O ano letivo começa
Capítulo 6 – O ano letivo começa
Mais uma semana se passou, e à noite seria a grande Cerimônia de inicio de ano. Snape e Victoria mal saíram de seus aposentos durante essa semana, tentavam ao máximo evitar contato. Victoria não sabia onde estava com a cabeça por ter deixado-o beija-la daquela maneira, muito menos em que lugar havia perdido seu juízo quando correspondeu ao beijo. Tentava se convencer de que ele apenas havia conseguido pois ela estava frágil devido ao desmaio, ao final da semana repetira isso tantas vezes a si mesmo que quase acreditava por fim.
Snape, furioso consigo mesmo, tentava achar motivos racionais para tê-la beijado, mas preferia não pensar no assunto, pois um sentimento muito próximo do ódio lhe ocorria quando se lembrava de cada sensação que ela havia causado em seu corpo. Mas era quase impossível esquecer da moça pois sempre recebia visitas da pequena víbora em seu escritório, não havia muito contato, ela apenas o observava trabalhar.
A tarde chegara e foram à reunião de professores que ocorria antes do inicio do ano letivo. Conheceram a nova professora de DCAT que pouco falou com sua voz infantil e irritante na opinião de ambos. Puderam perceber que ela os observava de cima a baixo, assim como a todos os outros professores e funcionários.
Mais tarde eles ocuparam seus lugares na mesa dos professores e para angustia de ambos, Dumbledore, parecendo desfrutar de uma piadinha interna os colocou lado a lado com Scessi no meio, sob a mesa com uma almofada especial só para ela.
Os alunos mais velhos chegaram e ocuparam as mesas com grande burburinho. O Chapéu Seletor esse ano se estendeu dando alertas subliminares, provocando mais burburinho ainda. A cerimônia de seleção decorreu normalmente e o jantar foi servido. Logo Dumbledore se encontrava de pé para o discurso de inicio de ano. Deu alguns avisos e prosseguiu falando:
-Houve duas mudanças no nosso corpo docente este ano. Temos o grande prazer de dar as boas-vindas à Professora Grubbly-Plank, que retomará a direção das aulas de Trato das Criaturas Mágicas; estamos também encantados em apresentar a Professora Umbridge, nossa nova responsável pela Defesa Contra as Artes das Trevas. Alem dessas mudanças vocês podem perceber uma terceira nova pessoa em nossa mesa – disse apontando Victoria – A nova Guardiã de Hogwarts, Victoria Lews. E mais uma convidada ilustre, Scessi a Víbora Olho-de-Opala de nossa guardiã.
Houve uma rodada de aplausos educados e um pequeno burburinho sobre a Opaleye. Dumbledore recomeçara a falar porem sendo interrompido pela figura parecida com um grande sapo rosa que era Dolores Umbridge pigarreando para falar. E desatou num discurso infindável sobre o Ministério e bla bla bla, deixando Victoria enjoada e pelo que ela podia dizer pela expressão de Snape ele estava tão enojado quanto ela.
Quando ela finalmente terminou, deixando que Dumbledore finalizasse a noite, os alunos e professores se levantaram para se dirigir aos seus aposentos. Snape a olhou e percebeu algo diferente em seu rosto. Só não sabia o que.
Victoria se levantou e foi em direção ao corredor que daria para a torre em que seus aposentos ficavam. Trancou-se em seu quarto tentando descansar para o primeiro dia de trabalho, mas a noite que se seguiu foi repleta de pesadelos reais e alguns sonhos indesejáveis, ou melhor dizendo, lembranças indesejáveis.
Levantou-se na manhã seguinte como se não tivesse dormido nada, mas ainda sim tinha que fazer o turno do dia colado em ninguém mais ninguém menos que “O Sr. Potter, coitadinho” repetiu em sua mente com escárnio ao se lembrar das vezes em que Harry apresentou mal-humor na sua convivência na casa. “O nenenzinho gosta de fazer bico”. Seu humor estava ficando cada dia pior concluiu, afinal o garoto nunca tinha lhe feito nada.
Seguiu para o café da manhã, mas não comeu. Decidida a ficar bem longe do morcego asqueroso que era Severus Snape, ficou parada na porta do salão principal, até que Potter saiu em direção a sua aula de História da magia, tomou espaço atrás dele e de seus dois amigos inseparáveis e seguiu até o corredor, parando do lado de fora da sala. Patrulhou o corredor, checando os armários de vassouras e alguns minutos depois viu Filch vindo em sua direção.
-Pode ir senhorita – disse ele amargo – a próxima aula dele é nas masmorras, poções. Dumbledore pediu que você observasse a aula tambem – Filch nada sabia sobre Potter, mas Dumbledore o incumbira de ficar nos corredores já checados por Victoria, e quando ela estivesse em alguma classe ele poderia ter seu tempo de folga.
