguém te engana...
- Mas Kate...
- Sarah, foi aqui que tudo começou tu não podes viver para uma vingança ainda mais quando ela é... – fechou os olhos calando-se de repente levando a Sarah a ter certeza que ela queria dizer mais alguma coisa – Sarah o importante e que eu já te disse tantas e tantas vezes é que és TU que vais fazer o teu destino e não os outros... e lembra-te do que a Anabeth disse... ela sempre foi sábia.
- Anabeth? Quem é a Anabeth?
A Kate fechou os olhos com dor e suspirou.
- Sarah... eu não sei o que te dizer. – Disse abrindo os olhos mostrando os seus brilhantes olhos azuis que brilhavam com dor. – Tantas mentiras... tantas teias que precisam de ser cortadas... mas Sarah uma coisa eu posso te dizer... acredita em ti e no teu coração nunca, mas nunca te esqueças disso. Isso é o mais importante... quando a altura chegar e eu sei que vai chegar tu vais perceber o que viste no meu funeral que para ti agora é só uma brincadeira da tua cabeça vai ter sentido... muito sentido e aquela “visão” como chamaste vai ser importante... quando isso acontecer lembra-te que eles sempre olharão por ti.
- Quem são eles Kate? Fala para que eu perceba!
A Kate afastou-se dela analisando-a atentamente.
- Eu não posso Sarah. Eu queria mas não posso porque o destino são vocês que fazem, por cada escolha seja ela certa ou errada... o destino não é uma coisa certa e é isso que tu vais ter que perceber... foi por isso que eu morri e vai ser por isso que o mundo tem uma hipótese de salvação... tu só precisas de ver a verdade! Lembra-te de quem foram as pessoas e lembra-te que a tua mente é muito poderosa para alguém a tentar enganar.
- Foi por isso que tu morreste? – Perguntou chocada. – Não foi por causa deles... da traição que...
- Eu não posso dizer Sarah. – Disse se afastando. – Eu já disse de mais, mas um conselho Sarah... lembra-te que as pessoas não mudam as suas convicções de um dia para o outro e há realmente pessoas boas no mundo... e pessoas más que fariam de tudo para ter as pessoas certas ao seu lado... Lembra-te Sarah! Lembra-te e acredita! – Disse se afastando tanto que já estava quase no portão.
- Mas Kate... explica-me o que queres dizer...
- Eu não posso... – disse irritada – mas se até da próxima vez que nos encontrarmos tu não souberes a verdade toda sobre a minha morte tu saberás... ou pelo menos o importante. – Disse fechando os olhos. – Eu tenho que ir Sarah e tu também!
- Mas Kate... da próxima vez, eu estarei...
- Não acabes a frase! – Ela exclamou e ela viu um brilho divertido no olhar dela ao abrir os olhos. – Tu só farás essa pergunta uma vez e dessa vez a escolha será tua.
Ela bufou, já se tinha esquecido do quanto ela adorava fazer enigmas.
- Kate diz-me alguma coisa que eu entenda!
- Já disse. – Ela respondeu rindo. – Tudo o que tu precisas de saber mas de qualquer forma não vais acreditar em mim quando acordares. Mas o que interessa é que vais perceber tudo na hora certa... eu acredito em ti Sarah. – Disse começando a desaparecer. – Tu tens um grande destino, tu, o John e todos os teus amigos. Faz as escolhas certas... Sarah, boa sorte!
*****
- Doutor o que se passa com a minha irmã? – Perguntou o John mal o curandeiro saiu do quarto.
O curandeiro olhou em volta perdendo os seus olhos no Harry por uns segundos até que parou no Sr. Franklin.
- Os senhores são os pais dela?
- Sim! – Disse a sua mãe. – O que é que ela tem? – Perguntou preocupada.
- Bem, - começou o curandeiro constrangido – nós não temos certeza.
- Como assim não têm certeza? – Perguntou o seu pai tão irritado que se levantou.
- Bem, Sr. Franklin, acalme-se que a sua filha vai ficar bem. Ela só precisa de descansar.
- Mas o que é que ela teve?
- Herm, Sr.ª Franklin, a sua filha... ela, bem... como explicar... o seu corpo reagiu de forma a se defender de um feitiço e isso esgotou-a.
- Feitiço? – Perguntaram ao mesmo tempo o Harry que ouvia tudo atentamente e não se conteve e o John, chocados.
- Sim, - continuou o curandeiro mas mais uma vez foi interrompido mas desta vez pelo pai da Sarah.
- Mas quem a enfeitiçou? – Perguntou chocado. – Eu estive todo o tempo com ela... como é possível?
