Visita a Hogsmeade



4.Visita a Hogsmeade


 


“Chorar sobre as desgraças passadas é a maneira mais segura de atrair outras.”




William Shakespeare


 


- Hey! Acorda!


Ele começou a despertar ao sentir ser abanado. Aquela irritante voz continuava cada vez mais alta fazendo-o começar a despertar com um suspiro contrariado. Abriu um olho com custo e visualizou um rapaz loiro parado a fitá-lo.


- Estava a ver que não acordavas.


- Hum-hum. – Foi a única coisa que conseguiu murmurar ao bocejar.


- E que ainda não acordaste. – Disse divertido.


- Deixa-me dormir! É sábado, por Merlim! – Resmungou virando-se para o outro lado.


- Albus! Acorda!


- Se fores para tomar o pequeno-almoço podes ir sem mim. – Disse ainda de constas para ele.


- E é o que eu vou fazer em breve. – Bufou impaciente. – Tu só te podes estar a esquecer que dia é hoje.


- Não! É sábado, SÁBADO! Por isso deixa-me dormir!


- Albus, eu desisto. Não queres ir a Hogsmeade, não vás! Não foi por falta de insistência.


- Espera! – Disse levantando-se de um salto como se tivesse apanhado um choque eléctrico. – Hogsmeade? Hoje?! Ah, vocês não se iam embora sem mim, né? Quer dizer, sem vocês eu não posso ir e ia ficar aqui sozinho e ...


- Está bem, Albus. Eu estou à espera. Veste-te.


Ele sorriu como uma criança que tinha ganho um brinquedo novo e preparou-se saindo pouco tempo depois o Albus e o Scorpius do dormitório masculino. Na sala de convívio estavam já a Rose, a Susan e a Sarah.


- Bom dia! – Cumprimentou. – Vamos? – Perguntou ansioso.


- Quem te vê assim até pensa que acordaste energético. – Resmungou o Scorpius.


- Tu sabes que eu gosto de dormir. – Respondeu com um sorriso amarelo.


- Vamos? – Perguntou a Susan animada, por ser a primeira vez que lá ia. – O James e o John já desceram.


Eles saíram pelo retrato, mas mal a Sarah pôs um pé fora do retrato da Dama Gorda foi chamada.


- Sarah!


Ela acabou de sair e observou quem a chamou. Um rapaz alto, loiro, extremamente moreno a fitava com os seus brilhantes olhos azuis.


- Richard! Olá.


- Olá. Eu tenho tentado falar contigo toda a semana mas nunca te vi.


Ela lembrou-se da semana decorrida e lembrou-se que havia uma grande probabilidade de o que ele disse ser verdade. Toda a semana ela andou tão atarefada que nem ia jantar ao salão. O John e o James estiveram a ensina-la sobre as passagens secretas de Hogwarts, bem, não só a ela, também ao Albus, Scorpius, Rose e Susan. Apesar de ela não querer nada com eles, eles no final da semana já a consideravam parte do grupo deles. Porque é que eles não compreendiam que ela só andava com eles para poder ir a Hogsmeade sem arranjar problemas e porque o James era amigo do seu irmão? Porque é que tinham que a considerar amiga?


- É, andei atarefada.


- Sarah, nós vamos indo. Entramos-te no salão. – Disse a Rose.


- Ok.


- Ah, eu queria falar contigo porque... tu disseste no comboio que não te importavas... isto é... que eu ia contigo a Hogsmeade.


- Mostrar-me? Sim, eu lembro-me.


Ele sorriu para ela e continuou:


- Eu posso também mostrar aos teus amigos.


- Mas tu sabes que eu sou do primeiro ano e...


- Sarah, eu conheço-te e conheço o John. Eu sei que tu vais lá como o John foi o ano passado. Se quiseres eu até posso fazer os feitiços para mudarem a imagem.


- Não é preciso Richard. Nós já tratamos disso.


- Então não há problema em eu te mostrar Hogsmeade?


Ela assentiu com a cabeça. Por muito que não lhe agradasse a ideia ela não iria voltar atrás com a palavra. Se prometeu iria cumprir.


- Perfeito! Então...


- Depois de tomar o pequeno-almoço. Lá fora.


Ela com passos rápidos e decididos afastou-se dele, dirigindo-se para o salão. Ela tinha se esquecido completamente dele e agora teriam que modificar algumas coisas.


- E então? – Perguntaram-lhe mal ela chegou ao salão. Nem se tinha sentado ainda.


- E então o quê, Susan?


- Estás apaixonada por ele?


Ele franziu a testa e olhou para ela. Que raio de pergunta era aquela?


- Quem? – Perguntou sentando-se.


- Quem será Sarah? – Ironizou ela fazendo metade da mesa olhar para elas. – O coelhinho da Páscoa se calhar!


Ela olhou para ela e reprimiu um sorriso. A Susan ironizar? Isso era novo...


- Sabes, eu apesar de gostar da época não estou apaixonada.


- Hã? – Perguntou a Rose confusa.


Se elas estavam a fazer perguntas íntimas ela também poderia fazer uma das coisas que era melhor... Distorcer os factos.


- Eu gosto da Páscoa – disse servindo-se de uma torrada – mas não há-de ser isso por isso que estou apaixonada pelo coelhinho da Páscoa. Por isso, não. Não estou apaixonada.


- Sarah, eu não te perguntei isso!


