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Cap. 22_
Sírius saiu pela casa dos gritos diretamente para o terminal de flu de Hogsmeade. Piscou, displicentemente, para a garota loira com sardas por trás do balcão. Ela era a responsável pelos marotos conseguirem utilizar a rede de flu, sem autorização de Hogwarts, em pleno período letivo, sem ninguém saber. Sírius era o responsável por ela fazer tudo isso.
Sem dizer nada e deixando um rastro de suspiros da garota loira para trás, ele se dirigiu ao último terminal, pegou um pouco do pó de um pote em cima da lareira, e jogou nas chamas já acesas e crepitantes, que imediatamente se tornaram verde.
_Residência dos Potter. _ele anunciou com uma voz clara, mergulhando entre as chamas e fechando os olhos, antes de começar a rodopiar vertiginosamente.
Quando os abriu novamente, estava na sala decorada em tons pastéis e azuis do Sr e da Sra Potter. Antes de sair da lareira, olhou para os dois lados da sala, esquadrinhando todos os cantinhos.
Sorriu contente. Eles não estarem em casa facilitava bastante sua missão: Pegar sua moto, estacionada no galpão desde que ele fora para lá, nas férias.
E o que é que ele ia dizer se desse de cara com a Sra Potter, no meio da sala?
Saiu da sala, andando com cuidado, e passou pela escadaria que levava aos quartos do andar superior. Entrou na cozinha, atravessou-a sem olhar para o elfo que trabalhava no fogão e saiu pela porta dos fundos.
Achou que já podia comemorar. Mas quando atravessou o jardim e ergueu a mão para a maçaneta do galpão, ela se abriu por dentro, emoldurando uma versão mais velha, mais alta e mais cheia de rugas de Thiago Potter.
Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, até o Sr Potter, arquear as sobrancelhas e cruzar os braços.
_Vocês fugiram de novo da escola? Tá brincando, Sírius?
_O Thiago não veio. _O Sr Potter olhou por cima de seu ombro para ter certeza disso _Sério, ele tinha jogo hoje. Mas eu juro que tenho um bom motivo. Juro que, dessa vez, é um bom motivo mesmo, eu só preciso da minha moto.
O Sr Potter fez uma pausa, avaliando-o. _Vou ter que ir atrás de você em Azkaban? Ou no St Mungus? _ele perguntou por fim, erguendo uma sobrancelha, desconfiado.
Sírius sorriu para ele. _Não.
Então o Sr Potter deu um passo para o lado, abrindo passagem. _Anda. Antes que sua tia apareça.
Sírius sorriu ainda mais abertamente e entrou rapidamente no galpão. A Sra Potter não era exatamente sua tia, mas ele tinha tanta afeição por ela, e ela por ele, que se consideravam e se tratavam assim havia muito tempo. E o Sr Potter estava absolutamente certo ao pensar que se ela o visse ali, não hesitaria nem meio segundo em despachá-lo de volta a Hogwarts, com uns bons puxões de orelha.
O Sr Potter era diferente. Era sempre ele quem encobria o filho e os amigos durante as férias. Ele nunca dissera nada, mas Sírius apostava o carburador da moto que ele tinha sido igualzinho a eles durante a adolescência.
Não demorou a achar a moto, guardada sob uma lona branca no fundo do galpão. _E aí, Sininho*? _ele perguntou, descobrindo a moto e acariciando-a _Com saudade de ganhar os ares?
A moto não respondeu, mas Sírius desculpou-a por isso.
Sentou-se sobre ela e deu a partida. O motor roncou baixinho, indicando que Sininho dava sinais de vida, e depois explodiu sonoramente, quando Sírius acelerou mais.
Imediatamente, ele se sentiu tomado de um êxtase que só experimentava quando estava com a moto. Ou com Bella.
Acelerou mais, sentindo a moto vibrar mais sob seu corpo. Soltou o freio, quando o Sr Potter terminou de abrir as portas do galpão, e a moto disparou, empinando na roda traseira e deixando um rastro de fumaça para trás.
Sírius saiu para o céu aberto e deixou a moto cair sobre as duas rodas com um baque. Inclinou-se, segurando a direção com as duas mãos e sorriu. Olhou pelo retrovisor para o Sr Potter, que diminua rapidamente junto com o galpão, e fez um sinal de agradecimento. Depois, deu uma guinada para a esquerda, saindo da propriedade por uma abertura na cerca viva, e entrando em uma larga estrada de terra.
Deixando a moto planar sozinha pelo terreno, ele pegou o capacete preto e reluzente ainda preso ao baú, e enfiou-o na cabeça. Acelerou mais. Sentiu o vento batendo contra a jaqueta, a terra triturada sob as rodas batendo em seus tênis. A trilha seguia contínua e reta a sua frente, enquanto a moto ganhava cada vez mais velocidade. 200 km/h. 220. 330. Quando o velocímetro atingiu a marca de 250 Km/h, Sírius puxou o guidão, fazendo a moto embicar para cima e voltar a rodar apenas com a roda traseira.
Mas, no milésimo de segundo seguinte, a moto traseira também deixou o chão, e a moto começou a subir em uma vertiginosa linha oblíqua.
Apertando um botão no painel, a moto ficou invisível. Antes de desaparecer também, Sírius sorriu mais uma vez sob o capacete.
***
Thiago estava quase azul de raiva. Quando descesse dali, ia dar, pessoalmente, um soco em cada uma das caras azedas dos marotos.
Que raios de amigos eram esses? Estava jogando há cinco minutos e o único que se dignara a aparecer até agora fora Pedro, balançando, sozinho, uma bandeirinha vermelha, olhando a toda hora para a arquibancada da sonserina, tremendo de medo de ser pego ali sozinho, sem Thiago, Sírius ou Remo para defendê-lo.