O John olhou para ele com verdadeira raiva mas quando viu a sua mãe verdadeiramente preocupada a espreitar para dentro do quarto e o susto do seu pai, uma certeza ele teve... ou eles estavam a levar muito a sério aquilo da família perfeita ou eles realmente não eram os culpados.
- Pois, isso é que é estranho. Porque foi de dentro... Como se ela própria se estivesse a libertar... é estranho, nunca vi uma coisa igual.
- Mas de dentro, como? Tipo um veneno? – Perguntou a sua mãe olhando para o curandeiro atentamente.
- Não, ela não tinha nenhum tipo de veneno no sangue. Está tudo normal dela... só usou um nível excessivo de magia... se isso pudesse acontecer diria que ela se libertou de um feitiço mas todos os tipos de pesquisa que fizemos nela não deram nenhum feitiço conhecido... ela parecia completamente normal... e além do mais ninguém se pode libertar de um feitiço sozinho, por isso eu realmente não sei o que aconteceu com ela. No entanto, não se preocupem que ela só precisa de descansar.
Os pais do John trocaram um longo olhar até que a sua mãe perguntou:
- Podemos levá-la para casa? Com o susto que eu tive eu realmente não a quero perder de vista... num dia é atacada passados dois dias isto... – disse chorando fazendo o John revirar os olhos - ... por favor. – Suplicou soluçando.
- Sim, podem mas... bem, eu preferia que ela ficasse aqui em análise mas com o que vocês passaram se me prometerem que ela vai ser analisada diariamente por um curandeiro eu não me vou opor.
- Muito obrigado. – Disse enxugando as lágrimas e abraçando o curandeiro. – Muito, mas muito obrigado!
O John suspirou quando viu o duro olhar do seu pai sobre si e olhou para o chão suspirando. Família perfeita não era?
- Mas Sr.ª eu peço que ela ainda fique cá mais algumas horas só para ter certeza de que está tudo bem.
- Sim. – Respondeu com um sorriso fraco. – Se é o melhor para ela eu compreendo. – Disse agarrando o braço do marido que lhe passou o braço por cima dos ombros em sinal de apoio. – Muito obrigado, mais uma vez. – Disse saindo do pé deles e indo sentar-se numa cadeira abraçada ao marido.
O John suspirou mais uma vez vendo a ordem silenciosa dos seus pais. Continuar com o fingimento mas se a Sarah estava boa não era ele que se ira opor mas a voz do Harry impediu-o.
- Doutor, o que se passou realmente?
Ele viu o curandeiro olhar do Harry para os Sr. Franklin com medo.
- Bem, Sr. Potter foi o que eu contei.
- Mas isso não é possível. Como é que uma pessoa se pode libertar do que não tem?
- Eu... eu não sei. Eu chamei todos os curandeiros disponíveis para descobrir mas isto é um mistério tão grande para si como para nós.
- Então não há nenhuma hipótese de os pais lhe terem feito alguma coisa?
- Não. É impossível, se fosse um feitiço tinha que ser feito à muito tempo e nós, como já disse, não detectamos nenhum tipo de magia nela.
- Certo, Doutor. Muito obrigado e se estiver alguma novidade contacte-me logo.
Quando viu o curandeiro entrar outra vez dentro do quarto ele olhou para os pais sabendo perfeitamente que tinha que ir para o pé deles mas a voz do Harry outra vez o impediu, agora o chamando.
- John, posso falar contigo se faz favor?
Ele olhou para ele lembrando-se do que tinha dito e das dúvidas que ele provavelmente tinha devido à sua grande boca.
- Claro, Sr. Potter. – Disse sorrindo apesar de no interior estar com raiva de si mesmo.
O Harry conduziu-o a uma sala vazia e só ai é que começou a perguntar:
- John, não há nada que me queiras contar sobre os teus pais?
Ele desviou o olhar envergonhado.
- Não, Sr. Potter. Tudo o que o Senhor vê é o que eles são.
- O que eu vejo, John, é um filho com medo que a irmã morresse pelas acções dos pais e também uma grande desconfiança dele nos pais.
- Eu... eu errei como o senhor viu. Ela só se sentiu mal. Os meus pais não são esse tipo de pessoa, – disse analisando atentamente a parede branca – eu acho que entrei em pânico e pensei o pior. Peço desculpas por o ter levado a conclusões erradas. Os meus pais não são perfeitos, mas nós definitivamente somos até uma boa família.
O Harry não se conteve e começou a rir.
- John, tu estás a falar com a mesma pessoa que ouviu a tua discussão com a tua irmã à dois dias.
