Encadeando confusões



Cap 20_

           Thiago deixou o salão principal depois do café da manhã já uniformizado e pronto para jogar. Parecia feliz. Tinha um sorriso leve e subia tranquilamente a escadaria de mármore do saguão de entrada, enquanto a grande maioria dos alunos saía do castelo em direção ao gramado.


             Queria ver Lily antes de ir ao jogo. Conversara com Madame Pomfrey, mas a enfermeira se recusara permanentemente a liberar a ida da menina ao jogo. E ele queria seu beijo de boa sorte antes de ganhar os ares. Estava animado. Nunca ganhara um beijo de boa sorte antes.


             Além disso, ela ainda não sabia sobre o baile e ele estava animadíssimo para contar-lhe que eles iam juntos.


             Porque, obviamente, eles iam juntos, oras.


             Estava fazendo, distraidamente, a curva em um dos corredores do castelo, quando, literalmente, deu de cara com Slughorn.


            Seu sorriso, imediatamente, se apagou e seus olhos se estreitaram. Slughorn parecia surpreso e alarmado.


             _Potter... _ele murmurou, agitado, deixando os olhos vagarem por cima dos ombros do aluno, procurando outras pessoas no corredor. Ninguém. _O que faz aqui? Achei que tinha jogo.


            _Estou indo ver a Lílian. _ele respondeu impassível.


             _Ah, sim, Lílian Evans... _ele tirou um lenço muito branco do bolso e passou-o na testa _Fui vê-la, também, ela está bem, está bem, graças a Merlin... Bom, _e guardou o lenço novamente _Não quero prendê-lo por mais tempo, você deve estar com pressa, então, vejo-o no jogo. _e tentou passar por ele.


             Thiago deu um passo para o lado e barrou seu caminho.


            _Na verdade, professor, eu estou mesmo com pressa, mas estava mesmo querendo falar com o senhor, então acho que tudo bem me atrasar um ou dois minutinhos.


             _Sinto muitíssimo, Potter, posso tirar qualquer dúvida sua durante as aulas, agora estou com pressa. _e tentou passar, novamente. Thiago barrou seu caminho mais uma vez.


             _Não é sobre as aulas. _ele respondeu sério.


             _Então suponho que não seja do seu interesse. _Slughorn sibilou, rilhando os dentes, e passou por ele pelo espaço livre do corredor. Mal dera dois passos quando sentiu uma mão agarrando a parte de trás de suas vestes, puxando-o para trás e empurrando-o contra a parede. Prendeu a respiração e fechou os olhos, chocado. Quando os abriu novamente, Thiago o segurava pelo colarinho e o encarava com uma expressão colérica.


             _Porque o senhor? _ele sibilou, os olhos faiscando.


            _Potter, tenha modos! Eu sou professor! _ele protestou, tentando manter a voz calma e segura, mas fracassando ridiculamente.


             _Exatamente, professor. _ele respondeu, com um tom de asco na voz _O senhor é um professor. Um professor formado, com anos e anos de experiência, e que mesmo assim, deixou uma aluna, uma garota do sétimo ano, que nunca tinha duelado na vida, _ele cuspia as palavras enquanto um rubor enraivecido coloria suas faces _ficar a sua frente, na linha de tiro, em uma batalha. Sem mexer um dedo para proteger-la. Ele queria pegar o senhor, e o senhor foi covarde o bastante para deixar uma aluna, sua aluna, _ele completou apertando mais o tecido em sua mão e batendo-o contra as pedras da parede _enfrentá-lo no seu lugar. Qual é o seu problema? O que raios, ele queria com o senhor?


             _Isso não é assunto seu, Potter. _ele respondeu, desejando mais do conseguindo que sua voz não tremesse.


             _É, é sim. Lílian Evans quase morreu, e eu amo aquela menina, entendeu? E por algum raio de motivo, ela estima o senhor. Por isso ela fez aquilo. Mas se aquela droga daquele Lorde dos infernos quer alguma com o senhor, então o senhor que se vire para resolver isso com ele. Porque se Lílian se machucar novamente, por sua culpa, juro por Merlin, _ele se curvou para frente e baixou a voz. Slughorn se encolheu contra a parede _o senhor não vai querer cruzar meu caminho.


             E soltou-o. Slughorn encostou-se a parede, arfando, enquanto Thiago virava as costas e começava a caminhar pelo corredor. _Eu podia mandar expulsa-lo, Potter.