- Aí não? Pocha e eu que jurava ter ouvido coelhinho da Páscoa... Se calhar estou a ouvir coisas... talvez vá à enfermeira... ou melhor, ao S. Mungus. Agora não sei. Será que esta dúvida já faz parte do quer que eu tenha? Hey John, – chamou-o – se eu morrer és oficialmente o meu herdeiro. Podes ficar com o meu peluche do coelhinho da Páscoa.


-Sarah! – Gritaram chocadas a Rose e a Susan.


- Sim. – Disse sorridente. – Chamaram, não chamaram? Ou... se calhar é outra das minhas alucinações, já está a ficar preocupante.


- Sarah ganha juízo. – Disseram ao mesmo tempo revirando os olhos.


Ela olhou para elas fazendo a sua maior cara de confusão.


- Como é que se ganha juízo?


- Hã?


- Sim. Se eu jogar poker as pessoas não apostam juízo. Então como é que eu ganho...


- SARAH! – Gritou a Susan.


- Ah! Agora eu não fui a única a ouvir, por isso ou é alucinação geral ou eu já estou curada. Esquece John! O Coelhinho é meu! – Gritou ela.


- Sarah... – Suspirou a Susan.


- O que ela queria saber era se...


- Sim Rose. – Cortou-a a Sarah. – Se eu estou apaixonada e eu...


- Pelo Richard! E não pelo coelho da Páscoa, né?


- Ah. - Disse desanimada. – Isso! – E olhou para a mesa dos Slytherin e fitou o Richard que a olhava sorridente. Será que ele estava a ouvir? Não! Era muito longe.


- E então? – Perguntou impaciente.


- Então o quê, Susan?


- Estás ou não apaixonada? – Perguntou a Rose.


Porque é que todas as garotas, TODAS, tinham que só pensar nos rapazes. Sinceramente... fez-se passar por parva só para que desistissem da pergunta, mas mesmo assim elas não desistiam. Quer fosse a Angelina, a Rose ou a Susan, todas só pensavam nisso.


- Isso é coisa que se pergunte no meio do salão com meia mesa a olhar para nós? – Perguntou acenando para o Albus, o James, o John e o Scorpius que ouviam a conversa descaradamente e coraram de vergonha ao se verem descobertos.


- Ah! – Festejou a Susan, fazendo-a olhar confusa para ela para perceber o motivo da sua felicidade. – Tu estás apaixonada.


Ela arqueou uma sobrancelha divertida e inquiriu:


- Estão interessadas nele?


- O quê? – Assustaram-se as duas.


Elas é que começaram com a conversa de uma maneira infantil e porque então não desviar o assunto?


- Se estiverem é só dizer. Eu posso servir de cupido, - e abrindo ainda mais o sorriso continuou – mas só uma pode ficar com ele e existe uma condição. Eu quero ser madrinha de casamento.


- Mas ele tirou-te o juízo quando estiveste a conversar com ele? – Perguntou a Rose.


- Não. Só que como vocês estão tão interessadas eu pensei que...


- Ele está apaixonado por ti e nós pensamos que....


- Eu meço 1 metro e 50, tenho 11 anos e estou no 1º ano. Acham sinceramente que eu estou apaixonada? Tenho mais que fazer.


- Não é por isso que tu...


- Susan! O que eu quero é divertir-me. – E deu uma dentada na torrada, mas depois lembrando-se de uma coisa engoliu e disse: - E Albus e Scorpius já podem parar de fingir que não ouviram nada. O Richard quer vir connosco para nos apresentar Hogsmeade. Importam-se?


- Mas ele não pode. Ele poderá nos denunciar.


Ela sorriu e deu de ombros.


- Em relação a isso não te preocupes, ele o ano passado também apresentou ao James e ao John, até os ajudou. Por isso, não é problema.


- Então não faz mal.


- Então ele vai-se encontrar connosco lá fora. - Ela virou-se para a Susan e a Rose outra vez e disse maliciosa – A vocês não vos pergunto. Eu sei que vocês desejam isso. – E voltou a comer.


 


*****


 


Eles como combinado naquela semana dirigiram-se a uma passagem que estava situada no terceiro andar. Antes de irem eles iriam comer um rebuçado que lhes iria modificar a aparência, cortesia de George Weasley. Passado pouco tempo já estavam em Hogsmeade e ninguém iria reconhecer aqueles jovens. O Albus tinha crescido pelo menos 10 centímetros e estava loiro com olhos castanhos, parecendo, como os outros, ter no mínimo 14 anos. O John estava ruivo com uns brilhantes olhos azuis, o James estava também loiro como o irmão, mas os seus olhos eram azuis e o Scorpius estava com cabelo castanho e olhos verdes. A Susan estava ruiva com olhos castanhos, a Rose estava morena com os olhos verdes e a Susan estava loira com olhos azuis.


- Hehe, eu realmente adoro os brinquedos do tio George. – Festejou o James.


- Realmente ele tem boas ideias. O que ele inventa é impressionante.


- Hey! A Rose pela primeira vez na vida deu-me razão!


- Não sejas parvo James! Eu dou-te razão quando tu tens razão. Eu lá tenho culpa que tu nunca tenhas boas ideias?


- Assim ofendes-me.


Ela lançou-lhe um olhar irritado e já estava para retrucar quando se ouviu outra voz:


- Sarah? São vocês?


Ela olhou para trás e vinha o Richard confuso a olhar para eles.


- Quem é a Sarah? – Perguntou o James.


