Uma mágica cachoeira
A paisagem não poderia estar mais perfeita. Depois da estrada deserta, Harry resolveu adentrar em um caminho bem mais verde. Gina estava no banco de trás dormindo, eles acordaram um pouco mais cedo do que o de costume para não se atrasarem muito ao seu destino e poder curtir mais a viagem. Gina aprovou a ideia anteriormente, porém não resistiu ao sono. Harry avistou ao longe uma grande cachoeira, resolveu despertar a garota.
- Ei dorminhoca. Acorda ai, vem ver uma coisa. - ele observou pelo retrovisor que Gina continuava em seu valoroso sono.
Tirou uma das mãos do volante e a levou para trás tentando cutucar a garota.
- Ah nem vem, pode ir acordando ai. Você não pode perder essa. - Gina se virou para outro lado e murmurou algo que ele não entendeu.
Harry encostou carro e saiu decidido para o banco de trás.
- Está pensando que eu desisto fácil né? - abriu a porta e puxou Gina pelo pé. Ela acordou e deu-lhe um chute com o pé que estava livre, tentando se arrastar para o banco novamente. - Ai, você machucou! Olha que bonitinha, ela acha que vai continuar dormindo! - ele a ouviu rir. Harry adentrou o carro ficando em cima de Gina puxando-a pelo braço. Ela se contorceu em protesto.
- Me solta, seu maluco! Eu vou voltar a dormir. - ela ria sufocada, já que Harry começou a fazer cócegas.
- Ah não vai não. Chega de dormir. Tenho que te mostrar uma coisa. - ele desviava das tentativas de Gina segurar seus braços.
- Para com isso Harry. É injusto você é mais forte do que eu. - ela se aquietou. Ele se deixou cair em cima da garota. - Harry, não vira um peso morto. Você é pesado sabia? - ela tentou empurrá-lo.
Harry aliviou o peso, porém continuou deitado em cima de Gina. Ela tinha um cheiro muito bom, de algum modo ele não conseguia se levantar. Ficou um tempo sentindo o cheiro em se cabelo. Ela se mexeu e ele conseguiu sair do seu transe. Levantou a cabeça ainda a fitando. Ela era ainda mais bonita vendo tão de perto. Conseguia ser linda mesmo ao acordar e principalmente sendo acordada.
- Então... O que tinha de tão importante para você me mostrar, a ponto de ter que me despertar de um maravilhoso sonho? - ela o olhou fingindo seriedade.
- Sonho Maravilhoso é? E eu poderia saber do que se trata?
- Ora e o que mais se trata? - ela o empurrou para se sentar - Nada mais que meu encontro com Toby Stuart. - disse se espreguiçando. Harry virou o olho. Saiu do carro e estendeu a mão para Gina.
- Venha senhorita, vou te mostrar algo mais bonito e mágico que esse seu sonho.
Ela aceitou sua mão. Harry apontou para a cachoeira.
- Uau! É lindo!- ela fez uma cara de pidona. - Vamos até lá?
- Vejamos? - Harry fez uns cálculos mentais - É acho que dá. Viu foi bom a gente ter acordado cedo? - ele falou triunfante.
Eles dirigiram mais à frente. No caminho encontraram um grupo de trouxas em uma ponte.
- O que eles estão fazendo? - perguntou Gina preocupada já que um deles saltou da ponte.
Harry observou que os que pulavam estavam presos por uma corda. Já tinha visto isso uma vez na televisão.
- Ah! Não se preocupe, eles estão sendo segurados por uma corda. - ele apontou para as cordas - É um esporte trouxa, bem radical não acha?
Gina ainda estava paralisada com a situação.
- E é divertido? - levou um susto quando outro saltou.
- Deve ser. Nunca pratiquei. - ele deu de ombros.
- Vamos ver mais de perto. - Gina se aproximou de lentamente das pessoas. Harry a acompanhou.
Eles encostaram-se à ponte e viram o próximo pular. Era bem alto, e no final havia água, o que pulou, quando chegou na água retirou a corda e começou a nadar para a borda.
- Caramba! - exclamou Gina.
Uma das pessoas que sobraram na ponta acenou para os dois.
- Olá. E ae querem tentar? - ofereceu uma corda. Gina voltou a olhar para baixo analisando a situação.
- Na verdade não sei bem. - ela mordeu o lábio ao ver o próximo a pular. Uma garota apareceu toda molhada.
- Cara, a água ta demais. - estava agitada - Ah oi. - ela disse se virando para Harry e Gina. - Vão tentar?
- Acho que estão com medo. - Um dos outros disse.
- Não é bem isso... É que eu nunca fiz isso antes. - Gina ficou abismada quando um outro pulou.
- Vamos lá Gina, eu pulo com você. - Harry a incentivou.
- Ok, mas se eu morrer é melhor vocês se cuidarem, eu sou boa em assombrar. - ela os avisou.
Eles ajudaram Harry e Gina a se amarrarem. Harry ficou atrás de Gina. Ela tremia muito, Harry a segurou pelas mãos e a conduziu para a ponta.
- Quando você estiver pronta. - ele disse ao seu ouvido.
- Acho que estou agora. - Ela apertou seus dedos e sussurrou.
Foi muito bom, toda aquela adrenalina. Gina nunca se sentiu tão livre. Todo aquele vento e a pressão da decida. Quando chegaram à água, se soltaram das cordas. Subiu à superfície ofegante, Harry a alcançou sorrindo, ele segurou sua mão e a abraçou. Eles se afastaram e ficaram na água um tempo. Harry mergulhava e a puxava fazendo com que ela afundasse. Fazia muito tempo que não se sentia assim, essa sensação toda de liberdade. Esquecera como era se divertir. Por um momento esqueceu completamente seus problemas. Nadaram até a borda e ali, eles deitaram ofegantes.