             Thiago virou-se e cruzou os braços sobre o peito. _Manda. Eu vou querer estar perto quando o senhor tiver que explicar para o diretor porque Voldemort estava procurando o senhor, e porque o senhor sequer reagiu quando ele começou a duelar com seus alunos.


             Os olhos de Slughorn se arregalaram e ele pareceu perder a fala. _Você não é bom o bastante para Lílian Evans. _ele falou finalmente, com uma voz fraca _Ela tem um bom coração. Tenho certeza que ela não se importa de ter me defendido.


             Thiago franziu o nariz, enojado. _Como o senhor pode ser tão...


             _...E você, _o professor interrompeu-o _você não tem coração.


             _O senhor nem me conhece... _ele continuou no mesmo tom, mas o professor ignorou-o.


             _E se diz tão preocupado com a segurança dela, mas acredite, Potter. Nem eu, nem Voldemort, podemos machucá-la do jeito que você pode. E do jeito que você vai machucar, porque você vai estragar tudo, você vai magoá-la. Porque você não é para ela. E você não pode mudar.


             Thiago ficou alguns segundos encarando o professor, o rosto vazio e inexpressivo. Então sacudiu a cabeça. _Você está errado. _e virando-se novamente, saiu caminhando pelo corredor.


             Dessa vez o professor não o chamou.


 ***


             Sírius ainda encarava o caderno deliciado. Ali estava. Todos, desde Alvo Dumbledore até o namorado da garota, Rodolfo Lestrange, estavam atrás de Bella Black.


             E ele era o único que tinha como encontra-la.


            Podia ser melhor que isso?


             Sim, podia, claro que podia. Ela podia implorar, quem sabe?


             Onde, diabos, você se enfiou?” _ele molhou a pena e escreveu lentamente, saboreando cada letra daquilo.


            Levou alguns segundos para a resposta começar a se formar. Mas quando começou não parou mais.


             “Arizona! No meio do deserto do Arizona! Eu nem sei em que continente fica o Arizona! Eu tive que perguntar para uma família que está passando férias em um trailer, onde eu estava. Isso depois de surgir caminhando a pé, no meio do deserto. Tive que dizer que minha moto tinha quebrado longe dali. Que raio de pessoa passa as férias em um trailer, no meio do deserto, Sírius? E eles me emprestaram um ‘felulari’. Um negócio com um monte de botões e uma antena. E disseram que era para eu ligar para alguém. Eu não faço idéia do que eles estavam falando, Sírius!! Eles queriam que eu falasse com o negócio, como se alguém fosse me ouvir do outro lado. Que sentido isso faz?! Eu nem sei se segurei esse felulari do lado certo, mas disse que tinha ligado para o meu namorado e que ele estava vindo me buscar.”


             Sírius ficou paralisado, sorrindo vagamente, com a pena da mão. Esperou alguns segundos e aproveitou a pausa para escrever.


             “Espero que o Rodolfo, seu namorado, tenha atendido o felulari dele, então, para ir buscar você.”


             Bella levou alguns minutos para responder. Seus cabelos estavam presos em um coque mal feito, em uma tentativa de amenizar a temperatura quente. Ela tirara a capa, as botas e estava descalça, sentada na areia. O calor estava insuportável. Ela andara quase a noite toda, sozinha, morrendo de medo, com fome e com sede, procurando alguma forma inteligente de vida. E ainda por cima, a única coisa que achara fora uma família de trouxas, que a olhava como se ela fosse insana e fazia perguntas inconvenientes a todo segundo.


             Decididamente, ela não estava com humor para brincadeiras.


             “Sírius, não lembro de ter dito que estava brincando. Mas se disse, desconsidere, era delírio por causa do calor. Já mencionei? Faz um calor dos infernos aqui. ENTÃO VÊ SE MANDA LOGO ALGUÉM VIR ME BUSCAR!”


             Sírius riu. Passara a manhã pensando coisas horríveis. Ela podia estar inconsciente, ferida, até mesmo (e ele sentia náuseas, só de pensar na hipótese) morta. Saber que ela estava bem o suficiente para gritar com ele era um bálsamo.


             “Espera aí, vamos com calma nas negociações. Como foi que você foi parar aí, para início de conversa?”


             “Eu aparatei, sem pensar em nenhum lugar específico. Estava em pânico, ok? Quando abri os olhos, estava aqui. E eu não posso aparatar de novo, porque eu nem sei onde estou e posso ficar mais perdida ainda. E nem posso fazer magia, se não o Ministério me detecta e eu vou acabar com muitas coisas para explicar. Portanto, estou presa. Mais alguma pergunta cretina, ou vai ter a boa vontade de me ajudar?”