O Richard ficou branco e olhou para todos mais uma vez, parando na menina loira de olhos azuis.


- É que eu jurava que tu me parecias uma menina que eu conheci na infância. Mas esqueçam, desculpem lá. Confundi-os com outras pessoas.


Ele já tinha virado as costas e estava preparado para se ir embora quando ouviu o riso nas suas costas.


- Eu não disse que estes rebuçados funcionavam. Ele nem nos reconheceu!


O Richard virou-se contrariado para ele e disse:


- Pela gracinha deves de ser o James. – Resmungou.


Ele só sorriu como resposta.


- Já vi que acertei. Ainda estava na dúvida entre ti e o John, mas estas gracinhas fazem mais o teu género.


- Espero que isso não seja uma crítica. – Disse estreitando os olhos fazendo rir o Richard.


- De modo nenhum!


*****


 


O forte vento fazia com que o seu cabelo, agora loiro, ficasse rebelde. Fechou os olhos sentido todas aquelas sensações que o vento lhe trazia. Adorava aquela sensação de liberdade, fazia-o sentir vivo. Abriu os olhos e observou o povoado. Os prédios eram altos e tinham sempre uma aparência jovem. O seu irmão tinha-lhe explicado uma vez que Hogsmeade tinha sido muito desenvolvida depois da guerra devido a Hogwarts que cada vez tinha mais alunos. Os seus olhos castanhos fixaram-se num prédio colorido onde era a loja do seu tio George, onde antigamente era o Cabeça de Javali. O seu tio tinha aumentado o edifício e depois pintado o com aquela aberrante cor roxa quando o dono tinha decidido viajar pelo mundo, pouco depois do final da guerra.


Olhou para o lado e lá estava o Scorpius a olhar para as garotas que ouviam fascinadas o Richard que enquanto andava falava com a Sarah que não lhe prestava muita atenção.


- Querem ir ao Três Vassouras? É um bar agradável e a filha é uma ex-aluna de Hogwarts? – Perguntou o Richard.


A Susan e a Rose responderam que sim e os outros foram atrás.


Quando já estavam sentados numa mesa daquele bar com um aspecto simpático e agradável a Sarah pareceu lembrar-se de alguma coisa.


- Ah. Eu mais à tarde tenho que ir a casa.


- Casa? – Perguntou o Albus curioso.


- Eu e o John temos uma casa na zona residencial. Ainda é afastado daqui. Nunca cá tinha vindo.


- Queres que eu vá contigo? – Perguntou o Richard.


- Não. Eu quero ir sozinha – ao ver o John abrir a boca disse - embora o John queira ir.


- Eu vou.


- Claro John. – Disse revirando os olhos.


- Sarah... – Ameaçou.


- Sim. Já percebi. Rendo-me. – Disse levantado as mãos em sinal de rendição, fazendo com que o John lhe lançasse um olhar desconfiado.


- Bem, a minha parte está cumprida e eu vou indo. Vamos John? – Perguntou o James.


- Sim. – Disse se levantando preparando-se para sair. – Não te esqueças Sarah.


- Não me esqueço.


Ela viu-o sair pela porta e pensou que ele andava pouco desconfiado. Ele estava mesmo para discutir ali no meio de um pub com os Potter a olharem para eles? Ele só podia estar maluco.


- Sarah, se quiseres eu também posso ir. – Sugeriu o Richard.


- Não é necessário. Só preciso discutir uns detalhes com a minha mãe.


Ele assentiu em silêncio, mas o silêncio não demorou muito tempo pois logo o Albus inquiriu animado:


- Podemos depois ir à loja do tio George? Ele escreveu-me a dizer que ia cá estar para falar com o Fred.


Eles assentiram e depois de todos beberem as suas cervejas amanteigadas eles partiram para o grande edifício roxo com o símbolo WW, o símbolo que o George deu as suas lojas.


- Richard, – chamou a Sarah – tu tens os teu colegas se quiseres ficar com eles não te aborreças connosco só por causa do que disseste no primeiro dia. Eu sei que existem companhias mais interessantes. – Disse observando uma menina loira que sorria para ele.


- Claro que não estou aborrecido e não existe uma melhor companhia.


Ela deu de ombros e entrou na loja sendo seguida pelos outros. A loja estava cheia e viam-se os empregados a correr de um lado para o outro para atenderem os clientes. As grandes prateleiras que só acabavam no tecto estavam cheias com diversos produtos. No meio de tantas pessoas eles conseguiram distinguir duas distintas cabeças ruivas e dirigiram-se para lá.


Um era um homem alto, bem constituído e que tinha um sorriso maroto no rosto enquanto observava tudo. O outro era mais novo, mas parecia muito com o homem mais velho. Ele tinha um cabelo ruivo curto, mas que devido ao corte fazia o cabelo passar às vezes pelos olhos azuis e, como o mais velho, tinha um sorriso maroto no rosto observando tudo. Ele era alto, com músculos bem definidos e enquanto observava tudo falava com o homem mais velho.


- Al! Rose! Os meus sobrinhos preferidos. Como estão? – Cumprimentou o mais velho, reconhecendo-os logo para espanto total. O que eles não sabiam é que como tinha sido ele que fez aqueles rebuçados, também era ele o único que sabia como aquele encantamento não funcionava, tendo eles para ele as aparências normais.


- Oh! E eu que pensava que era o preferido. – Disse uma voz atrás do homem.