Muito, muito aborrecido e zangado, Thiago voltou sua atenção ao campo, disposto a não perder nem mais um segundo para agarrar o pomo e ir atrás dos amigos. E, exatamente por isso, não viu Remo Lupin e Sírius Black aproximando-se pela lateral do campo, acompanhando discretamente um grupo de alunos retardatários da sonserina.
Remo estava absolutamente constrangido. Primeiro que nunca tivera um elfo na vida. Então, não estava acostumado com alguém obedecendo outra pessoa assim tão cegamente, a não ser que ele contasse os alunos do primeiro ano que obedeciam ao Thiago e ao Sírius quando eles o ameaçavam com magia negra (como se algum dos dois soubesse realmente fazer alguma).
Em segundo lugar, nem se podia dizer exatamente que Monstro estava o obedecendo. Ele estava simplesmente bancando a sombra! Cada passo que Remo dava, Monstro estava atrás. Se ele erguia um braço, Monstro erguia também.
Sírius era maluco! Era óbvio que alguém ia notar esse comportamento estranho.
Mas ele não contava com a possibilidade de algo ainda pior acontecer.
Quando chegaram à borda do campo, os alunos da sonserina que seguiam a sua frente pararam para olhar o jogo. Remo olhou também (e Monstro imitou-o) e identificou o motivo da careta de desprezo que eles faziam: Thiago já seguia velozmente o pomo.
_Esse Potter, maldito convencido! _ele ouviu Régulos Black murmurar a sua frente _Queria que esse fedelho caísse da vassoura!
Monstro baixou o rosto, imediatamente, os olhos brilhando de admiração e afeto. _Seu desejo é uma ordem, Amo. _ele murmurou com a voz exultante, feliz por seguir a ordem de um Black que ele realmente apreciava.
Remo virou-se imediatamente para ele, os olhos arregalados e o rosto branco. Régulos e os sonserinos viraram-se, também, as expressões intrigadas e as testas franzidas.
_Como é? _Régulos perguntou, sem entender a piada.
Mas Monstro não respondeu. Com um sorriso que chegava até os cantos das orelhas (ninguém nunca tinha visto tantos dentes de Sírius de uma só vez), ele passou por todos eles correndo, parou no campo coberto de neve e ergueu a mão.
_Não!! _Remo gritou, avançando a frente, mas não foi rápido o bastante. Um jato de luz vermelha saiu das mãos de Monstro, na direção da vassoura de Thiago. Remo viu toda a cena como se ela desfilasse em câmera lenta diante de seus olhos. Viu as bocas abertas de Régulos e seus amigos. Viu todas as cabeças nas arquibancadas virando-se para ver de onde vinha aquilo. Viu Thiago, vendo a luz se aproximando pela sua visão periférica e desviando, no último segundo. E, por fim, viu a coisa toda se descontrolar.
_Eu derrubo! Eu derrubo! _Monstro começou a correr pelo campo, lançando sucessivos feitiços para o ar _Sai da frente, que eu derrubo!
_Não!! _Remo começou a correr atrás dele _Você não pode fazer isso, Sírius mandou você se comportar! Mandou você me imitar!!
_Mas Mestre Régulos mandou o fedelho cair da vassoura! _e lançou mais um feitiço _Eu vou tirar o fedelho da vassoura para o Mestre Régulos!! _e pulou para fora do alcance de Remo, que ensaiou um falhado salto para capturá-lo e caiu de cara na neve.
_Ele não mandou! _Remo levantou-se e bateu a neve dos joelhos da calça. Estrondosas gargalhadas explodiam de todos os lados das arquibancadas, enquanto Monstro, com a aparência de um perfeito Sírius Black, continuava pulando de um lado para o outro tentando acertar Thiago, que precisava fazer piruetas no ar para evitar os feitiços. Os sonserinos que estavam na beirada do campo tinham lágrimas nos olhos e se seguravam uns nos outros de tanto rir. Tudo que eles podiam ver de onde estava era um Sírius Black, aparentemente bêbado e com uma expressão de abitolado, tentando derrubar o melhor amigo da vassoura em pleno jogo de quadribol e um Remo Lupin correndo atrás dele feito uma babá em crise. _Ele disse que queria, não mandou você fazer nada.
_Não tem diferença. _ele cantarolou alegre, lançando mais feitiços.
Ele ia matar o Sírius real.
Thiago tinha tentado com bastante empenho desviar dos feitiços sem perder o pomo de vista. Até conseguiu, durante algum tempo, mas a última manobra que tivera que fazer dera a oportunidade que o pomo precisava para desaparecer novamente.
_Sírius, seu filho da... _ele resmungou, com uma expressão furiosa e virou a vassoura para o campo _Que droga de uísque você andou tomando? Eu vou quebrar a sua cara...
Remo viu quando Thiago virou-se e embicou a vassoura para baixo. Ele desceu feito um tiro, na direção de Monstro.
_Vem, vem. _Monstro sacudiu os dois punhos fechados _Vem, que eu derrubo!
_Não bate nele! Não bate nele! _Remo foi correndo atrás da vassoura _Ele não sabe o que faz!
Thiago virou-se para trás, para dar uma resposta bem mal-criada para o amigo. Mas, quando fez isso, viu o pomo de ouro, planando a centímetros da orelha de Remo, e o outro apanhador, ocupado demais rindo com os companheiros de time, não percebeu.
Thiago fez um giro de cento e oitenta graus e inclinou-se na vassoura para ela ir mais rápido. Viu Remo arregalar os olhos, sem entender, achando que Thiago ia atacá-lo. E viu, pelo canto do olho, Sírius lançando-lhe mais um feitiço.
Só então notou. Ele fazia isso sem varinha.
E entendeu finalmente que aquele não era Sírius Black. Porque Sírius não sabia fazer isso.
Longe de ter tempo para imaginar quem era aquele, Thiago desviou, soltou as mãos da vassoura e ergueu-se sobre um joelho, pronto para ficar em pé.
Assim que mais um feitiço de Monstro estalou a suas costas, ele saltou. O feitiço passou por baixo de seus pés, antes de ele voltar a vassoura, em pé, como se estivesse surfando.
