Ciúmes
3° Capítulo: Ciúmes
Por Gina Wesley
Eu corria mais do que minhas pernas poderiam suportar, mais no momento aquilo não tinha a menor importância. Lágrimas quentes escorriam por meu rosto sem que eu pudesse evitar, e a dor da mágoa se espalhava rapidamente dentro de mim. Eu estava com raiva. Não de Harry, nem de todos os outros. Nem ao menos de Draco, e sim de mim mesma. Era complicado definir o que se passava comigo no caminho que percorri até o salão comunal. A raiva era destinada exclusivamente a me culpar por ser tão inocente e manipulável. Acreditar nas pessoas que sempre estiveram comigo era perdoável. Mas acreditar que Draco poderia ser diferente era demasiado fantasioso.
Aqueles dias tinham sido tão incríveis que eu acabei por criar um mundo que não existia. Não podia tão pouco culpar mais ninguém. Fantasiei ser não uma farsa, mas a namorada real de Draco Malfoy, e o ultimo era o que eu sempre esperava que fosse, um cara com defeitos que eu conseguia contornar, que eu conseguia compreender, que me protegia e todas as outras regalias de um romance de contos infantis. Cair assim tão bruscamente da realidade que eu própria havia criado fez romper todas as barreiras que eu ainda mantinha. O choro contido há semanas veio para extravasar todo sofrimento que me machucava e me impediam de dormir em paz. No fim das contas minha emoção começou a se estruturar novamente naquele momento, em que finalmente eu gritava para mim mesma que não era tão forte como mostrava a todos.
Assim que cheguei até meu quarto, meu corpo deu sinais do cansaço já esperado por correr tanto. A dor física porém era suportável em comparação a emocional. Deitei e fechei as cortinas sem me importar com as coisas que ainda teria de fazer naquele dia. Adormeci com as ultimas lágrimas ainda molhando meu travesseiro. Foi uma noite sem sonhos.
Por Draco Malfoy
Um perfeito idiota. Era o que martelava em meus pensamentos fazendo a culpa correr pelo meu corpo. Os acontecimentos recentes me impediam de fazer qualquer coisa sem pensar nela. A preocupação era evidente e pra mim mesmo eu não precisava fingir não se importar. O que mais doía não era o modo com que ela me repudiou, pois isso na minha vida era natural. O que me deixou perplexo foi ver nos olhos dela a decepção. Não conseguia entender porque ve-la decepcionada era tão frustrante. Talvez porque não queria ser o responsável pelos olhos tristes. Era o Potter idiota que a fazia sofrer, e eu não queria ocupar esse posto. Até porque eu nem ao menos merecia. Esse pensamento me atormentou mais do que eu gosto de admitir. E por um breve instante eu me perguntei se todos esses sentimentos poderiam demonstrar medo de que a farsa chegasse ao fim.
Passei o resto da tarde sem conseguir prestar o mínimo de atenção que fosse às aulas. Meu sentimento de culpa e incapacidade só aumentava conforme as horas passavam, e piorou ao extremo ao constatar que ela não desceria para jantar. Ainda tive de fugir do Blaise e da Luna pelo resto da noite. Não queria dar satisfação a ninguém, não naquele momento. Eu já me sentia um panaca, e as expressões dos dois só pioravam a situação.
Fui dormir tentando ignorar as preocupações e a culpa. Pensamentos que não me pertenciam. Sentimentos comuns a qualquer um. Mas eu não era qualquer um, eu era Draco Malfoy.
Por Gina Weasley
Eu me levantei me sentindo tonta. Havia chorado tanto que sentia a cabeça latejar. Já havia amanhecido, então me troquei e desci pro salão comunal. Estava descendo o degrau quando me senti tonta outra vez. Estava quase caindo quando senti braços fortes me envolverem. Senti o perfume amadeirado, bem diferente do cítrico, eu reparei. Sem conseguir evitar eu acabei por perceber que preferia o de Draco.
- Gina! Vem eu ajudo você.- disse Harry me sentando na poltrona mais próxima, com uma expressão preocupada no rosto.
-Obrigada, não se preocupe eu estou bem, é só um mal estar passageiro.
- Eu não te vi no salão principal ontem a noite. Com certeza foi dormir sem comer. O que está acontecendo? Te conheço o suficiente então não mente pra mim.
Eu olhei pra ele sorrindo um pouco. A cumplicidade ainda era a mesma de antes.
