Capítulo 3

Aclarações:

Itálico – ‘esclarecimentos’ de Harry. Pensamentos dele. POV’s Harry. Ou ênfase em alguma palavra, ou frase.

Negrito – ‘esclarecimentos’ de Hermione. Pensamentos dela. POV’s Hermione.

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Resoluções

 

 

I can't wait to get away from you
And surprisingly you hate me too
We only communicate when we need to fight
But we are best friends... right?

 

(Best Friends – Amy Winehouse)

 

[Flashback]

 

-Se quiser continuar a jogar nesse time, obedeça as ordens de seu capitão! – Harry disse furioso.

 

Ron o fitou com ironia.

 

-Você entendeu, Ronald? – Harry se aproximou um passo, para ficar cara a cara com o ruivo.

 

-Claro, capitão.

 

-Não pense que estou aqui para brincar, se não obtiver o resultado esperado, você cai fora – disse secamente. – Isso serve para todos – acrescentou, ainda que permanecesse fitando Ron. – Não tente nos sabotar, ou estarei mais do que satisfeito em tirá-lo do time. Comarc pode fazer um trabalho tão bom quanto o seu – Harry observou o ruivo empalidecer. – Que bom que você finalmente entendeu que estou falando sério.

 

[Fim do Flashback]

 

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Havia se passado duas semanas desde que Luna nos oferecera sua 'ajuda'. E ainda não havíamos decidido nada. Na verdade, Harry agia como se estivesse tudo completamente normal. Apesar de saber que cedo ou tarde teríamos que lidar com isso. E (que,) se dependesse de Harry, o senhor "pânico de perguntas pessoas", nós nunca mais tornaríamos a falar sobre... bem, o pacto.

 

Era extremamente constrangedor e estranho falar sobre como deveríamos nos beijar apenas para que todos tornassem a agir normalmente conosco - eu quero dizer, sem que desviassem o olhar de nós ou se afastassem como se tivéssemos lepra ou que pessoas de sexos opostos ao nosso não falassem conosco sem a presença de outra pessoa.

Harry e eu somos melhores amigos e se eu olhá-lo nos olhos eu posso saber quase exatamente o que ele está pensando (nós não temos segredos) e vice-versa. Mas beijá-lo realmente era intimidade demais. Eu quero dizer, já tivemos - temos - nossas cotas de abraços e beijos amigáveis no rosto e eu posso ficar facilmente horas ao lado dele sem dizer qualquer coisa e ainda assim seria a coisa mais... significativa que dezenas de conversas com outras pessoas que eu poderia ter.

Nós temos um relacionamento ideal. É tão especial. Qualquer coisa como um beijo pode estragá-lo. Não acho que eu possa arriscar isto. Não acho que possa suportar isso.

Eu posso facilmente viver no ostracismo social no mundo mágico, e ser hostilizada pelas estúpidas garotas do seu fã clube. Mas eu... não posso viver sem Harry. É... eu não sei, não-natural. Como uma aberração.

 

Ron, frequentemente, quando eu toco Hermione, me encara como seu eu estivesse a pervertendo de alguma maneira. É extremamente enervante. Como se eu fosse o idiota que a magoou profundamente e não aquele a quem ela permitiu que secasse suas lágrimas em seu colo.

 

É incrivelmente doce a forma como ele quer proteger a mim, e minha relação (fracassada) com Ron. E a maneira como ele estava muito mais preocupado comigo (e eu gostar de Ron) que ficar pra sempre sendo ignorado pelo único lugar que realmente o aceitou / acolheu quando seus familiares imprestáveis lhe deram as costas (o mundo mágico). É tipicamente Harry.

Eu sabia, no entanto, muito antes da superproteção de Harry querer me envolver e me colocar numa espessa redoma de ignorância feliz, que não podia fazer isso com ele - deixar que ficássemos assim, afastados das pessoas do mundo mágico  - eu não queria. Mesmo que Ron não pudesse compreender, ou me perdoar.

Bem, eu também estava cansada dos ataques corrosivos de ciúmes de Ron. E de sua estúpida idéia de que Harry gostava de mim. Francamente. Obviamente Harry gostava de mim. Mas não como a mente pervertida de Ron pintava (como se eu fosse uma meta, obsessão). Ele gostava de mim docemente, travessamente, de forma sincera e amigável. Ele não queria me trancar num quarto escuro e abusar da minha pessoa, incansavelmente - como notadamente Ron parecia dizer com o olhar todas as vezes que estávamos (Harry e eu)  juntos... Seguido de perto pelo olhar "eu sempre soube que você era esse tipo de pessoa, Hermione" - Você sabe, o tipo de pessoa que gostaria de ser trancafiada no quarto escuro... Peloamordemerlin.

Harry não suporta esses olhares. É quase engraçado vê-lo, de forma tão fofa, corar de raiva/ vergonha e afastar as mãos de mim (na maioria das vezes ele está me tocando - abraçando ou com a mão em meu ombro, ou dispensando um beijo em meu rosto), enquanto desvia o olhar e suspira pesadamente, como se buscasse regência, e automaticamente (ele sequer percebe que o faz) raspa de forma cortante e indelicada uma das mãos em seu cabelo desordenado. Esse gesto é adorável.

