CAPÍTULO XXI – Dando as Caras
CAPÍTULO XXI – Dando as Caras
Hermione abriu os olhos, sonolenta.
- O que foi? Do que está falando?
- Sei por que não encontramos o tesouro. Por causa dos pântanos! Eles foram drenados, depois que Margaret deixou a Inglaterra. Quando ela vivia aqui, o pântano tomava toda a área dos pastos atuais.
- Claro! – Hermione sentou, entusiasmada. – Tudo mudou muito. Lembra-se de que o riacho parece muito mais próximo, no mapa?
- E eu atribuí o fato à falta de escalas de medidas no mapa, mas acho que procuramos no lugar errado.
- Como vamos saber como era a área, antes da drenagem?
Harry já estava fora da cama, vestindo-se apressadamente. Hermione imitou-o.
- Na biblioteca devem haver livros, contando a história de região. Com um pouco de sorte, encontraremos um mapa. Do contrário, voltaremos a visitar tia Liliane e perguntaremos se ela, algum dia, ouviu alguém comentar como eram estas terras, antes da drenagem do pântano.
Harry acendeu uma vela, enquanto Hermione espiava o corredor. Uma vez certos de que não havia ninguém por ali, desceram para a. biblioteca.
Depois de algum tempo de procura, Hermione encontrou o diário de um vigário, que descrevia a região em detalhes, mas não continha nenhum mapa.
- Vamos continuar procurando pelo mapa, mas não devolva esse livro à prateleira. – Harry instruía. – Talvez, se lermos com calma, seremos capazes de reconstituir a aparência da propriedade, antes da drenagem.
Quando já amanhecia e os dois começavam a perder o entusiasmo, Hermione retirou um livro preto e fino da prateleira e começou a ler o título:
- “Um Relato Verdadeiro da Drenagem de...” Harry! Encontrei um livro sobre a drenagem dos pântanos. – Abriu-o, antes mesmo que Harry se aproximasse. – Veja! Um mapa!
- Sim. Aqui está Saint Swithin, a estrada, mas... Ora, esta área cinzenta era um pântano. Foi lá que procuramos, ontem. Aquela não pode ser a estrada que Margaret desenhou no mapa.
- Sim, a anterior dava a volta no pântano que, uma vez drenado, permitiu que fizessem um caminho muito mais curto. Acha que a velha estrada ainda existe?
- Deve haver, ao menos, uma trilha, que nos levará ao chalé e ao muro de pedras. – Harry sorriu, esquecendo-se do cansaço. – E então? Quer tentar?
- Agora?
- Já clareou, lá fora.
- Está bem. Vou apanhar o meu chapéu. – Hermione já se afastava, quando virou-se para Harry. – Devemos levar as crianças?
Ele hesitou, mas, então, sacudiu a cabeça.
- Não. Receio animá-los e, depois, decepciona-los de novo. Existe a possibilidade de não encontrarmos nada.
Hermione concordou e correu até o quarto, a fim de apanhar o chapéu. Antes de saírem, pararam na cozinha para um rápido desjejum, deixando os criados curiosos. Então, apanharam uma pá em um canto do jardim e seguiram na direção da Igreja Saint Swithin.
Desta vez, quando chegaram lá, não seguiram pela estrada, mas sim na direção em que o mapa apontava. Para sua surpresa, logo encontraram uma trilha.
- Acha que é por aqui?
- Corresponde ao que há no mapa. Veja, o riacho está bem mais próximo.
- Lá está o bosque! – Hermione apontou. – Ah Harry, estamos na trilha certa!
Não demoraram a encontrar a grande pedra ao lado da estrada e partiram na busca do chalé. Foi um pouco difícil encontrar as ruínas, pois tudo o que restava eram algumas pedras, quase escondidas pela vegetação.
Hermione sentiu o coração disparar. Estavam a apenas cinco passos do tesouro.. Foi tomada de um pânico irracional. E se não encontrassem o dote?