A torcida da grifinória explodiu em berros e aplausos, e somente então os demais jogadores prestaram atenção no que ele estava fazendo. O apanhador do outro time olhou para baixo e a expressão de riso em seu rosto se transformou imediatamente em pavor. Ele embicou a vassoura para baixo, mas nem toda a força da gravidade do mundo o ajudaria a chegar a tempo.
Thiago separou os pés, mantendo a vassoura em equilíbrio, usando seu aguçadíssimo reflexo para desviar dos feitiços que Monstro lançava, saltando ou abaixando. Conseguiu se equilibrar até chegar bem perto do pomo que, percebendo-o, tentou alçar vôo.
Thiago saltou assim que o pomo subiu acima do nível de sua cabeça. Seus pés deixaram a vassoura, que traçou uma linha oblíqua até o solo assim que perdeu seu piloto, e ele lançou-se, com os braços estendidos, em uma queda livre.
Todos na arquibancada se levantaram. Remo prendeu a respiração. E a mão direita de Thiago fechou-se com firmeza em torno da bolinha de ouro, antes de seu corpo despencar sobre a neve na grama.
_Derrubei! Derrubei! _Monstro ergueu os dois braços no meio do campo, comemorando. As pessoas na arquibancada achavam que ele comemorava a vitória da Grifinória, de 320 a 90 pontos.
Thiago levantou sem se importar com a neve que entrava em suas vestes de quadribol e voou para o casaco de Monstro. _Quem é você? _ele bradou, segurando a frente da blusa e sacudindo o elfo. Nem se importou com os professores que já desciam as arquibancadas, prontos para separá-los e suspende-los.
_Thiago, solta. _Remo aproximou-se, tentando puxar Thiago pela manga.
_Sírius. Sírius Black. _Monstro balbuciou, com uma expressão impassível.
_Nos seus sonhos, seu miserável, maldito, o que você fez com o meu amigo?!
_Thiago, solta ele! _Remo exclamou com mais ímpeto, puxando-o novamente e conseguindo afasta-lo do elfo _Eu vou explicar, Pontas. _ele sibilou, segurando-o pelos ombros e empurrando-o para trás _Vai se trocar, que eu explico assim que a gente voltar para o salão.
Thiago fechou a cara e caminhou alguns passos andando de costas, antes de se virar e sair batendo os pés até o vestiário.
Nenhum deles reparou na proximidade de Régulos Black, que ouvira cada palavra que eles diziam.
Sem entender e com uma expressão intrigadíssima, ele se aproximou do Sírius Black, ainda no meio do campo, com uma mão na cintura e outra na testa, sacudindo levemente a cabeça, como se estivesse preocupado.
Um rápido olhar para o lado lhe fez constatar que Remo fazia exatamente a mesma coisa.
Aproximou-se mais. Suas sobrancelhas estavam franzidas, a testa vincada. Não conseguia entender. Tinha algo de muito estranho naquela atitude. Algo que... Algo que ele dissera.
Ele o chamara de Amo?
_Monstro? _ele chamou, baixinho, uma luz acendendo-se de repente em sua cabeça.
A imagem de Sírius retesou-se, parando de imitar Remo temporariamente e começando a tremer. Ele não podia atender. Sírius tinha mandado ele não ser o Monstro. Mas era o sangue de um Black chamando.
Aquela foi a confirmação que ele precisava. Remo virou-se e, vendo o que ele estava fazendo, apressou-se a tirar Monstro dali, agarrando-o pelo braço e puxando-o pelo campo.
Foi a gota de água. Maldito Sírius Black. Como ele se atrevia a envolver Monstro em seus vandalismos? Um elfo bebê? Um elfo bebê que mal podia se negar a... A não participar dessa... Dessa sujeirada toda!
Ele ia matar o irmão quando o encontrasse.
***
Lílian Evans nunca tinha feito nada de errado. Não devolvia livros à biblioteca fora de prazo. Não mentia. Não quebrava regras. Nem falava de boca cheia.
No entanto, veja as voltas que o mundo dá. Depois de anos e anos com uma ficha estupendamente sem máculas, ela começou a andar com os marotos e sua rotina começou a incorporar atividades como mentir, roubar mapas, fugir da escola...
E ali estava ela, na mais recente de suas atividades ilícitas. Ainda com as vestes da enfermaria, enrolada em um cobertor e usando galochas de chuva que achara no armário de vassouras, Lily tinha acabado de chegar à beirada do campo quando Thiago saltou e agarrou o pomo.
Ela vibrou, contente por, finalmente, poder sentir que aquela vitória era também dela. Contente por ter decidido escapar da enfermaria para compartilhar aquele momento com ele. Por poder vê-lo altivo e seguro, como ele não ficava em nenhum outro lugar que não fosse em um campo de quadribol.
Ela o amava. Amava todas as idiotices que vinham no pacote junto com aquela altivez toda.
Viu quando ele começou a brigar com Sírius no meio do campo e quando Remo despachou-o para o vestiário.
Ela não quis interferir para que os professores não a vissem. Mas quando ele saiu de campo, ela se esquivou por baixou das arquibancadas e seguiu-o até o outro extremo, onde ficava o vestiário da Grifinória.
***
Thiago entrou no vestiário ainda deserto, já que toda a equipe ainda comemorava a vitória no campo, batendo as portas de entrada e de todos os armários que estavam abertos, só pelo simples prazer de fazer barulho.
Chutou as botas de quadribol para baixo de um banco e estava arrancando a blusa do time pela cabeça quando ouviu um barulho vindo de um dos boxes. Virou-se rapidamente, ao mesmo tempo em que enfiava a mão dentro de seu armário e pegava sua varinha.
