Convivência

2º Capitulo.

Convivência

Por Draco Malfoy.

Foi um longo e torturante dia. Não que eu realmente não estivesse esperando, mas fiquei surpreso em como as noticias voavam naquela escola. Os comentários eram os mais estapafúrdios e eu fiquei extremamente cansado no fim das contas. O assunto nas aulas não era as matérias e sim o novo casal absurdo de Hogwarts. Até Snape me olhou como se estivesse doente. Dei graças aos céus quando soou o sinal da ultima aula.

Quando cheguei ao salão principal para jantar minha primeira reação foi procurar Gina na mesa da grifinória, e lá estava ela, jantando, e eu reparei, parecendo um pouco perdida. Nossos olhos se encontraram e eu pude identificar um sorriso de lado em seu rosto. Acenei com a cabeça e me dirigi á mesa da sonserina, percebendo olhares curiosos me acompanhando. Aquilo me irritou profundamente, e no final das contas percebi que seria apenas o começo.

Ao chegar ao mesa da sonserina notei murmúrios em todos os cantos o que conseguiu piorar se é que fosse possível o meu humor. Blaise tinha irritantes ataques de riso cada vez que alguém me olhava como se eu estivesse com problemas mentais e perguntava se eu estava mesmo namorando a Weasley. Alguns sonserinos até mesmo me aconselharam a procurar a ala hospitalar. Aquela situação toda já estava me dando nos nervos e eu tenho que admitir que me deu uma louca vontade de acabar com aquela palhaçada de uma vez por todas.

Foi então que Pansy e Potter entraram abraçados no salão comunal e eu me lembrei o porquê de tudo aquilo. Uma parte era evidentemente o meu orgulho se encarregando de recuperar sua honra, mais eu não posso negar que sentia falta de Pansy apesar de tudo. O que tínhamos era um relacionamento problemático, ciumento e possessivo, mais estar com ela era o mais próximo que eu chegava de compartilhar algo com alguém. É claro que era puro e simples desejo carnal. Quando ficávamos era o desejo se manifestando eu qualquer sentido que fosse, e não éramos nem um pouco sentimentais. Isso sempre me agradou. Ter alguém com quem estar no final da noite sem que estivessem mais sentimentos envolvidos que poderiam atrapalhar. Mais com o passar do tempo acabamos por possuir uma ligação muito forte. Conversávamos e nos dávamos bem na maioria das vezes. Chego até a dizer que ficamos amigos. Apesar disso, porém, quando brigávamos éramos violentos e sempre terminava mal. E esse foi o fim. No começo eu pensei que ela viria me procurar, como sempre fazia. Mais dois dias depois ela estava com Potter. Eu fiquei possesso de raiva, porque veja bem, mesmo não tendo sentimento algum relacionado a Pansy eu gostava de sua companhia, e ela me aceitava como eu era, sem interesses, a gente apenas se curtia. Era a única coisa que eu tinha conseguido por mim mesmo e por vontade própria, e até isso Potter roubou de mim. Agora eu tinha entrado no jogo também. Tomei algo importante pra ele também e eu pude ver com imensa satisfação o olhar raivoso dele. Não iria desistir agora. Pansy voltaria a ser minha, e então Potter poderia pegar de volta o que na verdade nunca irá deixar de ser dele. Era apenas uma inversão de papéis.

Levantei os olhos e olhei para Gina. Entendi o sinal que era pra eu segui-la e assim que ela levantou fui atrás dela. Mais cochichos. Será que isso não iria parar nunca? Como se adivinhando meus pensamentos Gina disse logo que a alcancei e saímos em direção a um lugar mais tranqüilo.

- Eu não estava mais agüentando, eu juro. Será que eles não têm mais nada para fazer não? Alguém tem que ensiná-los o quanto é feio se meter na vida de outras pessoas e em coisas que não os dizem respeito.

- Pensei que já estava acostumada ao assédio. Era considerada a futura noiva do menino-que-sobreviveu-duas-vezes.

- Era completamente diferente. A maioria gostaria de nos ver juntos. Agora Wesley e Malfoy foi demais pra eles eu acho. Teve alguns como Neville que achou que eu estava sofrendo de distúrbios mentais ou no mínimo um império, da pra acreditar numa idiotice dessas?

- Cuidado Gina, eu posso estar te enfeitiçando com meus poderes de magia negra.

- E eu estou te envenenando com poção do amor, já que sempre fui perdidamente apaixonada por você e não me conformava em vê-lo com a Parkison. Aliás fui eu quem envenenou os dois também, sabe para tirá-los do caminho.

