O Retorno de Draco
Capítulo 4:
O Retorno de Draco
- Sentiu minha falta, Potter ? - disse Malfoy, sarcasticamente.
Harry olhou diretamente para Malfoy e de braços cruzados respondeu:
- Acredita que eu só fui notar a sua ausência agora há pouco? Talvez isso deixe mais do que claro que para mim você não faz a mínima falta, Malfoy.
- Oh, você me magoa tanto desse jeito. – dizia Draco pondo as mãos na testa dramaticamente e logo em seguida levando toda a ala da Sonserina em altas risadas.
- Qual é a sua, Potter? Está mais feliz agora que levou meu pai para Azkaban graças as suas aventuras idiotas no Ministério? – falava agora Malfoy, perdendo o seu raro senso de humor e dando lugar para uma raiva controlada sob a frieza com que falava.
- Não muito, é possível que Voldemort queira soltar o fiel servo dele logo, não é mesmo? Infelizmente. – dizia Harry com algum desdém.
- Você ainda me paga por ter colocado meu pai por detrás das grades, Potter! Dessa vez você não será salvo por ninguém! – expelia Draco, com uma fúria extrema nos olhos e nas palavras.
Era tão perceptível a ameaça que estava se formando, que de pronto a Profª Minerva apareceu caminhando na direção dos dois como se aquilo já não fosse grande novidade.
- Receio que vocês dois estejam tumultuando o corredor, senhores. Além do mais...-e agora ela se dirigia a Malfoy- Não é permitido ameaças nesta escola, Sr. Malfoy, caso ainda não esteja plenamente ciente disso.
Malfoy olhou torto para a professora que estava a sua frente, sabia que não poderia discutir com Harry ali, então emendou:
- Nós ainda não terminamos, Potter. Temos muito o que conversar. – e dizendo suas últimas palavras rumou para o salão comunal da Sonserina seguido de perto pelos brutamontes Crabble e Goyle com toda a ala da casa pertencente.
Enquanto muitos observavam eles se retirarem do salão principal, incluindo a professora, eis que ela se volta para Harry e seriamente lhe fala:
- Com tudo o que passou, ainda não acredito que esteja procurando encrencas, Sr. Potter. – e ia se virando para sair quando brevemente parou e voltou a dizer – E tome muito cuidado, Potter. Não provoque riscos desnecessários.
Harry avistou a professora sumir do salão pensando no que Malfoy estivera planejando contra ele, por mais uma vez. Rony vira a cena ocorrer e logo foi falar com Harry, ao notar a cara do amigo:
- Acha que Malfoy está planejando te matar, ou coisa assim ? Relaxa, Harry. Malfoy é tão inofensivo quanto uma mosca morta.
- Não queria dizer nada – disse Gina ao se virar e parecendo assustada – Mas andei ouvindo de Michael e Dino boatos de que Draco passou essa primeira semana fora porque tinha visitado e cuidado de Lucius ao ir em Azkaban. Dizem que mesmo para alguém como Malfoy o lugar é aterrorizante! E que a visita o afetou de tal maneira que agora ele está muito...estranho.
Nesse momento, Hermione balançou a cabeça negativamente e rispidamente disse:
- Azkaban seria aterrorizante para qualquer um em um ambiente dominado por dementadores. Tenho um pouco de pena por Malfoy, por mais que ele seja um traste ver o pai em uma prisão como Azkaban não deve ser pouca coisa. Mas não tenho pena de Lucius, este mereceu ganhar uma cela lá por ter sido um comensal da morte idiota servente de Voldemort, que agora com sua volta está finalmente conscientizando as pessoas de que continuar temendo seu nome seria patético. Draco Malfoy é apenas um pobre covarde que está seguindo os passos de seu pai, um pobre de espírito mais covarde ainda.
Harry deu um leve sorriso no rosto, despreocupado. Ele se deixara levar, apenas, por algum momento preocupado porque por mais que Malfoy fosse um covarde ele poderia jurar de pé junto que ele não estava brincando. Fosse o que fosse, Harry não tinha o que temer.
