Capítulo 20
Aclarações:
Itálico– 'esclarecimentos' de Harry. Pensamentos dele. POV's Harry. Ou ênfase em alguma palavra, ou frase.
Negrito – 'esclarecimentos' de Hermione. Pensamentos dela. POV's Hermione.
Disclaimer: Harry Potter não me pertence, blablabla. Tudo é da J. K. Rowling e da Warner, whatever.
Obs.: Capítulo, como usualmente, nunca betado.
Capítulo 20
A cozinha do castelo, agora vazia, depois que eles gentilmente dispensaram os completamente horrorizados elfos, parecia perfeita para passar um tempo em silêncio enquanto se fartavam da comida em excesso encima dos balcões.
Há alguns minutos estava cansado, ao momento minha cabeça está focada na declaração de Luna e como devo manter meus lábios cerrados. E, então, em Hermione - que quase me faz deixar tudo para traz.
É uma sensação estranha, desejá-la mesmo sabendo não ter qualquer direito. Precisar tocá-la e se recusar a fazê-lo porque estou me sentindo como se a estivesse traindo. O que é ridículo. Nós não somos um casal; eu nunca dei uma resposta a Luna; não fui inadequado.
E principalmente, se estamos entrando neste assunto: ela nunca foi “minha garota”. Ela era (é?) a namorada de Ron.
-x-x-
Eu realmente pensei que só mais um tempo ao lado dele iria minimizar esse anseio. Estava enganada. Olhando para o chão, sem jeito, ainda sentia vontade de afirmar fisicamente como sentira sua falta. Como se tivéssemos separados muito mais que um dia.
-Eu senti sua falta.
Provavelmente disse isto mais de dez vezes até então. Aparentemente, é a única coisa que sou capaz de falar. Então, como se não bastasse, me vi me posicionando a sua frente, com intenção.
Ao momento não me recordo, mas acho que é a primeira vez, por vontade própria – ou o mais próximo a isso possível que a tradição pode me levar – que fecho a distância entre nós. Não porque nós precisamos e não porque perdi o controle de meu corpo. Apenas porque quero – nenhum impulso doente está tomando conta de meus membros. – porque sinto sua falta.
Harry desviou o rosto do toque da amiga e a morena praticamente se encolheu em vergonha.
-Me desculpe, eu – comecei. Um segundo depois, muito suavemente Harry envolveu minha cintura e me puxou com cuidado para ele. – Estou cansada e tocar você me faz melhor, não queria...
Harry a silenciou com um pequeno beijo nos lábios. – Eu sei. Sinto da mesma maneira.
Ainda estou mortificada.
Droga. Estou fazendo tudo errado.
Me sinto culpado mesmo sabendo que tomei a decisão certa ao não compartilhar a confissão de Luna. E estou me sustentando no seu abraço como o covarde que sou; covarde demais para lidar com tudo cozinhando em banho Maria em minha mente.
Suspirando, o moreno se afastou. – Aqui – com uma facilidade ridícula, Harry a ergueu, colocando-a sentada sobre a mesa. – Eu preciso te dizer algumas coisas...
-Sobre o seu dia estranho?
-Não... Não sobre isso – resmungou desviando o olhar outra vez.
-Harry, você sinceramente não pode pensar que vou deixar passar que tem evitado o assunto, o que, por sua vez, só me torna mais preocupada. Por favor, só me diga que não fez nada de errado dessa vez?
Eu não acho que “receber uma declaração” (isso sequer existe ou faz sentido?) seja algo errado. Mesmo que a culpa ainda esteja lá. Melhor rota: ignorar questão.
Harry me fitou nos olhos e era como se “confusão” estivesse estampado por todo seu rosto. Ele estava aflito, o que me deixava angustiada e minhas mãos – sobre minhas coxas – coçavam para apertá-lo.
-Hermione, eu amo você.
Oh? Por favor, me desculpe, acho que não entendi corretamente.
Eu preciso- Senhor Deus. O quê?
De repente era como se uma represa tivesse explodido, não podia refrear meus pensamentos e meus lábios eram mais rápidos do que a autopreservação ou o terror, porque eu só continuava falando e falando o que surgia em minha mente.
A culpa estava fazendo isso?
Ele impeliu a si mesmo ao encontro dela, sem perceber que a amiga apenas parara de reagir. Ansiosamente segurou sua face.