- É você tem razão. Não adiantaria dizer que eu estava sem fome não é mesmo?
- Olha Gina eu fui um estúpido ontem. Tenho sido um estúpido com você à tempos eu acho. Eu devo desculpas. Primeiro pelo lance da Pansy. Quero que saiba que nunca foi minha intenção magoar você. Se eu pudesse escolher seria tão mais simples. Mas não funciona assim, eu mais do que ninguém deveria ter te entendido. Malfoy não é o cara que eu queria ao seu lado, mais não cabe a mim nem ninguém decidir, e acima de tudo eu confio em você. Sei que vai fazer só o que seu coração mandar, e ele não vai errar. Só quero estar presente na sua vida outra vez. Quero estar por perto, porque se você se machucar eu quero poder tentar fazer parar de doer. Você é muito importante pra mim. Eu não sei se sou o problema maior, mas com certeza contribui para parte das lágrimas que você chorou ontem, e me sinto péssimo por isso.
- Tudo bem Harry, mesmo. Eu acho que estou começando a entender que não importa o quanto queremos, não vamos mandar nunca no que sentimos. Eu espero que você seja feliz, realmente. Eu estava sendo infantil. Acho que fiquei com medo de perder isso, essa compreensão que eu sempre achei em você. E quanto ao Draco, talvez vocês tenham razão. Talvez certas coisas nunca mudam.
- É realmente um alívio saber que foi aquele idiota que te fez chorar, não eu, mas acho que você deveria voltar a pensar como antes. As pessoas não podem saber Gi. Não podem julgar o que não conhecem. A Pansy é uma garota incrível. Eu sei disso, mas mais ninguém sabe até então. Talvez seja uma questão de ponto de vista. Nunca se sabe, apenas tente o máximo ser feliz, não importa como ou com quem, você é que realmente importa, lembre-se disso.
- Você é incrível Harry, e eu senti tanta saudade. -eu disse enquanto abraçava meu melhor amigo de sempre.
- Eu também. Agora como melhor amigo por direito eu tenho obrigação de levar certa garota teimosa para comer alguma coisa, antes que ela caia no meio do corredor.
E dizendo isso ele me apoiou para que eu conseguisse chegar ao salão principal.
No caminho encontramos Rony e Hermione discutindo aos berros sobre algo totalmente inútil.
- Eu realmente não sei como você agüenta Harry.
- Sabe aquele ditado, briga de amor não dói? Pois é, quem criou nunca teve de separar uma.
Eu ri com gosto enquanto os outro dois nos seguiam emburrados, e assim entramos no salão comunal. Por um instante foi como se todos parassem de fazer barulho e nossas risadas preencheram o ambiente. Todos olharam pra nós, e de repente os velhos tempos pareciam ter voltado. E eu voltei a sentir a paz invadir meu coração.
Por Draco Malfoy
Tudo pareceu girar em câmera lenta quando eu ouvi a risada dela entrando no salão, e me virei para vê-la abraçada ao Potter. Meu corpo pareceu congelar. Medo, raiva e outro sentimento que eu tenho medo de pronunciar percorreram meu corpo com tamanha força que eu senti meu sangue correr pelas veias como se fossem apertadas demais para agüentar a passagem do sangue em velocidade. Minhas mãos fecharam instantaneamente. Meu pulmão parecia se recusar a encher de ar. Potter estava abraçando a minha garota. Minha. As taças de vidro da mesa da sonserina explodiram, e todos olharam pra mim. Enquanto meus olhos não desviaram dos castanhos, que inutilmente eu tentava ler naquele instante. Uma mão cobriu a minha eu olhei para o lado. Pansy aparentemente calma estava tentando me controlar.
- Não é minha cena preferida da manhã, mas eu não estourei nada ainda. Se acalma está bem.
Eu não consegui terminar de ouvir. Caminhei até a mesa da grifinória onde ela já havia se sentado.
- Eu preciso falar com você.
Ela me olhou magoada e ia responder, mas Potter falou primeiro.
- Ela não está se sentindo bem Malfoy. Não comeu nada ontem, precisa se alimentar antes de qualquer coisa.
- Eu sou o namorado dela Potter, e não estou falando com você. - disse frisando a primeira palavra.
