Passando a perna
Harry se sentia muito bem naquela manhã. Estar com Gina era maravilhoso. A garota o divertia e sempre tinha algo engraçado para contar. Se aproximar de Gina foi uma das melhores decisões que havia tomado ultimamente. Poderia ser estranho, mas ele não queria que a viagem acabasse depressa, se pudesse prolongá-la melhor ainda.
- Então o que você quer fazer hoje? - Harry perguntou a garota.
- Ah não sei. Na verdade prefiro não planejar, é bem mais divertido quando as coisas simplesmente acontecem. – ela o olhou marotamente. Harry riu.
- Ok moça mistério. Sabe, depois de ontem eu meio que cansei um pouco desse carro. – Harry disse.
Gina ficou sem entender.
- Mas é o nosso único meio de transporte.
- Eu sei, não foi isso que eu quis dizer. É ficar o dia todo no carro. Percebeu que a gente praticamente só sai para comer? - Gina definitivamente não entendia aonde ele queria chegar.
- Harry nós estamos com um objetivo, e a forma de alcançá-lo é indo de carro.
- Ok, mas a gente podia parar em algum lugar e ficar um tempo. – ele olhou para o céu – Olha só que dia maneiro, que tal aproveitarmos ele?
- Não sei não Harry, a gente pode se atrasar. – ela continuava intrigada.
- Ah Gina, vamos fazer algo diferente. – ela parecia sem vontade - Gina eu te prometo que você não vai perder seu “encontro” com esse Toby. A gente só vai se divertir um pouco.
- Poxa ontem não bastou? – ele riu e balançou a cabeça - Ótimo, mas se eu me atrasar prometo que te azaro.
Ela apontou para a varinha em seu bolso. Harry sorriu, mas não se iludiu muito, sabia que ela era bem capaz.
- O que tem em mente? - Gina perguntou.
- Hum. Não sei, mas pode deixar que eu encontro alguma coisa.
Eles encontraram um lugar bastante estranho. Algumas pessoas muito suspeitas paravam para olhá-los.
- Harry acha mesmo uma boa ideia? - Gina falava aos sussurros – Essas pessoas não parecem gostar de estranhos.
Harry também achou as pessoas muito esquisitas, porém não deixou se abalar.
- Tem alguém com um rosto um pouco amistoso ali.
Eles avançaram até uma senhora, estava sentada e com um lenço na cabeça. Harry foi o primeiro a se comunicar.
- Oi, er... Bom dia. Eu gostaria de saber se a senhora conhece algum lugar interessante para se visitar por aqui? A senhora me entende? Um ponto turístico? - a velhinha não se moveu nem tampouco falou. Harry pegou umas moedas no bolso. - Estou disposto a pagar se a senhora quiser. – ele ergueu as mãos com as moedas. Gina puxou sua camisa.
- Harry, guarda isso ai! – ela disse tão baixo que ele mal conseguiu ouvir.
Ele ficou sem entender até ver as outras pessoas e seus olhares de cobiça. Rapidamente enfiou as moedas no bolso. Foi se retirando com Gina.
- Ou esperem um pouco amigos. - um homem baixo e com um turbante apareceu de repente. - Meu nome é Elius e eu escutei vocês perguntarem por pontos turísticos? - ele falava engraçado e exagerando no “r” e “s”.
- É isso mesmo. O senhor conhece algum? - Harry perguntou sem tirar os olhos das outras pessoas.
- Por acaso eu talvez conheça. Mas sabe preciso refrescar minha memória e vi que o senhor é bom em lapsos de memória. – ele se aproximou de Harry. A ganância não saia de seu rosto.
- Certo. Mas será que não poderíamos conversar em particular?
- Precisamente senhor. – ele os conduziu para longe das pessoas. - Então o senhor disse lugar interessante? - o homenzinho olhava seu bolso.
- Ah claro. - Harry retirou uma moeda e entregou-lhe. - Então, conhece? - Elius examinou a moeda e deu um largo sorriso.
- Sabe agora que o senhor mencionou, eu me lembrei de um.
- E onde fica?
- Onde será que fica? - ele fitou o céu como se tentasse lembrar de algo. Harry entendeu muito bem e lhe entregou outra moeda. - Acabei de lembrar. É belíssimo, cheio de árvores, um rio lindo...
- Ele não perguntou como é e sim onde fica. – Gina falou rispidamente.
- Pois bem, fica próximo à cidade, apenas alguns quilômetros. – apontou com seu dedo sujo. – É complicado chegar lá se não tiver um barco. Eu conheço um e... - Harry atirou outra moeda.
- Harry não precisa dar tanto dinheiro assim. Você faz mesmo questão? - Gina lançava olhares ameaçadores a Elius.
- Não precisa se preocupar. – Harry lhe deu uma piscadela. - Então vai nos levar ou não? - virou-se para o homem.
- Com certeza senhor. Mas primeiro temos que chegar lá de carro, é que fica distante se formos a pé
- Claro, vamos então? - Gina disse.
- Como a senhorita desejar.
O trio foi de carro até o local indicado, assim que chegaram, Elius apontou para o barco.
- Espera ai você não vai com a gente? - Harry quis saber.