Hermione era uma das únicas pessoas naquele salão que não haviam ficado no mínimo estarrecidas com o acontecido, geralmente isso se deve as pessoas que não gostam de presenciar discussões, mas com ela a situação era diferente. Não ousamos em dizer que a garota continuava dedicada a sempre fazer o certo e em ser certa, mas também não ousamos em dizer que a garota que estava ali naquele momento havia prontamente amadurecido com sua longa estadia em Hogwart´s. Tão firme em suas decisões quanto era com sua postura, Hermione passara por perto de Harry e Rony:
- Não se preocupem, eu já tinha anotado isso como advertência e se ele levar mais uma ele há de se ver comigo. – dizia ela, e alguma ponta de crueldade em um misto de satisfação rompeu no rosto de Mione.
Gina, Neville e Luna também estavam por perto mas decidiram não falar nada. Draco conseguia ser tão insuportável quanto uma aula de Snape para cada um deles. No entanto aquele ligeiro desentendimento ganhou menos evidência quando todos estavam concentrados em receber os tão esperados resultados dos N.O.M´s, que foram divulgados previamente no meio daquela semana, pela mesma Profª McGonnagal que havia reeprendido Harry e Malfoy anteriormente.
Hermione, como de praxe, havia passado e com notas muito boas exceto em Poções. Matéria na qual, obviamente, somente os sonserinos tiraram notas boas, incluindo os Srs. Crabble e Goyle. Rony e Harry conseguiram seus N.O.M´s de forma que poderiam desempenhar suficientemente bem as suas futuras profissões no mundo bruxo. Até mesmo Malfoy conseguira, o que em outros tempos seria surpreendente para o trio em questão, mas que não seria um feito considerável naqueles tempos porque Snape jamais deixaria seus alunos sonserinos pendegando em quaisquer matéria que fossem e os impedindo de molestar Harry Potter pelo tempo restante que houvesse na escola.
E por mais que tudo isso soasse de fato curioso, Snape não conseguia estar mais profundamente infeliz do que lhe era possível. Saber que teria que aturar Harry Potter, Hermione Granger e Ronald Weasley por mais um ano era um tormento sem igual para o pobre professor de Poções. Mas se havia algo que o animava, contudo, era de que Draco Malfoy também estaria lá em suas aulas junto com Crabble, Goyle e companhia. Era uma forma deveras secreta de extravasar seu ódio por Harry, ainda mais após o fato de que Harry fora pego uma vez por Severus mexendo em sua penseira e, logicamente, em seu passado. Se por um lado, Harry sentia assim como todos os outros um certo ódio recíproco pelo professor, ele havia de sentir pena também. Ver o que ele havia visto nas memórias de Snape fez ele pensar em poucos momentos se poderia existir um motivo para a definição de todo o ser que Snape inevitavelmente se tornara. Sinceramente não foram muitas as lembranças que Harry pôde ver, mas pelas lembranças que viu, ele podia sentir que talvez Snape não tinha a melhor das relações com o pai e que o mesmo não se dava bem com a sua mãe.
Não era muita surpresa notar que até mesmo grandes companhias da ala da Grifinória não estavam mais presentes na aula de Poções naquele ano. Não era mistério para ninguém que suportar Severus Snape por mais um ano seria tormento mortal e logo fez com que metade da casa debanda-se das aulas do seboso professor. Se por um lado Draco e alguns de seus amiguinhos conseguiram continuar presentes devido a influências externas o mesmo não poderia se dizer de outros pobres sonserinos como Pansy Parkinson que naquele ano não estaria lá, aborrecendo Hermione com sua dura e grotesca face de buldogue assassino.
Embora fosse extremamente atípico que Harry levasse metade do tempo que estivesse tendo naquela semana para entender o que Malfoy quisera deixar sub-entendido no seu discurso de volta (e Rony ainda o ajudando nesta tarefa), ele estava confiante de que naquela semana um impulso extraordinário o levaria às alturas...literalmente:
- Sr. Potter se dirija a minha sala logo após o período de aulas, urgentemente – dizia uma Minerva McGonnagal de sorriso pouco aberto entre os lábios como se tivesse uma fina alegria dentre eles pelo qual sentia uma necessidade violenta de querer não marcar muito a face por aquele momento e sem retirar sua seriedade.