Harry fitou-a com expressão de dúvida, antes de apontar para as ruínas.
- E difícil saber onde ficava a entrada.
Passaram algumas horas tentando encontrar a localização correta. Harry colocava em um ponto do retângulo de pedras tombadas e caminhava cinco passos.
Então, parava e começava a cavar. Quando o buraco formado tornava-se razoável, sem sinal de um baú, ele voltava às pedras e caminhava cinco passos em outra direção. Quando o sol já se aproximava do centro do céu, Harry iniciou um novo buraco, mas a pá logo atingiu algo duro.
Hermione aproximou-se, trêmula.
- Acha que encontramos?
- É possível.
Harry cavou mais um pouco, em torno do objeto.
Então, os dois se ajoelharam e, com as mãos, puseram-se a afastar a terra. A tampa de um pequeno baú logo apareceu. Com cuidado, retiraram-no dali e colocaram-no no chão.
Por alguns momentos, limitaram-se a fitá-lo, em silêncio. Com o auxílio da pá, Harry quebrou o cadeado e fez um sinal a Hermione.
- Abra-o. Afinal, é o seu tesouro.
Hermione respirou fundo e suspendeu a tampa, revelando diversos saquinhos de veludo e muitas moedas. Sobre tudo isso, havia um objeto maior, também envolto por veludo. Harry apanhou um dos saquinhos e derramou o conteúdo na palma da mão. Eram pedras preciosas, não lapidadas, incluindo safiras, rubis e esmeraldas. Outro saquinho continha jóias antigas.
- Valem muito mais agora, do que valiam naquela época. – Harry comentou, devolvendo os saquinhos ao baú. – Pelo que estou vendo, a quantia em moedas de ouro é bastante alta. Não vai desembrulhar o objeto maior?
- Estou com medo. – Hermione admitiu. – Passei tantos anos imaginando o leopardo de ouro, que receio me decepcionar.
Apesar de tal confissão, ela apanhou o objeto, acomodou-o sobre as coxas e retirou, cuidadosamente, o veludo. Um leopardo de ouro maciço refletiu os raios do sol. Tratava-se do trabalho de um ourives de muito talento, que o moldara em posição de ataque. Em torno do pescoço, havia uma coleira de rubis. Os olhos eram duas grandes esmeraldas.
- É lindo. – Hermione murmurou, fascinada. – Harry, já viu algo parecido?
Antes que ele pudesse responder, uma voz atrás deles declarou alegremente:
- Posso afirmar que eu nunca vi nada igual!
Os dois viraram-se, sobressaltados. A alguma distância, encontrava-se o Sr. Simons. Sorria, como sempre, mas a grande espingarda em suas mãos não combinava com a imagem do gorducho bonachão.
- Sr. Simons! – Hermione exclamou, mantendo os olhos fixos na espingarda que ele mantinha apontada para ela.
- Foi você! – Harry concluiu. – Todo esse tempo, as invasões...
- Claro! Assim que o Sr. Miller entregou-me os diários, reconheci as possibilidades. Sabia que, se existia alguém capaz de encontrar o tesouro, era a Srta. Granger. Ela sempre foi muito esperta. Todas as vezes que negociei livros com ela, não tive grandes lucros. – Ele parecia satisfeito em falar, orgulhoso de seus feitos. – No início, achei que não suportaria a espera. Então, contratei alguém para roubar os mapas, mas logo vi que não conseguiria nada. Por isso, decidi que o melhor a fazer seria esperar que você dois localizassem os mapas para mim.
- Com certeza. – Hermione falou – Prestamos um grande serviço ao senhor, quando fomos procurá-lo, em busca de informações sobre o livro de orações.
- Ah, sim. Eu nunca ouvir falar de tal obra, mas não tive dificuldade em descobrir onde se encontrava.