- James e... John. Sabes uma coisa James? – Perguntou passando um braço pelos ombros do sobrinho. – Tu tens que dizer à pessoa com quem estás a falar que é a tua preferida. Eu só me dei mal porque não te tinha visto. – Disse sorrindo.


- Fred! – Gritou o homem de repente fazendo-os sobressaltar. – Tens aqui a resposta.


O rapaz dos seus 15 anos olhou para o pai à procura de uma explicação.


- Que resposta?


- Eu explico. – Disse virando-se para os sobrinhos. – O Fred estava a queixar-se por causa do Quiddich. Esta semana ele esteve a fazer testes para examinar o potencial da futura equipa e não ficou satisfeito. A maioria dos jogadores saiu o ano passado e que se aproveite só ficou ele e a Victoire que é a capitã. Eu já vos vi a jogar e vocês jogam bem!


- E o que é que tem nós jogarmos bem? – Perguntou o Albus.


- Podem ir para a equipa!


- NÓS? – Perguntaram ao mesmo tempo incrédulos a Rose e o Albus.


-Sim, vocês.


- Eu posso fazer os testes. Só não soube que era esta semana, porque... bem, eu estava ocupado. – Disse o James.


- Isso era óptimo, James. Eu esqueci-me completamente de vocês. Assim já temos dois artilheiros bons.


- E o John também.


O John olhou para o James incrédulo e piscou os olhos molemente.


- Eu?


- Sim, tu. Tu jogas bem como goleiro.


- Não! – Disse decidido. – Ainda sou muito novo – e ao ver o olhar do James continuou – e pequeno.


- Não és nada! E o Al e a Rose também.


- Nem penses em me pôr a jogar. – Disse a Rose. – Eu gosto de ver jogar, não, de jogar.


O James e o Fred vendo a verdade nas suas palavras desviaram a sua atenção para o Albus que ainda estava calado, fazendo o George dizer:


- E tu podes ser o apanhador.


- E-eu? – Gaguejou ele. – Porquê eu?


- Porque tu tens o talento do teu pai e foste treinado por ele!


- Eu sou do primeiro ano! – Disse decidido.


- E o que é que tem?


- Tio, - disse revirando os olhos para a patetice do seu tio – os alunos do primeiro ano não podem jogar.


O seu tio sorriu e disse-lhe animado:


- Ai é que estás errado. Os alunos não devem de jogar. É diferente! – Ao ver que o Albus ainda não estava convencido, ele continuou. – Olha o exemplo do teu pai. Ele jogou no primeiro ano e acredita em mim, era um orgulho ver um Gryffindor do primeiro ano vencer os outros mais velhos. Ah, ele tinha talento... – Ele parou de falar por uns instantes contemplando um ponto em cima da cabeça do Albus, só parecendo chegar a si quando abanou a cabeça e continuou: - E tu vais ser a mascote deste ano. Sais ao teu pai!


Ele olhou para o tio pensativo e depois disse feliz:


- Bem, acho que não é crime fazer o teste.


O George sorriu e deu uma palmadinha nas costas do sobrinho.


- Este é o meu sobrinho.


- Bem, eu já vos vi a jogar e sei que vocês vão bater os outros sem problemas. Menos mal, entre os alunos que fizeram o teste havia um batedor que até era bom. Assim, se o John fizer o teste, SÓ O TESTE, - esclareceu vendo o John abrir a boca para protestar – só me falta encontrar um artilheiro.


- Bem... – Começou o John com um estranho sorriso vingativo no rosto – Eu até conheço um bom artilheiro. Ninguém que eu conheça o consegue parar quando está inspirado.


- Nem penses John! – Protestou logo a Sarah.


- Quem disse que eras tu? – Perguntou o John fazendo a Sarah enrubescer e calar-se imediatamente.


- E quem é? – Perguntou o Fred excitado com a ideia de terem uma boa equipa este ano.


- Só digo se me prometeres que eu não vou para a equipa.


O Fred observou-o por uns instantes e talvez pensando que ele não era tão bom assim disse:


- Fazemos primeiro os testes de artilheiro. Se esse artilheiro for tão bom assim ficas livre.


O John sorriu tendo total confiança nas condições do artilheiro.


- A Sarah!


- John! – Indignou-se a Sarah.


- Ela? – Perguntaram uns espantados Fred e George.


- Vocês nunca a viram jogar. Ela foi treinada por um dos melhores artilheiros e, actualmente, ela vence-o sem problemas. Bem... às vezes...


- Que exagero John!


- Verdade! Olha – disse virando-se para o Fred – põem-na a fazer os testes e vais ver que eu tenho razão.


- Mas ela é do primeiro ano!


- Como o Albus!


- Fred, se o John está a dizer eu acredito nele. – Disse o James que recebeu um sorriso agradecido do John.


- Bem, como o Albus disse, não é crime nenhum fazer os testes. Sarah vais fazer os testes e se ela não ficar, John tu também vais fazer os testes.


O John deu de ombros e disse despreocupado:


- Ah, ela vai ficar ou eu não me chame John Franklin.


- Certo. Bem eu vou andando. Vou falar com a Victoire. – Disse saindo, acenando para eles em despedida.


- Ah, este rapaz... – Disse o George abanando a cabeça inconformado. – Eu juro que se houvesse aquela coisa de... como é que os Muggles chamam mesmo... Treinador é isso. Se houvesse um treinador em Quiddich ele ia ser um e um dos bons.