Ele desviou os olhos envergonhado tentando arranjar uma estratégia rápida.
- Bem, o que dizer, acho que ambos estávamos nervosos e não sabíamos o que dizíamos.
- Os meus filhos também estavam nervosos e não foi por isso que eles disseram que a culpa foi minha.
- Nós não dissemos que a culpa era deles!
- Mas deram a entender, como deram a entender que a Sarah me culpava por alguma morte. Quem é que morreu? E porque é que ela me culpa?
- Ninguém que nós conhecemos morreu e o Sr. foi responsável. Por isso não sei o que dizer, provavelmente, ouviu mal.
- John, podes confiar em mim.
- Eu confio em si Sr. Potter – disse sorrindo fracamente – mas não tenho nada a dizer. Por isso, se não tem mais nenhuma pergunta eu vou ter com os meus pais.
O Harry analisou-o silenciosamente tendo certeza de que o John estava a mentir mas também tendo certeza de que ele não lhe iria contar mais.
- Claro que podes ir, John. Obrigado e as melhoras para a tua irmã. – Disse vendo-o sair depois de dizer um “obrigado”. Ele poderia não lhe ter dito nada mas ele iria descobrir ou não se chamasse Harry James Potter.
*****
- Harry Potter falou comigo e disse que havia a possibilidade de ela ter sido atacada mas... – Disse uma voz masculina que nunca tinha ouvido antes.
- Mas não justifica isto... Eu fiz três vezes o teste para ver se ela tinha sido enfeitiçada mas nada... Os níveis estão normais. – Disse uma voz feminina que ela também nunca tinha ouvido antes.
- No entanto, os testes dizem que ela se libertou temporariamente de um feitiço. Como é que é possível? – Perguntou outra voz que ela também nunca tinha ouvido antes.
- Não é! – Exclamou a primeira voz. – Mas ela vai para casa dos pais hoje há tarde por isso acho que não vamos saber hoje.
- Mas ela devia de ser analisada... O que aconteceu hoje pode acontecer mais vezes. – Disse a voz feminina preocupada.
- Também só lhe vai dar cansaço e esgotá-la. Ela não vai morrer por isso. – Disse a segunda voz masculina.
Ela suspirou ao ver que provavelmente falavam dela e abriu os olhos preguiçosamente. Bocejou tendo consciência de que estava mais cansada do que deveria de estar e olhou em volta. Viu as paredes brancas, três pessoas com fatos brancos com as duas varinhas cruzadas e percebeu logo onde estava. Estava no hospital St. Mungus agora só faltava saber o porquê...
- Menina Franklin, está tudo bem consigo? – Perguntou o dono da voz masculina que parecia ter cerca de trinta anos com um cabelo preto pelos ombros e uns hipnotizadores olhos azuis.
Ela assentiu tentando se lembrar do porquê de estar ali.
- É provável que se sinta cansada afinal soltou um grande nível de magia.
Ela franziu a testa confusa.
- Soltei?
- Sim, embora não saibamos a causa. Por acaso foi enfeitiçada recentemente?
Ela negou.
- Então realmente não sabemos a causa. Só sabemos que soltou uma grande quantidade de magia em si própria como se se estivesse a soltar de um feitiço mas pelos nossos estudos a menina não estava enfeitiçada por isso lamente dizer que não sabemos a causa. No entanto, tudo o que precisa de fazer é descansar. Os seus pais a levarão para casa se não estiver nada contra.
- Não, muito obrigado por me terem ajudado.
Ela viu-o sorrir para ela mas a curandeira, uma mulher loira, disse-lhe:
- Nós só vamos fazer mais uns testes para ver se está tudo bem, agora que acordou.
Ela assentiu e deixou-os fazerem-lhe os testes respondendo às perguntas casuais que eles mandavam.