             Sentiu vontade de continuar com a tortura. Mas tinha um plano em mente, e não poderia demorar a executá-lo. Bella poderia se cansar e resolver apelar para a magia de qualquer forma. Aliás, estava genuinamente surpreso por ela não ter feito isso ainda. Ela nunca fora do tipo muito discreto.


             Sem mais demora, pulou da cama e saiu do dormitório.


             Sob o sol quente do Arizona, Bella se estendeu na areia. Sírius parara de responder. Ela esperava que isso fosse um bom sinal.


             De onde estava, via a tenda listrada de vermelho e branco da família que a acolhera. Boa gente, aquela, muito chatos, mas viram uma desconhecida, toda despenteada, andando sozinha no deserto e se ofereceram para ajuda-la. Ela se lembraria de poupá-los quando o Lorde começasse a purificar a raça humana.


             Cruzou os braços sobre o peito e se encolheu, como um bebê. A verdade é que ela estava com medo. Por isso ela não aparatara, por isso não tentara nenhum feitiço. Não sabia onde estava, não sabia como eram as leis bruxas do país. Tinha medo de ser detida pelo ministério. Tinha medo de violar leis de sigilo à magia. Tinha medo de tentar aparatar e acabar estrunchada. Tinha medo de não acertar Hogsmeade e de ficar perdida em um lugar pior ainda.


             A verdade é que ela tinha medo de estar sozinha. E de não saber se conseguiria voltar para casa.


 ***


             Tonks não conseguira dormir. Uma parte de si estava anestesiada demais com o que acontecera. Ela fora atacada por comensais. Conseguira nocautear um deles.


             E ainda beijara Remo Lupin!


             A empurrou a neve sob seus pés com as botas e deu um suspiro. Não sabia o que fazer. Parte de si estava absolutamente contente com o que tinha acontecido. Mas ainda existia dentro de si uma pequena parte, empoeirada e com teias de aranha, que ainda tinha juízo e que se sentia culpada.


            Estava encarando o céu nublado com uma expressão entristecida quando sentiu uma sobra surgindo atrás de si e estendendo-se pelos degraus de pedra onde ela estava sentada.


             Ergueu a cabeça rapidamente e viu a pessoa que mais figurava em seus pensamentos, mas ao vivo.


             _Oi, Tonks. _ele cumprimentou sentando-se ao seu lado _Péssimo dia para um jogo, não acha?


             Tonks olhou para o céu novamente, pensativa. _Acho. _ela respondeu, por fim _Acho sim. Espero que o Thiago não se machuque, os ventos estão bem fortes.


            _Tudo bem, ele não vai. _ele respondeu, olhando para o céu, também. Eles ficaram alguns segundos em silêncio, então Remo quebrou o silêncio _Ontem eu senti muito medo, Tonks.


             Tonks girou rapidamente para olhá-lo. Ele continuava a encarar o céu.


             _Porque você estava sendo atacado, Remo. _ela respondeu em voz baixa. _É natural.


             _Não, não por isso. Quer dizer, _ele riu e virou-se para ela _por isso, também. Mas, é que, olha, isso vai parecer meio insano de se dizer, mas eu senti medo de você estar lá.


             Tonks afastou-se, com a testa franzida e Remo achou que ela estava confusa. Na verdade, era receio de ter sido descoberta.


             Remo olhou para o chão, procurando uma maneira de explicar o que queria dizer. Não podia dizer a ela que os comensais a queriam, Dumbledore achava melhor não fazer isso ainda, mas, de certa forma, ele sentia necessidade de dizer isso a ela. Queria fazê-la saber que era importante ela estar segurada. De certa forma, ele ainda sentia responsabilidade por ela. E ele queria que ela soubesse que ele se sentia melhor sabendo que ela estava longe da prima Bella, dos comensais e do perigo.


             _Por alguns segundos eu pensei na possibilidade de você estar. _Remo explicou _E eu me senti mal com essa idéia. Mesmo sabendo que você não estaria. Entende?


             Tonks fez que sim com a cabeça, voltando a olhar para a grama cheia de neve, com o rosto um pouco mais pálido. Fechou os olhos por uns segundos. Quis contar a verdade. Por alguns incontáveis e intermináveis segundos, sua respiração ficou presa na garganta, mantendo segura a informação que o faria odiá-la pelo resto da vida.


