7ºCapítulo-Desculpe-me
Os dias se passavam, nenhuma descoberta fora obtida. Nem em relação ao envenenamento de Rony, nem ao sumiço de Hermione.
Rony mantinha-se fechado. Não era mais o mesmo. Não conversava, não sorria, falava apenas o necessário. Seus dias eram dedicados inteiramente a busca de Hermione. Sua casa tornara-se o Ministério.Comia e passava noites em claros, ou cochilava no mesmo. Sua casa servia apenas para tomar banho e trocar de roupa. Tayla fora mandada por Rony, para a casa da irmã, deixando a casa solitária e sem vida.
Todos da família estavam muito preocupados. Tentavam de alguma forma chamar atenção de Rony, mas não adiantava. Sendo, a maior preocupação dos Weasley’s, a mínima atenção de Rony para com a filha recém-nascida. Ele a via apenas quando Gina estava na Toca por acaso e ele aparecia. Mas, apenas seu olhar era direcionado a filha, nada mais.
Harry tentava de todas as formas conseguir pistas de Hermione. Mas tudo o que achava era vago e sem um caminho a trilhar. Interrogara a todas as pessoas que tiveram contato com Hermione durante os últimos meses. Porém, nada era suficiente para continuar a busca.
Buscara através dos pais de Hermione, parentes que moram em outras cidades, mas a maior parte deles foram visitados e nenhum rastro de Hermione foi encontrado.
A situação com Rony continuava difícil. Rony apenas o cumprimentava quando chegava ao Ministério e nenhuma palavra mais era dita. Harry sentia um clima pesado. Tentava de alguma forma uma aproximação com o ruivo, mas de nada adiantava.
Gina, sempre que o via, sentia uma tristeza imensa no peito. Via o desinteresse do irmão, pela linda garotinha que crescia saudável, e isso lhe doía fundo. Mas, ainda tinha esperança de que ele voltasse atrás e deixasse a filha fazer parte de sua vida.
Era um domingo à tarde. Faltava apenas uma semana para a noite de Natal, mas os rostos ali presentes não demonstravam isso.
Rony, cansado das reclamações da família, resolveu dar uma passada na Toca, antes de seguir para o Ministério. Quando chegou, estavam reunidos seus pais, todos os irmãos, cunhadas e sobrinhos. Os pais de Hermione também estavam presentes o que fez seu coração bater acelerado de saudade da morena.
E por último, lá estava ela. Embrulhada numa manta rosa e dormindo tranquilamente nos braços da irmã. Rony sentiu as lágrimas inundarem seus olhos e observou ,por breve minutos, o quanto sua filha crescera.
-Boa noite a todos. –falou desviando o olhar da pequena Rose e subiu as escadas em direção ao seu antigo quarto.
Gina entregou Rose para Harry e soltou um soluço.
-Eu não aguento mais isso. –desabafou. –Eu não me importo que Rony não fale comigo. –falou sentida e num choro mais forte. –Mas...mas ele nem olha para a própria filha! Rose precisa dele!
Gui, que estava ao lado da irmã, a abraçou de forma terna, consolando-a.
Molly se levantou decidida e seguiu até as escadas.
-Molly, aonde você vai? –perguntou Arthur.
-Isso tudo já passou dos limites. –falou firme.
Molly chegou até o quarto do filho e entrou sem bater. Rony estava deitado e olhando para o teto.
-Mamãe! Quer me matar de susto?!
-Precisamos conversar, Ronald. –falou séria.
-O que foi agora? –perguntou já sabendo o que viria.
-O que foi agora? Acho que você já sabe muito bem.
-Sim, eu sei. E por isso acho que está sendo uma perca de tempo da senhora vir falar novamente.
-Meu filho, além de grosso e de não se importar com a própria filha, agora também desrespeita a mãe?
-Não estou desrespeitando a senhora, só acho que...
-Então saiba, Ronald Weasley, que vou continuar falando até que você abra os olhos para o que está acontecendo ao seu redor. –elevou a voz. –Você ao menos sabe que tem uma filha recém-nascida?
-Sei.
-Sabia também que ela precisa de você? Você é o pai! Por Merlin!