- Já existe. – Disse a Rose para espanto de todos.


- Onde?


- Na Alemanha. Existe um clube que já tem um. Eles têm uma estreita relação com os Muggles e estão a reformar muitas das leis de Quiddich de acordo com os jogos Muggles. Brevemente, mais clubes vão aderir.


Eles olharam para ela espantados. Ela realmente havia herdado aquela característica da sua mãe. Ela sabia de tudo.


- Bem... isso é uma novidade. – Disse o Albus.


- Até está a ter o apoio do público. Acho que daqui a alguns anos chega ao mundo todo estas novas regras de jogo.


- Até vai ser divertido. – Disse o James com um sorriso maroto. – Mas bem, eu tenho que ir. Negócios. Vens John?


- Certo. – Disse, desaparecendo os dois no meio daquelas pessoas todas.


- Al! – Chamou a Rose vendo o olhar cobiçoso dele para alguns produtos. – Nem penses que vais comprar alguma coisa para pregares partidas.


- EU? – Indignou-se ele. – Claro que não. – Ao vê-la virar as costas sussurrou para os outros. – Para que é que eu vou comprar se o tio George dá-me?


Eles ainda andaram pela loja por algum tempo observando fascinados aquela quantidade absurda de produtos. Havia ali produtos para todo o tipo de partidas...


Eles foram até ao segundo andar onde se vendiam os produtos mais caros e preferidos dos mais adultos. O aspecto já não era tão espalhafatoso como o de baixo, era mais sóbrio.


O George tinha tirado a ideia observando os Muggles, influência do seu pai. Aquele andar parecia uma grande loja de electrodomésticos. No entanto, as funções dos objectos estavam aperfeiçoadas. Por exemplo, os telemóveis, para qualquer Muggle, que visse eram só um telemóvel normal, mas para os bruxos eram completamente diferentes. Tinham as mesmas funções, mas havia algumas especialidades. Por exemplo, se estivesses a falar com alguém e carregasses num botão que estava nele irias Aparecer ao lado da pessoa, desde que se pudesse Aparecer na zona.


Eles deram uma volta pelo andar e desceram outra vez para sair da loja. No entanto, quando estavam a sair bateram contra o James e o John que também estavam a sair, mas ao contrário deles, eles estavam cheios de sacos.


- Sarah, não te esqueças de quando fores de me chamares.


Ela só assentiu não dizendo nada. Ela realmente não gostava nada de mentir à única pessoa em quem confiava no mundo.


Eles passaram o resto da manhã a visitarem cada loja com o Richard a explicar cada detalhe. Ele tinha talento para promovedor, tendo a completa atenção deles enquanto explicava cada detalhe. Quando foram 15 horas a Sarah pronunciou-se pela primeira vez desde que saíram da WW.


- Bem, obrigado por tudo mas eu tenho que ir.


- Não esperas pelo teu irmão?


- Não Susan. É para eu ir, não ele. Até logo!


 


*****


 


Ela havia caminhado por cerca de 10 minutos até que chegou a uma zona de apartamentos luxuosos. A sua família tinha casas, apartamentos e, inclusive, quintas de luxo em todas as importantes vilas e cidades.


Ela dirigiu-se para um grande prédio que era rodeado por árvores. Por entre elas, conseguia-se ver uma grande piscina onde as crianças, apesar do forte vento, gargalhavam e brincavam nela. Ela sorriu ao ver a inocência delas. Era uma época especial ser criança, mesmo tendo ela a infância que teve. Abanou a cabeça para afastar estes pensamentos e observou melhor o que rodeava aquele luxuoso edifício. Ao lado dele, havia um pequeno campo de Quiddich onde alguns adultos treinavam. À frente existia um restaurante luxuoso onde algumas pessoas ainda almoçavam. Aquele edifício mostrava uma paz e luxo sem igual, o que fazia com que muitas pessoas famosas do mundo bruxo tivessem um apartamento lá.


Ela caminhou calmamente até à entrada e um segurança que estava na porta do edifício olhou desconfiado para ela. Mas pareceu reconhecê-la pouco depois e levantou a varinha fazendo um feitiço que abriu a porta que estava fechada.


- Bom dia menina Franklin. Os seus pais estão à sua espera. – Disse fazendo um aceno com a cabeça.


Ela só acenou e entrou no edifício. Já tinha voltado à sua aparência normal, com os cabelos pretos o que fez o segurança a reconhecer.


Ela olhou em volta quando entrou espantada com o interior do edifício. Realmente, há muito tempo que não entrava lá.


O grandioso Hall estava iluminado por velas que flutuavam livres no ar. Ao centro, uma pequena fonte de um Centauro deitava água através da sua boca. Atrás dele estava um balcão com uma recepcionista que lia distraidamente o jornal. O balcão estava decorado com diversos objectos e tinha alguns rebuçados para oferecer às crianças que habitavam ali. Ao lado, nas paredes, estavam dois seguranças que observavam tudo atentamente à espera de um menor ruído para actuarem.


Ela olhou outra vez em volta à procura de alguma coisa até que viu do outro lado do balcão dois elevadores e dirigiu-se para lá. Os seus passos ecoaram frios naquele silêncio e a recepcionista arrumou logo o jornal olhando em volta à procura da causa do barulho. Os seguranças mantiveram-se no seu lugar somente observando atentamente cada passo dela atentamente.


- Olá menina Franklin. Os seus pais estão lá em cima. – Disse a recepcionista sorridente.