Retirou o pequeno livro do bolso e agitou-o no ar, como se esperasse receber aplausos.
- Então, deu-nos endereços de lugares onde tinha certeza de que não encontraríamos o livro, enquanto o senhor mesmo o procurava; para mandar seu homem roubá-lo.
- Exatamente. Mesmo assim, não consegui obter nenhum dos dois mapas. Quando recebi o livro e constatei que não havia mapa algum, concluí que vocês o haviam encontrado. Então, não tive escolha, senão segui-los. Devo confessar que fiquei desapontado, ontem. Aquela caminhada inútil deixou meu homem exausto, uma vez que ele teve de se manter escondido o tempo todo. Foi por isso que vim, pessoalmente, vigiar sua casa, hoje. E dei sorte!
- E quanto a David Miller? Também está metido nisso? - Simons soltou uma gargalhada.
- Aquele inocente? Nunca! Tenho certeza de que se desconfiasse dos meus planos, ele ficaria profundamente chocado.
Hermione lançou um olhar triunfante para Harry.
- Eu lhe disse que ele não era esse tipo de pessoa. – declarou.
- Como também afirmou que o Sr. Simons era um homem decente, não posso lhe dar créditos pela perspicácia. – Harry replicou desanimado.
- Agora, chega de conversa, crianças. Srta. Granger, faça a gentileza de trazer esse belo leopardo até aqui. Sir Potter, lembre-se de que manterei minha arma apontada para a sua noiva. Portanto, não tente bancar o herói.
Hermione levantou-se, segurando o leopardo com cuidado e encaminhou-se para ele. Quando se aproximava do Sr. Simons, tropeçou e deixou a bela peça cair, perto dos pés dele. Em um gesto instintivo, Simons abaixou-se para apanhar o leopardo, distraindo-se da pontaria. Harry, que observava tudo com atenção, certo de que Hermione não entregaria de mão beijada a fortuna que pertencia à sua família por direito, atirou-se para a frente e agarrou a espingarda.
Os dois homens lutaram por alguns segundos, mas Harry logo conseguiu arrancar a arma das mãos de Simons e atirá-la longe. Então, acertou um murro certeiro no queixo do mais velho, que tombou no chão. No momento seguinte, Simons estava deitado de bruços, com o joelho de Harry sobre suas costas e as mãos firmemente presas.
Sem perder tempo, Hermione retirou o cinto do vestido e usou-o para amarrar as mãos de Simons atrás das costas. Então, enfiou a mão no bolso dele e retirou o livro de orações.
- Se não estou enganada, isto pertence ao Sr. Bigby.
Formavam um grupo um tanto estranho, caminhando de volta pela trilha, na direção da Mansão Haverly. Simons ia na frente, de mãos amarradas, seguido por Hermione, que empunhava a espingarda, apontada para ele. Harry encerrava a procissão, carregando o baú no ombro.
Quando chegaram em casa, Harry entregou arma e prisioneiro aos cuidados de um criado, ordenando-lhe que levasse ambos ao chefe de polícia da vila, informando-o de que Harry logo iria até lá, a fim de relatar o crime cometido.
Então, ele e Hermione subiram à sala de estudos, onde encontraram as quatro crianças bastante desanimadas.
Harry aproximou-se de Crispin e, ajoelhou-se, colocando o baú no chão. Abriu a tampa, deixando à mostra o leopardo, que repousava sobre as demais jóias e moedas.
- Lorde Chesilworth, aqui está o dote espanhol.
O resto do dia foi só de comemorações. Exibiram o conteúdo do baú aos outros residentes da casa, recontaram a história diversas vezes, riram e conversaram, sonharam junto às crianças, sobre o que fariam com o dinheiro. Harry cumprira sua palavra e dera aos Granger tudo o que fazia parte do tesouro.
Quando Hermione lembrou-o de que ele tinha direito à metade, uma vez que os ajudara a encontrá-lo, Harry sorriu.
