One
Fanfiction by Doods xD
Estranho seria se nós não nos conhecêssemos. Claro, seu pai não gostava da minha família e as manias de puro-sangue. Mas a sua avó e a sua mãe adoravam festas chiques. Graças á isso eu, a ovelha negra, pude puxar as duas tranças na sua mesa no casamento da minha tia, e nós corremos para o bosque nos corredores da casa de Druella. Você caiu e chorou, e eu zombei de você, como uma boa criança traquina faria. Estranho seria se você não tivesse me odiado.
Estranho seria se, anos depois, eu não tivesse te beijado. Na realidade tínhamos nove ou dez anos, e eu queria te fazer calar a boca. Não foi realmente um beijo. Você me bronqueava por eu ter entrado no seu quarto e arrancado a cabeça de algumas bonecas. Você gritou, a minha mãe veio e me puxou pela orelha, dando por acabada a visita dos Black aos McKinnon. Estranho seria se o gosto dos seus lábios não tivessem ficado nos meus durante o resto do dia.Mais estranho ainda seria se eu não tivesse gostado disso.
Estranho seria se você não tivesse torcido o nariz vendo que eu entraria no trem de Hogwarts com você. Eu sorri pensando no quanto seria divertido te incomodar. Você deve relevar – eu nem tinha onze anos completos ainda. Sempre fui o caçula da turma. Eu fui até a sua cabine e puxei as suas tranças novamente. Na corrida tropecei em James e Peter, e você por engano enfeitiçou eles, deixando-os cheios de furúnculos. Nós rimos e eu te olhei, reparando no teu sorriso. Você corou e voltou para a sua cabine em silêncio. Eu ajudei os dois a se levantarem e pedi desculpas, ajudando-os e acabando por ficar amigo deles. Estranho seria se eu não tivesse notado que você era linda.
Estranho seria, anos depois, se nós não brigássemos por qualquer coisa. Agente não se odiava como achava que sim, porque quem odeia não briga e faz as pazes á todo tempo como nós fazíamos. Eu saía com várias só pra te irritar. E você caía. Tínhamos quinze (quatorze no meu caso) e eu queria a sua atenção toda para mim, e eu alguns momentos realmente a consegui. Você achou lindo quando eu te contei que Lily descobriu-se apaixonada por James na beira do lago, e você elaborou todo um plano – me envolvendo – para unir os dois. Quase que tudo deu errado. Estranho seria se não tivéssemos nos abraçado de felicidade e alívio quando Lily beijou James. Estranho seria se esse abraço não tivesse virado um beijo desejoso e hesitante, que me deixou confuso sobre os meus sentimentos durante um longo tempo.
Estranho seria se eu não tivesse parado de sair com as garotas. O clima ficava tenso no mundo bruxo com a ameaça de um Lorde-sei-lá-das-quantas. Nós não tínhamos que ficar preocupados por nós mesmos, e sim por Remus, Lílian e Dorcas. E nós ficamos preocupados. Eu te peguei chorando no salão comunal vazio de madrugada, e sob seu protesto fraco te abracei e te aninhei contra o meu peito, entre os meus braços. Você chorou mais e eu beijei os seus cabelos. Estranho seria se eu não tivesse chorado junto, te mantendo entre os braços para que você não percebesse.Estranho seria se o meu choro não fosse por medo de te perder.
Estranho seria se eu não tivesse sido padrinho de Harry. Você já tinha sido madrinha do casamento, mas na época eu não sabia que eles teriam um filho, então fiquei um pouco chateado. Mesmo assim aproveitei a festa. Nossos poucos momentos de felicidade depois que a guerra estourou e Dorcas morreu. Estávamos arrasados. Não tanto quanto Remus, mas estávamos. Você ajeitou a minha gravata antes de eu ir fazer o discurso, e a pequena Susana – filha de Emmeline e Edgar – perguntou-nos ingenuamente se éramos um casal. Você corou levemente e nós rimos, garantindo á pequena que não. “Ah é?” Perguntou ela um tanto decepcionada. “Mas parece tanto... deve ser porque vocês se olham como se fossem” ela alegou e saiu, nos deixando silenciosos em nossa perplexidade.
Depois do discurso, te achei sorrindo para o nada no lado mais afastado do jardim. Estranho seria se eu não fosse até você. Estranho seria se eu não te revelasse que queria que a Susana Bones estivesse certa.Estranho seria se naquele momento você não tivesse virado as costas e ido embora.
Estranho seria se eu não tivesse te ligado um zilhão de vezes naquela semana. Queria saber como você estava, começava a ficar preocupado mais uma vez. Nós escolhemos as nossas profissões em função daquela maldita guerra, e apesar de eu ser auror e de saber que você já curara inúmeros colegas meus, eu sempre esquecia que você era curandeira e que não tinha hora para voltar para casa nesses tempos difíceis. Estranho seria se eu não estivesse desesperado.
Estranho seria se você não tivesse ignorado os meus recados. Deixei-os várias e várias e várias vezes, e já estava entrando em pânico. De repente você me respondeu um deles, me convidando para ir á sua casa. Eu peguei o meu casaco e fui o mais rápido que consegui ir. Estranho seria se nada desse errado.
Estranho seria se você tivesse realmente deixado a porta aberta. Mas eu sabia que você nunca deixava. Móveis virados e papéis espalhados foi o que eu achei quando adentrei o seu apartamento. Chamei o seu nome e ouvi um murmúrio em resposta. E achei debaixo de um armário, fraca e pálida como nunca tinha visto. Sabíamos o que ia acontecer contigo. Eu soube pelo jeito que os teus olhos me olharam. Você sabia que não tinha volta. Estranho seria se o teu último sorriso não tivesse me partido em dois.
Estranho seria se eu não tivesse descontado a minha fúria em todos os seus móveis. E, me jogando no sofá sem saber o que fazer, chutei a mesinha de centro. Papéis voaram para todo lado, e um caiu no meu colo. Reconheci a tua caligrafia fina, a tinta ainda estava fresca. Você devia ter acabado de escrever. E ali dizia:
“Sirius,
Estranho seria se eu não amasse você...”
coisas loucas da minha cabeça, relevem. beijos ;**
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