- Nada disso senhor. Não me atrevo a atrapalhar o momento dos senhores. E além do mais, não é do meu feitio segurar vela. - ele se curvou. Harry ficou paralisado. Gina se adiantou.
- Deixa pra lá Harry. Melhor sem ele. – essa última frase disse só para o garoto.
- Ok, mas onde fica esse lugar afinal?
- O senhor consegue enxergar aquela outra ponta? - Harry fez que sim - É só ir de barco até lá.
- E não tem como dar a volta com o carro? - Harry o olhou desconfiado.
- Sinto dizer que não senhor. O único jeito é ir de barco. – ele fez uma falsa cara de lamento – Mas eu posso cuidar do carro, por um preço é claro.
- Sei... Na volta então eu te pago. - Harry o encarou.
- Sinto recusar senhor, nada contra, mas aprendi que não devo aceitar dinheiro depois.
- Pois bem. – Harry retirou mais algumas moedas do bolso - Te pago mais na volta.
- Assim está muito melhor. Bom divertimento.
Ao se distanciarem de Elius Gina reclamou.
- Você por acaso ficou maluco é? Deixar o carro com ele assim! E além do mais ficar gastando dinheiro com ele. – ela o olhava perplexa.
- Gina relaxa. Acha mesmo que eu sou bobo? - Gina ficou sem responder - Certo. O carro ele não vai nem conseguir entrar, fiz um pequeno feitiço. E quanto às moedas, antes de gastá-la irá perceber que não existem mais. – dizendo isso ele ajeitou os remos e deu um sorriso a Gina a convidando para entrar.
Ao chegar à outra ponta, ficaram surpresos com o que encontraram. Elius não foi tão mentiroso afinal. Era um lugar perfeito, uma grama bem verde cobria o chão, uma grande árvore e com galhos bastante compridos, suas folhas amarelas davam um ar bem mais aconchegante. Eles sentaram abaixo da árvore. Passaram um tempo em silêncio admirando a paisagem.
- É realmente lindo. - foi o que Gina conseguiu dizer.
- Concordo plenamente.
Ela parou de olhar para a árvore e se voltou para Harry.
- Uma pergunta que me veio agora. Você realmente daria moedas falsas àquela senhora?
- Nah, aquelas eram verdadeiras só que eu tinha umas reservas para o caso de encontrar pessoas inconvenientes. – ele começou a brincar com um galho.
- Certo. Bom saber que estamos seguros. Mas ele não vai exigir explicações quando chegarmos lá?
- Improvável. Ele só irá perceber quando usá-las. E além do mais ele não vai poder fazer muita coisa, e ninguém vai acreditar no maluco do turbante. -Gina riu - Então gostou da minha ideia?- ele largou o graveto e brincou com uma mecha do cabelo de Gina.
- É até que foi uma boa ideia. Por enquanto.
- Ah nem vem, o que pode dar errado?
- Não sei. Quem sabe aparece um bicho ou algo assim?
- Não vai aparecer e se aparecer eu te protejo.
- Sei me defender muito bem sozinha. – ela levantou o queixo.
- Ok, então você me protege. - ele deitou na grama.
- O que será que eles estão fazendo agora, o pessoal lá de casa? - ela deitou ao seu lado.
- Bom, sua mãe deve estar se remoendo para te ter logo em casa, seu pai está trabalhando, mas sua cabeça deve estar em objetos trouxas. Fred e Jorge aprontando alguma com certeza, e a Mione e o Rony não quero pensar muito no assunto.
- Você tem razão. Coisas típicas deles. – ela se espreguiçou.
- Gina, quer dar um passeio?
- Quero. – ela se levantou em um salto - Vamos lá explorar esse lugar lindo.
Eles com certeza se entendiam, nisso Harry teve certeza. Gina era uma excelente companhia. O bosque que adentravam estava ficando cada vez mais lindo. Harry não sabia se era efeito da paisagem, mas estava ficando embriagado com a beleza de Gina. Não só sua beleza, mas o seu jeito descontraído o encantava. Sua cabeça estava querendo tomar rumos diferentes, mas ele se limitava somente a admirá-la. Resolveram voltar para a viagem. Ao voltarem do barco não encontraram Elius e muito menos o carro.
- Mas que droga é essa? - Harry estava perplexo - Não haveria como ele roubar o carro!
Um garotinho magricela apareceu.
- Oi, um moço de turbante pediu pra entregar isso para quem aparecesse de barco. Imagino que sejam vocês. - o garoto lhes entregou um bilhete e em seguida saiu correndo.
“Da próxima vez, certifiquem a quem se comunicam.
P.S.: Sou ótimo em desarmar feitiços contra roubo.”
Gina agarrou o bilhete e após lê-lo pareceu a Harry que ela iria desabar.
- Um bruxo. Como não notamos que era um bruxo? Maldição!- ela sentou-se - Fred e Jorge vão me enforcar.
Harry estava chocado, como não percebera que Elius era um bruxo. Acostumou tanto com a convivência de trouxas nessa viagem que se esqueceu completamente de que poderia encontrar com alguém como ele. Decididamente essa não era o fato imprevisível que ele esperava ocorrer.
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