Mesma casa, quarto e cama!
Capítulo 4 – Mesma casa, quarto e cama!
Num dia, porém a reunião estava se estendendo até mais tarde, Dumbledore não estava presente. Snape e Victoria atacavam-se ferozmente, deixando a todos encabulados no meio daquela discussão. É claro que todos ficavam felizes quando a moça rebatia uma dentro, deixando Snape ainda mais furioso. Era óbvio que os dois não se suportavam, para a alegria de Sirius que demonstrava grande interesse na moça, cobrindo-a de gentilezas desde seu primeiro dia.
De fato era com Black que ela mais conversava, e agora até Scessi já se entrosava com Sirius, o que só servia para deixar Snape mais implicante ainda.
Já era tarde da noite quando Quim Shacklebolt adentrou na cozinha avisando que todos deveriam ficar na casa. Haviam pessoas passando insistentemente na frente do número doze do Largo Grimmauld. Não havia como aparatar dentro da casa devido aos feitiços de proteção aplicados por Dumbledore. Todos ficariam ali ao menos uma noite até que pudessem pensar em algo ou que os passantes estranhos fossem embora.
Realocaram todos em quartos superlotados, Tonks ficou com Gina e Hermione. Harry e Rony receberam os gêmeos. No quarto de Fred e Jorge ficaram, Gui, Quim e Dédalo Diggle. Junto com Sirius, ficaram Elifas Doge, Emilina Vance e Lupin. Obviamente todos se alocaram de modo que Severus Snape não fosse recebido em nenhum dos quartos então Sirius rindo por dentro disse:
-Nos temos ainda o ranhento, quer dizer Snape – alguns risinhos foras abafados – e o único quarto que sobra com vagas é o da Srta Lews, os outros não se preocupem com os estampidos, um dos dois não sairá vivo desse quarto hoje – mais risinhos dessa vez quase incontíveis.
Snape ainda tentou argumentar, mas todos sabiam que a segurança da Ordem era mais importante que seus ódios uns pelos outros. Victoria que estava tão descontente quanto Severus não teve apetite para jantar olhando para a cara daquele morcego. Era assim que os jovens o chamavam, e apesar de não aprovar a forma com que os alunos se referiam ao professor não podia culpá-los, ele se parecia mesmo com um morcegão ranzinza.
Ela se retirou aos seus aposentos levando Scessi enroscada carinhosamente em seu pescoço, colocou a capa pendurada a porta do armário e se apoiou no batente da janela, podia ver os estranhos passando lá fora, mas as estrelas lhe eram mais interessantes nesse momento. Scessi desceu pelo seu corpo e subiu na cama se enroscando na madeira do dossel. Lews ouviu batidas na porta, não tinha noção de quanto tempo já estava ali olhando o céu. Não se virou, apenas respondeu que ele entrasse.
*Snape entrou no quarto e sua visão o deteu por alguns segundos, ela de costas para ele, aquele mistério todo ao seu redor, usava uma blusa de um desenho em V que deixava suas costas semi-nuas, branca como papel, parecia ter a pele mais macia do mundo, os cabelos muito longos voavam com o vento que vinha da janela, o vento trazia consigo o cheiro discreto de flores, que invadiram as narinas de Snape com uma leve ardência gostosa de se sentir.
*Victoria percebeu que ele a estava analisando de costas, fechou a janela bruscamente e se virou para seu observador, o vento que antes vinha da janela agora veio da porta na qual ele estava parado, seu cheiro de ervas foi trazido até ela, olhou aquele homem parado ali, um pouco mais alto do que ela, trazia a capa nas mãos, parecia ter alguns músculos escondidos em suas vestes pretas, a pele alva, um olhar penetrante, os cabelos negros cortinando seu rosto, um rosto bonito ela tinha que confessar, Snape era um homem charmoso, as mãos grandes e com dedos longos, sua varinha em uma delas.
Sem dizer uma palavra Snape fechou a porta atrás de si, olhou para a cama e apontou sua varinha, agora ela tinha o dobro de tamanho que antes. Conjurou um feitiço rápido em si mesmo e num piscar de olhos estava apenas de cueca Box com um roupão por cima.
Victoria sem graça observava-o e quando ele terminou ficou a olhando de volta.
-Não vai se trocar senhorita, ou pretende dormir assim – e lhe apontou o corpo da moça.
-Vire-se – disse ela secamente, ele sem entender virou-se, por que ela não usava magia, ele tentava adivinhar, mas quando se virou novamente, ela já estava vestindo uma camisola coberta por um roupão, ambos de preto. Ele ficou imaginando se ela haveria usado magia, mas onde estaria então sua varinha?