             Ela sentia que devia isso a ele, devia-lhe a verdade. Ele confiara nela, em Izzie, a ponto de contar-lhe seu maior segredo.


             E ela retribuía isso com a mentira mais absurda que já contara.


             Por outro lado, não sabia se podia viver com isso. Com a rejeição que encontraria nos olhos dele quando contasse a verdade. Com a possibilidade de nunca mais falar com ele, de nunca mais ouvir sua voz.


             Nunca mais sentir sua respiração, e seus lábios novamente.


             Ela o amava. Ela o amava tão desesperadamente que chegava a doer. Não tinha mais condições físicas de viver sem ele.


             _Vai ao baile com alguém, Remo? _ela perguntou, abrindo os olhos repentinamente, seguindo um impulso.


             _Tonks, _ele franziu o rosto _eu não posso levar você ao...


             _Não, tudo bem, já entendi isso. _ela respondeu rapidamente _Só curiosidade. Eu não vou ficar aqui. Vou passar o Natal em casa.


             _Ah. _Remo deu um suspiro constrangido. Sentiu-se estranho, sem saber precisar o porquê _Vou convidar uma pessoa, Tonks. _ele sorriu _Não sei se ela vai me aceitar. Acho que... _ele suspirou novamente _Acho que ela é uma pessoa boa demais para mim.


             _Ela é bonita?


             _Não é o fato de ela ser bonita... _ele deu de ombros _Ela é... Especial, sabe? Ela tem o coração tão puro, tão inocente. Acho que ela nem percebe o quanto é inocente. _ele riu, consigo mesmo _Às vezes ela chega a ser ingênua, mas é uma ingenuidade tão graciosa, Tonks. Ela... _ele assumiu um ar sonhador e apoiou os braços sobre o joelho _Ela parece um passarinho, que acabou de aprender a voar. Meio atrapalhada, meio tímida, mas viva, sabe? Acho que é isso que eu mais gosto nela. Ela não é como a maioria das outras garotas do sétimo ano, ela não se acha uma adulta, sofisticada, independente e auto-suficiente. Ela é simples, bondosa, aceita as pessoas como elas são.  E ela não tem medo de expressar tudo isso. Acho que eu a amo, Tonks. _ele girou o rosto para olhar para ela. Tonks tinha a boca levemente entreaberta e o olhar confuso _Eu, _ele parecia desconcertado _Sinto muito, Tonks, não devia falar sobre isso, sinto muito mesmo, eu só... Me distraí.


             _Não... _ela respondeu de um modo vago _Tudo bem, não tem problema, de verdade.


             _Acho que o jogo já vai começar. _ele tentou parecer natural, levantando-se e batendo a neve da roupa _Você não vem?


             Tonks levantou-se e seguiu-o, sentindo-se desorientada, o coração martelando fortemente no peito.


             Aquilo tudo que ele dissera, tudo que ele gostava na Izzie, Izzie não era aquilo.


             Izzie era uma embalagem.


             Aquilo tudo...


             Era ela.


 ***


             Lily estava acordada, contando os tacos do piso e depois os do teto. Já tinha contado quatro vezes. Estava altamente entediada, quando uma batida na porta a fez perder a conta.


             _Potter, _Madame Pomfrey abriu a porta _Achei que você devia estar lá fora, fazendo pelo menos uma coisa útil pela Grifinória.


             _Tão doce, nossa querida enfermeira... _Thiago entrou, sem ser convidado, e Lily abriu um sorriso _Às vezes me dá vontade de vir aqui, até mesmo sem motivo, só para ouvir as delicadezas dela.


             Madame Pomfrey sorriu por trás dele. Gostava dele. No fundo, se divertia tentando irritar os Marotos, porque eles sempre tinham uma resposta à altura. Não era horário de visitas, mas mesmo assim deixou que Thiago ficasse e saiu para sua salinha no outro lado da enfermaria.


             _Hei... _Lílian sentou-se e esticou os braços para receber um abraço _Achei que você já estaria no campo a essa hora.


             _Sem ver você? _ele perguntou, curvando-se sobre a cama, envolvendo-a entre os braços e beijando-a. Lílian segurou-o quando sentiu que ele ia se afastar. Thiago afastou o rosto e sorriu _Uau, eu sou tão viciante assim, para você não querer mais soltar?


             Lílian transformou o aperto de suas mãos em um beliscão e soltou-o. Thiago riu, puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama.


