Massacre em Ottery St. Mary
Capítulo 1 – Massacre em Ottery St. Mary
Alex Vaughan, de pé na apertada sala de jantar, fitava os onze cadáveres atentamente. Haviam sido perfurados e rasgados por toda parte. Alguns rostos, embora ele soubesse a quem pertencessem, estavam irreconhecíveis. Nos cantos, ás vezes se via um dedo. Uma orelha. Coisas de dentro do corpo. Os móveis, as paredes, as janelas, destroçados.
E sangue. Por toda parte. Quase uma pintura.
Pegou um cigarro de um bolso no sobretudo surrado que usava, e acendeu com um toque da varinha que pegou em outro bolso. Afastou os cabelos da testa. Continuava a observar a cena.
- Que diabos aconteceu aqui? – perguntou outro homem, mais atrás. Era alto, começando a ficar calvo, olhos cansados e barba rala e grisalha. Chamava-se Owen.
Não houve resposta. Owen se perguntava como seu jovem parceiro conseguia se manter frio naquela situação. Arriscou uma olhada na direção de um corpo e viu uma massa de sangue, ossos e fios de cabelo ruivo no lugar onde devia haver um rosto. Sentiu a bile subir na garganta.
Era a Toca, residência da família bruxa dos Weasley, localizada em Ottery St. Mary. Alex analisava a cena do crime, como havia sido treinado para fazer quando se tornará auror. Como seu professor havia ensinado. Olhava os detalhes, a disposição dos cadáveres, as marcas nas paredes, os esguichos de sangue. Absorvia tudo, tentava entender como aquilo ocorrerá.
Reconhecia os mortos.
Molly Weasley. Ron Wesley. Hermione Weasley. Rose Weasley. George Weasley. Hugo Weasley. Ginny Potter. Albus Severus Potter. James Potter. Lily Potter.
Harry Potter.
***
- Quem faria isso?
Alex fitou seu copo por um tempo, depois virou o uísque de fogo num só gole.
- Não sei – respondeu.
Owen suspirou e massageou as tempôras. A imagem da carnificina parecia impressa na sua retina, com toda nitidez.
- Por que? – disse Owen – O último Comensal da Morte foi preso há quase dez anos. Não houve nenhuma fuga em Azkaban. Não se tem notícia de qualquer simpatizante do Lorde das Trevas desde sua queda. Por que alguém iria querer a morte do maior herói da nossa era? E de todos os outros? Meu Deus, havia crianças lá.
Alex não respondeu. Afastou os cabelos castanhos que quase cobriam seus olhos escuros, quase negros. Puxou um cigarro e acendeu no candelabro que havia sobre a mesa. Deu uma longa tragada.
- Ele foi seu tutor na Seção de Aurores, certo? – perguntou Owen – Dizem que você foi pupilo de Harry Potter.
Sem resposta.
Alex soprou fumaça. Olhou atrás do balcão e viu o velho Tom. Às vezes se perguntava se o velho não era imortal. Desde a primeira vez que entrará no Caldeirão Furado, ele estava lá, com o mesmo sorriso banguéla. Devia ter uns cem anos. Quase sorriu ao pensar nisso naquela situação.
Uma coruja parda entrou pela janela e voôu até a mesa ocupada pelos dois aurores. Alex pegou o papel preso nas garras da ave e leu.
- Terminaram de examinar os corpos – falou – Vamos.
- Merda – respondeu Owen – Preciso de outra dose.
***
A sala era escura e fria. Diversos aparelhos estranhos e frascos de poções se amontoavam em estantes e armários ao longo da parede. No centro, vinte mesas estreitas se organizavam em duas fileiras. Onze ocupadas.
- Temos um problema – falou o bruxo em vestes brancas e vermelhas. Era baixo e mirrado, e usava óculos de lentes grossas.
- Não diga – respondeu Owen – O massacre de onze pessoas, incluindo o maior herói nacional e sua familia.
- Cala a boca – falou Alex – O que foi, Penn?
O bruxo fitou Owen por um instante e respondeu.
- Eu testei os corpos, um por um, e as amostras dos destroços na casa. Testei para tudo, feitiços, transfigurações, maldições, todo tipo de poção. Nada.
- Quer dizer que a magia usada nos assassinatos é desconhecida? – perguntou Alex.
- Não – respondeu Penn – Quer dizer que nenhuma magia foi usada no assassinato.
Silêncio.
- Então como exatamente onze pessoas, entre elas dois aurores, sendo que um matou o Lorde das Trevas, acabaram brutalmente retalhadas? – disse Owen – Alguém soltou uma quimera lá dentro ou algo assim? Isso não faz sentido, faça os testes de novo.
- Bem, eu também fiquei confuso, então resolvi olhar os ferimentos mais de perto. E encontrei algo dentro dos corpos.
Foi até uma estante e pegou uma vasilha de vidro escuro.
- Encontrei essas coisas em todos os corpos e nos destroços. Há centenas. Pesquisei para saber o que são. Por isso digo que temos um problema. Um grande problema.
Pegou algo na vasilha e mostrou aos dois aurores.
Alex deixou o queixo cair. Owen confuso.
- O que é isso? – perguntou Owen.
- Você sabe, né Alex? – disse Penn – Entende a gravidade da situação.
Alex chocado, vendo o pequeno objeto. Uma pequena esfera de chumbo amassada.
Munição de arma de fogo.
- Merda – falou Alex.
***
O homem de terno lia carta que acabara de receber. Sorriu e murmurou:
- Começou.
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