Toca Desolada



- Você tem certeza, Winky? - Perguntou Harry, enquanto a elfa se encolhia, olhando para os lados nervosa e cautelosamente.


- Sim, meu amo, senhor! - Respondeu, afirmando com a cabeça rapidamente. - Winky nunca brincaria com uma coisa dessas, meu senhor! - Ela continuou, abaixando a voz à cada palavra até ela virar um completo sussurro. Harry teve de se aproximar pra ouvir, ainda com dificuldade, o que ela dissera. - Harry Potter precisa ter cuidado, meu senhor!


Craque.


E em um segundo, Winky não estava mais ali.


Harry parou por um segundo para contemplar os arbustos com a visão tão desfocada quanto era quando estava sem os óculos. Se Winky estivesse mentindo - o que não era provável devido seu nervosismo - ele poderia dizer que acabara de cair em uma pegadinha. Mas e se ela estivesse realmente contando a verdade? Ele simplesmente não podia ignorar que uma elfo de total confiança o tivesse procurado um mês depois a conclusão da escola dizendo que um dos seguidores de Voldemort voltara. E, se fosse verdade, ele provavelmente não aguentaria outra guerra por sua causa. Não aguentaria ver outras vidas sacrificadas, por sua causa. Mas nisso tudo tinha uma vantagem - agora, era somente um Comensal da Morte. Diferente da última vez.


Harry olhou para o céu escuro e sem estrelas com uma ligeira pontada no estômago. Não queria ter de reviver o que mal acabara de deixar pra trás. Mas, se quisesse obter sucesso, principalmente agora, que estava sozinho, teria de começar a agir desde já.


Na rua pouco movimentada, iluminada somente pelos lampiões e luz que vinham de algumas casas. Saiu correndo, a varinha em mãos, dobrando em algumas esquinas até chegar na Rua dos Alfeneiros, quatro. A porta estava trancada, então, Harry olhou para os lados um tanto ansioso, e ao ver que não tinha ninguém observando-o, mesmo de dentro de suas casas, Harry apontou a varinha para a fechadura e sussurrou "Alorromora". Com um clique suave, girou a maçaneta e a porta estava destrancada. Fechou-a ainda com cautela e disparou para o seu quarto no segundo andar.


Sua cama estava do jeito que deixara antes de sair com os Dursley - bagunçada, assim como o resto do quarto. Harry abriu, ainda nervoso, o guarda-roupa; em seguinte as gavetas, atirando todas as roupas que um dia foram de Duda por sobre os ombros até que finalmente achou o que queria: uma pequena embalagem transparente com um pó dentro.


Deixando o quarto do jeito que estava, Harry desceu as escadas e antes de virar-se para a lareira e berrar "A TOCA!", trancou a porta da casa dos tios por dentro.


Novamente, como todas as vezes em que viajara de pó de flu, Harry se via girando e girando, passando com velocidade por várias lareiras enquanto sentia-se enjoado. Então, ele finalmente caiu na lareira da Toca; a cara no chão - partindo a ponte de seus óculos e deixando o nariz vermelho. A sra. Weasley estava na cozinha, quando ouviu o barulho e foi ver o que era.


- Harry! - Exclamou, um tanto asustada. Seus olhos estavam vermelhos e ela tinha aparência cansada. Harry percebeu que seus cabelos, geralmente vivos, estavam bem mais claros e quando olhou ao relógio que nunca marcava as horas, percebeu que o nome de Fred fora tirado dali. - Você não nos avisou que viria. - Continuou, ajudando o garoto a se levantar. Era extremamente engraçado o quanto ela parecia baixa e gorducha perto dele, que era muito alto e bem magricela.


- Aonde está o Rony? - Perguntou ofegante, como se tivesse corrido quilômetros sem parar.


- Ele está lá fora, com Gina, desgnomizando o jardim. Gostaria de comer ou beber alguma coisa, querido? - Perguntou, sua voz assumindo uma preocupação. - Seus tios sabem que está aqui querido?


- Não, não se preocupe. A essas horas devem estar torcendo pra que eu tenha sido atropelado. - Respondeu Harry, lembrando-se do comentário de Duda. - Posso ir lá com eles? - Perguntou, ansioso.


- Claro, querido. - Concordou Molly, tentando dar um sorriso. Então, Harry girou a maçaneta da porta da casa dos Weasley e foi até o jardim.


Dois pontinhos vermelhos encontravam-se não muito longe de onde ele estava, movimentando-se continuamente. Harry apertou os passos e assim que Rony ouviu que alguém vinha correndo em sua direção, arregalou os olhos, com uma expressão de dor, tristeza e felicidade no rosto - assim como Gina.


- Harry? - Perguntou Rony, como se não acreditasse no que via.

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