             _É só que isso é tão estranho, que parece irreal. _ela comentou _Um dia eu estou querendo matar você de tanto ódio, e no outro estou me enroscando no seu abraço. _e, rindo, voltou a se encostar aos travesseiros _Slughorn veio me ver, sabia?


             Thiago fechou a cara. _Eu sei. Encontrei com ele no corredor.


             Lílian sentiu o rancor na voz e virou o rosto lentamente. Thiago não a encarou.


            _Thiago. _ela chamou com os olhos estreitos _O que você aprontou?


             Thiago franziu as sobrancelhas para ela. _Como assim o que eu aprontei? Eu tenho que necessariamente ter aprontado alguma coisa?


             _Bom, _ela arqueou as sobrancelhas _você está bravo com o Slughorn, está evitando me encarar e agora está com essa cara de indignação que você sempre faz para fingir que não é culpado de alguma coisa.


             _Eu meio que briguei com ele. _ele passou a mão pelo cabelo e bagunçou-o.


             _Meio que brigou, Thiago? _ela sibilou, com os olhos apertados _Como é que meio que se briga?


            _Eu briguei, mas ele não brigou de volta. _ele respondeu como se fosse óbvio. Lily ficou vermelha, os olhos estreitos e a boca apertada _Mas, tudo bem, Lily, sério, eu não fiz nada de mais, só disse umas coisas que ele realmente precisava ouvir.


             _Thiago, ele é um professor! _ela respondeu exasperada _Ele não tem que ouvir nada de você!


            _Vê? Essa é a visão tirânica que o professor Slughorn quer implantar na cabeça dos alunos. _ele retrucou indignado _Só porque eu sou aluno, não posso falar nada? Ele é professor, Lily, não é dono da verdade.


            _Ora, Thiago! _ela bateu na cama, com as duas mãos _Você não discute nada que tenha fundamentos acadêmicos, você só quer arrumar confusão!


             Ele abriu a boca em um perfeito “o”, como se estivesse imensamente surpreso, e curvou-se para trás na cadeira. _Amor, estou profundamente ofendido. _e então, voltou ao normal na cadeira _Mas eu vou perdoar você, porque eu quero um par para o baile de Natal.


            _Baile de Natal? Que baile de Natal, menino? _ela perguntou como se fosse insano _Nós não temos baile de Natal.


             _Mas é claro que nós temos Baile de Natal. Na noite de Natal. E você vai comigo.


             Lílian inclinou o rosto e piscou, batendo várias vezes os cílios. _Thiago, querido, não é assim que funciona. Primeiro você me convida, um convite formal, com flores, pedido de joelhos, depois eu digo se vou com você, ou não.


            _Lílian, querida, _ele respondeu, no mesmo tom de voz, levantando-se, curvando-se sobre a cama e segurando um dos lados de seu rosto _para que alongar a história, se eu sei qual será o final? _ele amassou seu cabelo com a mão e puxou-a para um beijo, soltando-a logo em seguida e virando-se para a porta _Preciso ir, tenho que ganhar um jogo para a Grifinória, vejo você depois. _e abriu a porta.


             Mas antes de sair, ele olhou de relance para trás, a tempo de ver uma expressão estarrecida, indignada e chateada no rosto da ruiva, enquanto ela se enterrava no meio dos cobertores. Deu um sorriso meio de lado, murmurou algo, e então saiu do quarto.


             Lílian cruzou os braços, aborrecida, e ficou encarando com uma expressão irritada a parede a sua frente. Era isso, então? Eles tinham acabado de ficar juntos, e ele já era frio e desinteressado dessa forma. Como ela podia ser tão estúpida a ponto de acreditar que...


             Mas não conseguiu concluir a linha de pensamento. Algo frio e macio caiu sobre seu nariz e ela ergueu a mão, com a testa franzida, para tirar.


             Parecia a metade de um pequeno coração, bem vermelho e brilhante.


             Uma pétala.


             “Mas o quê...?” _ela se perguntou, mentalmente, enquanto outras pétalas começavam a aterrissar sobre seus braços, colo e sobre os lençóis.


             Sem entender, ela virou-se para cima. Uma chuva de delicadas pétalas de rosa caia sobre ela, envolvendo-a em uma onda deliciosa de perfume e torpor.


            Sua expressão mudou rapidamente de uma incredulidade surpresa para um sorriso maravilhado de deslumbramento.