Uma aluna com o uniforme da grifinória de cabelos loiros e curtos cruzou o banheiro e sentou-se no banquinho de madeira. Ela estava sem o casaco de frio e tinha um sorriso curto e insolente. Thiago ficou encarando-a por alguns instantes, antes de jogar a varinha de volta no armário e fechar a cara novamente.
_Vai assustar sua avó, Alisha.
_Que grosseria, Thiago. _ela fez um bico, fingindo ultraje, levantou-se e começou a caminhar até ele _Quem vê até pensa que eu nunca vim aqui.
_E quem vê você entrar aqui como se fosse do time nem imagina que a última vez que você esteve aqui foi no ano passado, não é mesmo?
_Você não me convidou mais. _ela choramingou, e segurou seu braço, que estava a caminho de vestir outra camisa.
Thiago encarou-a friamente. _Talvez eu não a queira mais aqui.
Foi o suficiente para Alisha solta-lo e para ele vestir a camiseta. Thiago sempre fora apaixonado por Lílian Evans. Sempre. Mesmo enquanto ela insistia em xingá-lo, quando insistia em tirar-lhe pontos, ou pior, quando insistia em fazer de conta que ele não existia. E ele podia dizer que seu coração sempre se mantivera fiel a esse sentimento.
Mas seu corpo não podia dizer tanto assim.
Durante os anos que passara em Hogwarts, Thiago se acostumara a atrais todos os tipos de atenção por onde passava. Das inteligentes, que gostavam do jeito como ele parecia saber de tudo e ser bom em todas as matérias, sem estudar. Das extrovertidas, que morriam de rir de suas piadas. Das tímidas, que admiravam a maneira como ele se destacava e se sobressaía em qualquer lugar.
E das Alishas. Que se deliciavam com o fato de que ele era lindo e cobiçado e que idolatravam os músculos que ele desenvolvera como apanhador. Thiago era um adolescente. Às vezes seu corpo ignorava seu coração e ele cometia alguns erros.
Alisha era um erro cometido repetidas vezes.
Mas que ele nunca mais ia cometer.
_Alisha, eu estou com a Lílian. _ele acrescentou, fechando o armário com mais sobriedade e calma.
_Eu sei, já conheço o discurso. _ela revirou os olhos _ “Eu amo a Lily, meu coração é da Lily e blá, blá, blá.” _e sorriu para ele _Mas eu sei, já entendi as regras do jogo, Thiago. Eu nunca liguei, liguei? _ela voltou a se aproximar e enroscou seu braço em seu pescoço, erguendo o outro para fazer o mesmo.
Thiago agarrou seu pulso antes que ela pudesse conseguir.
_Estou falando sério. _ele retrucou _Estou com a Lílian, a amo muito, e nunca a magoaria. Portanto, tira as mãos de mim, agora, e fora daqui, porque eu preciso trocar de roupa.
_Não tem nada embaixo de seu uniforme que eu já não tenha visto.
_Alisha, eu não estou brincando...
_Acha que me engana, Thiago? _ela puxou o braço que ele segurava, irritada _Arruma uma desculpa melhor para me dar um fora. Você com Lílian Evans... _ela fez um som de deboche _Lílian nunca olharia para você dessa forma. Ela despreza qualquer garota que o admire. Ela se sente imensamente feliz em insultá-lo e em aconselhar as garotas mais novas a ficarem longe de você. Caramba, Thiago, como é que você não enxerga isso e desencana logo de uma vez?
Thiago sentiu algo extremamente gelado deslizando por todo seu corpo. Sabia que era verdade. Mas se forçou a lembrar que as coisas tinham mudado. Tudo tinha mudado.
_Você não tem que acreditar em mim. _ele deu de ombros _É só ir embora. _e virou-se, novamente, para o armário.
Mas Alisha ainda mantinha um braço passado por seu ombro. Ele mal se virara para o armário e ela o puxou novamente, avançando um passo, roubando-lhe um beijo e segurando seus ombros como se sua vida dependesse disso.
Thiago, distraído e pego de surpresa, retrocedeu um passo, tentando se soltar, e bateu de costas no armário. Não teve tempo para mais nada. Somente para ouvir o som de seu corpo batendo na porta de ferro do armário. Da porta do vestiário abrindo. Do vento entrando.
E de uma exclamação de susto e de horror.
Empurrou Alisha com força, sem se preocupar se isso a machucaria, e ela caiu sentada no banco de madeira. Lílian estava parada na porta, uma mão segurando o cobertor da enfermaria sobre os ombros. A outra cobrindo a boca, que se abrira em um esgar de surpresa.
Eles ficaram incontáveis segundos estáticos, tentando ler alguma coisa a mais nos olhos um do outro. Ela procurando explicações nas quais não sabia se acreditaria. Ele, procurando algum meio de fazê-la entender.
_Lílian... _ele quebrou o silêncio e deu um passo a frente, com a mão estendida, buscando-a. Sabendo que quando a tocasse ficaria tudo bem. Tudo se encaixaria. Eles perceberiam que, na verdade, isso não passava de um pesadelo. A verdade é que ele ainda estava na cama dormindo. Nem tinha jogado.
Mas ela não o deixou chegar a isso. Quando ouviu seu nome, lágrimas começaram a brotar instantaneamente de seus olhos. Virou-se, abruptamente, e saiu do vestiário correndo. Não queria que ele visse. Não queria que ele descobrisse o efeito que tinha sobre ela. Já era devastador demais ela saber desse efeito.
_Lílian! _ele gritou, lançando-se para a saída e deixando Alisha sozinha.
Atropelou três companheiros de time na porta, que o olharam confusos, mas ele sequer olhou para trás para se desculpar.
Tudo que ele enxergava a sua frente era o cobertor sendo arrastado pela neve e que ele precisava de qualquer maneira alcançar. Sentiu as meias se encharcarem na neve e os pés congelando. Mas não ligou. No momento, não podia ligar. Porque se ele não conseguisse alcançar Lily, nada mais importaria.