- Muito antes de você aparecer na vida dela eu já estava aqui. E é por direito que eu digo, ela vai comer, depois fala com você. Sou o melhor amigo dela, e ela não sai daqui enquanto não puder caminhar com as próprias pernas. Se você já acabou com a cena de ciúmes, por favor, se retire que ela te encontra mais tarde.
As palavras dele me acalmaram em teoria. Melhor amigo, que idiota. Com um último olhar raivoso eu desviei o olhar para ela. Com uma expressão amena completei.
- Coma direito ok. Te espero no lago.- e sai sem coragem de olhar para trás.
Por Gina Weasley
Tudo bem, eu devo admitir, eu estava magoada com Draco. Estava. Eu poderia ter ficado ainda mais depois da cena que ele protagonizou, mas ocorreu exatamente o oposto. Eu me esqueci que estava chateada no instante que me dei conta que ele estava explodindo taças por minha causa. Uma luz lá no fundo pareceu acender e meu estomago se agitou. Ele pareceu estar com... Céus eu tinha que me controlar, eu poderia estar confundindo tudo.
Acompanhei com o olhar enquanto ele saia do salão e voltei a comer. Depois de algum tempo eu não podia me controlar. Olhava para o Harry a todo instante me questionando se deveria ou não perguntar aquilo.
- Gina você quer me falar alguma coisa?- eu corei. Impressionante como eu nunca consigo esconder nada.
- É... Quero. Você acha, que o Draco ele... Realmente teve... Quer dizer que a cena de agora a pouco foi...
-Ciúmes? Bem Gina, se essa não foi uma cena de ciúmes eu não sei o que é uma. Qual é ele explodiu taças. Eu acho que você deveria explicar as coisas pra ele antes que seja a minha cabeça que exploda numa próxima vez. -disse rindo, e eu corei ainda mais, se é que era possível.
Terminei de comer e sai com o olhar feio de Rony dirigido a mim. Não dei muita importância, agora eu tinha Hermione e Harry ao meu lado, Rony teria que parar com a birra uma hora ou outra. Além do mais eu tinha tomado uma decisão aquela manhã. Conversando com o Harry eu me dei conta, eu estava sendo infantil e jogando com sentimentos não só meus, mas de todos a minha volta. Eu colocaria um fim na farsa toda e tudo voltaria a ser como antes. Já havia aceitado que ele gostava da Parkinson, de verdade eu esperava que corresse tudo bem, pelo menos pra ele. Acontece que eu havia decidido isso no salão comunal. E então depois de tudo o que o Draco fez as coisas que eu senti e a saudade que apertou meu peito dos beijos de bom dia me fizeram perder a coragem de terminar. E então eu sai caminhando por entre os corredores tentando encontrar o que fazer a seguir.
- Gina que bom que eu te encontrei. - disse Luna vindo em minha direção.- O que houve ontem? Draco simplesmente fugiu de mim e do Blaise, sem dar qualquer explicação. E então isso. Você e Harry estão bem agora?
- Luna. -disse abraçando-a. Ela esperou que eu me acalmasse e nós entramos numa sala qualquer. - O Draco foi um estúpido ontem. Disse coisas tipicamente Malfoy, e eu não consegui lidar com isso depois de conhecer o outro Draco. Fiquei chateada e fui pro meu quarto, só acordei hoje. Então o Harry veio falar comigo, nós nos acertamos e voltamos a ser amigos. Ele me ajudou e o resto você viu com seus próprios olhos.
- Fico feliz por você e o Harry.
- Pois é eu decidi terminar com Draco. Não tem mais sentido continuar. Harry gosta da Pansy, eu já aceitei e respeito. Acho que eu confundi tudo. Só que agora eu percebi que não dá, ainda mais depois da ultima cena, eu não consigo me ver sozinha outra vez, deixar Draco ir.
- Ah Gi, eu sabia. Você não se importa mais com Harry porque descobriu sentimentos maiores, e não foi por ele. Eu devo dizer que eu fiquei em choque com a reação do Draco. Blaise parece ter até esperado que acontecesse, vai entender. Aquilo foi ciúmes, e dos bons. Eu acho que você não é a única que está confusa.
- Você acha que... Ah não, isso é impossível Luna. E além do mais ele nunca admitiria.
- Então eu acho que você não deveria terminar tudo. Não agora. Porque você não leva por mais um tempo, só para tentar descobrir se ele se sente do mesmo jeito. Você não tem mais nada a perder mesmo.
