Bonus *-----*



Em um fim de tarde, após o serviço, Lily resolveu se tacar no sofá. Ligou a televisão no primeiro canal que viu, People and Arts. Ela não gostava, nem desgostava. Só estava afim de relaxar enquanto comia seu brigadeiro no calor.
Estava passando uma entrevista, e ela reconheceu algo. O jeito como a pessoa estava virada de costas e se preparava para pixar a parede era muito familiar. Chegava a ser uma familiaridade tão berrante, que ela demorou um tempo para compreender.


James, a repórter começou a falar, desde quando você começou a praticar a grafitagem?


A imagem mudou, e agora era uma câmera filmando a repórter sentada numa cadeira a frente da de Jay. Ele não mudara muito, mas o suficiente para Lily ficar surpresa ao vê-lo. O mesmo estilo que ele sempre usara, para seu conforto.


Eu pratico desde os quinze anos., ele respondeu, tranqüilo. Como se aquilo fosse normal ou comum para ele.
E você tem alguma dica para quem tem como hobby grafitagem?, a repórter perguntou.
Nunca, nunca desista. É isso.


A reportagem continuou, mas Lily não conseguiu prestar atenção nas palavras. Ela estava tão surpresa por vê-lo. Então, ela havia se tornado uma decoradora, e ele um grafiteiro famoso? E ela havia reencontrado-o.
No pé da televisão, apareceu o e-mail e número de contato. Lilian levantou e pegou um papel, anotando o e-mail com cuidado. Sem se conter, ela correu para o computador e ligou-o. Suspirou quando entrou no seu e-mail e clicou no botão de nova mensagem.

Jay. Eu te encontrei. Te vi na entrevista do People And Arts, reprise de quinta-feira. Não sei se você se lembra, mas você pediu para eu te avisar quando eu te reencontrasse. Então, cumprindo minha parte do acordo.
Lily.


Ela olhou o e-mail, incrédula. Estava horrível. Ele provavelmente ia rir dela, isso se ele sequer lembrasse-se dela. Mas ela precisava enviar aquilo, se quisesse dormir em paz.
Enviou e se levantou, deixando o e-mail aberto. Abriu a porta da geladeira e pegou um suco com gelo. Desligou a televisão, quando ouviu um barulho. Um barulho de nova mensagem. Meio correndo, meio querendo disfarçar a ansiedade, ela se dirigiu ao computador e sentou na frente dele. Abriu a mensagem, que obviamente era a resposta de Jay, e leu-a.

Lily. Você me encontrou. É claro que eu me lembro de você. Tão bem, mas como a garota que você era da última vez que eu te vi. Será que rola um encontro no barzinho para eu ver como você está?
Do seu Jay.


Ela sorriu ao ler, não podia negar que era interessante saber que ele se lembrava dela. E o modo que ele falava, era como se nada tivesse mudado e eles ainda estivessem juntos. Apressou-se a responder.

Não sei.

Enviou a mensagem somente assim, sorrindo por deixar um mistério. Era um mistério bobo, mas era. Se ela conhecia Jay ainda, ele ia gostar.
Dito e feito. Nem 5 minutos depois, a resposta estava na caixa de entrada do e-mail de Lilian.

Hoje, as 7 horas, no Boteco do Torto. Vai se quiser.



Jay virou o segundo copo de uísque que ele havia pedido. Já eram quase 8 horas, e nem sinal de Lilian. Ele esteve tão empolgado apenas com a possibilidade de vê-la novamente, como ele sonhara por anos, que não havia se preparado para não ver ela. E agora, ele se sentia inútil. Derrotado. Desprezado por aquilo que ele amava.
Aceitando sua derrota, ele saiu do bar. Entrou no carro e estava pronto para mandar o motorista partir quando uma menina que estava passando na rua parou e olhou pra ele.
- Uau, que carro. - Ela falou, incrédula.
Jay levantou o olhar e abaixou a janela. Olhou direito, piscando para ter certeza, e viu que era Lily. Então, ele não era tão derrotado assim.
- Quer entrar, então? - Ele disse, rindo.
- Jay! - Ela gritou, abrindo os braços para ele assim que ele saiu do carro. - Eu devia suspeitar..
- Eu sabia que você vinha. - Jay respondeu, dando um beijo na bochecha dela.
Ele puxou-a para o carro, querendo poder admirá-la de todas as formas. Ela estava diferente, mas não muito. Continuava bonita, com os cabelos que ele tanto amava, e com aquele rosto perfeito. Ela continuava sendo a garota dele, como fora anos atrás e nunca deixara de ser. Pelo menos, de parte dele.


- E ai, onde quer ir? - Jay perguntou.
- Pra pista de skate? - Lily respondeu, rindo.
- Não acredito.
- Quer dizer que você não vai mais lá? - Ela perguntou, surpresa.
- Vou, vou.. Mas eu queria ir pra praia.
- Negativo.
- Ok. Primeiro pista de skate, depois praia. O que você acha?
- Perfeito.