- Então, McGonnagal quer falar com você, Harry, o que acha que pode ser ?- falava Rony distraidamente alcançando algumas fatias de bacon que estava do seu lado na mesa do café-da-manhã naquele tímido dia.
- Provavelmente ela deverá estar te colocando a par da situação da Ordem, afinal, muito em breve você se tornará um deles, Harry. – Hermione falava por detrás das folhas do Profeta Diário.
- Eu não sei, me pareceu que ela deu um sorriso disfarçado quando veio falar comigo. Talvez as notícias sejam boas...talvez...seja uma possível volta ao time de Quadribol. – e Harry se empolgava tentando imaginar se a sua tão aguardada volta viria.
- Ahh, é verdade, essa semana terá o nosso primeiro encontro do novo time de Quadribol para definir a seleção. Angelina tentou me avisar de algo parecido ainda no final do ano-letivo anterior. – Rony bocejava.
- Nada interessante...Definitivamente Angelina teria se saído incrivelmente melhor como capitã se Umbridge não tivesse banido vocês e descontado pontos da Grifinória.- Hermione resmungava, agora fechando o jornal.
Harry e Rony ficaram surpresos pois pensaram que a amiga iria agir em defesa de Malfoy dizendo que para princípio de conversa, eles não deveriam ter avançado no desprezível sonserino.
- Apesar de achar que vocês não deveriam ter abaixado ao nível de brigarem com ele...-e nesse ponto os garotos temiam pelo o que ela ainda diria de sermão, e mentalmente resmungavam por terem se felicitado precipitadamente - Mas devo admitir que não haveria melhor forma de lidar com gente igual a ele sem uma surra como a que vocês deram. –e um sorriso maroto invadiu o rosto de Hermione e naquele instante a garota politicamente correta deu lugar à uma espirituosa.
- Mantenha a fé, Harry, não ouvi muito por aí mas é capaz de que você volte. – Rony tentara parecer animado com o próprio incentivo.
Harry não respondeu, tinha ânimo de que talvez houvesse uma vaga no time que ainda fosse sua, se levantou da mesa e sem muita cerimônia partiu para as aulas daquele dia com Rony ao lado. Hermione vira os dois amigos partindo e fora junto com Gina até o sétimo andar onde Hermione teria aula de História da Magia e Gina teria aula de Runas.
- Pode dizer que é apenas loucura minha, mas tenho notado que você está um pouco estranha na frente de Harry, Hermione. E olha que nunca tinha te visto corar perto dele como vi ao ver você defender dele do artigo da Skeeter. –Gina parecia tentar descobrir se havia algum fundo de verdade no que apenas jogara com palavras.
Hermione repentinamente se calou e sentiu como se um arrepio tomasse conta de sua nuca em uma aflição nunca vista antes, nem mesmo nos exames finais.
- Eu não entendo aonde você pretende chegar com isso, Gina. Harry e eu sempres fomos grandes amigos e não é de agora que eu teria de me comportar diferente na frente dele, seja por qualquer razão. –e conforme falava parecia querer mostrar que não mentia uma letra que tinha sido dita.
- Claro, claro. Eu te conheço, Hermione Granger. Sei que apesar de meu irmão manter uma paixonite estúpida por você ele não é correspondido, mas em contradição eu sei que há sentimentos seus sobre alguém por mais que eu não esteja te fazendo me dizer aqui e agora por quem são nutridos esses sentimentos. – e conforme ela falava parecia estar séria.
Hermione encontrou o olhar da amiga e pôde ver tudo, mas exatamente tudo, que no fundo havia ali naquele par de olhos verdes.
- Eu realmente não posso mentir para você, Gina. Eu sei que o seu irmão sente algo por mim, embora ele seja imaturo o bastante para nem mesmo comprovar isso –e dando uma leve pausa ela ficou de frente para a amiga, deu um sorriso curto e voltou a corresponder à seriedade de Gina -, além do que Krum não faz muito o meu estilo, ele na maior parte das vezes é muito quieto e me dá uma sensação de vazio quando eu estou conversando com ele. Você como a minha melhor amiga será a primeira a saber por quem, mas não me peça respostas agora quando nem eu posso fornecê-las para mim mesma.