- É acho que você tem razão. Eu vou encontrá-lo então. Tenho que parecer brava. Não posso deixá-lo impune quanto à ontem. Deseje-me sorte.
- Sempre. - ela sorriu e eu passei pela porta sentindo o peso do mundo deixar meus ombros. Talvez eu tivesse mais tempo para passar com Draco, e descobrisse que tudo passaria que era só uma atração forte, mas que passaria.
Por Draco Malfoy
O tempo pareceu se arrastar enquanto eu esperava por ela. Foi bom que eu pude colocar meus pensamentos em ordem. Potter tinha razão, eu tinha sentido ciúmes, muito ciúmes. O braço dele em torno da minha garota me fez perder todo o controle. Eu deveria parar com isso, me lembrar que na real ela não era minha. O problema era que eu não consegui raciocinar direito na hora. Eu passei o dia anterior angustiado por não saber como ela estava. E então ela entra gargalhando com o Potter, como se eu não fosse nada na vida dela. Eu tinha que me lembrar que não era nada, por mais que nos últimos dias tivesse adquirido o enorme desejo de ser alguém importante. Eu ouvi passos e me virei. Lá estava ela com a expressão fria que tinha aprendido comigo.
Antes que ela falasse eu engoli totalmente o orgulho e com dificuldade disse.
- Eu sinto muito por ontem.
- Você foi um cretino.
- Eu sei, eu queria que você entendesse que não faço por mal, é que na verdade eu sou um cretino, nunca deixei de ser. Só não gosto de me portar assim com você, peço desculpas.
Ela abaixou a cabeça e respirou fundo.
- Está desculpado.
- Você está melhor? Comeu bem? - Ela afirmou com a cabeça. O clima estava pesado. Não sabia se ela iria me contar sobre o Potter, mas eu precisava saber, ou enlouqueceria. Mais o pior não era isso, o pior era que eu estava com saudades, com vontade de puxá-la para mais perto, tanta que me apertava a garganta. - Senta aqui comigo.
Ela deu um sorriso fraco e se sentou ao meu lado.
- Eu preciso falar com você sobre o Harry. -Meu coração apertou e eu senti medo. - É que nós voltamos a conversar, ele me pediu desculpas, e eu aceitei. Então agora eu queria voltar a falar com ele de novo. Tudo bem pra você? Se você quiser estar por perto quando isso acontecer tudo bem, só não quero voltar a ignorá-lo. Ele me ajudou hoje, você sabe.
Ela não terminou a farsa. Eu quase sorri, mais consegui segurar na ultima hora.
- Certo, você pode falar com quem quiser, é só me contar antes ok. - ela sorriu e afirmou com a cabeça. Eu já não conseguia continuar sentindo o perfume e não tocá-la. Olhei em volta e disse. - Tem bastante gente aqui. Eu não quero que eles pensem que estamos brigados. - ela pareceu entender, corou e acenou positivamente com a cabeça.
Eu sorri antes de me aproximar. Delicadamente tirei uma mecha ruiva do rosto e coloquei atrás da orelha dela. Passei a mão na bochecha corada fazendo carinho. Ela fechou os olhos e eu me aproximei fechando os meus. O toque já me fez arrepiar, e quando eu aprofundei o beijo e ela correspondeu eu decidi que nunca mais iria fazer nada que a chateasse, não queria correr o risco de ficar sem senti-la daquele jeito. Passei os braços ao redor dela trazendo-a para mais perto. Não pareceu ser suficiente. Encostei as costas na arvore e puxei-a de forma que sentasse no meu colo de frente pra mim. Ela não protestou e minhas mãos começaram a percorrer firmes a cintura fina enquanto eu sentia as mãos pequenas brincarem com meu cabelo. Ficamos assim por um bom tempo, até que precisamos de ar. Respiramos com a testa colada uma na outra enquanto os carinhos continuavam. Voltamos a nos beijar de forma suave, com leveza e com se brincando um com o outro. Era tudo tão bom que não parecia nem real. Desci para o pescoço enquanto sentia a sensação que eu causava ali. O corpo dela contraiu e ela sussurrou meu nome. Eu me sentia entorpecido. Eu dava mordidas de leve enquanto ela gemia baixinho, estava enlouquecendo. As mãos dela tocaram minha barriga por baixo da camisa e eu pensei que tínhamos roupas demais. De repente um pensamento me ocorreu. Eu queria tê-la inteira pra mim, queria tanto que chegava a doer. Ela parou com os carinhos e se afastou um pouco. Estava corada, devia ter tido pensamentos parecidos e parou. Eu olhei pra ela e sorri colocando a mão nos cabelos e deslizando os dedos. Ela sorriu e deitou a cabeça no meu peito. Eu podia jurar que senti que ela sorriu ao ouvir as batidas descompassadas no meu peito. Entrelacei nossas mãos e ficamos assim por mais um bom tempo. Eu beijava o rosto dela e ela dava uma risada gostosa que me acalmava. Eu queria ficar assim pra sempre, mas tínhamos aulas então eu a levei até uma das estufas e fui pro salão comunal da sonserina. Uma ducha de água fria era o que eu mais precisava no momento.