- Certo. Obrigado.


Ela entrou no elevador e carregou no botão que dizia segundo andar. Saiu quando as portas se abriram mostrando o longo corredor e de cada lado uma porta. Cada andar era constituído por dois apartamentos, o que fazia com que cada apartamento fosse muito maior que a maioria das casas.


Ela foi em paços largos até à porta e quando levantou a varinha tocando-a na maçaneta, ela brilhou e a porta abriu.


Ela entrou no apartamento e como esperava ele era luxuoso. A sala de estar que era onde se encontrava tinha espaçosos sofás, quadros nas paredes, cujos ocupantes observavam atentamente o casal que estava sentado no sofá em frente para a lareira. Uma pequena mesa estava à frente do sofá e tinha objectos que pareciam ser de oiro. Toda a sala era mobilada por móveis antigos, mas muito bem tratados.


Ela observou contrariada o casal que estava sentado. A mulher tinha cabelos pretos e uns frios olhos verdes que a observavam. Todo o seu ser apresentava beleza e seriedade. Ao seu lado estava um homem loiro com uns brilhantes olhos azuis que deu um pequeno sorriso ao ver a filha. Ele como a mulher era belo, mas ao contrário dela, demonstrava descontracção.


Ela foi com passos determinados até à poltrona que estava ao lado do sofá e disse-lhes sem dar qualquer tipo de comprimento:


- Nunca percebi porque é que têm apartamentos tão luxuosos se têm que pagar todos os meses pelo luxo e segurança. Não podias simplesmente comprar um pequeno apartamento só com um quarto e sala. Ah, e claro uma casa de banho.


- Tu sabes muito bem Sarah, - disse a voz forte do seu pai – que um bom Franklin...


-.... tem que viver bem e com luxo. – Disse revirando os olhos. – Sei!


- Nós não te chamamos aqui para falarmos disso! – Disse a sua mãe ríspida.


A Sarah suspirou e sentou-se dizendo depois:


- Certo! Podem começar os gritos.


- Nós não vamos gritar. – Disse para seu espanto a mulher dos gritos, a sua mãe.


- Sim... – Disse irónica. – Só vão falar mais alto que o normal.


A mulher bufou e os seus olhos verdes fitaram-na atentamente.


- Sarah, nós queremos falar contigo para te percebermos. – Disse o seu pai.


De todos os tipos de discurso que ela esperava, este não era um deles. Estava realmente surpreendida, mas sorriu. Agora, era a verdadeira oportunidade.


- Não acham que é um bocado tarde? Depois de anos a tratarem-me mal, agora, não faz a diferença.


- Sarah, - retorquiu o seu pai – tu ainda és uma criança.


- Aí sim? – Ela tinha se levantado indignada ao ouvir o que o seu pai tinha dito. Se os seus pais estava numa de pais compreensivos, então que a compreendessem. Todo o seu ser sabia que ela acabaria por cumprir a promessa, mas não iria desperdiçar esta oportunidade. – Se sou assim tão nova porque é que já tenho o meu destino definido? PORQUÊ? – Gritou.


- Porque tu – disse a sua mãe calmamente, como se estivesse a explicar algo a um deficiente mental, fazendo-a irritar ainda mais – foste a escolhida. Tu vais fazer ressurgir as trevas. É o teu destino desde que nasceste.


- E se eu não quiser? – Perguntou irritada.


- Não tens escolha. – Respondeu-lhe ela.


- E se eu disser que tenho?


Ok. Ela admitia. Não tinha escolha. Mas os seus pais não estavam compreensivos? Então que lhe explicassem o porquê da sua vida ser o que é.


- Não vais fazer nada Sarah. É o teu destino!


Ela riu. Um riso cínico, sem qualquer tipo de divertimento.


- Eu não quero e vocês não me vão obrigar a fazer nada que eu não quiser.


- Sarah... – Suspirou a sua mãe.


Ela só olhou para a mãe demonstrando toda a sua irritação, fazendo-a irritar também. Ela não era normalmente assim. Tudo bem que ela se irritava ao ouvir falar de destino, motivo esse pela sua reacção, mas ela aceitava-o. Aceitava-o desde... Engoliu em seco tentado não pensar nisso. Não podia pensar nisso!


- Então? – Ela perguntou ríspida, fazendo a sua mãe realmente se enervar e começar a gritar com ela. – Já me vais deixar fazer o que eu quiser?


- Não sei porque tens essa atitude! Podes gritar, lutar, fugir, mas houve o que te digo, ambas sabemos que no final vais estar do nosso lado, porque o teu destino é comandares as trevas.


A Sarah ainda olhou mais uma vez para os seus pais e calou-se. Tudo o que ela tinha dito era verdade. Ela não poderia lutar contra eles, não iria, mas... Ela irritava-se profundamente por saber que não tinha escolha. TODA a sua vida estava programada. Comandar um exército, lutar, casar-se por interesse com alguém que os seus pais já tinham definido. Tudo o que ela queria era ter a possibilidade de escolher. Ela tinha consciência que no final iria para o lado deles, quer tivesse escolha ou não, mas iria ter escolha. Porque é que ela não podia ser igual aos outros? Igual à Angelina?


- E então? – Perguntou desviando o assunto. – Chamaram-me aqui por eu ir para os Gryffindor e não por isto.


Os seus pais entreolharam-se, provavelmente espantados com a atitude dela e o seu pai disse:


- Tens razão. Nós queremos saber como tu foste lá parar.