*Os dois deitaram-se o mais distante o possível um do outro com Scessi no meio, colada ao corpo de sua parceira. No meio da noite porem Snape ainda não estava dormindo, a cobra soltou um sibilo alto, começou a ouvir a respiração ofegante de Victoria, ela parecia sem ar, agora estava se contorcendo, ele podia sentir a cama mexendo. Ela soltava gritinhos abafados e alguns gemidos que ele conhecia bem, a dor de Victoria rompia seus ouvidos e ele não podia a ignorar.
*Estava em pé diante do vulto de capa preta a sua frente, ele lhe apontava a varinha, a dor lhe rompeu, fazendo-a ajoelhar-se diante dele. Os cortes apareciam, lacerando sua carne. Alguém chamava seu nome, ela acordou, mas a dor não cessou.
Seus olhos se abriram e lá estava Severus Snape, a varinha em punho iluminando seu rosto. As lágrimas desciam por sua face. Tentou sentar-se na cama, mas estava sangrando, seus braços, seios, abdome e costas estavam cortados. Seu olhar era de súplica, no fundo dos olhos de Snape ela via a surpresa que a cena lhe causara.
-Me... ajuda – era a única coisa que sua voz rouca e fraca poderia pedir.
Snape saiu do quarto sem dizer uma única palavra, “O que está acontecendo, quem é essa mulher?” perguntava-se ele. Chamou por Monstro e lhe ordenou que arrumasse um caldeirão e ingredientes. Monstro era o elfo domestico da casa, não obedeceria ninguém que não fosse um Black naturalmente, mas Snape tinha seu jeito próprio de persuadi-lo, seu olhar o assustava. Em alguns segundos o elfo voltara com o pedido. Ele levou tudo rapidamente para os aposentos da Srta. Lews.
Entrou no quarto e ela não estava deitada no mesmo lugar que a deixara, estava em frente ao armário se olhando no espelho, não usava mais o roupão, apenas a camisola semitransparente, era possível ver todos os contornos de seu corpo, a marca de sua calcinha igualmente negra, suas pernas, e o sangue que escorria por elas. Scessi sibilou alto lhe chamando a atenção, “O sangue” lembrou-se Snape, parando de observá-la para preparar a poção.
-Volte a deitar-se senhorita, assim vai perder muito sangue.
-Não posso me deitar Sr. Snape – ela lhe respondeu ainda de costas e tirou a camisola, ele podia ver o contorno de seus seios nus que ela cobria com as mãos, suas costas misturavam o branco de sua pele com vários filetes de sangue, ele se apressou em preparar o ungüento.
Alguns minutos depois a poção estava pronta, ele pegou uma cuia e a despejou ali, foi até a mulher ainda de costas para ele, semi-nua, passou um pano limpando o sangue que descia insistentemente por sua pele, molhou dois dedos no ungüento e em cada ferimento passava-os, delicadamente, para não machucá-la ainda mais. Assim que passava as feridas se fechavam, ficando apenas marcas parecendo arranhões brancos em sua pele.
Ele estava perto de mais, sentia aquele cheiro que partia dela e mexia com seu cérebro. Ela podia ouvir sua respiração em sua nuca e ambos embora não estivessem encostados sentiam o calor que emanava dos corpos um do outro. Onde os dedos de Snape passavam ela sentia uma ardência, não sabia se vinha do ungüento ou dos dedos do professor.
Terminada a parte de traz, Snape se afastou e pediu que ela se deitasse, desviou os olhos dela, não queria vê-la nua, ela se deitou, cobrindo o que podia dos seios com as mãos e deixando expostas apenas as partes laceradas, Snape sentou-se ao seu lado.
-Se não olhar não vai conseguir fazê-lo Sr. – ela estava tão desconfortável quanto ele com a situação, ele a olhou, seus olhos novamente se cruzaram, ele desceu os olhos por seu pescoço, seios médios de forma arredondada, apesar de cobertos parcialmente suas formas eram bem claras, abdome liso, a pele que ele já havia tocado e sabia da infinita macies, os braços e o corpo feridos.
Molhou a mão em mais do creme, e passou em seus braços, pescoço, abdome. Quando a passou em seus seios, podia vê-la se arrepiar ao seu toque. “Não seja ridícula” dizia ela a si mesma e os pensamentos dele eram os mesmos “Não seja ridículo, foi só o vento”.