- É você ganhou. - Disse passando o braço ao redor dos ombros dela enquanto ela ria. As teorias são das mais criativas, pode ter certeza que eu passei por provocações semelhantes, e eu sei, é frustrante e irritante. - disse quando chegamos a uma sala vazia no lado oeste do castelo. Precisávamos conversar e decidir o que fazer a seguir.

Entramos e conjuramos poltronas confortáveis. Gina se jogou numa delas bufando, parecendo uma criança zangada, o que me fez rir um pouco, mais graças a Merlin ela não notou, eu não estava nem um pouco a fim de brigar naquele momento, não mesmo.

- Isso porque você não teve que enfrentar o trio maravilha e os outros dois idiotas lá.

- Quem?

- Harry, Rony e Hermione. Fora Lilá e Simas. Você nem vai acreditar nas coisas que eu disse.

E ela começou a me contar tudo palavra por palavra o que tinha dito. Quando terminou eu ri um pouco imaginando a cara do todos eles. Confesso que me surpreendeu um pouco o jeito com o qual ela lidou com a situação. Contei pra ela a reação do Blaise e que contei toda verdade a ele. Ela não se importou muito depois que eu disse que confiava nele.

- Eu não sabia que sonserinos fizessem amigos.- disse alfinetando. O garotinha irritante.

- Eu não disse que somos. Eu disse que confio nele. O que também não significa que sonserinos não prezam pela amizade. Será que vocês pensam que somos o que? Algum tipo de monstros?

- Não foi isso que eu quis dizer, apenas nunca percebi nenhum tipo de afeto entre pessoas da sua casa. Amizade é um tipo de amor, e todos sabem que vocês geralmente não dão a mínima pra esse tipo de coisa.

- É diferente. O amor por alguém faz com que as coisas fiquem complicadas demais. É algo que enfraquece, deixando as pessoas vulneráveis. A amizade é como uma lealdade quando é verdadeira. E por esse motivo que é relativo. Existem pessoas que amam a vida e o poder, por exemplo, e se souberem administrar isso podem chegar longe. Existem também amizades que não passam de falsidade e influência. Sonserinos sabem que diferenças como essa são essenciais num tipo de relação. Amor é algo que não precisamos se soubermos equilibrar as coisas.

- Por um lado eu entendi, mesmo discordando. Acho que quando não existe amor, as coisas acabam sem deixar nem lembranças boas para se guardar.

- Mais a questão é justamente essa, não dá certo na prática. Por exemplo, o meu relacionamento com a Pansy não era nada que chegasse nem perto do amor, no entanto nos dávamos bem, e durou por um longo tempo. Tempo esse que criou certo laço entre nós. Lealdade. Apesar dos gênios ruins conseguimos levar por um bom tempo estava tudo bem. Até que apareceu um sentimento a mais entre Potter e ela, algo que não tínhamos e que destruiu tudo em apenas dias. Eu guardo lembranças boas e ruins com ela, mais elas não me fazem mal agora que terminamos o que aconteceria se eu sentisse amor por ela. É diferente.

- Se as lembranças não mechem com você, porque quer ter ela de volta?

- Acho que somos bons juntos. Fazemos uma bela dupla. Vejamos, temos os mesmos interesses, gostamos um do outro, nos damos bem, somos da mesma casa, fazemos parte do mesmo grupo social e a família dela e a minha convivem desde sempre. Percebeu? Daríamos certo apesar dos contras. É como se já estivesse certo demais pra não ser.

- É você tem razão. Eu e Harry seriamos o casal perfeito também. Mesmos sonhos, mesmas idéias, mesma casa, mesmo jeito de ser, ele conviveu sempre com a minha família, sabemos tudo um do outro, ou seja, eu sempre idealizei isso. Mais ai ele e a Pansy começaram a ser entender e deu no que deu.

- Eu não acho que vocês dois tenham as mesmas idéias e nem que se parecem. - disse sinceramente. Ela me olhou intrigada e eu continuei- Ora, você tem seu jeito próprio de ver as coisas, e presta atenção a tudo o que te cerca, por exemplo, nós sonserinos. Ai você forma uma opinião sem julgar antes, o que o babaca do Potter não faria porque é tapado demais para prestar atenção a mais alguém que ele próprio ou os amigos que o rodeiam. Se perguntassem pra ele quem sou eu, por exemplo, ele diria coisas horríveis ao meu respeito e mesmo que algumas coisas fossem verdades ele não se importaria em saber antes, porque ele sendo quem é acha que conhece tudo e que há apenas bem e mal, e isso é ridículo.

- E como sabe que eu não sou igual a ele?

