One
By Doods Duck xD
"I don't care who you are or where you're from or what you did as long as you love me."
“Too late, won't stop
Tonight I want to go deeper
Tomorrow takes it all away”
Marlene desligou o rádio e voltou a desempacotar as coisas da mudança. Música idiota. Era a nova parada da Inglaterra pelo jeito, porque ela só ouvia aquelas mesmas palavras. As mesmas palavras que a lembravam que o perdera.
Aquela era a música preferida de Sirius.
”Time's running out
The night is only a shell
Soon morning comes and breaks the spell
To the yesterday, to a dream”
-Bom dia amor – Stephen lhe disse beijando a sua testa, sorridente. – Já madei Joy fazer o café da manhã para você. Estou indo trabalhar. Tchau – Ele saiu pela porta do quarto branco sem dizer mais nada.
Marlene se levantou na casa nova e contemplou-a. Tudo tão estranho. Tão irreal. Tão frio.
Lembrou-se do pequeno apartamento de Sirius em Londres. Meio marrom, com infiltrações nas paredes, bagunçado. Aconchegante.
-The night is only a shell, soon morning comes and breaks the spell... – A empregada cantarolava. Maldita rádio. Marlene entrou na cozinha irritada e desligou o rádio.
-Eu não gosto dessa música. Por favor, não mais a cante – Saiu da cozinha sem mais uma palavra. A enpregada não disse nem mais um pio durante o resto do dia. Devia ter achado que Marlene era alguma louca psicopata.
-E ela estava de mau humor! Se eu tivesse uma casa dessas e um maridão daqueles, que a trata bem, por que estaria desse jeito? É uma idiota! – A empregada comentava com o jardineiro naquela mesma tarde.
Ela nem ao menos se deu ao trabalho de tirar a camisola. Deitou-se na cama e voltou a dormir. Tentando entender.
Tentando esquecer que aquela era a música preferida de Sirius.
”Just for tonight, we'll keep on dancing
And the city won't tell a soul
Just for tonight, the lights are shining
And our secret stays untold”
-Sirius!? – Marlene estava absolutamente estupefata com a presença do maroto ali. Quem o havia convidado para o seu casamento? – O que faz aqui? – Perguntou grosseira á ele, perto da mesa de bebidas. Ele se virou para ela e Marlene teve que engolir em seco. Um alto pela bebida, a barba por fazer. Mas ainda assim era a única coisa para a qual Marlene poderia olhar para sempre.
-Vim te dar os parabéns. E os parabéns ao bastardo riquinho com quem sua avó te arranjou casamento. Espero que vocês sejam felizes – Ele ergueu um copo de uísque para ela, mas Marlene somente cruzou os braços enquanto ele bebia.
-Você é patético. E isso não é da sua conta. Quem foi que te deixou entrar? – Perguntou diretamente e ele sorriu.
-Isso tem diferença? – Sirius perguntou e Marlene bufou, isso antes de o piano começar a tocar. Porque quando aquela melodia conhecida começou, Sirius puxou Marlene para um canto escondido do salão, mesmo contra a vontade dela.
-Eu não vou dançar com você – Marlene se recusou furiosamente, mas ele já a forçava á dar os passos, sendo muito mais forte com a mão em sua cintura.
-Você vai dançar. É a última vez que dançaremos, e essa é a minha música preferida – Ele a rodopiou e fez com que ela voltasse para os seus braços, sussurrando em seu ouvido logo depois. – Essa é a nossa música.
”These streets are mine
Tonight I'll keep on walking
Won't stop as long as the city sleeps”
Sirius caminhava naquela droga de rua com uma garrafa de qualquer coisa alcoólica nas mãos, tentando seguir em linha reta os paralelepípedos da calçada. Riu-se quando caiu e bebeu mais um gole. Amargo. Seco. Do jeito que se sentia.
Não conseguia acreditar. Em um momento os dois moravam juntos em um pequeno apartamento em Londres, se amavam e estavam prestes á noivar – assim que Sirius conseguisse dinheiro o suficiente para um anel. No outro ela tinha cedido ás chantagens da avó e estava se casando com algum maldito riquinho, se mudando para uma casa vitoriana em algum bairro de luxo.
Será que o amor dele valia tão pouco assim?
Jogou a garrafa na calçada e viu-a se espatifar, desejando que aquela garrafa fosse a cara do tal de Stephen. Stephen. Nome de bicha enrustida, isso sim. Aquilo não era homem para Marlene. Aquela vida maçante não era a vida para a espontanea e alegre Marlene. Eles iam acabar com ela. Quase tinham acabado com ele. E, mesmo sabendo de todos os truques, Sirius não pôde salvá-la.
Simplesmente não pôde salvá-la daquele casamento.