Lílian cambaleava perdida pelo meio do campo de quadribol, enquanto várias cabeças se viravam intrigadas para olhá-la. Não era todo dia que se via uma monitora chefe com galochas de chuva arrastando um cobertor pela escola.
Sentia-se uma idiota. Uma idiota sem rumo, porque nos últimos dias ela se apoiara tanto em Thiago que não se lembrava de como era se equilibrar emocionalmente sem ele.
Justo ela. Sempre tão independente. Sempre tão focada e tão racional.
No que ela tinha se transformado? Merlin, no que ele tinha a transformado?
Chorou mais.
No minuto seguinte, Thiago a alcançou e puxou seu braço, fazendo-a se virar. Uma pequena horda de curiosos já se amontoava ao redor.
_Lílian, eu posso explicar! Não foi nada daquilo que você...
_EU NÃO QUERO OUVIR! _ela gritou, tão alto que as pessoas mais próximas se afastaram um passo. Seu rosto estava lívido e lavado de lágrimas _Não quero ouvir as mentiras que você vai contar, não quero saber que truques você vai usar! Não quero OUVIR sua voz! Não quero NEM VER VOCÊ! _ela virou-se, para continuar sua caminhada até o castelo, mas ele segurou seu braço e puxou-a novamente, uma expressão desesperada.
_Lílian você precisa me...
_NÃO TOCA EM MIM!! _ela gritou novamente, erguendo as duas mãos, para longe das dele _Eu estou com nojo de você, Thiago, nojo!!
Thiago afastou as mãos e ficou um segundo parado, desestabilizado. Foi o suficiente para Lílian se virar, voltar a andar e para Bertran Aubrey, o monitor chefe, sair do meio da multidão e ir até ela.
_Oh, Lílian, veja só como você está... _ele murmurou, tirando a capa de frio e jogando sobre seus ombros (o que, Thiago observou imediatamente, era absolutamente desnecessário, já que o cobertor encantado que ela carregava era o bastante para aquecer uma geleira) _Deixe que eu ajude você sim... _e passou um braço por sua cintura.
_Tira, agora, seu braço daí se quiser continuar com ele inteiro, Aubrey! _Thiago exclamou, indo atrás deles.
_Desculpe, algum problema, Potter? _ele perguntou, olhando para trás por cima do ombro.
_’Tá brincando? Você não está vendo que isso aqui é uma conversa de namorados?
_Sério? Parece bastante com uma conversa de ex-namorados. _ele ironizou, e riu sozinho da própria piada.
_Tira. Suas mãos. Daí. _ele rilhou os dentes, falando baixo e pausadamente _Eu não vou mandar de novo. Ela é minha namorada, vai comigo ao baile e...
_Ah, agora é você que só pode estar brincando. _Lílian desistiu de tentar puxar Aubrey para longe e voltou para a conversa _Acha que eu sou sua namorada depois disso? Acha que eu... _ela fungou _Acha que eu vou ao baile com você?
Thiago abriu a boca para responder, mas Aubrey passou a sua frente. _Ah, Lílian, que bom saber que você não vai ao baile com ele. Quer ir ao baile comigo?
Thiago franziu a testa. _Escuta, você não tem amor a sua vida, não? Isso foi um mal entendido, foi um engano, é óbvio que ela vai perceber o erro que está cometendo e vai me...
_Que eu estou cometendo? _Lílian sufocou com as palavras e apontou dramaticamente para si mesma _O que foi um engano, Thiago? Você se enganou ao achar que eu estava bem presa na enfermaria e que, portanto, podia curtir a vontade. Foi esse o mal entendido? _lágrimas deslizavam silenciosamente por sua bochecha.
_Lílian, estou congelando. _ele falou com uma voz atipicamente suplicante _Volte comigo para o vestiário para eu poder...
_Sabe, Aubrey, eu vou ao baile com você, sim. _e virou-se para ir embora novamente.
_Ah, Lily, não sabe o prazer que me dá. _ele respondeu, com um sorriso exultante. Thiago respirou bem fundo.
_Olha aqui, estou morrendo de frio e extremamente irritado. É bom você retirar esse pedido agora, ou eu vou...
_Vai o quê? _Aubrey perguntou, mas não lhe deu tempo para responder. Virou-se e começou a seguir Lílian.
Se não tivesse se virado, teria visto a expressão de fúria assassina no rosto de Thiago.
_Levi corpus! _Thiago exclamou, puxando a varinha que, por instinto, tinha lembrado de pegar. Aubrey berrou, ao ser alçado do chão pelo tornozelo.
Lílian virou-se, os olhos arregalados, e olhou para o colega metros acima de sua cabeça. Quando se deu conta do que estava acontecendo, voou para cima de Thiago.
_Chega, Thiago, pára! _ela pediu, voltando a chorar, segurando sua camisa _Já não é o bastante o que fez comigo?
_Está frio aí em cima, Aubrey? _ele perguntou, sem dar atenção _É só retirar o pedido, que eu desço você.
_Ora, está louco se acha que eu sou covarde o bastante para... _Thiago subiu-o mais alguns metros _Aaaahhh!!! _ele gritou com força. Lílian soltou Thiago e virou-se assustada para ele _Socorro, Lílian, ele vai me matar!
Lílian sacou a própria varinha e tentou desce-lo, mas não conseguiu fazer isso com Thiago mantendo o feitiço. Seus poderes ainda estavam muito fracos.
_Retira o pedido?
_Nunca, eu... _Thiago suspendeu o feitiço por um milésimo de segundo, fazendo-o despencar alguns metros, antes de pará-lo no ar novamente, e ele explodiu novamente em um grito.
_Está louco?! _ela virou-se novamente para ele e agarrou sua camisa, as lagrimas correndo livres por seu rosto _Vai matá-lo!
_Claro que eu vou matá-lo, acha que eu ia deixar vivo por aí um cara que pensa que vai levar você ao baile? _ele subiu mais alguns metros _Desistiu de levá-la ao baile?