- Pelo simples fato de estarmos aqui agora, de termos entrado num acordo e trocarmos opiniões. Potter acharia o que eu propus a você algo horrível que valesse pena em Azkaban. Porque para ele existem apenas bonzinhos e maus. Já você aceitou numa boa, bem quase numa boa. Porque você sabia onde queria chegar, e não pensou só em estereótipos. Potter diria que eu devo estar arquitetando um plano malvado, mais você não, você procurou confiar em mim e me conhecer pra ver o que aconteceria. São coisas da vida, pura e simples, e você soube lidar com a situação. Você é equilibrada, ele não, deixa-se levar pelas emoções e acaba fazendo apenas besteiras.

- Obrigada, mais não acho que eu seja assim não. Tem horas que penso que eles me vêm apenas como a caçula Weasley. Eu sou bem mais que isso, mais não consigo deixar a imagem de santa para trás.

- Se quiser mudar esse ultimo item, estou disposto a contribuir.

Ela corou e eu dei risada.

- Cala a boca Draco. Mas você tem razão sobre Harry, ele é extremamente impulsivo, e acaba enfiando os pés pelas mãos. Já eu penso mais antes de fazer. Tento enxergar todos os lados e imaginar todas as conseqüências possíveis antes de fazer algo, aprendi isso a duras penas, mais aprendi. Já Harry não aprende nunca, e depois sofre, como se já não tivesse sofrimento demais em sua vida.

- Você gosta dele mesmo assim?- perguntei sem conseguir evitar. A conversa parecia surgir naturalmente.

- Gosto. Mais não posso negar que me faz mal às vezes. Justamente pelas besteiras que ele faz e pela mania de proteger tudo que está a sua volta. Eu sempre iria ficar em segundo plano. -disse magoada.

- Pensei que o amor só poderia fazer bem. É o que os grifinórios vivem espalhando por ai.

- O amor é um sentimento lindo Draco, e como você mesmo disse pode ocorrer de diversas formas. Amo Harry, de um jeito especial, ele passa uma segurança que eu nunca tive.

Olhei para a ruiva. Eu seria completamente hipócrita se dissesse que ela era feia. Não, ela era linda. E o pouco que conversamos eu pude ver que eu sempre estive completamente errado. Ela não era só a Weasley caçula. Ela era de certa forma alguém parecida comigo, mesmo sendo tão diferente. Tinha o gênio forte, mais era equilibrada, e sabia usar o autocontrole quando queria. Sabia dissimular, assim como eu. E o que eu mais notei, apesar de ser extremamente intensa, se esconde de si mesma, e acaba sendo fria, guardando o que sente e como realmente é apenas pra ela. Eu gostei disso. Um silêncio incomodo se instalou no ar, e reparei que ela mordeu o lábio inferior, deveria estar nervosa ou constrangida com a situação, mesmo tentando não demonstrar. Foi um ato inconsciente. Fiquei pensando em como uma garota assim poderia se interessar tanto pelo Potter. Era até irritante pensar que a ajudaria ficar com ele. Ele era um babaca, não merecia tanto. Ela merecia alguém bem melhor. Alguém que lhe desse atenção e soubesse a garota incrível que tinha. Assustei-me com o pensamento e achei melhor dizer alguma coisa.

- Bom, temos que decidir agora. Vamos continuar com isso?

- Por mim, tudo bem. Mais temos que ter em mente já o que diremos pra nossa família, porque depois de tudo o que eu disse pro Rony, pode ter certeza que ele não vai demorar pra escrever pro meus pais.

- Minha mãe não vai se importar muito, ela diz que eu sou quem deve escolher o que é bom pra mim. Agora você quem tem que ver como dobrar sua família.

- Não sei se consigo Draco. A opinião deles sempre me foi tão importante, não quero decepcioná-los.

- Seria tão ruim assim namorar comigo? –Ela corou antes de responder, enquanto uma bola se formou na minha garganta, e eu não tinha idéia de onde saiu essa pergunta ridícula.

- Não foi isso que eu quis dizer. É que todo mundo tem uma visão grotesca de você. Eles vão julgar pelo que dizem primeiro, e eu não sei se sou forte o bastante para convencê-los a tentar enxergar por si mesmos.

Fiquei pensando no que ela estava dizendo. Ela tinha dito que eu não era ruim como todos pintavam, e isso fez meu nó na garganta se desfazer por completo. Eu sorri de lado e ela sorriu triste. Aproximei-me da poltrona e peguei a mão dela. Ela me olhou intrigada e eu a levantei guiando-a até a janela. A vista estava linda.

- É claro que você é forte, apenas não consegue demonstrar. Eu não sou a pessoa mais indicada mais posso tentar te ajudar nisso. Quanto a sua família, bem você não vai estar sozinha. Eu posso te ajudar a convencê-los por algum tempo. O necessário é claro. E sempre contamos com a possibilidade do seu irmão não contar nada.