”Don't look back once
Or you might turn around
Tonight I'll give myself to you
And our secret stays untold”
-Cale a boca, Sirius. Essa não é a nossa música coisa nenhuma. E eu acho que você deve ir – Ela disse insistentemente, afastando o maroto de seu corpo. Ele estava bêbado, e ela estava irritada. Nada muito bom poderia sair dali. Principalmente quando Marlene não conseguia manter as suas mãos longe dele, depois de sentir seu calor através da camisa branca padrão.
-Você ainda é virgem, não é Marlene? – Ele perguntou com a objetividade que só uma pessoa meio bêbada e inconseqüente poderia ter.
-Isso não te interessa! – Mas o rubor de suas faces o disse exatamente o que ele queria saber. Sirius sorriu.
-Você realmente acha que aquele idiota vai te respeitar? Que ele vai fazer com você ser memorável? Ele vai fazer o que aprendeu com todas as outras, Marlene. Você sabe disso. – Ele acariciou o rosto dela e ela se desvencilhou violentamente, morrendo de raiva.
-E você me respeitaria? Todos vocês fazem o que aprenderam com as outras, Black. Todos. Por que você seria diferente? – Ela perguntou no auge da irritação, se sentando em uma das mesinhas brancas , tentando se acalmar. Stephen estava dançando com a mãe, então aquilo deveria demorar. Pegou Sirius pela mão e levou-o para dentro da capela trouxa, com todos aqueles simbolos e cores que não significavam nada para ela. Não sabia porque ele insistira para fazer ali, já que ele nem mesmo era trouxa ou cristão. Largou-o em um dos enormes bancos de madeira e não fez questão de ser silenciosa. Ali estavam sozinhos.
-Ui, alguém está irritada hoje... – Ele riu quase caindo do banco como um tolo. Marlene se enfureceu.
-Eu não quero que você me dirija a palavra. Eu quero que você vá embora. O que está fazendo aqui? Não importa, porque você tem que saber de uma coisa: Eu amo Stephen. Ele sim é homem de verdade: tem tudo o que você não tem. E eu não quero mais você se intrometendo na minha vida! – Soltou tudo de uma vez só, sentindo-se aliviada depois daquilo. Ele devia desistir.
-Eu tenho uma coisa que ele não tem – Sirius se levantou um tanto cambaleante e colocou uma mão hesitante no ombro dela. Seus olhos se encontraram por alguns instantes, e Malene achou que iria derreter sobre os olhos de céu dele. Como em um sonho...
”Just for tonight, we'll keep on dancing
And the city won't tell a soul
Just for tonight, the lights are shining
And our secret stays untold”
-Ele não tem amor. É por isso que eu seria melhor do que ele. – Ele estava confiante do que dizia, por mais que Marlene achasse tolice. – O que eu sinto por você nada tem a ver com desejo ou obrigação. É amor, Marlene. Amor. E eu não sei mais o que fazer com isso. Está me matando... – Ele colocou uma mão no peito e ela não conseguiu mais.
-E por que eu faria isso? – Perguntou novamente, querendo mais um argumento para ceder. Não queria ceder tão fácil. Não podia. Mas amava Sirius. Amava-o demais. Ele a esperara estar pronto durante tres meses. Parecia justo dar isso á ele.
Mais do que isso, parecia certo. Como era certo as estrelas estarem no céu.
Sirius beijou Marlene sem deixar mais tempo para que ela decidisse. Em alguns segundos estavam no altar, e ela começava a ser deitada na grande mesa do altar. Sirius abriu os botões de pérolas do vestido branco bem devagar, olhando nos olhos de Marlene. Como se pedisse permissão. Ela beijou-o e estava feito. O vestido deslizou por seus pés e mais uma vez o corpo de Marlene jazia sobre a Madeira fria coberta por rendas do altar.
A boca dele desceu para seu pescoço, e as mãos dele agora retiravam a camisola branca de seda que tinha por baixo – fora de sua avó, com mangas curtas, decote quadrado e sem muitos adornos além de bordados, cada um feito por uma mulher da família. E de repente Sirius parecia a pessoa mais indicada para tirá-la de seu corpo pela primeira vez. Assim como parecia o homem certo para dar á ela sua primeira vez.
Sua primeira e última vez.
”They can't see us now
They can't see us now
They won't catch us now
They can't see us now”
Marlene se vestiu e colocou um casaco bem pesado sobre as costas, saindo de casa e aparatando em Londres sem dar nenhuma explicação ás empregadas enxeridas. Estava chovendo, e o clima estava bem frio. Como ela. Como Londres. Pertencia àquele lugar, e não àquele bairrozinho arborizado de luxo. Era um ser livre, não uma esposa dedicada á servidão.
Algum tempo caminhando sem rumo e uma coisa lhe chamou a atenção. Deu mais alguns passos á frente, tentando enxergar melhor, apesar de já saber o que era. Ali, no meio da ponte, estava ele.