Terminando de dizer o que somente ela poderia dizer, não demorou muito para que Hermione desse as costas para a amiga como em um pequeno sinal de fragilidade e entrasse na sala de aula ponderando a insegurança que se instaurara dentro dela naquele instante. Algo muito estranho estava tomando forma dentro dela, e ela finalmente se dera conta de que por mais que sua fama de “sabe-tudo” reinasse em Hogwarts, havia aquela pergunta aparentemente muito tola...a única pergunta que Hermione Granger não sabia responder.
A tarde estava se despedindo prolongadamente em um adeus uniforme. O céu que permanecera limpo por todo aquele dia se firmava coberto, inicialmente, por tímidas nuvens e uma coloração azul-esverdeada.
O jantar se aproximava e isso não era algo necessariamente perceptível pelo simples anoitecer ou o horário, era muito mais provável que o olfato fosse a maior causa para que muitos estudantes começassem a largar as mesas de estudo em suas respectivas casas e, ao sentirem o delicioso cheiro de assado e entre tantos outros pratos, largavam os livros e seguiam em pequenos grupos descendo pelas longas escadas mágicas e se punham em rumo ao único lugar que poderia saciar qualquer necessidade provocada pela fome. Com Rony, Harry e Neville não fora muito diferente, os garotos desceram até o Salão Principal imaginando o que iriam pôr no prato primeiro. Estavam todos ocupados com as já costumeiras lições de casa reforçadas que Snape (redações sobre poções para fins medicinais), Sprout (Qual a utilização de ervas daninhas para meios bruxos) e até mesmo Hagrid (A Origem dos Crupes) passaram, mas também discutiam tranqüilamente como Snape conseguia manter a sebosidade de seus cabelos pretos durante todos aqueles anos conforme faziam a descida.
Toda a conversa parecia bastante divertida quando o assunto caiu naquilo que os três temiam: garotas. Rony por um momento pareceu esquecer que até o passado suas crises de ciúmes por Hermione eram deveras freqüentes e tratou de questionar Harry sobre o sexo oposto:
- E então Harry, há alguma garota que tenha te cativado ultimamente ?– Rony não queria mostrar, mas de alguma forma parecia temer a resposta que poderia ouvir.
Harry parou por um momento, quando até então um sorriso era vislumbrado em sua face, agora ele mudara completamente sua postura. Permanecera ereto, sério e ligeiramente pálido. Ele não sabia o que pensar e nem o que dizer, tampouco o que pensar para dizer. Quando finalmente parecia ter encontrado um motivo convincente para justificar a espera por uma resposta, ele apressadamente emendou:
- Não tenho porque pensar nessas baboseiras, Rony. Temos muito mais coisas importantes para resolver do que problemas amorosos. – e com ares de certo desdém não queria parecer titubeado com a pergunta, que se um dia fora tola agora parecia incrivelmente enigmática. E ele um dia já ouvira falar disso, quando em programas juvenis no mundo trouxa ou mesmo na vivência com a leitura que ele tomava como passatempo quando ainda nem cogitava a idéia de haver um mundo bruxo, ele apenas não sabia como toda aquela linguagem sobre os sentimentos adolescentes se adaptavam à ele. Não era como ele havia se sentido há dois anos atrás, ou até mesmo um ano atrás.
Harry se sentiu aliviado e feliz ao notar que o foco do assunto mudara para Neville. Este corara tanto em tão pouco tempo que se tornara praticamente inviável que ele respondesse àquilo, e Rony nem queria que de fato ele realmente o fizesse.
Continuaram a descida, porém ao passarem ao lado do corredor do terceiro andar Harry ouviu algum murmúrio atrás de um dos monumentos que estavam nele. Ele viu de relance um grupo pequeno e seleto da Sonserina cujo alguns lhe eram desconhecidos, mas em que pôde avistar três conhecidos: Draco, Crabble e Goyle. Estavam todos em também pequeno círculo, amontoados pertos uns dos outros. Harry parou por um tempo, espiando disfarçadamente de longe enquanto Neville e Rony continuavam a descida distraídos, e viu Draco manipular uma esfera negra entre as mãos, enquanto Draco sibilava ruidosamente:
- Esta tem sido a minha primeira demonstração da minha iniciação em magia negra. Não se preocupem, haverão mais deles em pouco tempo. –e terminando de falar, Draco finalizava a esfera negra tampando as mãos e assim a ocultando de qualquer vista.