-Eu não tenho tempo. –falou com a voz baixa sentindo a vergonha o assolar.
-Tempo? Ótima desculpa. Eu não criei um filho para abandonar uma filha dessa maneira. Você não vive mais, vive enfurnado naquela sala do Ministério. Não conversa com seu melhor amigo, sua irmã chora todos os dias sentindo falta do irmão e dá de todo o carinho para a sua filha. –Molly disparou e respirou fundo. –Eu quero meu filho de volta. –falou num fio de voz.
Rony sentou-se na cama e olhou para Molly.
-No começo eu não quis acreditar. –Rony começou a falar com a voz baixa, desabafando com a mãe. –Mas, agora eu sei que Harry estava certo. Hermione se foi, nos abandonou. –lágrimas grossas desciam abertamente.
Molly caminhou até ele e sentou-se ao seu lado.
-Meu filho, eu sei que deve estar sendo muito difícil. –começou a falar sofrendo por ver o filho caçula daquela maneira. - É difícil, para todos nós, acreditar que Hermione foi embora. Mas creio que tudo isso tenha uma explicação. Toda a sua família está ao seu lado, sua dor é nossa dor. E no momento, a pessoa que mais precisa de você, é sua filha. Não a abandone. Só você pode lembrá-la da mãe maravilhosa que um dia vai voltar, da mãe que a amou desde que era apenas um grão em sua barriga. E mostrar, que você é um pai maravilhoso e que irá amá-la com todas as forças e assim, poder trazer Hermione de volta a família.
Rony olhou para a mãe e chorou abertamente com soluços fortes. Deitou a cabeça no colo da mesma e desabafou todo seu sofrimento.
-Eu fui um idiota! Não queria ter feito isso, mas foi mais forte que eu.
-Não se julgue dessa forma. Todos têm reações singulares à frente das situações. Foi uma forma de desacreditar a verdade, adiar o sofrimento. –falou alisando os cabelos do filho.
-Você acha que todos vão me perdoar?
-Não tem o que perdoar. –falou com um sorriso.
Rony silenciou-se por uns instantes apenas sentindo os carinhos da mãe.
-Eu só quero Hermione de volta. É ela que eu amo. Sem ela, fica um vazio. –falou de repente.
Molly deixava lágrimas silenciosas rolar pelo seu rosto, sofrendo juntamente com o filho.
-Você vai tê-la de volta. Você vai ver.
-Eu não tenho mais certeza disso. Ela me abandonou. Não me ama como eu imaginava.
-Não diga isso. Nós não sabemos o que aconteceu. Não pode deixar as coisas óbvias comandar sua mente e seu coração.
-É difícil, mamãe.
-Eu sei que é, meu filho.
-Você acha que ela voltar? –perguntou levantando a cabeça e olhando em seus olhos.
-Claro que sim! –falou esperançosa.
Rony ficou em silêncio e deitou-se no colo da matriarca novamente, ficando a refletir.
-Eu preciso lhe pedir uma coisa, meu filho. –Molly viu que Rony ficou em silêncio e continuou. –Prometa que não irá abandonar sua filha. Peço isso por você e por ela.
-Eu não quero abandoná-la. Eu a amo mais que a mim mesmo. Mas tenho medo. Medo de não conseguir sem ela. –falou referindo-se a Hermione.
-Você será um ótimo pai. E quando Hermione voltar terá orgulho de você. E você não está sozinho.
-A senhora acha? Acha que eu vou conseguir? –perguntou.
-Tenho certeza. –falou alisando a face do filho. –Porque não começa agora mesmo?
-Antes tenho que pedir desculpas a todos, inclusive a Harry e Gina.
-Isso, meu filho. Lhe fará bem.
-Fica aqui um pouco comigo? –pediu aninhando-se mais no colo da mãe.
-Claro, meu filho. –sorriu emocionada e deixou-se ficar com o filho.
-O que será que a mamãe está fazendo lá em cima com o Rony? Eles estão demorando demais! –exclamou Carlinhos, preocupado.
-Deixe os dois, meu filho. –falou Arthur.
Logo depois, Rony e Molly apareceram descendo as escadas. Rony tinha os olhos vermelhos pelas lágrimas incessantes e Molly um sorriso reconfortante nos lábios.