Os dois foram conversando durante o curto caminho. Jay descobriu que ela era decoradora, estava solteira, e não tinha nenhum relacionamento que durou mais que um ano desde que terminara com ele. Isso o fez se sentir mais confiante e certo do que iria fazer.
Quando eles chegaram na pista, Jay desceu com seu skate na mão, mas logo Lily puxou e roubou dele. Ela saiu correndo e tacou o skate no chão. Subiu nele com uma incrível habilidade e logo na primeira volta da pista, ela fez uma manobra.
Jay riu, incrédulo. Ela havia praticado.


- Heey, o que você está esperando? - Ela perguntou.
- Não acredito no que vi. Entrei em estado de choque.
- Eu acho que eu estou melhor que você. Mas também tenho certeza que se a gente fizesse uma competição, você me deixaria ganhar. - Lily disse, se deitando na pista.
Jay deitou do lado dela, rindo com a conclusão da menina. E pior de tudo, Lilian estava certa. Ele certamente erraria manobras fáceis somente para deixá-la feliz.


- Olha as estrelas, que lindas. - Lily murmurou, retirando-o de seus pensamentos.
- Sabe onde elas ficariam mais bonitas? - Jay falou. - Na praia.
Rindo, ele se levantou e puxou ela. Lily acompanhou ele, pegando o skate, e foi até o carro.
- Onde agora, senhor? - O motorista perguntou, formal como sempre.
- Praia. - Jay sorriu para Lilian, que somente revirou os olhos.

Não demorou muito, os dois chegaram na praia. Jay desceu do carro, pegando uma toalha grande no porta-malas. Lily o ajudou, levando a lanterna. Eles não andaram muito, de forma que ainda era possível ver o carro no lugar onde eles estenderam a toalha.
Jay fez Lily sentar na areia e se sentou ao lado dela.
- Lily, se lembra do Sirius? - Ele disse, olhando para ela.
- Claro..
- Sabia que ele se tornou um cantor famoso?
- Sério?
- Sim.. Você devia escutar mais rádio. Strike, o nome da banda dele. E eu pedi para ele fazer uma música sobre você.. Sobre a gente.
Ele se levantou, correu até o carro que estava estacionado e pegou um violão. Tirou a capa, se sentou na areia. Ligou uma lanterna, deixando ela no chão direcionada para a garota, que sorria.


Na hora em que me aproximei em frente ao mar, você estava ali
Naquela noite foi a primeira vez que te vi
Veio a intenção, já nem quero resistir
Reduziu a pó meu passado na hora em que o destino te entregou pra mim
Eu te quis no princípio, meio e fim

Tudo foi completo com você por perto!
E me perco quando não estás aqui
Se te vejo ao meu lado é inevitável um final feliz
Em você encontrei tudo que eu sempre quis

Vem depressa se entregar
Sou quem vai te fazer sorrir
Já não vou mais suportar, tanta falta que me fez sentir
E nossa noite nunca tem fim

Ainda tenho a mensagem que você me mandou
Eu li a noite inteira
E o beijo que você me roubou
Naquela praia, ali na areia
Agora é tarde, mas se você quiser fugir
De carro eu vou pra qualquer lugar
A química entre nós dois começou fluir
E vai ser do jeito que eu sempre quis

Tudo foi completo com você por perto!
E me perco quando não estás aqui
Se te vejo ao meu lado é inevitável um final feliz
Em você encontrei tudo que eu sempre quis

Sem promessa e sem errar
Melhor deixar se permitir
Pra aonde for vou te alcançar
Quando o luar te refletir
E nossa noite nunca tem fim

Tudo, me leva até você (4x)
Êêêê...

Tudo foi completo com você por perto!
E me perco quando não estás aqui
Se te vejo ao meu lado é inevitável um final feliz
Em você encontrei tudo que eu sempre quis,
Em você encontrei tudo que eu sempre quis!
Em você encontrei tudo que eu sempre quis.


-

Quando ele terminou, ela tinha lágrimas no olho. Ele apagou a lanterna, colocou o violão de lado e se aproximou dela. Deitou ela delicadamente na areia, ficando com seu corpo por cima do dela, impedindo que ela se mexesse.
- Lily, se alguém vai te fazer feliz sou eu. Isso não é um pedido nem uma ordem. É uma afirmação. - E ela sentiu um anel entrar no dedo dela. - Eu não sou perfeito, nem sei como fazer isso. Mas sem você, eu fico perdido.
Ela começou a chorar, sem conseguir conter as lágrimas.
- Eu sou um skatista ainda, juro. Não mudei. Mas posso chorar hoje? - Ele disse, rindo e derrubando uma lágrima em cima dela.
Sorrindo, ela concordou com a cabeça. Ele puxou a mão dela, e deu um beijo na palma dela.
- Casa comigo.






Tem que nascer com estilo (H)

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