- Não. Foi você quem planejou tudo. No início, nem acreditei na sua história. Se não fosse pela sua persistência, o baú teria ficado enterrado lá, para sempre. A menos que um fazendeiro de sorte o encontrasse por acidente. Além disso, o tesouro pertencia aos Granger. Margaret não chegou a se casar com um Potter.
- Margaret queria que o dote fosse dividido entre as duas famílias.
- O que Margaret queria, era desfazer a inimizade que ela mesma havia criado, com sua fuga. Porém, você e eu estamos fazendo isso, com nosso casamento. O dinheiro não é mais necessário.
- Você é um homem muito generoso. – Hermione declarou, colocando-se nas pontas dos pés e beijando-o.
Harry sorriu e abraçou-a.
- É bom saber que pensa assim. Só tenho medo que, depois de se tornar lady Potter, você pare de me mimar.
- Por quê? Pretende ser um marido tão detestável, que eu possa deixar de pensar que é generoso?
- Detestável, não. – ele respondeu, inclinando-se para beijá-la. – Apenas muito exigente.
Compreendendo o sentido das palavras dele, Hermione pousou as mãos no peito dele para empurrá-lo.
- Harry! Sua mãe pode entrar a qualquer momento!
- Ah, ela ficaria chocada. – Harry voltou a beijá-la. - No entanto, acho que ela já desconfia que sou incapaz de ficar longe de você.
Hermione foi invadida por uma onda de calor. Era bom saber que Harry a desejava com tamanho ardor. Porém, ainda tinha receios com relação ao futuro, por saber que ele não a amava. Acreditava que a paixão poderia se apagar, um dia. O que restaria, então?
Bastou o pensamento sombrio, pois tal preocupação não era a única que a atormentava. Depois das comemorações, Hermione pensara muito nos acontecimentos das últimas semanas. Uma coisa ainda não fazia sentido. Por que Simons a trancara no moinho?
Ela simplesmente não conseguia imaginar uma razão para ele ter feito aquilo. Afinal, precisava que Harry e Hermione encontrassem os mapas. Do contrário, ele jamais poria as mãos no tesouro. E havia um detalhe contundente: o bilhete dizendo que ela deveria encontrar Harry no mosteiro. Como o Sr. Simons, que jamais estivera com eles, saberia ser aquele o lugar predileto dos dois, em suas cavalgadas?
Na manhã seguinte, Hermione foi até a prisão e persuadiu o chefe de polícia a permitir que ela conversasse com o prisioneiro.
- Olá, Srta. Granger. – Simons cumprimentou-a, como se houvessem se encontrado na rua. – É um prazer revê-la. Espero, minha querida, que saiba que eu nunca tive a menor intenção de feri-la.
Hermione fitou-o, boquiaberta, lembrando-se da espingarda que ele mantivera apontada para ela.
- Sempre gostei muito de você. – ele continuou. – E do seu pai, também. Foi a ganância que me arruinou. Quando li sobre o dote, fui tomado de um desejo irracional de possuí-lo. Espero que, um dia, possa me perdoar.
- Também espero, mas no momento, meus sentimentos ainda não se abrandaram. Sr. Simons, se não pretendia me ferir, por que me trancou no moinho?
O homem fitou-a com expressão confusa.
- Moinho? Não faço a menor idéia do que está dizendo.
- Estou falando do dia em que o senhor contratou alguém para me atacar e, depois, me trancar no moinho. Foi mero acaso alguém ter me encontrado.
O livreiro continuou parecendo confuso.
- Como pode pensar que tive algo a ver com isso?
- O senhor me parece ser a única possibilidade.
Por mais que ele houvesse provado ser capaz de fingir qualquer sentimento que lhe interessasse, Simons exibiu uma expressão da qual Hermione não teria como desconfiar. Ele realmente não sabia do que ela estava falando. Aliás, parecia nem saber do incidente no moinho.