Todos o olharam e pararam de conversar quando os viram. Gina, sem suportar mais a indiferença do irmão, se levantou, com Rose nos braços, e saiu. Harry, não querendo deixá-la sozinha, a seguiu levando o pequeno Alvo, também nos braços.
Rony os seguiu com o olhar, percebendo o quanto chateara a ambos. Deixou-os ir, para que conversassem a sós em seguida.
-Rony? –Carlinhos chamou, tirando o irmão de seus pensamentos, que estava parado no meio da sala.
Rony olhou para todos e ficou um momento em silêncio antes de começar a falar.
-Quero pedir desculpas a todos vocês pelo meu jeito dos últimos dias. Eu... –engoliu as lágrimas.
-Não se preocupe, Rony. Nós o entendemos. –falou Gui.
-Fico feliz que tenha vindo até nós. –completou Carlinhos.
-Nós estamos com você. Somos sua família. –falou Percy.
-Estamos do seu lado para o que der e vier. –falaram Fred e Jorge ao mesmo tempo.
Arthur se levantou e foi até o filho.
-Queremos que fique bem, para que assim possa achar Hermione e cuidar de Rose.
Rony olhou para o pai e o abraçou.
-Obrigada a todos vocês. –falou tímido, mas com o coração mais tranquilo por saber que sua família estaria ao seu lado.
-Acho melhor você ir, três pessoas lhe espera. –falou Arthur.
Rony assentiu e seguiu até a saleta. Bateu na porta e abriu uma fresta.
-Posso entrar? –pediu com a voz baixa.
Harry e Gina olharam surpresos.
-Claro. –Harry respondeu.
Rony entrou e fechou a porta atrás de si. Parou de pé em frente aos dois em silêncio.
Sentia vergonha pela maneira que tratara ambas as pessoas que sempre estavam ao seu lado. Fora injusto deixando a raiva e a indignação falarem mais alto. Respirou fundo e olhou para os dois rostos a sua frente.
-Quero pedir desculpas a vocês. Fui um idiota. Deixei a raiva me domar e falar por mim. Eu me ceguei em frente à realidade e a verdade, e não acreditei em vocês. - Rony falava tudo o que estava preso, sendo sincero aos dois.
Gina escutava a tudo calada, porém, emocionada. Já Harry, sentia que teria seu amigo de volta. Era inevitável sentir saudades, afinal conviviam juntos desde a infância.
-Não devia ter falado daquela maneira com vocês, e muito menos ter renegado minha filha. –sua voz estava chorosa. –Me sinto um monstro por isso. O que Hermione pensaria de mim? –uma lágrima desceu ao pronunciar o nome de Hermione. –Quero que saibam que eu amo Rose. Eu esperei tanto por ela, mas agora, tenho medo.
Gina se levantou e parou de frente para Rony. Ela sorriu-lhe. Rony retribuiu ao sorriso sentindo o amor pela irmã lhe acalmar a alma.
Rose começou a chorar, se remexendo no colo da madrinha.
-Pegue sua filha. –falou Gina com um sorriso.
Rony arregalou os olhos, temeroso. Gina lhe ofereceu a pequena garotinha e Rony a pegou, com muita habilidade, mas com as mãos tremendo. Acomodou-a em seus braços e instantaneamente, a pequena ruiva, silenciou-se se rendendo novamente ao sono.
Rony a admirava, encantado. Como crescera! Alisou seu rostinho, sentindo o conforto, e o brilho de sua vida em seu peito. Sua estrela que brilhava no meio da escuridão.
Caminhou com ela até o carrinho, e a deitou com cuidado.
-Obrigada por ter cuidado dela durante esse tempo. Não sei o que seria de mim sem vocês.
Gina, muito emocionada, abraçou o irmão com força, sendo prontamente correspondida.
Harry olhava a cena, feliz. Agora, só faltava Hermione para que tudo ficasse bem de verdade. Deu uma olhada no filho que estava no outro carrinho e se levantou. Aproximou-se de Rony e colocou a mão em seu ombro.
-Fico feliz que tenha voltado para nós e para sua filha.
Rony abraçou o amigo e os três sorriram.