Irritada, saiu em direção às masmorras, onde esperou durante mais de uma hora que fosse a hora de entrar, os alunos viraram o corredor e ele entrou na sala vazia, posicionou-se no canto mais sombrio da sala, não entendia porque logo nessa aula teria de ficar dentro da sala. O local era perfeito, tanto que vários alunos entraram na sala sem ao menos nota-la ao canto.
Quando finalmente todos estavam em seus locais, Snape entrou na sala e o silencio se instaurou no mesmo instante em que a porta bateu. Ao entrar na masmorra Snape sentiu aquele cheiro invadir-lhe, forçando a cabeça a ficar no lugar, nem ao menos olhou para onde o cheiro vinha, sabia o que encontraria.
Deu uma leve assustada nos seus alunos como fazia todo quinto ano, o ano dos N.O.N.s. Esperava realmente que a maioria ali não conseguisse passar e isso lhe agradava.
Deu as instruções de preparação da poção no quadro e uma hora e meia para que a poção Da Paz ficasse pronta. Victoria estava enjoada, não agüentava mais olhar para a cara de Snape, ouvir sua voz masculina e seca, ser ignorada, o ódio crescia em seu peito. E resolveu se dirigir a porta discretamente, aquilo não era necessário.
-Aonde pensa que vai senhorita? – disse Snape cortando a sala com sua voz e fazendo todos se virarem para a porta.
Victoria sem resposta virou-se, seu rosto transbordava o ódio e os alunos se assustaram ao ver os olhos negros dela, sombrios, olhando com fúria para o professor. Snape parecia se divertir com aquilo. Ela cruzou a sala, em três passadas longas vencera a distância até ele.
-Continuem suas poções a menos que eu mande parar – vociferou Snape e depois quando só os dois podiam ouvir – Achei que você tivesse ordens de vigiar as aulas conjuntas de grifinoria e sonserina!
-Não sou uma de suas alunas, não sigo ordens. – disse ela após finalmente entender porque tinha que estar ali.
-E as ordens de Dumbledore, segue tão bem que esta disposta a se machucar? – Snape apesar do ódio, sentia que o sarcasmo aliviava seu mal-humor
-Sigo as ordens que posso suportar, infelizmente essa não é uma delas! – O ódio inflamava a garganta de Lews, queria arrancar a cabeça presunçosa de Snape. Ele a encarou e por um segundo sua expressão mudou totalmente.
-Mas que diabos... – não conseguiu terminar a frase, Victoria se virou e saiu pela porta o deixando intrigado. Snape sentou-se em sua cadeira e começou a viajar nas lembranças. “Os olhos” pensou ele, antes lilases e petulantes, atrevidos, agora negros e sombrios, transparecendo ódio por suas pupilas.
Passou batida por Filch no corredor, seguindo o caminho para a sala de Dumbledore.
-Nem mais um segundo – vociferou ela.
-Minha cara, - tentou apaziguar Alvo – ele age assim com todos.
-Não me interessa se ele acha que é o rei do mundo – seus olhos negros, intensos, encaravam Dumbledore – Eu patrulho a noite e Argus de dia, não há motivos para pensar que algo que não seja da competência de Filch aconteceria durante o dia nesse castelo e definitivamente nenhum estudante atacaria o outro nas aulas de Severus.
-Certo, certo – Dumbledore deixou-se vencer, vendo a expressão amenizar no rosto de Lews – O que aconteceu? – perguntou apontando para os seus olhos
-Nada – disse a moça, olhando o chão como se fosse a coisa mais interessante a se fazer naquele momento.
-Alguma novidade?
-Nada relevante – disse ela cansada – Vou me retirar aos meus aposentos, preciso falar com Scessi.
-Sim, sim, faça isso – “tão parecidos” pensou Alvo enquanto via a moça sair, as vestes negras e a capa esvoaçando ao seus passos.
Chegou em seus aposentos e deitou-se na cama, esperando a noite cair para que pudesse patrulhar. A cobra ao seu lado agora trocava sibilos com ela:
-“Não pode continuar assim, está se machucando, está tomando a personalidade dele”
-“Não me compare a Voldemort, Scessi. Eu não sou um monstro”
-“Não, mas esta se tornando, você me ensinou coisas que nenhuma pessoa ensinaria a um animal como eu, e agora está se tornando irreconhecível”
-“Preciso dormir” – sibilou impaciente, ate sua cobra estava contra ela.
Dumbledore insistira que ela fizesse as refeições junto com todos para seu desagrado.
Snape que ficara sabendo da decisão da moça por uma conversa “casual” de Dumbledore com Minerva ficara incrivelmente transtornado. “Ora, mas por que me sinto tão mal?” pensou “Pois ela é uma grande presunçosa de achar que poderia se privar de minha presença” disse uma voz em sua cabeça que ele mesmo havia forçado para que seus reais motivos não lhe viessem a cabeça.
A curiosidade quase preocupada que tinha sobre o motivo de seus olhos mudarem de cor, os pensamentos constantes no beijo, o ódio repentino e forçado quando se lembrava de suas atitudes arrogantes.
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