A mesma pergunta na mente de Hermione durante todo o trajeto de volta à Mansão Haverly. Se não fora o Sr. Simons, então, quem a prendera no moinho? E por quê?
Quando atravessava o jardim para entrar em casa, deparou com Sarah Yorke.
- Srta. Granger! – Sarah cumprimentou-a, aproximando-se com passos apressados. – Fiquei tão desapontada ao descobrir que não estava em casa! Vim até aqui para conversar com a senhorita.
- É um prazer revê-la, Srta. Yorke. – Hermione mentiu, pois não estava disposta a conversar com ninguém naquele momento.
- Por que não damos uma volta pelo jardim? - Sarah sugeriu, olhando em volta, como se procurasse por alguma coisa.
– Está bem. – Hermione concordou, resignada. Viraram-se e atravessaram os canteiros de rosas, até chegarem ao gramado. - Sobre o que gostaria de conversar? – Hermione perguntou, percebendo que a outra não dissera mais nada.
- O quê? – Sarah fitou-a como se não soubesse do que ela falava.
- Disse que queria conversar comigo.
- Ah, não é nada em particular. Eu apenas queria ter a chance de passarmos algum tempo juntas, de nos conhecermos melhor.
Hermione deu-se conta de que Sarah estava agindo de maneira estranha. Suas palavras eram vagas e ela olhava em volta, a todo instante, como se quisesse ver, ou evitar, alguma coisa.
- Srta. Yorke... Há algo errado? Posso ajudá-la?
- Ajudar-me? – Sarah virou-se para ela com olhar furioso. – Ajudar-me! Como pode dizer uma coisa dessas?
Hermione recuou um passo, alarmada pelo comportamento inesperado da outra.
- Por que não voltamos? – sugeriu, já se encaminhando para o jardim das rosas.
- Não! – Sarah mostrou-se ainda mais agitada. - Não podemos voltar. É tarde demais!
Naquele momento, todas as peças do quebra-cabeças se encaixaram e Hermione desvendou o mistério que a atormentava.
- Meu Deus! Foi você quem me trancou no moinho, não foi?
- Sim! Sim! – Sarah sibilou, ao mesmo tempo em que retirava uma pistola do bolso e a apontava para Hermione.
- Srta. Yorke, por favor, abaixe a arma e vamos conversar. Não há necessidade de contarmos a ninguém que foi a responsável pelo incidente do moinho. Tenho certeza de que está arrependida.
- Eu não queria feri-la. – Sarah falou com sinceridade. - Gostava de você... Temos de nos afastar. Vamos! – ordenou, agitando a pistola.
Verdadeiramente assustada, Hermione obedeceu.
- Vire à direita e entre no bosque.
- Sim, sim, claro. – Hermione concordou, sabendo que precisava de tempo para pensar no que poderia fazer para escapar daquele pesadelo. – Seria muito mais confortável conversarmos em casa e..
- Não me subestime. – Sarah interrompeu-a.
- Não, eu jamais...
- Ora, não banque a boazinha! É igual aos outros, inclusive aquela sua prima. Pensei que era nela que ele estava interessado. Tão linda e sempre colada a ele... A srta. Moulton olhava para mim como se eu não fosse ninguém. Eu sabia que ela queria tirá-lo de mim.
- Joanna é assim com todo mundo. – Hermione explicou. – Acha que sua beleza a torna melhor que as outras mulheres.
Sarah exibiu um sorriso maligno.
- Quando a empurrei para dentro do lago, pensei que ficaria assustada e iria embora. No final, tudo o que consegui foi fazer com que ele a carregasse nos braços e tivesse uma boa amostra daquele corpo perfeito, envolto por roupas molhadas e transparentes. Depois, descobri que havia me enganado. Como pude ser tão tola! Deveria saber que Harry jamais se interessaria por uma criatura tão fútil. Ele a evitava o máximo que podia... mas passava a maior parte do tempo ao seu lado!