Tentou se lembrar do que aconteceu e lembrou-se que a sua última lembrança era no cemitério... estava a falar com o David e... e... relembrou-se daquelas imagens confusas que teve quando olhou para dentro da capela... o que tinha sido aquilo? O que eram aqueles flashes? Do funeral da Kate? Mas ela lembrava-se tão bem dele... bem, até demais e aquilo nunca tinha acontecido... aqueles feitiços, aqueles encapuzados... sim, era isso! Provavelmente foi alguma brincadeira da sua mente a querer confundi-la, uma vez que os seus amigos tinham sido atacados por encapuzados... sim, provavelmente foi isso, isso ou um sonho, uma vez que teve aquela “visão estranha” depois. Parecia uma lembrança mas nunca podia ter sido porque ela nunca viu aquela mulher cor-de-rosa antes... Voltou a fechar os olhos com dor ao lembrar-se com o que sonhou depois... a Kate... quem lhe dera que aquilo fosse verdade... quem lhe dera que tivesse esperança... quem lhe dera poder conversar com a Kate outra vez... abraçá-la... mas era impossível! Ela estava morta e ela nunca poderia conversar com ela, só tinha sido uma brincadeira da sua mente... uma estúpida brincadeira... mas tinha parecido tão real... parecia tão ela ao falar, mas... não, nunca poderia ter acontecido. Afinal como é que ela poderia falar com uma pessoa morta? Nunca! Lembrou-se da Kate ter dito que ela acharia que seria uma brincadeira da sua mente... mas não era possível, pois não? Abanou a cabeça negativamente e bufou com raiva. O que raio é que ela estava a fazer? A querer ter esperança outra vez de a não ter perdido para sempre? Aquilo provavelmente foi só o seu subconsciente a dizer-lhe que era imaginação sua. Mas uma certeza ela tinha, ela nunca mais pensaria naquilo porque aquilo só a faria sofrer mais. A partir de agora, ela esqueceria este sonho porque se houvesse só a possibilidade da morte dela não ser como ela achava que era, nunca seria capaz de fazer o que tinha que fazer. Não, não pensaria mais nisto, não agora que finalmente tinha aceitado o que tinha que fazer!
*****
O John não se conteve e abraçou a irmã com força ao ver que ela finalmente saia daquele maldito quarto.
- Sarah, estás bem?
Ela sorriu divertida na direcção dele quando ele finalmente se soltou dela.
- Estava melhor se não tivesses me tentado partir ao meio quando me abraçaste.
- O quê? – Ele quase gritou horrorizado. – Eu aleijei-te?
Ela não se conteve e revirou os olhos ao ver a preocupação exagerada na cara do seu irmão.
- Não, John. Eu estou bem.
- Pois está, mas ela não pode fazer esforços. – Disse o curandeiro loiro aparecendo atrás dela.
- Deixe estar doutor, - murmurou a sua mãe ao lado do John preocupada – nem que a tenha que amarrar ela não vai fazer esforços.
Ela conteve outro revirar de olhos e só sorriu falsamente para a sua mãe. Era tão mais fácil quando eles não tinham que fingir...
- Sarah, estás bem?
Ela sentiu toda a sua pouca cor desaparecer ao ouvir aquela voz e olhou para a dona. Como é que a Susan estava ali?
- Estou. – Murmurou olhando de lado para o John que continuou igual só olhando para si. – Mas... e o funeral?
- Nós não fomos ao funeral, Sarah. – Disse o Scorpius que veio para o lado da Susan. – Quando te vimos desmaiar nós tínhamos que saber como estavas. O David percebeu. – Desculpou-se.
Ela assentiu silenciosamente e olhou para o lado do James onde estava o Albus aparentemente paralisado a olhar para ela o que a fez quase sorrir.
- Bem, obrigado mas como podem ver estou bem. - Disse sorrindo e olhou para o seu pai na clara ideia que ele percebesse que ela queria ir embora.
- Bem, - ele disse com o seu melhor sorriso – a minha filha está cansada por isso vou levá-la para casa. Se a quiserem visitar podem sempre passar lá por casa – disse olhando para o Harry não retirando o seu sorriso – mas antes é melhor mandarem uma coruja porque eu agora acho que os vou levar comigo nos negócios. Não os quero perder de vista – disse olhando para o John e a Sarah, com o que parecia... um sorriso carinhoso? – e por isso eles podem não estar em Londres e vocês assim não perdem uma viagem. Mas de qualquer forma estão sempre convidados a ir lá e... Sr. Potter?
- Sim. – Respondeu o Harry surpreendido por ele lhe dirigir a palavra.
- Muito obrigado por nos ter aconselhado a tê-la trazido aqui. – Disse abraçando-o o que o deixou completamente desprevenido. – Muito obrigado, mesmo. Se no futuro precisar de alguma coisa é só dizer. Bem, nós vamos agora. Adeus meninos. – Disse sorrindo para os mais novos que o olhavam espantados.
A Sarah quase revirou os olhos ao ver os seus pais encenarem os papéis de família perfeita mas não poderia fazer nada contra, afinal ela não era a filha perfeita?
N.A. Mais um capitulo mas infelizmente a minha falta de tempo continua :-( Bem, o próximo capitulo também ja está pronto e chama-se "A fura-relacionamentos ou só azarada?" por isso devo de por brevemente, mas a partir dai acabao os meus capitulos feitos por isso devo de demorar as minhas habituais 2-3 semanas. Até ao proximo capítulo xD.
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