Por Gina Weasley
Eu nunca tinha me sentido tão quente em toda minha vida. E nem tão feliz também. O Draco me fazia sentir diferente de tudo o que eu já havia sentido. Ele havia aceitado minha amizade com o Harry, e agora que Hermione e ele estavam ao meu lado Rony seria mais fácil de convencer. Tudo parecia estar se acertando, a única coisa que me preocupava era que eu me deixava levar pela euforia nos nossos encontros e tinha medo de ir longe demais. Draco sempre era tão envolvente que eu não conseguia parar. Ri sozinha do jeito que ficamos depois. Parecíamos realmente um casal de namorados. Herbologia era a última coisa em que eu pensava naquele momento, mas eu poderia até perder pontos ou ganhar detenções. Naquele dia nada no mundo apagaria meu sorriso.
Por Draco Malfoy
- E ai Draco, podemos conversar ou você vai fugir de novo?- eu ouvi assim que sai do banheiro já pronto, depois de um longo banho frio.
- Blaise não seja imbecil, eu sou um Malfoy, não tenho o costume de fugir de nada nem ninguém.
- É eu e Luna percebemos isso ontem.
- Eu só não estava com paciência pra te aturar, só isso.
- Sei, e a Gina suponho ser o motivo da falta de paciência?
Eu olhei pra ele, mas não respondi num primeiro momento.
- É você tem razão.
- Como é que é? Você admitiu? Céus eu deveria gravar essa cena.
- Você precisa fazer todo esse drama? Eu fui um imbecil ok? Como sempre sou. Só que com ela as coisas não são simples. Ela não é como a Pansy. Gina é diferente, e eu estou tentando me adaptar a isso, falhar em qualquer coisa é frustrante, então ontem eu não estava dos mais agradáveis.
Eu me joguei na cama tentando relaxar. Estava tudo bem agora.
- Está perdoado então. Mais cara o que foi aquilo no salão? Eu estava na mesa da corvinal. Um ótimo angulo pra ver o espetáculo.
- Cala a boca.
- O que deu em você? E quanto à frieza Malfoy? Tirou o dia de folga hoje?
- Eu sei lá Blaise, eu não estava pensando direito. O que você faria se alguém entrasse abraçado a Luna no salão, rindo como se não houvesse mais ninguém no mundo?
- Eu quebraria a cara do infeliz.
Eu olhei pra ele com cara de vitorioso. Mas ao notar o sorriso presunçoso percebi meu erro.
- Só que no meu caso, Luna é minha namorada verdadeira, e eu sou completamente apaixonado por ela. Apaixonados cometem loucuras, cenas de ciúmes, essas coisas. - disse com um sorriso de orelha a orelha.
- Você tá tentando testar até onde vai minha paciência? Porque sinto informar que você pode continuar sorrindo e tagarelando a vontade, não vai conseguir me irritar, nem com sua imaginação fértil.
- Claro, minha imaginação é fantástica, isso eu não posso negar. Mas meus olhos também são perfeitos, eu ando vendo coisas sabe Draco, e eu tenho um ótimo raciocínio também.
- Aonde você que chegar com esse papo de analista egocêntrico?
- Em lugar nenhum. Só estou tentando te ajudar a enxergar que tem certas coisas que não funcionam como queremos, e se elas quebram não se consertam com um feitiço. Eu me importo com vocês dois, só estou fazendo minha parte, antes que seja tarde demais.
Eu fui até a janela, e como se fosse destino ela saiu da estufa. Ela estava um pouco suja de terra e tentava sem sucesso ficar mais apresentável. Tão desastrada, e tão graciosa ao mesmo tempo. Em pensar que eu poderia descer e beijá-la quando eu quisesse. Com um suspiro eu olhei pra ele.