Harry desceu as escadas delicadamente para que não o notassem ali, tentando manter-se novamente não muito preocupado com o que descobrira. Agora se ele fosse atacado por Malfoy já estaria preparado com algo, e agora também sabia a carta por detrás das mangas que Malfoy poderia guardar.
As garotas por sua vez desceram algum tempo mais tarde, Gina não conseguia entender certos ensinamentos básicos em Runas Antigas que teve de pedir a ajuda de Mione. Luna acompanhava a ajuda de perto, apenas observando atentamente como se tudo o que ela notava fosse essencial para a própria. Quando a explicação de Hermione pareceu suficiente, guardaram seus livros e desceram discutindo a forma como Runas era tratada, seus símbolos e significados. Ao chegarem no salão, Hermione e Gina logo avistaram os garotos e se dirigiram até eles:
- Ainda sobrou alguma coisa para comer? – dizia Gina com alguma ironia nas palavras, ela tinha avistado o irmão devorando um prato moderadamente grandioso de pudim de arroz.
- Acredite: estou tão faminto quanto você. Snape nos faz perder calorias, praticamente, a aula dele nos faz suar tanto quanto um porco em fuga. – falava Rony encarando o olhar da irmã, mas continuando a devorar a sobremesa.
- A sua fome sim, está num nível equivalente a de um porco – voltava a dizer Gina, agora se servindo do primeiro pedaço de assado à vista.
Hermione estava prestes a formar alguma opinião e intervir na discussão entre os dois irmãos quando perdeu a linha do seu pensamento ao notar Harry presente, simplesmente revirando sua comida com os talheres, introspectivo.
- Está apreensivo, não está ? Teme que não tenha mais espaço para você dentro do Quadribol.
Ele não virou para olhar, continuou com sua atividade de então e respondeu, mecanicamente:
- Tenho temido tantas coisas que não sei dizer ao certo. – e neste momento lembrara do que descobrira sobre Malfoy, mas prosseguiu como se somente o quadribol já fosse o bastante para lhe atormentar a mente –
Quadribol têm sido o meu escape até Umbridge tirá-lo de mim, é como um vazio que persiste por dentro.
- Umbridge caiu no esquecimento, Harry, assim como todas as leis que ela formulou quando ainda estava aqui. Fudge irá relevar qualquer sentença que ela tenha incentivado ainda que nem ele queira, Dumbledore será contra e uma vez que agora a verdade está sendo esclarecida nem mesmo Fudge impedirá a vontade de Dumbledore.
Harry olhou Mione pacientemente, pela primeira vez desde que a mesma chegara ao Salão naquela noite. Ele já tinha jantado, Rony se divertia caçoando de Gina estar na turma de Runas e Gina se defendia explicando razões para isso, e Hermione estava ali lendo algum livro complementar por puro prazer. Então se sentindo talvez entediado com sua própria presença naquele ambiente ele simplesmente bateu em retirada.
A primeira coisa que Harry notou ao atravessar os portões do salão para fora do castelo fora justamente que o céu permanecia em seu imenso azul-esverdeado. Começou a caminhar calmamente pelo campo e tragava aquele ar puro para dentro dos pulmões sem a mesma pressa. Harry não tinha muito o que fazer dentro do castelo e então decidira vagar pelo lado de fora do mesmo, querendo somente um pouco de paz no silêncio que penetrava ao ar livre. Em algum pensamento solto, decidira andar pelo lado do campo de quadribol. Seguia atentamente, já que a breve escuridão não lhe permitia enxergar com grande clareza, mas seguia firmemente. Não pôde ir muito além porque logo que chegou perto do local ouvira algum barulho estranho. Não identificou muito bem no momento, mas parado um instante atrás de uma das tendas que cercavam a arquibancada, pôde perceber claramente que se tratava de diversos ruídos e vozes abafadas que vinham da frente, em pleno campo da quadra.