Ela me olhou esperançosa e sorriu.

- Pra quem já enfrentou comensais eu não esperava esse medo todo.

- Era diferente. Eu lutava por todos os que eu amava. Agora tomar decisões como namorar um Malfoy é como lutar contra eles entende.

- Podemos terminar isso quando quiser.

- Eu sei. Mais me parece bom lutar pelo que quero. Sempre fui assim. Eu quero conquistar Harry Potter, e quero te ajudar a voltar com a vida que gostava tanto de ter também. Parece justo.

Ela sorriu e voltou a olhar as estrelas. Eu olhei a mão dela na minha e sorri pra mim mesmo ao pensar que ela não me via mais como um monstro e queria não apenas Potter, mas também me ajudar a ter o que eu considerava importante.

Fiquei olhando pro céu também, pensando que em um dia talvez eu tivesse encontrado uma pessoa especial. E desejei que tivesse a descoberto antes, naqueles momentos em que eu precisava de alguém como ela para conversar.

- Vai dar tudo certo Gina. Eu e você conseguiremos a vida que planejamos ter. Eu vou te ajudar, e você fará o mesmo. Não importa o quão difícil isso será. Nós merecemos aquilo pelo qual vamos lutar.

- Você acha que irá demorar?

- Talvez. Você se importa de me conhecer melhor pelo caminho?

- Nem um pouco. – disse sorrindo. E eu tive vontade de beijá-la, mas me contive.

- Agora já está tarde. Vem te acompanho até seu salão comunal.

Fomos andando de mãos dadas pelo corredor, conversando sobre diversas coisas, inclusive com relação a farsa, estávamos nos dando super bem. A mão estava quente e suando um pouco, devia estar nervosa, mesmo parecendo tranqüila. Fiquei feliz em saber que ela não conseguiria esconder pelo menos de mim o que sentia. Por algum motivo idiota eu me sentia bem segurando a mão dela. Era engraçado ver o sorriso grande que ela distribuía a todos que nos olhavam estranho, ela sabia muito bem dissimular e eu ri bastante com aquilo.

Quando chegamos ao salão comunal da grifinória, no entanto, eu vi o sorriso de Gina ir desmanchando até surgir uma expressão de profundo aborrecimento. Me virei e também não consegui disfarçar o espanto. Lá estavam Potter e Wesley parados no corredor obviamente esperando por Gina enquanto uma Granger irritada tentava sem sucesso fazê-los desistir da idéia. Quando perceberam que estávamos ali as reações foram as mais diferentes possíveis. Ronald Weasley estava tão vermelho que eu achei que iria explodir de raiva e me olhava com um olhar assassino que eu obviamente ignorei para prestar atenção em outra pessoa. Potter tinha os olhos fixos nas mãos minha e de Gina entrelaçadas, e depois voltou seu olhar a Gina. Manteve um contato visual como se mostrasse o quanto aquilo o decepcionava. Senti Gina tremer. Não consegui evitar o olhar assassino que lancei a Potter, e por algum motivo meu corpo parecia apertar e doer de raiva. Como aquele imbecil pode fazer uma garota como Gina sentir-se daquela forma? Era um idiota completo isso sim. Mais algo me fez desviar os olhos de Potter por alguns segundos. A Granger, ela estava sorrindo para Gina e tentava obviamente sorrir pra mim. É lógico que estava com um pouco de dificuldade mais eu entendo bem o porquê. Isso me deixou profundamente perplexo. Acho que Gina se esqueceu de me contar alguma coisa. Tentei sorrir em resposta, afinal se ela conseguiu respeitar a decisão de Gina o mínimo que eu poderia fazer era parar de ofender a garota. Senti um aperto na mão e voltei a encarar Potter. A raiva voltou a inflamar dentro de mim. Ele estava quase sorrindo pra Gina. Deve ter percebido que a garota não conseguia desviar o olhar. Então sem pensar muito me virei pra Gina e a enlacei pela cintura. Ela olhou bem no fundo dos meus olhos e passou os braços em volta do meu pescoço e percebi que era um sinal de agradecimento. Ela sorriu. Então sem nem pensar duas vezes eu a beijei. Primeiro foi só um juntar de lábios. Depois ela permitiu que eu aprofundasse o beijo. Ainda beijando Gina percebi que Granger finalmente havia levado os dois para dentro da Grifinória, e voltei a me concentrar apenas no beijo. Foi macio e quente. Senti meu estomago afundar e só então notei que queria fazer isso desde quando começamos a conversar. A mão de Gina passou a massagear meu cabelo e a apertei um pouquinho mais contra mim. Minha vontade era intensificar mais o beijo, mais já tínhamos ido longe demais. Paramos mais continuamos com as testas coladas e entrelaçados. Nossa respiração ofegante.