-O que faz aqui, Sra. Manning? Não deveria estar em casa planejando o jantar ou algo assim? – Sirius nem precisou se virar para saber de quem se tratava. Marlene estava toda molhada. – Saia dessa chuva ou vai se resfriar – Ele disse tentando forçar o tom indiferente. Marlene riu.
-Eu fiz aquilo porque a minha avó ameaçou destruir você, Sirius. Você. – Ela finalmente disse, depois de alguns momentos silenciosos sob a chuva.
-Você sabe que a velha nunca poderia me atingir. – Ele retrucou sem mais conter a mágoa. Que jorrou por seus olhos e atingiu Marlene no rosto, mais forte que um soco.
-Ah sim, ela pode. De maneiras que você nem imagina – Ela insistiu. Sirius virou-se para olhá-la. Revirou os olhos, irritado.
-Pelo jeito ela já o fez. Me tirou você – Marlene sorriu docemente e acariciou o rosto molhado dele com uma mão.
-Você sempre me teve, Sirius. Sempre me teve, me têm, e sempre vai me ter. Sempre. Ele suspirou e abraçou-a fortemente, escondendo o rosto em seu ombro, assim como ela o fez.
-Vamos fugir. Podemos ir para qualquer lugar, inventar qualquer história. Vamos fugir – Ele implorou beijando o rosto dela, mas Marlene apenas fitou o chão. Sirius não podia discernir a chuva das lágrimas, mas sabia que Marlene estava chorando.
-Eu não posso. – Ela repetiu em dor, e Sirius exaltou-se.
-E POR QUE NÃO? – Marlene em resposta subiu a manga do casaco do antebraço esquerdo, e Sirius deu um pulo.
-N-não pode ser – Os olhos dele ficaram úmidos. Sirius deu alguns passos para trás, incrédulo. Apavorado.
Desesperado.
-Ela disse que iria me matar, Sirius. Que iria mandar os meus pedaços para você pelo correio. Eu me imaginei na sua situação e não poderia agüentar... a morte não me assusta, a não ser que ela venha para você – Marlene conteve um soluço. – Essa não é a pior coisa que Carmem McKinnon pode fazer. Você sabe disso. Me desculpe, ela achou que isso nos separaria...
Sirius a interrompeu com um abraço ainda mais forte.
”Just for tonight, we'll keep on dancing
And the city won't tell a soul
Just for tonight, the lights are shining
And our secret stays untold”
-Eu vou te tirar dessa. Eu vou. Pode acreditar em mim. – Ele começou a embalá-la de um lado para o outro. Tentando fugir da dor dela. Tentando fugir da própria dor. Ficaram nessa espécie de dança na ponte, chorando. A chuva não abrandou, como se seguisse os sentimentos deles. Marlene então se separou dele e beijou-o como sempre deveria ter feito.
Sempre.
-Nunca se esqueça que eu amo você – Marlene então aparatou, deixando a lembrança do calor de sua mão no rosto de Sirius. Deixando a lembrança de seus sorrisos, de seus beijos, de seus olhos. Deixando as lembranças de seu amor.
No dia seguinte se deparou com a mensagem no jornal de que Marlene havia sido assassinada brutalmente por algo ou alguém que a destruiu em mil pedaços. Só deixou intacto um.
Três dias depois Sirius recebeu em sua porta uma pequena caixa de madeira. Ao abri-la seu estômago quis sair pela boca. Largou a caixa maldita e fechou-a rapidamente, com náuseas. Lágrimas vieram-lhe aos olhos mais uma vez. Pegou o bilhete que acompanhava a encomenda.
”Agora você tem o que desejava, Black.
O coração de Marlene.”.
”They can't see us now
They can't see us now
They won't catch us now
They can't see us now”
Sirius ouviu aquela maldita música no rádio e desligou-o rapidamente, raivoso. A porta de seu apartamento foi aberta e um Remus sorridente entrou pela porta.
-E aí? Já está pronto para sair desse apartamento? – O amigo perguntou e Sirius bufou irritado. A lembrança de Marlene já estava mais quieta depois de tanto tempo. Consideravelmente mais borrada depois de tanto sofrimento.
-Olha, Sirius, eu sei o que é perder alguém nessa guerra. Eu perdi também – O olhar de Remus ficou obscuro. Sirius não queria falar sobre aquilo.
-Tudo bem. Vamos logo – Ele colocou um casaco saiu de casa com um Remus mais alegre por tê-lo tirado de seu confinamento. Andavam pelo parque que havia á uma quadra de distância do apartamento de Sirius quando Remus exclamou:
-Que rosas lindas! Mas rosas no inverno não são incomuns? Devem ser especiais – Remus se dirigiu á moça trouxa que vendia as belas rosas vermelhas, e Sirius somente se jogou em um banco de madeira.
Não queria ver, não queria lembrar.
Aquelas rosas eram as preferidas de Marlene.
FIM!
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sem comentários. totalmente dedicada á Nanda e á Rayssa.
beijos á todos.
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