_VOCÊ É UM LIXO, POTTER! _Aubrey gritou _AINDA BEM QUE LÍLIAN VIU ISSO AGORA. VOCÊ NÃO A MERECE. ELA É BOA DEMAIS PARA VOCÊ!
As palavras martelaram fortemente em seus ouvidos e em seu coração. Porque ele já tinha ouvido aquilo vezes demais. Já não agüentava,
_CUIDA DA SUA VIDA, AUBREY! _ele gritou de volta _QUE TAL, TENTAR ISSO, UMA VEZ?
_ELA PODE FAZER PARTE DA MINHA VIDA, SE QUISER!
_Cara, eu vou ACABAR com você! _Thiago o soltou mais uma vez em uma queda livre de um segundo. Aubrey voltou a gritar.
_AAAAAHHH!!! Eu retiro, eu retiro! _ele gritou desesperado. As pessoas ao redor riram. Lílian sentiu o estômago afundar de horror e vergonha. Agora mais essa, além do que ele já tinha feito, ainda a fazia ser rejeitada na frente de todos. _Mas ela não ama você, Thiago! Nunca vai amar!
Mas no lugar de descê-lo, ele o subiu ainda mais. _Você vai ENGOLIR CADA PALAVRA DISSO!
_CHEGA!! _Lílian voltou para Thiago e segurou seu rosto com as duas mãos. O cobertor escorregou por um de seus ombros, ficando debilmente preso ao outro. Seu rosto estava inchado e os olhos congestionados. Sua expressão traduzia um desespero e um sofrimento que Thiago achou nunca ter visto antes _Eu odeio você! Você me machucou, Potter, mais do que aquela cobra em Hogsmeade, mais do que Severo Snape quando me trocou pelos comensais, mais do que eu achei que alguém poderia. E eu o odeio por isso! Eu nunca serei capaz de amá-lo depois disso, portanto, desça-o, você não pode castigá-lo por dizer a verdade.
Thiago deu um passo para trás, chocado, uma expressão totalmente estarrecida.
Ficou alguns segundos encarando-a dessa forma. Então, baixou a mão da varinha e virou-se.
Aubrey gritou mais uma vez, em queda livre, antes de Lily virar-se rapidamente e amparar sua queda com sua varinha.
Thiago saiu abrindo espaço entre as pessoas, com os ombros curvados. Não ia ficar ali para assistir o fim de sua guerra perdida.
Mas quando viu que duas pessoas a sua frente não se moviam para ele passar, ele ergueu os olhos.
Severo e Slughorn, o único professor ainda presente no campo, estavam parados, assistindo a toda briga, e agora o encaravam com idênticos sorrisos de superioridade e satisfação.
_Eu disse que você ia acabar machucando-a, Potter. _Slughorn murmurou _Disse que você jamais conseguiria ser bom e íntegro o bastante para ela. Que você não conseguiria mudar por ela.
Thiago fumegou. Seus olhos se apertaram e suas mãos se fecharam.
Então ele passou pelo meio dos dois, empurrando-os com os ombros.
Sequer olhou para trás quando ouviu o baque surdo de um corpo caindo na neve. Achou que era Aubrey caindo. Se tivesse se virado teria visto que Lílian utilizara suas últimas energias para diminuir a velocidade da queda de Aubrey. E que, ainda debilitado por causa do veneno e exaurido pelo frio e pelo cansaço, seu corpo não agüentara, e agora jazia desmaiado no chão, enquanto várias pessoas corriam para pedir ajuda e Slughorn corria para ela, desesperado, medindo a temperatura de sua aluna preferida.
***
Thiago entrou no salão comunal da grifinória batendo o retrato da mulher gorda na parede e atravessou-o com uma expressão furiosa.
Remo e Sírius estavam sentados em poltronas, em um dos cantos mais afastados. Remo tinha o cotovelo apoiado no braço da poltrona e a cabeça apoiada na mão. Sírius estava exatamente igualzinho.
_É bom você ser uma pessoa que eu gosto, cara. _Thiago aproximou-se, apontando para a figura de Sírius. Remo ergueu a cabeça e Sírius também _E que tenha um bom motivo para estar fingindo ser o meu melhor amigo, porque eu estou morrendo de vontade de bater em alguém.
_Já ouviu falar em ser discreto, Pontas? _Remo perguntou _É super útil quando não queremos que as pessoas descubram algo. Senta aí. _ele indicou a cadeira à frente.
A contragosto e ainda bufando, Thiago sentou-se. Remo curvou-se a frente (Sírius também).
_Thiago, este é o Monstro. _ele apontou, solenemente para o Sírius sentado ao seu lado _Ele é um elfo da família Black.
Thiago ergueu as sobrancelhas. _E isso é o quê? A revolta dos elfos? Os elfos estão tomando o lugar de seus amos?
_Que imaginação fértil. Não é mais fácil imaginar que nosso querido amigo Almofadinhas resolveu dar uma voltinha e, para que ninguém percebesse, deixou um elfo, tomando poção polissuco, em seu lugar.
Thiago encarou o teto, pensativo. _É... Faz sentido. _e voltou a encarar Remo _Mas aonde ele teria preferido ir ao invés de ir assistir ao meu jogo.
_Buscar Belatriz. Ele descobriu onde ela está.
_Ele descobriu? Onde ela está? _Por um segundo ele esqueceu-se que estava bravo para se sentir genuinamente surpreso _Como ele descobriu onde ela estava? Estão todos procurando por ela!
_Aquele caderninho que eles usavam, sabe? Que ele costumava levar para cima e para baixo? Pois é, ela entrou em contato com ele através dele...
Thiago apertou os olhos. _O que diabos ela estava fazendo com o caderninho quando aparatou? Achei que ela e Sírius não estavam mais se falando.
_É uma pergunta que você vai ter que fazer para ela. _ele deu de ombros _Mas, resumindo, Sírius colocou o Monstro no lugar dele e foi atrás dela no Arizona.