Se o resto de sua pele era macia, seus seios pecavam por ser mais ainda. Snape havia se esquecido de respirar. Estava terminado, o corpo estava belo e intacto de novo. Mas seus olhos permaneciam nos dela. Olhos lilases, não usa magia, se machucou sozinha enquanto sonhava... Quem era ela? Ele se perguntava novamente. Quem?
-Muito bem – disse ele caindo em si e pegando a varinha, conjurou sua camisola de volta no corpo da moça. – O que aconteceu aqui? – perguntou tentando a intimidar com seu olhar autoritário.
-Não é da sua conta senhor Snape
-Não é da minha conta – repetiu Severus tentando não mostrar a perplexidade e mantendo a frieza em suas voz, falava pausadamente – Você não usa magia, dorme, sonha e acorda com cortes causados por algum feitiço, por um feitiço que só... – a ficha caiu, aquele feitiço não era utilizado por ninguém mais ninguém menos que Ele.
-Ele torturou alguém, eu vi, estava no corpo da pessoa – disse ela se rendendo, o medo ainda pairava em seu ser – Pode ter sido agora, amanhã ou daqui a dias.
-Você esta me dizendo que vê coisas que acontecem no futuro?
Seus olhos lacrimejavam, ela se sentia fraca, não havia proteção, ela tinha que se concentrar em Voldemort, tinha que saber o que ele fazia ou pretendia fazer, mas nem sempre conseguia e muitas vezes se machucava.
-Quando me concentro em alguém, posso ver o que vai fazer, ou se toma alguma decisão, mas as visões são incertas, incompletas.
-E você sempre sofre o que esta acontecendo na visão? – seu ar de curiosidade era muito visível.
-Não posso dizer mais nada professor Snape, sei que Dumbledore confia no senhor, mas ele mesmo me pediu para não contar a ninguém. – e trocou um olhar significativo com sua cobra.
-O Lord das Trevas te machuca quando você sonha que ele está machucando alguém? – ele reformulou a pergunta na esperança de ser respondido.
-De certa forma, mas isso é tudo que posso dizer.
Seus olhos fixos um no outro, as respirações descompassadas, novamente sentiam, sem se tocar, o calor do corpo um do outro. Severus e Victoria deitados, de lado se olhando, o roupão dele semi-aberto, um pedaço de seu peitoral a mostra, ela com sua camisola semitransparente, aquele corpo que ele havia visto quase nu há poucos minutos. Algo quebrou o olhar. Passos na escada, os dois olharam para a porta, com um movimento rápido Snape acordou do transe e voltou ao seu lugar na cama, mas quando olhou de volta para a moça ela já vestia seu roupão, e se levantou da cama, um segundo antes de alguém bater.
Era Sirius, ele havia levantado para beber água e vira Monstro resmungando sobre Snape lhe dar ordens. Perguntou o que estava acontecendo e o elfo lhe contara.
-Está tudo bem? – perguntou ele olhando para Snape como se achasse que ele a tivesse machucado. – Victoria – disse ele acariciando seu rosto.
-Tudo bem Sirius, foi só um acidente – ela chegou para traz cessando os carinhos do homem, gostava de Sirius, mas apenas como amigo. – Vá dormir, amanhã conversamos está certo?
-Certo – Sirius olhava mais uma vez para Snape o ódio estampado em seu rosto, “Como eu pude deixá-lo dormir com ela?”. Virou-se e desceu as escadas novamente. “Daria tudo para ser eu naquela cama ao seu lado”.
Victoria fechou a porta atrás de si e se virou a tempo de ver o rosto de Snape transtornado.
-O cachorro e a vidente de olhos lilases – disse ele com sarcasmo – belo casal! – o sorriso de canto de boca estampado em seu rosto. Mas vê-lo tocá-la ao rosto lhe incomodara, “Foi o olhar dele que me incomodou” repetiu internamente algumas vezes.
-Não seja ridículo, Sirius é meu amigo, foi o único que me acolheu sem perguntas. – respondeu ela rápido, mas quando se deu conta do que estava fazendo emendou – não que ele não seja interessante, e não que o senhor tenha algo a ver com isso.
Scessi sibilou para Victoria em sinal de reprovação fazendo Lews criar uma careta para a víbora. Snape que havia entendido o sinal da cobra quase sentiu vontade de rir. Cobras definitivamente atraiam Severus, que se perguntava se o pequeno exemplar que simpatizara com ele estaria disposto a ceder uma amostra de veneno para a poção mais valiosa que ele conhecia.
A cobrinha voltou a se enroscar no dossel da cama ao mesmo tempo que Victoria deitava bem longe de Snape.
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