- Com o chapéu. – Limitou-se a dizer divertindo-se por dentro ao ver a reacção deles.


- Que foi o chapéu sabemos nós. – Continuou ele. – Mas porquê?


- Oras, porque é assim desde sempre.


Ela viu-o bufar, fazendo-a reprimir um sorriso para continuar com a face isenta de expressões. Ele estava definitivamente a controlar-se.


- Porque é que escolheste Gryffindor?


- Eu não escolhi. – Retorquiu ela.


- Kart não adianta!


- Sim... – Suspirou derrotado. Tinha treinado demasiado bem a sua filha para fugir a um assunto. – Nós queremos saber também como é que é essa história de seres amiga do Potter.


- Eu não o conheço assim há tanto tempo para ser considerado amigo.


O homem bufou outra vez.


- Tu queres seguir os passos do John, é?


Ela só olhou para o seu pai, sem qualquer tipo de reacção.


- É que se não – interrompeu a sua mãe ao ver a não reacção dela – essa tua amizade vai nos dar jeito.


- Porquê? – Perguntou curiosa, apesar de não querer de forma alguma ter amizade com o Potter. Tinha uma promessa a cumprir.


- Vejo que afinal não estás assim tão revoltada.


Ela deu de ombros indiferente.


- Nunca disse que estava. Só não gosto de ter a minha vida já planeada.


- Ainda bem. – Disse a sua mãe com um grande sorriso. – Então vamos ter o facto de estares nos Gryffindor a nosso favor.


 


*****


 


Estava outra vez no Três Vassouras. Estava a beber cerveja amanteigada e prestava atenção às palavras da Rose e do Scorpius. Eles estavam a tentar explicar à Susan o que era Quiddich e como se jogava. Num canto da mesa, o Richard falava com uma jovem morena aparentemente do mesmo ano que ele. Apesar de parecer prestar atenção na conversa da jovem, o Albus via-o a dar rápidos olhares ao relógio que estava atrás da jovem.


- Olá! – Disse uma voz alegre atrás dele.


Ele virou-se e viu o James e o John e mais dois rapazes. O John olhou a mesa toda, parando na jovem que falava com o Richard e depois olhou todos outra vez. Franziu a testa ao não ver quem queria.


- A Sarah?


- Ela já saiu. – Respondeu o Richard que tinha parado de fingir que ouvia a jovem.


- E onde é que foi?


- Ao apartamento dela.


- Já?! E não esperou por mim? – Ele virou-se rapidamente, mas depois voltou-se outra vez para o Richard. – Eu vi os teus amigos. Eles estavam na WW. Se estiveres à procura deles já sabes. – Disse agora observando a jovem sorridente que estava ao lado dele.


- Eu não estou à procura deles. Eu estou a apresentar-lhes Hogsmeade. Foram amáveis ao aceitarem a minha proposta.


- Está bem. – Disse indiferente. – Bem, pelos vistos eu já estou atrasado. Adeus.


 


*****


 


- É só o que precisas de fazer.


Ela olhou para eles e sorriu pela primeira vez.


- Como é que eu nunca pensei nisto? – Disse inclinando um pouco a cabeça.


Os seus pais só sorriram. Finalmente a tinham domado.


- Para vocês não me terem mandado nenhum feitiço, vocês tinham que ter um plano.


Eles agora olharam preocupados para ela.


- Vais cumprir o que dissemos, não vais Sarah? – Ameaçou.


- Claro, minha adorada mãe. Eu disse que fazia e faço. Mas não por vocês.


- Ainda bem...


- Eu cumpro sempre o que prometo. Lembra-te disso. Eu prometi e... – Não concluiu a frase porque se ouviu uma voz ofegante da entrada.


- O que é que prometeste?


Ela olhou para o recém-chegado. O John como ela, tinha voltado à aparência normal e estava a aproximar-se dela, ofegante e completamente despenteado, fazendo-a concluir que ele veio a correr.


- Sarah?


Ela viu para seu assombro que ele tinha a varinha na mão e que ainda não a tinha arrumado, estando esta ameaçadoramente apontada para os seus pais. Abanou a cabeça repreendendo-o.


- John, tu ainda és menor (como eu) e não podes fazer feitiços.


- Tu achas que este apartamento não está protegido como a nossa casa contra o Ministério? Até podes lançar a maldição da morte que eles não descobrem.


Ela levantou a sobrancelha surpreendia.


- Oba, uma boa notícia!


- Sarah, tu não vais mudar de ideias! – Disse autoritário o seu pai, retirando também a varinha.


Com esse movimento, a Sarah e a mãe dela retiraram logo as varinhas com um ágil movimento. De um lado ficaram os pais, erguidos e ameaçadores e do outro os pequenos filhos. Apesar da notória diferença de idades e de experiência, eles não se mostraram abalados ao terem as varinhas dos seus próprios pais apontadas para si.


- Ah, vocês não me vão obrigar a nada. Sabem disso, não sabem?


- TU TINHAS CONCORDADO! – Rugiu o seu pai.


- Eu simplesmente disse que o ia fazer, não que concordava.


- E isso não é o mesmo?


- Não!


- O que é que disseste que ias fazer, Sarah?


- Nada de especial e o suficiente. – Ao ver a expressão dele obrigou-se a continuar. – Não te iludas John. Eu nunca te escondi que tenho que cumprir uma promessa.