-Nós vamos achar Hermione e trazê-la de volta. –Gina falou convicta.
Logo, todos se reuniram na sala e Rony não parava de babar na filha. Descido a não voltar para a casa que morava com Hermione, até ela voltar, resolveu instalar-se na Toca, pois no lar onde crescera, teria mais ajuda com Rose e assim, adaptar-se com seu novo dom: Ser pai.
-Vou buscar as coisas de Rose e volto logo. –Rony falou entregando a filha para sua mãe.
-Enquanto isso, eu e Harry ajeitamos o quarto dos gêmeos para montar o quartinho de Rose nele. -falou Gina.
Rony aparatou na sala de sua casa. Olhou ao redor, tudo exatamente como estava. Andou pelos cômodos, tentado detectar algo de diferente, mas nada foi encontrado. Subiu as escadas e entrou no quarto de Rose. Olhou com um sorriso fraco nos lábios lembrando-se de quando foram comprar, de como discutiam para a escolha perfeita.
Transformou todo o quarto e tudo que fosse necessário para os cuidados com Rose em miniatura e colocou dentro de uma sacola. Em seguida, foi até o seu quarto. Abriu a porta e o perfume de Hermione penetrou em suas narinas.
Na esperança de que ela estivesse ali, olhou para todos os lados, mas ela não estava. Sentou-se na cama e abraçou o travesseiro em que ela dormia. O cheiro doce de seus cabelos estava penetrado naquele artefato, fazendo o coração de Rony bater forte.
Pegou um porta-retrato ao lado na mesinha e o analisou. Sorriu ao lembrar-se do dia em que Gina tirara aquela foto. Os quatro tinham ido dar um passeio e como sempre, ele e Hermione brigaram. Harry e Gina ficaram caçoando da cara do casal, e quando Rony foi conversar com Hermione, Gina tirara a foto.
-Eu vou achar você, Hermione. Custe o que custar. Mesmo que você não me queira mais eu preciso saber o que aconteceu. –alisou a foto e suspirou. –Eu te amo. –enxugou a lágrima que desceu, juntou tudo o que precisava e se foi para a Toca, levando o porta-retrato e o travesseiro de Hermione.
Com a ajuda de Harry e Gina, Rony montou o quarto de Rose, porém, queria que ela dormisse por um tempo em seu quarto, improvisando o berço no mesmo.
A maioria dos familiares, já tinham ido embora restando apenas Harry, Gina, James e Alvo.
-Qualquer coisa é só me chamar. Deixei algumas mamadeiras com o meu leite para Rose se alimentar durante a noite. Amanhã, ante de ir para o Ministério, leve-a para a minha casa, como combinamos.
-Obrigada, Gina. –agradeceu Rony, realmente grato.
-É o mínimo que posso fazer, Rony. Até amanhã. –abraçou o irmão.
Rony, Molly e Arthur se despediram do casal que se foi.
Rony deu boa noite aos pais, e foi para o seu quarto. Arrumou suas coisas e logo o choro de Rose penetrou em seus ouvidos. Ele sorriu e a pegou nos braços.
-O que será? Fome? Sujou a fraudinha? –falou rindo. –Hummm.. que cheirinho ruim! É a frauda mesmo!
Arrumou as coisas em cima de sua cama e, com maestria, trocou a frauda de Rose.
-É, parece que o curso de gestante ajudou em algo, você não acha, princesa? –falou ninando-a em seu colo. –Seu pai era tão desastrado! –riu.
Rony ficou serio de repente, andando pelo quarto vendo Rose pegar no sono. Com ela ali em seus braços, pode sentir o quanto ela é importante, e a necessidade de tê-la ao seu lado. Ficou a pensar como conseguira negar sua presença no começo. Agora, essa ideia não passava nem perto de sua cabeça. Agora, Rose fazia parte de si, não se imaginava sem ela.
-Você é minha estrela. A estrela que ainda brilha no céu, do mundo escuro do papai. –Rony falou admirando a filha.
“É humano, o ser que renega um filho? Há motivos fortes o bastante para isso?”
E.P.
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N/A: Cássia, seja bem-vinda... =]
Pessoal, mais um capitulo. Espero que gostem....
Besos a todossssss...
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