_Arizona? _ele perguntou arqueando as sobrancelhas _Como ele pretende chegar ao Arizona?
_De moto. _Remo fez uma expressão entediada.
_De moto? _Thiago ergueu as sobrancelhas novamente. _Por cima do oceano? _Remo fez que sim com a cabeça _Cara, como ele pôde? _Thiago se recostou na poltrona, indignado _Fugir da escola e atravessar o oceano em cima de uma moto? _Remo deu um sorriso iluminado. Finalmente alguém além dele via a maluquice nisso tudo _Sem esperar por mim? _ok, talvez não. O sorriso se apagou _Estou muito desapontado.
_De qualquer forma, não acho que isso seja o motivo para você estar tão irritado, certo?
A expressão de fúria não voltou ao seu rosto. Ao invés disso, suas mãos apertaram o braço da poltrona e ele se pôs a encarar o teto. Depois da raiva e da ira, era isso o que lhe sobrava. Tristeza, dor e frustração. _Certo. _ele respondeu desanimado.
_E o que houve?
_Alisha foi atrás de mim no vestiário. _Remo fez uma careta _E Lílian também. _ele franziu o nariz e Thiago cobriu o rosto com as duas mãos _Cara, eu vou matar a Alisha quando ela aparecer aqui.
_O que ela fez? Quer dizer, Lílian viu alguma coisa?
_Se ela viu alguma coisa? _Thiago voltou a se sentar direito e tirou as mãos do rosto _Ela viu tudo. Alisha me agarrou, Remo. Juro, juro pela minha vida, que eu não queria nada com ela, mas ela me beijou. E a Lílian chegou bem na hora.
_E ela não acreditou em você... _Remo imaginou o final da história.
_Foi pior do que você pode imaginar. Além de ela não acreditar, aquele idiota do Aubrey convidou-a para ir ao baile com ele e ela aceitou. _então ele baixou a cabeça _Ela disse que me odeia.
Remo não pôde conter um sorriso. _Thiago, ela já disse que odeia você mais vezes do que deu bom dia para o Sírius, durante os sete anos de Hogwarts.
_É diferente desta vez. _ele ergueu o rosto novamente. Remo deu um sorriso compadecido. Nunca tinha visto Thiago Potter desanimado daquela forma antes _Às vezes eu fico pensando se eles não têm razão... Todas as pessoas que dizem que nós não combinamos, que nunca vamos ficar juntos...
_Pontas, se você pensar dessa forma, e desistir, aí que vocês não vão ficar juntos mesmo.
Thiago esfregou os olhos. _Vou para o dormitório. Acho que você devia fazer o mesmo. Se fingir que está dormindo, Monstro dorme também e você se livra dele. _e se levantou.
_É... _Remo se levantou também e Sírius imitou-o _Acho que é o melhor jeito de passarmos despercebidos até o Sírius voltar. _E começou a caminhar na direção da escada em caracol.
Do outro lado da sala, Tonks torcia as mãos sobre o colo. Decidira que ir contar a ele. Não podia mais conviver com isso. Não podia permitir que Remo amasse uma mentira.
Estava com medo. Estava com tanto medo que seus olhos se enchiam de lágrimas toda vez que ela pensava no que tinha que fazer.
Mas ela começara com isso. Ela inventara todo esse absurdo, apenas para ter a oportunidade de passar mais tempo com ele.
Valera a pena?
Valera a pena mentir para alguém que ela amava tanto? Valera a pena, mesmo sabendo o que viria a seguir? Toda a dor que ela iria sentir, toda a dor, toda a raiva, todo o ódio que ele ia sentir? Valera pelas horas que eles passaram juntos, pelo beijo que, ela sabia, se não fosse dessa forma, ela nunca provaria?
Não sabia dizer.
Mas justamente quando ela resolve contar a verdade, seu primo decide grudar em Remo Lupin feito um carrapato. E ela não podia contar com ele por perto. Simplesmente não podia.
Respirou profundamente, contendo muito mal um soluço, e deixando algumas lágrimas escaparem. Remo, já no primeiro degrau da escadaria, virou-se.
_Hei, Tonks. _ele virou-se, aflito, e foi até ela, ajoelhando-se a frente de sua poltrona _Está tudo bem?
Sírius foi atrás dele e fez o mesmo. Tonks fungou mais uma vez. Era assim, não é? Uma hora ele a expulsava, e quando ela queria que ele sumisse, ele resolvia bancar o primo preocupado.
_Posso falar com você, Remo? _ela pediu com uma voz baixinha, antes que perdesse a coragem _Só com você?
Remo fez uma expressão penalizada. _Tonks, Sírius é seu primo, tenho certeza que ele está preocupado também.
_Só você, Remo. _ela insistiu, com a voz chorosa _Quero falar só com você.
_Tonks, sinto muito, de verdade. Não posso pedir para o Sírius ir embora, assim. Não hoje. Ele... Ele está meio chateado com algumas coisas, sabe? Não posso fazer isso com ele hoje. Mas pode falar, tenho certeza que ele será compreensivo e discreto.
Tonks não entendeu. Nunca vira Sírius agindo daquela forma antes. Mas não estava com ânimo para tentar entender.
_Não posso, sinto muito. _ela murmurou, se levantando e saindo correndo da sala _Não posso.
E deixou um Remo e um Sírius com idênticas expressões de surpresa para trás.
***
Bella estava deitada sobre o capô do carro da família, encarando o céu. Aquilo era totalmente diferente de qualquer coisa que já tinha visto antes.
Na Inglaterra, as cores eram mais frias. Tendiam sempre mais para o azul escuro, cinza chumbo, gelo. Ali, tudo era alaranjado!
O céu, a areia que se estendia até onde sua vista alcançava, o sol forte, as formações rochosas. O sol já estava se pondo e Bella ficava olhando compenetrada enquanto ele sumia no horizonte, deixando para trás as primeiras estrelas da noite.
Alaranjadas!