Os seus pais ao ouvirem aquilo sorriram aliviados e abaixaram um pouco a guarda, fazendo a Sarah repreendê-los mentalmente. “ Nunca baixar a guarda” foi uma das primeiras lições que aprendeu.


- Só que se eles – disse apontando com a varinha para eles – fizerem alguma coisa que te prejudique eu também acabo com eles, pois tornam-se meus inimigos.


O sorriso deles desapareceu e ela vi-os voltar a erguer as varinhas.


- Sarah... – Começou o John. – A tua promessa... Eu sei que tu não a queres cumprir.


Ela estreitou o olhar. Se haviam alguns pontos fracos dela, eram o destino e a promessa que ela tinha.


- Eu vou cumpri-la! Nem que morra a cumpri-la.


- Ouviste John? Agora desce a tua varinha! – Ordenou a sua mãe, mas como resposta só teve um sorriso divertido da parte dele.


- Estão com medo de mim... – Riu-se ele. – Ah, e claro, teu também Sarah.


- Nós não temos medo!


- Claaaro que não. – Ironizou ele. – Só têm receio.


A Sarah olhou para eles e ao confirmar o que o John disse não se conteve e riu.


- Se vocês quiserem lutar, lutamos. Mas lembrem-se disto. Tudo o que vocês sabem fomos nós que os ensinamos.


- Não pai!


Ele olhou espantado para o filho.


- Não nos ensinaste o que é amizade, amor. Se se estão a referir a lutar e matar, a ser frio, cínico e interesseiro, então sim. Ensinaram-nos! Mas não o mais importante.


A sua mãe revirou os olhos.


- Poupa-nos dos teus discursos moralistas John. Isso não existe.


- Não! Isso existe e, ah, mãe eu vou fazer os possíveis e impossíveis para mostrar isso à Sarah.


- Estás a falar da tua amizade com o Potter? – Perguntou o seu pai.


- Sim pai. Ele ensinou-me que amizade existe e não é interesse comum coisa nenhuma.


- John, no principio tudo é bonito, mas no final vais ver.


- Vou ver que existe. Vou ver que posso esperar dele um braço amigo sempre que precisar, uma mão para me levantar sempre que cair. E sabes porque é que eu sei isto tudo? Porque eu sei que ele se importa comigo e que gosta de mim não porque quer algo, mas porque SE IMPORTA COMIGO!


Os olhos frios da sua mãe fitaram-no e disse virando-se para a Sarah:


 - Não acredites nele, Sarah. Ele está iludido. Tudo o que te ensinamos é verdade.


Um nó extremamente doloroso formou-se na sua garganta. Amizade. Ela não sabia o que era isso. Interesse sabia, mas amizade não. Ela achava que amizade era algo que sentia pelo John, mas tinham-lhe dito que isso era porque eram irmãos e que era normal. Será que existia? Que estava a castigar inocentes? Será que poderia estar a prejudicar pessoas que só queriam estar com os seus amigos? Será que no futuro iria destruir famílias verdadeiras? Famílias que gostavam incondicionalmente uns dos outros?


Tudo bem. Era verdade que gostava do John. Era verdade que era capaz de matar para o proteger. Também era verdade que se dava com ele porque gostava dele e não por interesse. Este sentimento também seria possível com as outras pessoas? Pensou no Albus, não, não era. Ela só era simpática para ele porque era necessário se não iria se manter em sarilhos.


- Eu não estou iludido! E sei que ela sabe disso. Sarah pensa! Tu sabes que isso é verdade.


Fechou os olhos confusa. Porque é que para os outros o mundo era preto ou branco e para ela era cinzento? Porque é que não havia certezas na sua vida?


- Nós não viemos aqui discutir isso. – Disse finalmente abrindo os olhos. – Já estamos atrasados. Vamos John.


- Sarah, o que é que disseste que ias fazer? – Perguntou cauteloso o John.


- Nada de importante. – Disse com um suspiro derrotado. – Eu vou cumprir a minha promessa John e sabes que se para isso precisar levar metade do mundo comigo eu levo.


- Fazer ressurgir as trevas... – Disse o John exasperado revirando os olhos. – Tu não queres isso. Tu nem és das trevas!


- Sou e eu prometi John. Quando eu prometo eu cumpro, custe o que custar. Se no caminho custar a minha vida até é um alívio. – Disse indiferente.


- Sarah...


- Chega John! Vamos embora.


Ela nem esperou pela reacção do irmão, indo rapidamente para a porta, deixando para trás um confuso John e uns pais sorridentes. O John ainda deu um olhar de puro ódio para os seus pais antes de correr para alcançar a sua irmã.


- O nosso plano correu bem. – Disse Kart Franklin ao vê-los desaparecer.


- Pois correu. – Concordou a mulher. – O problema é se ela descobre a verdade.


- As únicas pessoas que sabem, somos nós, a senhora e o mestre. Nenhum de nós vai lhe dizer a verdade. Estamos a salvo da ira dela.


- Espero bem que sim. – Disse se sentando.


O seu marido também se sentou e remexeu nas vestes até tirar um pequeno objecto, parecido com um relógio e disse com um grande sorriso:


- Missão cumprida.


 


N.A. Como devem de ter reparado neste capitulo eu pus as posições de Quiddich em brasileiro. Eu, pessoalmente, gosto mais assim, mas se alguem quiser eu posso por em inglês.


Espero que estejam a gostar.

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