- Talvez já seja tarde demais. -disse saindo do salão comunal.
Por Gina Weasley
Eu só estava pensando se no mundo havia alguém tão desastrada como eu quando senti ser abraçada pela cintura.
- Quer ajuda com isso?
- Draco! Esse não é o melhor momento. Eu estou péssima, não quero que me veja assim.
- Assim como? Não notei nada de diferente. –falou segurando o riso enquanto ficava abraçado de frente pra mim.
- Engraçadinho. -disse mostrando a língua.
Ele passou a mão pelo meu rosto tentando tirar um pouco da terra que escorria pelo meu cabelo.
- Você está linda. - disse sincero e eu derreti completamente.
Draco me puxou mais forte pela cintura e colou meus lábios nos dele. Eu sorri entre o beijo, mas interrompi rápido.
- Eu realmente preciso tomar um banho.
- Ok, depois você me conta o que houve. Te encontro no salão principal no almoço?
Afirmando com a cabeça eu me despedi com um selinho. Alguns curiosos suspiraram vendo a cena.
Subi até o salão comunal e tomei um longo banho relaxante. Quando sai encontrei Hermione.
- Oi, to atrapalhando? –ela disse sorrindo.
- É claro que não, você nunca atrapalha Mi.
- E então como andam as coisas? Eu subi ouvindo toda porção feminina de Hogwarts suspirando com a cena que você e o Malfoy protagonizaram agora pouco.
- Ah Hermione, eu estou me sentindo nas nuvens. – disse me jogando na cama. Ela foi até a cama ao lado e se sentou.
- Quem diria, uma Weasley e um Malfoy. Ele está te fazendo muito bem, parece mais viva.
- Eu sei. Parece loucura mais eu me sinto completamente nova, e sinceramente o resto não importa nem um pouco Mi. E agora que você e o Harry conseguiram me estender eu consigo me sentir um pouquinho mais esperançosa quanto ao Rony.
- O Ronald é um cabeça dura Gina, você tem que dar um tempo a ele, não é algo fácil de assimilar ver a irmãzinha caçula cuidando de si mesma, principalmente se ela estiver num romance com seu inimigo de infância. No fundo ele está morrendo de medo de perder a irmãzinha dele, você sabe, cuidar de você faz ele se sentir importante.
- Você conhece meu irmão com a palma da sua mão Hermione. Eu não consigo entender porque vocês insistem em se machucar tanto.
- É complicado Gi. Nós somos amigos, amigos demais eu acho. Tenho tanto medo de perder isso.
- E medo de perder o amor da sua vida, você tem?
- Todos os dias.
- Então pensa bem, vocês estão perdendo tempo demais. Foram feitos um pro outro, isso é fato. As cenas de ciúmes só comprovam isso.
- Tudo bem, vou pensar, mas falando em cena de ciúmes, Malfoy parece enfim ter perdido a pose.- disse rindo um pouco. – Você já avisou a ele que o Harry irá passar as festas de natal e ano novo com a gente na Toca?
- Céus Hermione, eu me esqueci completamente.
- Pois acho melhor você avisar, antes que algum acidente aconteça com nosso melhor amigo.
- Você tem razão, mas sabe até que Draco aceitou numa boa eu voltar a falar com ele.
- Vamos ver se ele vai aceitar que ele durma sob o mesmo teto que você.
Olhei pra ela com ar preocupado que riu mais um pouco.
- Relaxa, não vai ser como se ele explodisse as janelas dessa vez.
- Eu realmente espero. Agora vamos descer? Eu quero ter essa conversa o mais rápido possível, e de preferência com ele de bom humor.
Nós descemos encontramos Harry e Rony e fomos para o salão. Eles caminharam para mesa da grifinória enquanto eu fui encontrar Draco, Blaise e Luna já sentados na mesa da corvinal, Draco parecia rir de algo.
- Demorei? – disse depositando um selinho no loiro.
- Estava comentando que você provavelmente havia se afogado na banheira. Luna acreditava que você tivesse sido seqüestrada por um grupo de gnomos rebeldes que pretendem chegar aos mais altos cargos ministeriais. Quem tinha razão?
- Luna é claro. Eles me soltaram com a condição de que eu intercedesse por eles junto ao ministro, disse sorrindo.