- Estávamos trabalhando juntos em um projeto. - Hermione tentou explicar. – Estávamos apenas tentando encontrar o dote espanhol.
- Pare com isso! Pensa que sou idiota? Ele vai se casar com você!
Haviam atravessado o bosque e encaminhavam-se para uma parte mais selvagem da propriedade. Hermione sabia que de nada adiantaria tentar convencer Sarah de que Harry não estava interessado nela, depois de ele haver anunciado o casamento.
- Eu não queria feri-la. – Sarah repetiu. – Eu gostava de você. Além de não ser presunçosa, demonstrou interesse por Silverwood. Os meninos gostaram de você.
- Obrigada. Também gostei deles. Assim como gosto de você, Sarah. Não acha que poderíamos ser amigas?
- Como poderíamos ser amigas? Você tem tudo o que desejo para mim. Não posso, simplesmente, assistir a você se casar com Harry. – Caminharam mais um pouco e Sarah voltou a repetir: – Eu não queria feri-la. Sabia que alguém a encontraria. Se isso não acontecesse, eu mesma a libertaria. Só queria assustá-la, para que fosse embora. Por que não foi embora? Assim, não precisaríamos chegar a este ponto.
- Ainda não precisamos. – Hermione argumentou.
- Sim! Sim! Você não foi embora! Agora, tenho de impedi-la de casar-se com Harry.
Hermione preferiu não perguntar como Sarah faria isso.
- O fato de se livrar de mim não significa que Harry vai se casar com você.
- Não é verdade! Eu sempre soube que, um dia, ele seria meu. Harry perceberia que o amo mais do que qualquer outra pessoa. Ele foi muito para mim, dando-me o emprego em Silverwood. Não acha que isso indica um certo grau de afeto?
- Claro! Sei que sir Harry gosta muito de você, mas os sentimentos dele poderão mudar, se você...
- Ele nunca vai saber! É essa a beleza do meu plano. Vai parecer um acidente. Ninguém jamais suspeitará de mim.
- É claro que suspeitarão. Alguém pode ter nos visto, de uma das janelas da casa. Saberão que saímos juntas, que você foi a última pessoa a me ver.
- Cale a boca! – Sarah gritou e Hermione achou melhor obedecê-la.
Era evidente que o controle da outra estava por um fio.
Continuaram caminhando, em silêncio. Hermione rezou para que alguém realmente as tivesse visto, embora soubesse que ninguém ficaria alarmado com isso, pois pensariam que as duas estavam apenas saindo para um passeio.
- Ali! – Sarah anunciou com entusiasmo, apontando para um velho poço. – Vá para lá.
Compreendendo, finalmente, como Sarah pretendia fazer sua morte parecer acidental, Hermione aproximou-se do poço.
- Isso não vai dar certo, Sarah. O poço está tampado. Seria muito difícil alguém cair dentro dele.
- Vai dar certo, sim! Tire a tampa.
- Não. – Hermione respondeu calmamente, cruzando os braços.
- Faça o que estou mandando, ou vou atirar!
- Atire, mas lembre-se de que ninguém acreditará em acidente. Todos saberão que fui assassinada. E posso lhe garantir que Harry fará tudo para saber quem matou a mulher com quem ele pretendia se casar... a mulher que ele ama.
Hermione deu ênfase às últimas palavras, na tentativa de deixar Sarah furiosa a ponto de fazer alguma bobagem.
- Pare com isso! Não é verdade!
- Por que mais ele se casaria comigo? – Hermione persistiu. – Todos sabem que os Granger não têm dinheiro algum. Ele me ama e vai me amar sempre. Não importa o que você faça, jamais conseguirá fazer com que ele a ame.
Sarah avançou para ela, a mão trêmula ainda empunhando a pistola.