- Boa noite Gina. - disse me virando para ir embora antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.

Por Gina Wesley

Assim que ele me envolveu pela cintura e eu o senti segurar firme, olhei fundo nos olhos dele, e vi, ele tinha percebido e estava me ajudando. Passei a mão em volta de seu pescoço e sorri. Antes que eu o percebesse já havia colado os lábios dele nos meus. Hermione, graças a Merlim tirou Rony e Harry dali, e então eu deixei que ele aprofundasse o beijo. Senti minhas pernas amolecerem instantaneamente e meu estomago parecia dar cambalhotas. Não poderia me enganar. Queria aquilo desde quando nos encontramos no salão principal. O cheiro dele estava entrando pelo meu nariz e me deixando tonta. Passei a mão pelos cabelos loiros e senti os braços dele me apertarem mais forte, porém com toda a delicadeza possível, tentando não me machucar. Ele gostava daquilo. Queria poder intensificar tudo, com todas as minhas forças. Mais Draco se afastou. E dizendo um boa noite, virou o corredor sem esperar por uma resposta. Fiquei por algum tempinho ali, parada sentindo meu corpo reagir a aquilo. Eu tinha gostado daquilo. Tinha gostado muito daquilo. Eu não poderia. Mais gostei, e pensando bem, eu não me envolveria, então qual o problema de unir o útil ao agradável? Se ele tentasse novamente mais vezes eu não iria recusar. Quando entrei não havia ninguém me esperando e eu agradeci aos céus por isso. Fui direto ao dormitório me troquei e dormi logo que deitei, sentindo o perfume de Draco ainda colado em meu corpo.

Por Draco Malfoy

Andei pelos corredores sentindo cada parte do meu corpo gritar para que eu voltasse pra lá. Mais no fundo eu sabia que tinha ido longe demais. Aquelas sensações que eu sentia quando a beijava não era comum a qualquer garota e eu tinha que admitir que isso era no mínimo perigoso. Fui direto pro salão comunal da sonserina e me esquivei de curiosos que certamente iriam perguntar sobre meu suposto namoro. Blaise ainda não tinha chegado no dormitório, certamente estava com a Corvinal, o que deu base para que meus pensamentos vagassem novamente em Gina e em quanto me sentia bem quando estava com ela. As últimas horas que tinha passado em sua companhia tinham sido agradáveis e eu não podia ignorar o fato de que talvez eu acabasse me envolvendo mesmo com ela. Com a cabeça fervilhando em pensamentos e sensações acabei pegando no sono antes mesmo do Blaise aparecer, apenas tendo como último pensamento a sensação quente que tomou meu corpo apenas pelo contato das minhas mãos com as da grifinória.

Por Gina Wesley

Abri os olhos tentando me acostumar com a claridade. Estava me sentindo muito bem, como a tempos não me sentia. Meus primeiros pensamentos foram parar em Draco, e em como me comportaria na frente dele depois de sentir tudo aquilo na noite passada. E me lembrando completamente da noite passada finalmente percebi que aquele seria um longo dia. Sim, porque enfrentar Ronald Wesley depois daquilo iria ser extremamente exaustivo. Pensando bem, bem que ele poderia estar ocupado com Lilá dessa vez. Harry seria outro problema que eu não estava nem um pouco a fim de enfrentar. Antes de entrar no banheiro e tomar um longo banho me lembrei de fazer uma nota mental para agradecer Hermione depois. Ela tinha sido uma amiga e tanto, e pelo pouco que consegui notar devido a olhos verdes que insistiam em me fitar, Draco tentou ser gentil. Uma volta no estomago. Isso foi realmente legal da parte dele. Talvez ele não seja tão ruim como sempre achei, pensei. Me vesti rapidamente tentando pelo menos caprichar um pouco mais no visual. Afinal de contas eu tinha um namorado agora. E mesmo que não fosse pra valer eu gostaria imensamente que os olhos dele permanecessem em mim e não em outras garotas. Tentei me convencer que era apenas para a farsa continuar a dar certo. Desci para o salão comunal e não avistei o Trio, e dei graças a Merlin por isso. Não por Hermione, e sim pelos outros dois que com toda certeza iriam estragar minha manhã com perguntas que eu não estava a fim de responder tão já. Estava seguindo em direção ao salão principal quando alguém me chamou pelas costas. Eu sabia quem era e um peso em meu estomago me fez sentir uma consciência muito pesada naquele momento.