Tentando manter-se o menos visível possível, Harry ia se espreitando por entre a arquibancada e sempre curvando-se e agachando-se à frente, ele foi ficando mais perto do grupo de pessoas que havia no local. Parou finalmente, e mantendo a respiração baixa e rápida, prestou atenção em tudo que via e ouvia.
Havia um grupo mediano de pessoas todas juntas em um formato de meia-lua entre a beira do campo e o centro deste. Exceto uma pessoa. Era um alguém alto e que assim como os demais usava como veste apenas um longo e preto manto que o cobria da cabeça aos pés, sua presença era vista à frente e quase ao centro do campo caminhando próximo aos que estavam no meio círculo e que também se prostavam à frente dele. Logo a se pronunciar, um frio de certeza percorreu da barriga a testa de Harry, que sentiu a cicatriz em formato de raio queimar ardentemente:
- Finalmente conseguimos adentrar nos terrenos deste lugar. Aqui onde tudo se completará assim que aquele ao qual a profecia se destina vier encarar a morte eminente. E devemos esta ousada façanha justamente a um garoto, logicamente filho de um dos que me servem. Um garoto que também têm se mostrado fiel à mim tanto quanto seu pai.
Muitos dos encapuzados presentes começaram a ovacionar o garoto que foi referido e que estava presente, ali entre eles tantos. Harry não hesitou em reconhecer a voz e a aparência daquele que por 16 anos marcara sua existência destinado a matá-lo para que seu poder avançasse. Aquele que marcara Harry como seu igual, segundo a profecia. Aquele a quem todos temiam: Lord Voldemort.
Mas Harry sabia que não era possível a entrada de Voldemort com Dumbledore ali, ele sempre soube desde o início. Embora...Não, Harry não conseguia pensar que para de fato aquilo acontecesse só havia um modo, um modo pelo qual Voldemort usou para entrar em Hogwarts: Ele não temia mais Dumbledore, e uma vez que ele não temesse mais o então diretor da escola, seria fácil fazer com que seus comensais parassem de temê-lo também. Fazendo força para esquecer os questionamentos, Harry voltou a direcionar suas atenções para a reunião que prosseguia.
O garoto a quem Voldemort se referiu avançou perante todos os outros que permaneciam em seus devidos lugares dentro da meia-lua e de cabeça abaixada e uma voz em tom levemente alto, disse:
- Lorde das Trevas, venho lhe pedir humildemente que me deixe, esta noite, consagrar-me oficialmente um daqueles que te seguem e te servem.
Todos entraram em silêncio, sabiam que naquele momento o mestre deles precisaria ponderar a decisão mais precisa e correta que lhe convia. Algum breve tempo se passou, para que houvesse a resposta:
- Está disposto a servir fiel e eternamente à mim, Lorde das Trevas ?
Houve um minuto silencioso entre a pergunta que terminara de ser feita e a resposta, que se seguiria ao nível dela:
- Estou, meu caro lorde e mestre.
Um profundo olhar de satisfação incendiava os olhos vermelhos do Lorde, que ali estava.
- Então eu o concedo o direito de ser meu mais novo comensal da morte, e que seja esta noite, em que seu ritual de iniciação será realizado.
Ao que a decisão do Lorde das Trevas fora tomada e a palavra final fora dada, muitos continuavam a ovacionar o evento que se instaurava delicadamente nos terrenos de Hogwarts. A noite caia mais e mais densamente quando após as primeiras manifestações era começado a iniciação do jovem fiel. Um altar consideravelmente alto era posto sobre o centro do campo, onde por cima dele era posto uma tocha longa e ereta. Uma tocha negra de madeira, talhada com símbolos e elementos significativos à volta e onde chegava a transbordar um fogo de intenso brilho verde e com pontas e faíscas roxas, que compunha desde o interior dela. Era um fogo altivo e misterioso.