Blaise quase cuspiu o suco de abóbora enquanto gargalhava não muito diferente de Draco. Luna exibia um sorriso triunfante de eu sabia, o que me fez rir também.
Conversamos enquanto almoçávamos. Luna estava inspirada e dizia as coisas mais bizarras do mundo. Foi um almoço muito divertido. Saímos para caminhar um pouco logo depois, já que ainda faltavam cerca de duas horas para nossas aulas. Rimos mais um bom tanto e nos separamos para namorar um pouco. Eu e Draco continuamos conversando, e eu sabia que aquele era o momento.
- Draco nós precisamos conversar.
Por Draco Malfoy
O semblante sério que ela apresentava me fez soltar um resmungo de impaciência. Ela deu um sorriso de lado.
- Sabe eu realmente queria manter o clima agradável, e alguma coisa me diz que eu não vou gostar do que você vai me dizer.
Sentamos numa copa de arvores próximo ao lago e ela pegou minha mão com carinho. Eu estrelacei nossos dedos e fiquei brincando com a mão pequena junto a minha.
- Não é nada de mais, é só que eu me lembrei de algo que você deve saber. – eu fiz uma careta, ainda mirando nossas mãos juntas, e ela continuou.- É que as festas de fim de ano estão chegando, e eu queria falar sobre isso. Todo ano desde quando se conheceram, Harry e Hermione passam as festas na Toca, achei que deveria saber que o Harry vai estar por lá.
Tentando não demonstrar o desgosto que senti com a informação eu perguntei.
- Quando você diz que ele vai estar lá, quer dizer o que exatamente?
- Ele dorme lá, desde o começo até o fim do feriado.
- Você quer dizer que vai dormir sob o mesmo teto que o Potter todo o feriado?
- Draco eu já durmo sob o mesmo teto que o Harry em Hogwarts.
- Claro, nesse castelo enorme, comigo aqui e centenas de olhos sobre os dois. Não que eu não confie no meu potencial, mais veja bem, sua casa deve ser minúscula, cheia de pessoas que estaram o tempo todo torcendo para ver vocês juntos. Eu não gostaria de ser o mais novo corno de Hogwarts Gina, não mesmo.
Eu estava tremendamente irritado. A minha garota com o Potter naquele cômodo que chamam de casa com torcida organizada e o espírito de natal com todo apoio ao amor e bla bla bla. Eu estava com ciúmes, de novo.
- Ei você quer me escutar por favor? Eu não tenho como evitar que o Harry vá pra lá. Já disse pra você, ele vai todo ano, é parte da família, e além do mais minha casa tem espaço suficiente pra que eu fique a uma distancia considerável dele. Não é como se fossemos ficar no mesmo quarto. Sinceramente Draco Malfoy, eu não sou o tipo de pessoa que faria o que está passando nessa sua cabecinha imunda. Um pouco de confiança seria bom de sua parte. Até porque Harry ainda está com a Pansy, não creio que ele tentara nada de idiota comigo enquanto meus seis irmãos estiverem cuidando da minha honra.
- Então é só por isso não é? Ele não vai tentar nada. Que pena Weasley, vai ficar sem seu maior desejo no natal.- disse tirando minha mão da dela e emburrando a cara.
- Você não ouviu nada do que eu disse não foi? Francamente Draco, você vai esplodir as janelas dessa vez? Eu já me expliquei o suficiente, fique ai com suas duvidas, eu vou pra aula.
Ela se levantou e eu me senti um imbecil. Principalmente pelo lance das janelas. Eu tinha que me controlar mais. Vi ela se afastando rapidamente, os cabelos balançando com o ritmo dos passos apressados. Eu não queria deixá-la sozinha com ele, mas sabia que ele iria de qualquer jeito. Me ocorreu que o problema só tinha uma solução. Me perguntei onde diabos estava minha sanidade mental quando decidi que faria exatamente o que me ocorreu. Suspirei tentando organizar meus pensamentos, eu já sabia o que fazer, o problema era como fazer.
Por Gina Weasley
Idiota. Mimado. Cabeça-dura. Insensível. Ciumento. Fofo. Lindo. Charmoso. Céus eu nem conseguia ficar brava de verdade. Passei o resto da tarde me amaldiçoando por ter achado a cena patética mais romântica. O problema era que eu não tinha idéia de como as coisas ficariam. Namorar Draco Malfoy era como uma roda gigante, altos e baixos, fato. Fora que era completamente imprevisível, e minhas emoções estavam tão confusas que gritavam por socorro.