- Ei, Gina. - Virei-me e encarei Luna toda sorridente pra mim. O peso no estômago aumentou.

- Eu acho que você tem novidades e esqueceu-se de me contar não é?

- Luna, sinto muito. É que está tudo tão confuso e difícil que eu realmente não me dei conta. Eu sou uma péssima amiga, fato.

- Tudo bem, Blaise me contou.

- O que é que ele contou?- perguntei com medo do sonserino ter aberto a boca mais do que deveria.

- Que você e Malfoy estão namorando. - disse sorrindo.

- O que você acha sobre isso?- perguntei com medo de uma resposta negativa. Naquele momento a opinião de Luna era quase que essencial.

- Eu acho absolutamente incrível. Tudo bem que no começo eu não acreditei, mais foi justamente por causa do Harry. E de repente aparece Malfoy na história, demorou um pouco pra que eu processasse a informação. Será que posso o chamar de Draco agora? Acho que ele não vai se importar porque afinal iremos andar os quatro juntos não? Isso é tão lindo. Você já ouviu falar em Romeu e Julieta? Pois vocês se encaixam perfeitamente. Uma Weasley e um Malfoy, ninguém sonharia. Mais eu realmente espero que o final seja mais feliz.

- Luna, calma ok. Eu fico feliz por você me apoiar, mesmo. Você não sabe o que eu tenho passado e sua aprovação é tão importante pra mim, mesmo que na verdade não seja tudo como todos vocês pensam. Mais eu vou te contar tudo. Você merece mais que ninguém saber a verdade. Mais primeiro que história é essa de Romeu e não sei quem?

- Ah sua boba, é uma história trouxa de dois inimigos que se apaixonam só que não tem um final tão feliz. Se você quiser eu posso te emprestar o livro depois. Mais que história é essa de não seja tudo como todos pensam, e que verdade é essa, não entendi nada.

- Vamos indo tomar café da manhã. No caminho eu conto tudo. - Então comecei a contar tudo. Tudo mesmo sem exceção alguma. Afinal Luna era mais que uma de minhas amigas. Era a melhor delas.

Por Draco Malfoy.

- O noivo, dá pra se apressar ou tá difícil?- Ouvi a voz de Blaise gritando do lado de fora do banheiro. - Já estou pronto, podemos subir- disse saindo mirando Blaise com cara de quem estava esperando há horas. - Não faça tanto drama, foram apenas quinze minutos.

- Mais você já estava pronto à horas, posso saber o porque de tanta arrumação Draco? Vai me dizer que é por causa dela, eu bem que avisei, você vai acabar se envolvendo demais.

- O que deu em você Zabine? Perdeu a noção foi isso? Eu só quero que Pansy veja o que perdeu apenas isso. - disse tentando convencer a mim mesmo que era nela que estava pensando quando me arrumei tanto.

- Podemos subir agora ou você quer se ver no espelho outra vez? Está parecendo uma garota. Qual é, trocou de lado e eu não sabia?

- Cala boca e vamos. Não estou a fim de me estressar com suas gracinhas hoje. - disse e enquanto subíamos para o salão principal.

Por Gina Wesley.

- Eu não acredito. Gina você só pode estar brincando.

- Não estou. E o pior foi que eu gostei de verdade de fingir com ele Luna.

- Merlin, você está com problemas. Quem mais sabe além de mim e é claro vocês dois?

- Seu namorado.

- O que? Mais porque ele não me disse?

- Como é que eu vou saber? Draco disse que confia nele. Às vezes ele é mesmo amigo de verdade de Draco e o idiota nem percebe isso. Ele é tão frio e calculista o tempo todo que tem um amigo verdadeiro e nem se toca. Talvez o Zabine estivesse esperando que eu contasse. Ele deve saber que somos amigas o suficiente pra eu confiar algo assim a você. Sabe, seu namorado acaba de subir no meu conceito.

- Você vai se surpreender quando conhecê-lo melhor Gi, você vai ver. Quem sabe Malfoy não seja assim também, as aparências enganam e nós não podemos julgá-lo sem antes conhecê-lo. Pelo que me contou até agora ele foi super gentil.

- É eu não posso me queixar. Pelo menos não por enquanto. Mais estou com medo de como vão ficar as coisas daqui por diante, acho que pelo menos por hora vou evitar encontrá-lo.

- Ops, sinto muito Gina. Olha quem vem vindo.

E quando me virei e olhei pra onde Luna apontava lá estava ele, impecável, vindo em nossa direção seguido de perto por Zabine. Senti minhas pernas vacilarem e me repreendi por ser tão infantil.