Laranja, laranja, laranja.
Tudo que ela via era dessa cor, e ela jurava que estava certa.
Ou talvez fosse o calor, provocando-lhe alucinações. E provavelmente era, porque, enquanto ela olhava o sol, uma pequena sombra começou a se desenhar abaixo dele.
Deslizando sobre a areia, na direção dela.
Uma moto!
A Kawasaki preta de Sírius Black! Com Sírius Black montado em cima!
Rá! Como se isso fosse possível.
Convencida de que era uma miragem, voltou a olhar o céu. Mas Katy, a filha da família que a abrigara e que deveria ter mais ou menos sua idade, saiu pela porta do trailer e ficou olhando na direção da moto. Ou da miragem.
_Uau. _ela murmurou com a voz fraca. Somente então Bella se deu conta de que não era uma miragem e pulou do capô _Aquele é seu namorado? Será que ele não tem um irmão?
Bella fulminou-a com os olhos, enquanto Sírius se aproximava e parava a moto ao lado do carro. Sem dizer nada, ele desceu, tirou o capacete deixando-o sobre o assento da moto. Caminhou até um chuveiro externo que ficava na área de camping, abriu-o e entrou debaixo da água fria, deixando-a cair sobre o rosto e sobre a jaqueta de couro. A boca de Katy se abriu e Bella cruzou os braços.
Então ele o fechou, passou a mão pelo cabelo, enquanto caminhava até elas novamente, e, finalmente sorriu.
_Vim buscar você. _ele estendeu a mão para Bella, com um sorriso sedutor que fez Katy sentir ainda mais calor do que sentiria em qualquer outro dia, no Arizona _Eu fiquei tão preocupado com você, amor.
Katy suspirou e inclinou a cabeça, com um sorriso terno nos lábios. Que romântico. Eles pareciam tão lindos juntos. Combinavam tanto. Ela mal podia esperar para ver o desfecho dessa história.
_Seu cretino, infeliz! _Bella exclamou de repente _Eu peço ajuda e tudo que você me traz é essa lata velha?! Quer que eu volte para casa nisso?!
O sorriso de Sírius não sumiu, mas o queixo de Katy caiu novamente.
***
Nas: Eu ia chamar a moto dele de Lady Laura! sushausuahsuahusua, mas aí eu pensei bem.... e achei Sininho perfeita!! Sino = Bells!!!! E a sininho voa!!!! :D
rsrsrsrsrsrs
Lari, shauahuhaushauhsa, vc viu? Sírius tem a idéia e Thiago super aprovava, neh? rsrsrs tcharam, serah q o thiago vai manter essa calma por mto tempo? ele naum eh mto do tipo que vai chorar na cama, neh? qual serah o plano hehehehe? rsrsrsrs Neeehhh, fala sério, um pedido lindo desse, e o outro covarde desistindo de ir com ela soh pro Thiago descer ele!! Nem comparação, neh? Lily bobinha rsrsrsrsrs... O Monstro, coitado, soh bancou o bobinho neh? rsrsrsrs aaaaahhh, brigadaaa :D :D Me fala o q achou do cap, tah? Bjsssss
Jack!!! Alô? rsrsrsrsrsrsrsrs agora q ela tomou coragem pra contar, tem o bonitinho do ser Monstro na cola do Remo rsrsrsrs... O destino naum colabora com ela, coitada? rsrsrsrs Aaaaahhh brigadaaaa!!! Quero tudoooo, tudo isso aí q vc mencionou!! rsrsrsrsrs Naaaau, sério q vc prefere o Ed do q o Jake? Msm de cabelo curto?? Msm sem camisaaa??? :O :O Sortuda eh a Bella com essas opções neh? rsrsrrs Me fala o q achou do cap, siiim? Bjsssss! teh maissss
Vanessa, hauhauhauha agora a Tonks ia contar, coitada, saum os planetas conspirando contra ela rsrsrsrsrs Olha a cara da amiguinha nova da Bella! Jah imaginou, chega um gato dakeles, sentado em cima de uma moto, que veio sabe-se lah de onde t buscar, aí a menina fica esperando o beijo e o viveram felizes para sempre..... e a Bella chama ele d cretino! hauhauhaua... eh d deixar qlqr um chocado! rsrsrsrsrs Oooohhh tadinho do Thiagoo, os planetas conspiram contra ele tbm :( ele se esforçando e td dah errado :( Vamos vr como ele se sai dessa ^^ Espero que tenha gostado do cap... Bjssss teh maissss
Lori, essa reação da Bella eh a última que imaginaríamos neh? E a última que teríamos tbm, diga-se de passagem neh? rsrrsrsrs O baile vem aí... provavelmente jah no prox ^^ Me fala o q achou desse tah? Bjssssss
Lilly, suahushauhsa, percebe-se q ele naum tava nem aí msm com o coitado do elfo, neh? rsrsrs Jah o Réeeeegulos, hehehehe... A Bella vai mudar de idéia rapidinho qndo ver a Katy babando no Sírius rsrsrsrs... sérioooo? Wagner Moura vindo atrás de mim :D :D nhaaamyyy!!!! rsrsrsrsrsrsrsrs adorei a idéia, naum fikei com medo naum, pode mandar sauhsuahsuahusa Imagina, se ele deu uma dessa num professor, imagina o q aguarda o tal do Aubrey hehehehe.... Aaaahh agora ela ia contar, neh? coitada, vamos dar um descontinho pra ela... (bem pekenininho rsrsrsrs) Me fala se gostou tah? bjsss
teh maissss
Genteee, se eu naum postar ateh o Natal, Feliz Natal pra tds!!!!!!!! Mt paz, saúde e q Papai Noel deixe na árvore de cada um um pacote de coisas boas, fraternidade, união e felicidade :D
(Ateh o ano novo eu posto, entaum nd de Feliz ano novo ainda rsrsrsrsrs)
coments siiiim?
bjssssssss
teh maisssss
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