- Isso... Foi... Incrível... - Gina sorria.
- Mais que incrível. Nunca me senti tão livre. - Harry ficou observando o céu. Ele se virou para Gina. - Eu ainda vou te vencer numa guerra na água.
- Nunca. Eu sou invencível. - ela se levantou - Pronto para mais um salto ou desistiu de tentar me derrotar?
Ela esticou os braços para Harry. Ele a puxou fazendo-a cair novamente.
- De uma coisa você pode ter certeza, eu dificilmente desisto.
Eles ficaram ali a tarde toda. Eram pessoas muito divertidas, depois todos resolveram ir para a cachoeira. Era mais linda se vendo de perto. Nem notaram quando começou escurecer. Eles resolveram acampar com seus novos conhecidos. Harry estava sentado observando Gina cantar e dançar. Ela parou sua dança ao ver Harry. Aproximou-sentando ao seu lado.
- Vai ficar só olhando ou vem dançar também?
- Na verdade não sei dançar muito bem. - ele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha de Gina. - E eu prefiro observar. Gina corou, porém sustentou o olhar. Ele voltou a olhar para a fogueira. A garota puxou um pouco da manta em que Harry estava coberto e se acomodou.
- Harry, você está legal? Estou achando você meio pra baixo. - ela o fitou preocupada.
- Estava pensando em umas coisas.
- Pensando em que?
- Em Ângela.
- Ângela, a noiva? - Harry concordou - Olha ela até que é bonita, mas já tem marido e é muito chorona. - ela fingiu falar seriamente. Harry riu e deu-lhe um empurrãozinho.
- Nah sua boba.
- Está bem, agora é sério, o que houve?
- É mais pelo que ela disse. - Gina o olhou intrigada - Sobre o amor.
- E o que tem o amor? - Gina se encolheu um pouco mais. Tinha uma vaga impressão de que ele iria falar da Cho.
- Ele é tão estranho e confuso. - ele passou uma das mãos no cabelo.
- Tem razão. Estranho e confuso. Boa definição. - ela sussurrou.
- Gina... Eu... Você já se apaixonou? - Harry a assustou com a pergunta.
- Jura mesmo que você tem dúvida? - ela sorriu marotamente.
- Eu só queria saber se você gostava mesmo de mim. Essa história de que muitos me viam só como símbolo e não o Harry de verdade, é frustrante. -Gina o olhou faltaram-lhe palavras.
- Sinceramente falando, no começo sim. Afinal eu nem te conhecia direito. - Harry se entristeceu - Só que depois foi mais real. -Ele a olhou rapidamente.
- E por que você não me falou nada?
- Você queria que eu tivesse te dito algo? - Gina o olhou perplexa - E para que? Você iria querer ficar comigo?
- Bom, não sei. Mas por que não? Nunca se sabe.
- Não, você não iria. E sabe por quê? Existia outra pessoa. - ele enrijeceu - E você reconhece isso. Harry não daria certo. Tem marcas que são difíceis de sair, e as suas foram profundas. - Gina mal acreditava no que estava dizendo. Não queria mencionar Cho, mas o fato dele considerar a possibilidade de retribuir seu antigo afeto era incabível.
- Gina desculpa ter tocado nesse assunto.
- Não, tudo bem. Agora não importa mais. - ela não queria ser tão rude, mas não permitiria que o que realmente pensava transparecesse.
Harry voltou a admirar a fogueira. O que Gina disse o afetou, não queria vê-la assim.
- Posso te fazer uma pergunta? - ele concordou - Só responde se não for muito difícil. O que houve entre vocês?
Harry pensou por um tempo.
- Lembra quando me disse que você e o Dino discordavam em muita coisa? Eu e a Cho passávamos por algo parecido, só que em um grau mais elevado. Não concordávamos nada. E depois eu estava em um momento difícil, precisava desvendar muita coisa em torno de Voldemort. - Harry reparou que ela não estremeceu ao ouvir o nome - Com muita coisa na cabeça. Ela não compreendia muito bem a situação, a gente brigou muito por isso. Depois de um tempo eu achei melhor terminar, não havia possibilidade me envolver sendo que não podia me dedicar só a ela.
Antigamente, Harry se sentia muito mal em relação a Cho. Ele sofreu muito por ficar longe dela. Até seus melhores amigos tiveram que esperar um pouco para saber o que sentia. Estar ali falando com outra pessoa sobre ela era com certeza um grande passo. Gina permaneceu calada o tempo todo escutando seu relato.
- E por que você não voltou para ela depois da morte dele? - ela finalmente falou.
- Não sei te explicar direito. Eu esqueci tudo. No momento de finalmente viver uma vida sem ninguém querendo te matar, eu estagno. É tudo tão sem sentido. E além do mais, o que eu diria?
- Pra começar, você explicaria melhor. Não é possível que depois de tudo ela continuaria tão egoísta. Desculpe. - Gina acrescentou ao ver a cara surpresa de Harry. - Comentário equivocado.- ela não segurou e riu.
Harry se aproximou mais de Gina e ela encostou a cabeça em seu ombro.
- Obrigado por me escutar.
- Obrigada por me contar. E boa sorte com o seu coração. - ela acrescentou.
Harry foi surpreendido com o comentário, porém não disse nada. Perdeu-se no cheiro do cabelo de Gina.
A farra de seus companheiros havia acabado e ele se deu conta que sobraram apenas casais acordados, os dois pares estavam em seu momento romântico, abraços e beijos. Harry lembrou-se de quando estava com Cho em um café, a situação constrangedora de um primeiro encontro e da intimidade. Agora não se incomodava mais, sentia-se à vontade.
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