- Bom dia minha linda. - disse Zabine enlaçando Luna pela cintura e lhe depositando um selinho nos lábios. Lindo, se for pedir minha opinião, e tenho que admitir, juntos os dois faziam um casal perfeito.

Draco me encarou sem saber o que fazer ou dizer, e naquele momento eu também não conseguia formar reação alguma, não quando comecei a reparar em como os olhos deles eram intensos. De repente a voz de Luna bem próxima me chamou de volta a realidade, não tão alta, apenas para que nós quatro ouvíssemos.

- Sabem, se vocês querem mesmo que isso de certo, sugiro que tentem imitar a mim e Blaise. Principalmente com tanta gente observando, e podem incluir nesse tanta gente os principais alvos de vocês dois. Olhei em volta e lá estavam eles. Todos eles, em pares. Todos que tinham me questionado, e é obvio aquela garota arrogante pendurada em Harry. Blaise estava olhando confuso para Luna mais fez sinal de que concordava com a namorada. Voltei a encarar Draco e percebi que ele não estava nem um pouco feliz com a cara com que os outros lá olhavam pra gente. Sorrindo meio de lado ele avançou pra mim e me enlaçou pela cintura como na noite anterior. Os olhos dele encontraram os meu de novo e senti novamente toda aquela onda quente me enchendo por dentro. A vontade que ele me beija-se parecia correr pelas minhas veias, fechei os olhos. Draco colou os lábios nos meus de um jeito delicado e quente. Sem abrir os olhos senti ele se distanciar dos lábios mais continuar na mesma posição apenas encostando a testa na minha. Então ouvi a voz arrastada preencher meus ouvidos lentamente.

- Bom dia pequena. - E apenas respondi, com a voz macia ainda sem acostumar a falar assim com ele.

- Bom dia Draco.

Por Draco Malfoy.

- Bom dia Draco. - A voz doce penetrou meus ouvidos aquecendo cada parte do meu corpo de forma que eu não sei explicar realmente. Não consegui solta-la. Quanto mais abrir os olhos. Havia sonhado com ela durante toda a noite, e para mim mesmo eu não precisava negar isso, pelo menos naquele momento. Abrir os olhos significava voltar à realidade e saber que era tudo falso, que sentir aquilo era loucura e que na verdade a ruiva queria estar com o imbecil do Potter naquela cena e não comigo. Aquilo me causava certo mal estar. O jeito que Potter olhava pra ela me causava uma raiva que eu não podia controlar. Mais o que importava? Ela estava comigo naquele momento, e quando acabasse e Pansy voltasse tudo iria embora como se nunca tivesse acontecido. Então qual era o problema em unir o útil ao agradável? Pelo que pude notar Gina não estava reclamando.

Contrariado abri os olhos, um pouco antes que ela. Os olhos castanhos me olhavam tranqüilos agora, não mais com dúvidas. Ela sorriu e a voz da corvinal nos chamou de volta a realidade. Soltei a ruiva mais alcancei sua mão, quente com na noite anterior, e reconfortante. Ela segurou firme como se me disesse que poderíamos continuar assim. Algo aqui dentro pareceu acender.

- Vamos pra minha mesa. - Na Corvinal ninguém vai se importar. Fomos direto pra lá sem se importar muito com os olhares dos outros. Gina nos explicou que tinha contado tudo a Luna e estava tudo claro entre nós quatro. Durante o café falamos sobre diversas coisas, nenhuma especifica, apenas procuramos nos conhecer melhor, já que seria bem mais agradável sairmos todos juntos.

E assim se passaram duas semanas. Nós quatro almoçando na mesa da corvinal, enquanto recebíamos olhares não muito amigáveis da grifinória e da sonserina. Até então o irmão de Gina ainda não tinha tomado nenhuma providencia quanto a família dela, fato que nós agradecemos internamente.

Foram os dias mais felizes da qual tive lembrança, e mais engraçados também. Luna tinha teorias que não me deixavam passar minutos sem cair na risada, e ver Blaise levando quase todas a sério espantava qualquer mau humor. Quanto a Gina, eu definitivamente deveria ter conhecido-a antes. Era como se houvesse outra vida em que passamos inteira juntos. Eu conseguia entende-la apenas observando os gestos e reações que ela tinha em cada situação. Sabia como fazê-la rir como criança, como fazê-la revirar os olhos de incredulidade, como corar até ficar mais vermelha que os cabelos, e como morder o lábio inferior indicando nervosismo. Era como se eu tivesse aprendido tudo em um manual de instruções, e eu me divertia praticando. Ela também sabia me interpretar como ninguém eu devo admitir. Sabia quando algo me irritava ou me deixava magoado, e conseguia sempre mudar meu mau humor me fazendo rir. Era terrivelmente irritante o modo como ela conseguia reverter o jogo quando brigávamos, mas depois de um tempo eu acabava por deixá-la ganhar, só para vê-la sorrindo depois.