Um pequeno homem entre os outros encapuzados saiu à frente e com uma pequena adaga fizera um corte no formato da marca negra no punho do futuro comensal, um corte em que ao final delineava todo o sangue brilhoso que veiculava nas veias do jovem rapaz. O rapaz estava agora à frente do altar, onde mais à frente deste ainda, estava Voldemort.
- Curve-se sob a fronte da tocha negra e empenhe sua mão esquerda acima dela. – ordenou o anfitrião daquela noite.
De imediato, o garoto que ainda permanecia de cabeça baixa em posição respeitosa ao mestre, pôs sua mão sob o fogo esperando pacientemente pelo o que lhe viria.
- Agora, quero que repita o discurso que o meu servo Rabicho lhe mostrará sobre um pergaminho em voz alta. – neste momento o homem baixo retorna a sair de seu lugar, desta vez desenrolando um pergaminho que tirou do altar e colocando-o de frente para o fiel.
Após ler o discurso, eis que o candidato ergue sua cabeça em direção ao mestre e recita o que lhe foi ordenado:
“Eu me comprometo em, de hoje em diante, me tornar o mais fiel e o mais eterno servo do Lorde das Trevas sendo seu comensal da morte sem nunca traí-lo e nem desonrá-lo. Eu me comprometo, hoje e sempre, em seguir àquele que é o mais poderoso, o mais destemido e o mais corajoso dos senhores das trevas, sigo àquele futuro Senhor da Terra e eis que glorifico Lorde Voldemort”
Ao término daquela promessa, o fogo reluzente subiu em poderosas labaredas cobrindo por inteiro e extenso a mão do novo comensal. Tirando-lhe muitas gotas do corte que fora feito em seu pulso. Sangue que se juntava ao fogo e que no fim, tornava-o ainda mais brilhante e altivo do que estivera antes.
- Agora eu o proclamo meu Comensal da Morte. Está pronto para me servir eternamente a partir deste momento. Você ainda não tem grandes utilidades para mim no momento, garoto, mas sei que há um grande potencial em você. Um potencial que prefiro trabalhar em você durante o tempo que lhe resta aqui como meu espião, sendo o meu olho em Potter e Dumbledore, está claro?
- Muitíssimo claro, meu lorde das trevas. Está será minha função para com o senhor.
- Perfeito. Já sabe como deve realizar sua missão, há o treinamento em Artes das Trevas para isso, o que me satisfaz muito em saber que você já foi prontamente iniciado nela. Portanto, declaro esta reunião encerrada.
A cerimônia terminara de forma formal, mas que ao fim dela foi esbravejado as mais expressas aclamações ao lorde das trevas e ao novíssimo colega de praticamente todos que estavam ali. Pouco a pouco, todos foram indo embora e o mais recente comensal da morte se aproximara de seu mestre, retirando o capuz e mostrando finalmente a sua verdadeira identidade.
Harry quase não conteve a sua surpresa em notar finalmente que aquele distante jovem e agora ilustre comensal era ninguém menos que Draco Malfoy, se despedindo do senhor das trevas e voltando a pôr o capuz virou-se decidido a tomar o seu rumo.
Malfoy saia do campo àquele instante voltando para o castelo, querendo manter segredo e discrição para que mais ninguém pudesse saber o que houve naquela noite. Não muito tempo depois, esperando manter um bom afastamento dele, Harry seguiu novamente para o castelo sabendo muito mais do que ele mesmo poderia sequer imaginar saber.
Então era por isso que Draco manipulara magia negra na tarde interior, ele estava se preparando para a sua iniciação como comensal. Voldemort e os comensais da morte em Hogwarts ? Malfoy finalmente entre eles, manipulando artes das trevas e ainda tendo como função ser espião de Lord Voldemort ? Haviam perguntas demais na mente de Harry naquele momento, foram acontecimentos tão surpreendentes para ele naquela madrugada inteira que ele nem se deu conta de que o sol estava nascendo no horizonte mostrando um novo dia.
E naqueles segundos em que Harry correu e arfava loucamente conforme o ar frio da manhã penetrava em sua pele, tudo o que Harry poderia presumir sem qualquer rastro de dúvidas, era que definitivamente, Draco Malfoy voltara disposto a tudo.
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