O problema todo não tinha solução alguma. Ele teria de aceitar, cedo ou tarde. Ou então terminar de vez. A idéia me deu um frio no estomago. Tentei me concentrar na aula, mais estava praticamente impossível. Desse jeito eu iria repetir de ano. Tentei esquecer um pouco e comecei a anotar.
Ao fim da aula eu tentei achar o Draco. Passei meia hora procurando por ele, e a única informação que tive foi que ele tinha estado no corujal. Encontrei com o trio enquanto voltava de lá sem ter encontrado meu namorado.
- Oi gente.
- Gi, estávamos programando o fim de semana em Hogsmead, quer ir com gente?- disse Harry.
- E a Pansy?
- Pegou detenção na aula de transfiguração, não vai poder ir.
- Hum, que pena, eu realmente não sei, tenho que ver com o Draco primeiro.
Rony fechou a cara.
- Você poderia ir comigo na Madame Valentina me ajudar a escolher o vestido de natal Gina? Será bem rápido, posso falar com Malfoy se você quiser.
- Pode deixar eu falo com ele, combinamos as três horas então, pode ser?
- Claro, e você dois vão pra outro lugar ok? Não quero ninguém resmungando enquanto provo os vestidos.
- Credo Hermione, você só irá a Toca, não é como se fosse se casar. Além do mais, qualquer coisa fica bem em você.
- Obrigada Rony- disse ermioHhhhhhhhhhhhhh
Hermione completamente vermelha. Olhei de lado para o Harry e ele sorriu discretamente pra mim.
De repente, porém, Rony fez uma careta e Harry endureceu a expressão. Hermione me olhou apreensiva. Então senti braços fortes envolverem minha cintura.
- Te procurei por todo lado pequena. - Ouvi a voz de Draco me preencher enquanto beijava meu pescoço. Meu corpo inteiro se arrepiou e eu cheguei a fechar os olhos. De repente me toquei ao ver Hermione segurar Rony pelo pulso.
Draco estava abraçado a mim, sorrindo cínico pros dois a frente.
- Cai fora Malfoy. – Rony disse antes que eu falasse qualquer coisa.
- Calminho ai Weasley. Onde estão seus modos?- e virando pra Hermione completou. - Como vai Granger? Fez o que combinamos?
Hermione corou e Harry, Rony e eu ficamos atônitos.
- Está tudo certo Malfoy, acabei de receber a resposta, e bem foi positiva.
- Ótimo. Muito obrigada pela ajuda. Não vou me esquecer de retribui-lá. E a segunda parte?
- Já estou providenciando tudo.
- Realmente aplicada Granger. É ótimo contar com seu apoio.
Hermione ficou púrpura dessa vez. Ele havia feito um elogio a ela. Eu fiquei zonza de repente.
- Mas o que diabos está acontecendo?- berrou Rony furioso.
- Nada de mais Weasley. Granger só está sendo gentil e me fez um favor. Eu acho que vou ter de estragar a surpresa. Sinto muito mais acabei com seu plano de estragar tudo, você não vai ter o gostinho.
Harry segurou Rony.
- Do que você está falando Malfoy? – perguntou antes do ruivo.
- A resposta está com você Granger.
Hermione revirou os bolsos e entregou uma carta ao Draco. Ele se virou pra mim e disse.
- Eu resolvi nosso problema.
Eu olhei pra ele confusa.
- Esta aqui é uma carta dos seus pais, dizendo que adorariam receber o namorado da filha para as festas de fim de ano. Eu pedi pra Granger enviar meu pedido. Vou falar oficialmente com seus pais, e você vai conhecer minha mãe.
O mundo pareceu parar de girar. Abri e fechei a boca diversas vezes sem emitir som algum, mais no fundo eu estava gritando. Ar puro entra, ar sujo sai. Céus o Draco enlouqueceu.
- Você não pode estar falando sério. Meus pais nunca iriam aceitar uma barbaridade dessas. Hermione diz alguma coisa. - gritou Rony.
Ela abaixou a cabeça e a boca do Harry abriu ainda mais. Eu me virei para encarar Draco, ainda sem acreditar no que estava ouvindo.
- Agora se vocês não se importam, eu vou roubar minha namorada, e se fosse vocês não esperava por ela tão cedo. Com licença, até mais Granger.
E ele simplesmente saiu me puxando pelo corredor.
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