- Quando Harry descobrir que foi você quem me matou, – Hermione foi adiante – vai odiá-la pelo resto da vida. Vamos, Sarah, atire.
Com um grito selvagem, Sarah atirou-se sobre ela, erguendo a pistola no ar, na intenção de atingir Hermione na cabeça. Com agilidade, Hermione esquivou-se e conseguiu agarrar o braço da outra, temendo que a arma disparasse. O que realmente aconteceu, mas a bala subiu na direção do céu.
Hermione era mais alta, mas Sarah era mais forte. Assim, Sarah conseguiu derrubá-la no chão, para tentar atingi-la com a pistola. Hermione virou a cabeça no último instante, conseguindo, mais uma vez, evitar o golpe. Furiosa, Sarah atirou a arma longe e segurou o pescoço de Hermione com as duas mãos, para estrangulá-la. Então, ouviram ruídos e uma voz gritando. Em seguida, Harry apareceu às costas de Sarah, arrancando-a de cima de Hermione. Como ela tentasse reagir, ele atingiu-a no queixo. Sarah caiu, inconsciente.
Então, Harry tomou Hermione nos braços.
- Hermione! Meus Deus, não permita que seja tarde demais! Hermione, por favor, diga alguma coisa. Olhe para mim. – Apertou-a contra si, desesperado. – Meu amor, por favor, não morra. Você não pode me deixar.
Hermione tentou falar, mas tudo o que conseguiu foi emitir um grunhido rouco.
Harry fitou-a.
- Você está bem?
Ela assentiu.
- Graças a Deus! – Voltou a abraçá-la. – Vi vocês duas caminhando pelo jardim, mas achei que havia algo estranho acontecendo. Por isso, parei na janela e fiquei observando. Então, vi a pistola na mão dela. Ah, fiquei tão apavorado! Tive medo de não alcançá-las a tempo. – Cobriu-a de beijos, antes de perguntar: - Por que Sarah fez isso?
- Está apaixonada por você, Harry. – Hermione respondeu com um sorriso fraco.
- Apaixonada? Mas... como? Eu nunca...
- Eu sei. Dói muito amar e não ser amada.
- Mas como ela pôde pensar... Eu não poderia amá-la. Você é a única mulher que amo.
- Ama? – ela inquiriu, fitando-o nos olhos. – Você me ama?
- É claro que amo! Por que mais a pediria em casamento?
- Porque tia Ardis nos surpreendeu em situação comprometedora.
- Como se eu me importasse! Eu já estava decidido a me casar com você. Sabe disso. Quando a levei para o lago, já sabia que a amava.
- Ah, Harry! – Hermione exclamou, passando os braços em torno do pescoço dele. – Também amo você.
- Já estava na hora de você admitir isso. Pensei que teria de esperar até estarmos casados, para você se declarar.
Beijaram-se longamente.
- Bem, prometo que não vai ter de esperar para ouvir de novo. Aliás, pretendo repetir isso dez vezes por dia. Te amo. Te amo. Te amo...
Hermione fez questão de enfatizar suas palavras com beijos ardentes.
Com uma risada, Harry tomou-a nos braços. Hermione suspirou, dando-se conta de que agora, sim, encontrara o verdadeiro tesouro que estivera procurando.
Agradecimentos especiais:
Lúh. C. P.: que bom que gostou do capitulo anterior, espero que tenha curtido o desfecho da fic, agora somente o epílogo pela frente. Bem, você não acertou quem estava tentando se apoderar do tesouro, mas acertou em parte sobre a Sarah, afinal ela estava louca de ciúmes pelo Harry.... Espero que tenha realmente gostado do final. Beijos.
stephanie Radcliffe: Que bom que gostou da fic. Beijos.
alylyzinha: Que bom que você adora essa fic, fico feliz por isso. Bom, ela esta chegando ao fim, é uma pena, mas ainda tem o epílogo, espero que tenha gostado do desenrolar dos fatos. Beijos.
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