As coisas começaram a dar errado no 19° dia. Dois dias antes tínhamos decidido voltar as nossas mesas. Os outros não nos viam mais como loucos, e mesmo sentindo falta dos almoços divertidos foi bom voltar à mesa da sonserina.

Tinha visto Gina logo de manhã e eu já havia percebido que ela estava nervosa, mesmo tentando disfarçar. Fui para as aulas com uma incomoda sensação de desconforto que eu só sentia quando não podia mudar o que a ruiva estava sentindo.

Na hora do almoço eu observei atentamente a mesa da grifinória e percebi o problema.

- Qual o problema Draco? Parece nervoso.

- Potter e Wesley. Olha pra ela parece aborrecida, mais está apavorada. Eles não têm o direito de deixá-la assim. – Os dois chegaram e começaram a falar com ela de maneira não muito educada. Granger defendia a ruiva, e sem querer comecei a sentir certo respeito pela garota. No entanto meu foco era Gina. Mesmo tentando demonstrar aborrecimento no fundo eu sabia que ela estava apavorada.

Sentia que deveria fazer alguma coisa, antes que eles tirassem dela mais do que poderiam tirar. Me levantei e percebi que Blaise me seguiu. Lá da corvinal Luna se levantou também, com uma expressão preocupada no rosto e nos alcançou. Posicionei-me ao lado dela e estendi a mão. Ela segurou como se a vida dela dependesse daquilo e nos retiramos do salão principal. Fomos em direção ao lago ainda de mãos dadas, Blaise e Luna seguiram outro caminho. Assim que nos sentamos na margem perto de onde tudo aquilo havia começado Gina se distanciou um pouco de mim. Ainda tentando esconder a frustração olhei pra ela, mais antes que eu pudesse dizer algo ela falou primeiro.

– Obrigada Draco, eu não sabia mais o que dizer. Porque eu não posso fazer nada sem ter que dar satisfações ao mundo todo? Eles foram horríveis. Hermione até tentou me ajudar, mais Rony estava impossível. Ele deu duas semanas pra que tudo isso acabasse, ou iria falar com meus pais. Ele não tem esse direito, mais vai contar tudo e eu não sei o que fazer, estava tudo tão bem.

Tentei processar a informação. Estávamos com problemas e eu sabia disso. Por mais que Gina fosse forte e tivesse enfrentado todos da outra vez, eu não podia obrigá-la a enfrentar os pais dela.

- Você quer terminar? Ela olhou pra mim e sorriu. Abaixou a cabeça e respirou fundo olhando pro lago. Uma brisa leve passava, e fazia com que os cabelos dela se movimentassem com o vento. Simplesmente encantadora.

- Não. Se eu fizer o que eles querem agora estarei dando a eles o poder de me controlar. Rony acha que eu não cresci entende, e eu tenho que mudar isso. O pior é Harry, me olhando com tanta decepção. Dói mais do que eu posso suportar, mais era o que eu queria não era?- O problema era Potter. Ao constatar isso senti algo apertar meu estomago e minha mão se apertar automaticamente.

- Sabe o que eu não entendo? Como você pode gostar desse imbecil. É algo que não tem lógica nenhuma se você quer saber. E o retardado do Weasley só pensa nele mesmo, e ainda assim quer controlar sua vida. Não sei como você agüenta isso. Só uma pessoa muito idiota mesmo agüentaria.

Disse isso muito rápido, não consegui evitar. Porém um segundo depois me dei conta do que tinha dito. Ao pronunciar Weasley com tanto rancor e nojo eu estava ofendendo a ela também. Me virei e a expressão dela havia mudado totalmente. Mais o que mais me tocou não foi a raiva, porque a raiva eu realmente esperava. O que me tocou foi a decepção com que ela falou em seguida.

- Talvez Rony tenha razão. Talvez eu não saiba o que realmente estou fazendo. Talvez Harry também tenha razão quando diz que eu me engano com as pessoas. Eu devo como você mesmo disse ser uma idiota mesmo. Idiota por obedecer Rony, idiota por amar Harry Potter e idiota maior ainda por ter achado que Draco Malfoy era diferente do que todos dizem.

E dizendo isso ela foi embora. Me deixando lá, com uma imensa vontade de me chutar por ser tão imbecil e conseguir estragar tudo que eu queria manter naquele momento.

Fim do 2° capítulo

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