Só para irritar Ron, eu costumo deslizar para o mais perto (humanamente possível) de Harry e entrelaçar nossas mãos quietamente. Algumas vezes, quando Harry está muito chateado, eu costumo falar baixinho ao seu ouvido coisas irrelevantes, só pra distraí-lo. Às vezes, acho que isso conforta mais a mim que a Harry, mas, egoistamente, não posso me forçar a me afastar dele.

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-Nós vamos fazer isso – ela disse por fim, firmemente.

 

Eu tremia terrivelmente, eu realmente não faço idéia de como pude ser tão direta e firme quando estava tão aterrorizada com a idéia de fazer algo errado com a nossa amizade.

 

-Perdão?

 

Ela o fitou seriamente, sentando-se a frente dele. O salão comunal estava quase vazio, e ela podia ver com o canto dos olhos que alguns alunos os observavam. Hermione suspirou e disse baixinho: - Acabar com esse “hiatus”. Acabar com essa coisa estúpida de pessoas não se aproximarem.

 

-O quê?! – Harry quase gritou. – Não. Não. Hermione. Eu não posso pedir isso pra você. Deus, Não. Não. Não.

 

Ela segurou seu braço, esperando que Harry se acalmasse. Esperando profundamente que o alarme deixasse seus olhos.

 

-Eu não posso fazer isso – ele disse baixinho, ao observar algumas cabeças se voltarem para eles.

 

Ele estava em pânico. Seus olhos brilhavam em algum sentimento que parecia remorso. Eu reorganizei o pensamento por um instante, em silêncio, tentando pensar sobre como poderia convencê-lo de que ele não seria o culpado se Ron nos odiasse ainda mais.

 

-Não é tão difícil assim, Harry – ela forçou um sorriso. – Sou eu.

 

Yeah. E um beijo. E Ron nunca mais falando com você. E em algum momento, você vai me culpar por isso. Eu sei.

 

Ele a encarou profundamente. – Eu sei.

 

Harry me fitava como se eu tivesse lhe pedido que me cortasse a cabeça com um machado. Eu podia ler, tão facilmente, em seus olhos todos seus temores.

Eu sabia que ele estava com medo de que eu nunca fosse perdoá-lo por ter me dado aquela flor. Eu sabia que ele estava aterrorizado só de imaginar que Ron poderia nós ver beijando.

 

-Por isso é tão difícil – ele continuou silenciosamente. – Eu não quero magoar o Ron, Mione. Mesmo que ele esteja bancando o idiota. E eu não quero machucá-la.

 

Eu não quero que me odeie. 

 

Hermione tocou seu rosto muito suavemente. – Ele está machucando a si mesmo, Harry. Não se preocupe dessa forma. Isso me machuca.

 

O moreno riu amargamente, a fitando e lançando ao ambiente um suspiro pesado. - Droga, eu me odeio por não saber dessa ‘estória’.

 

-Você não tinha como saber.

 

Harry lhe lançou um olhar sério. -Você sabia.

 

-Bem, sim. Mas Harry, sou eu. Tenho necessidade de saber das coisas, você já deveria estar ciente.

 

-Eu não me importaria de, só por uma vez, saber coisas desse tipo.

 

Ela riu. - Então não seria você – a morena garantiu esfregando a mão dele.

 

-Tão engraçada.

 

Hermione suspirou. – Vamos fazer isso.

 

Como um band-aid, que puxamos rápido para não doer tanto, decidi tornar ao assunto que me trouxe aqui.

 

Ele recuou levemente. – Agora?

 

Quase ri do ar chocado dele.

 

A jovem ergueu a sobrancelha. – Por que não? – ela se aproximou dele cuidadosamente.

 

-Hermione... eu, veja...

 

Eu estava gaguejando, tentando encontrar qualquer frase coerente. Não estava tendo sucesso. Demorou mais alguns segundos para perceber que ela estava zombando de mim.

 

Era incrivelmente divertido como ele estava corando agora. Harry pode lidar com quase qualquer coisa que lhe atravessa o caminho. “Garotas” não é uma delas. Eu quero dizer, ele se sente intimidado quando tomam a iniciativa.

 

-Você está brincando comigo! – ele resmungou observando-a morder o lábio inferior.

 

Ela riu tolamente. – Francamente, Harry! Eu pensei que sua total inabilidade com as garotas não se aplicasse a mim, depois da declaração de amor, eu quero dizer. – Acrescentou provocativa.

 

Ele ficou em choque só por dois segundos. Antes de deslizar uma das mãos para minha nuca, seus dedos entre meus cabelos. Quando ele me puxou, eu engasguei. Ele sorriu perversamente.
Estou encrencada.

 

-Tudo bem, Mione – Harry sussurrou fitando os lábios dela.

 

-Tudo... bem? – indagou confusa.

 

O moreno ergueu a vista para os olhos dela, tornou aos seus lábios e sorriu ligeiramente ao encará-la outra vez: - Vamos fazer ‘isso’.

 

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Continua
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