-Você é minha melhor amiga. E nunca, nunca vou intencionalmente te magoar. Espero que saiba disso.
Quem diabos está controlando minha boca?
-Está me assustando, Harry. O que você fez?
Ele sorriu fraca e dolorosamente. – Nada. Não fiz nada. Achei que deveria saber. Talvez seja apenas o Miosótis me ajudando a expressar meus sentimentos. Eu sei que muitas vezes mal posso ser coerente ou pareço completamente insensível - Empurrou um beijo em sua testa. – Se em algum momento for preciso, escolherei você. Você sabe, entre Ron e todo o resto...
-Harry--
Eu não fazia ideia do que dizer. Então ele sorriu aquele sorriso especial e minha mente ficou em branco.
-Pode ter levado eras para perceber, mas você é a garota mais importante da minha vida. Sempre foi você que esteve ao meu lado, que me apoiou. Sempre foi você – afirmou calmamente.
Percebi finalmente que as palavras que cuspia não eram aleatórias e que quis dizer cada uma delas. Mesmo que, em outro tempo, eu seria inepto para pronunciá-la.
Eu não estava fazendo isso apenas para me livrar do castigo que Hermione me colocaria – mas bem “pena” – assim que soubesse o que estava guardando dela – isto é, logo depois de tentar assassinar Luna. – Só era... o tempo certo. Precisava ser dito.
Hermione estava chocada. Era meio divertido observá-la sem conseguir elaborar uma frase. Ela sempre tinha algo pra falar.
Quando ele afinal decidiu beijá-la, os lábios entreabertos de Hermione o receberam de bom-grado.
Ainda assombrada, vi os lábios de Harry ao encontro dos meus. Vi seus olhos fecharem quando alcançou minha boca. E vi tudo que se seguiu depois, em espanto.
Era como se houvesse duas de mim. Enquanto correspondia seu beijo, a mente sobrecarregada e os olhos abertos porque, ao que parece, perdi parte de minha capacidade motora (ou eu beijava Harry ou fechava os olhos).
Ofegava em esforço quando consegui mover minhas mãos, deixando meus dedos traçarem seu semblante, apreciando seu beijo lento. Ele era tão bonito...
E o beijo... de alguma forma, era diferente. Não era cheio de vontade ou abrasador como os que compartilhávamos sob o efeito miosótis. Também não era hesitante como os que vez ou outra tínhamos de dispensar frente a um sem-número de pessoas.
Antes que pudesse mesmo notar, minhas pernas se fechavam na cintura de Harry. Mantendo-o perto. Precisava entender o que era aquele beijo e meu amigo não iria conseguir esconder isto de mim. Não havia chance.
Estremeci com suas mãos em minhas pernas. Apertando como um aviso. “Nem sequer vá lá”, parecia dizer.
Ele cortou o beijo e em retaliação a morena lhe mordeu o lábio inferior, Harry riu.
–Vamos lá, está ficando tarde. Precisamos dar exemplo, professora McGonagall ficará histérica se alguém nos pegar depois do horário.
Ela suspirou, franzindo o cenho. Eu não tinha escolha aqui.
Silenciosamente assenti e o segui. Não disse nada por todo o caminho. Nenhuma palavra.
Eu também não consegui nenhum descanso àquela noite. Como se anestesiada, observei o teto do meu quarto enquanto as horas escoavam e o dia surgia. O que fora aquilo?
So I'm throwing out words I don't fully understand
I could be talking to myself, but I don't think I am
‘Cause you're always there, through the fight
Saving my heart from the doubt inside
(Want To Be Real – Chris August)
(Continua)
N/A1: A coisa estranha é: eu sequer pensei em fazer a cena de Harry e Hermione na cozinha. E muito menos fazê-lo dizer tais coisas. Quando fui escrever, tudo era muito leve e então ficou dessa forma.
Confesso que tinha o capítulo escrito há dias e pensei por centenas de vezes deletá-lo. A tentação é grande.
Espero que tenha se divertido!
N/A2: Amo meus leitores super shippers. Mu-hauhauhauahuha. E amo que comentem teorias (quem estou tentando enganar? Amo que comentem)! Eu realmente não posso responder às perguntas, porque dessa forma toda a graça seria perdida. Então vou fazê-los sofrer um pouquinho...
Comentários (11)
É incrivel a capacidade de negação desses dois.
2012-02-07