             Ela ficou de joelhos na cama, apertando o cobertor de pétalas que rapidamente se formava ao redor, levando a mão ao rosto, fechando os olhos e deixando as pétalas deslizar por sua pele, enquanto aspirava seu perfume.


            Sorria. Sorria deliciada com a própria sorte. Com o tamanho do amor que ela sentia e que, sabia, era correspondido. Quando abriu os olhos novamente, uma formação diferente se formava sobre o lençol no pé da cama. Ela ficou em pé e viu uma mensagem formada com pequenas letras de pétalas.


            “Quer ir ao baile comigo?”


             Seu sorriso se abriu mais ainda. Pronto. Não conseguia parar de sorrir. Como ele conseguia deixa-la tão feliz.


             Agarrou um punhado de pétalas mais uma vez e atirou-se de costas na cama.


             “Sim, sim, sim!” _ela pensou, abrindo os braços e sentindo mais e mais pétalas caindo sobre si _ “Ao baile, ao céu, ao inferno, a qualquer lugar”.


            Então abriu os olhos novamente. A qualquer lugar. Queria estar com ele em qualquer lugar.


 ***


             Remo andava curvado sobre seu cachecol, só fazendo de conta que sentia frio. Estava soprando um vento cortante, o chão estava coberto por uma espessa camada de neve, mas ele sentia até um calorzinho agradável.


             Mas estava cansado de ser diferente. Se as pessoas usavam roupas de frio, então ele ia usar também. Não tinha graça nenhuma ter o sangue mais quente por ser lobisomem, mas ser atormentado a todo o momento por pessoas que achavam estranhíssimo o fato de você não sentir frio nenhum.


            Bom, um cachecol resolvia o problema.


            _Aluado! _Sírius descia a encosta nevada, abrindo caminho nada delicadamente entre as pessoas _Aluado!


             Remo virou-se para trás e Tonks parou para esperá-lo. Sírius alcançou-os e mirou a garota com um olhar insolente:


             _Sim? Posso ajudar?


             Tonks revirou os olhos, acostumada com as grosserias do primo. _Até mais, Remo. _ela resmungou e saiu caminhando sozinha pelo gramado.


             _Aluado, meu amigo. _Sírius esfregou uma mão na outra, uma expressão de quem acabara de descobrir que o Natal ia chegar mais cedo _Descobri onde Belatriz está?


              _Descobriu? _Remo arregalou os olhos para ele. Sírius fez que sim _Já contou ao Dumbledore?


             _Não vou contar ao Dumbledore. _ele retrucou como se a idéia fosse absurda _Qual seria a graça disso? Eu vou buscá-la.


             _Você vai buscá-la? _Remo repetiu como se essa idéia, sim, fosse absurda _Onde ela está?


             _Arizona.


             _Arizona?


             _Pára de repetir o que eu falo!


             _Sírius, você ao menos sabe onde é o Arizona?


             _Não. _ele respondeu como se não fosse importante _Mas qualquer mapa pode me mostrar isso.


             _Sírius, o Arizona é em outro continente. _Remo retrucou cansado _Como você pretende ir buscá-la em outro continente, sem ninguém perceber?


             _De moto.


             _De moto?


            _É, de moto.


             _Em outro continente?


             _Minha moto voa.


             _Certo. _Remo cruzou os braços _Quer dizer então que você pretende deixar a escola, cruzar o oceano em uma moto voadora, e realmente espera que ninguém veja, ou perceba?


            _Exato. _Sírius sorriu, contente por Remo ter, finalmente, captado a idéia.


             _Sírius! _ele exclamou exasperado _Como você acha sequer possível fazer isso?


           _Muito simples, vem aqui. _ele caminhou até um pinheiro e passou por trás dele. Remo o seguiu curioso. Sírius parou, respirou fundo, e chamou, olhando para o céu _Monstro!


             Remo ficou em silêncio por um segundo, com a testa franzida. Sírius tinha um sorriso grandioso no rosto. Então, com um pequeno estalo, um elfo doméstico pequeno e jovem surgiu aos pés de Sírius.


             Sírius colocou as mãos na cintura e sorriu vitorioso para Remo. Ele ainda estava confuso. Para ele, um elfo doméstico não fazia sentido nenhum.


             O elfo não dizia nada. Mirava Sírius com um olhar rancoroso.


             _Remo, este é Monstro. Ele é um dos elfos da família Black.


             Remo ficou mudo por um segundo. _E o que que tem?


             Sírius revirou os olhos. _Mesmo não morando mais na mansão Black, eu ainda sou um Black. Portanto, ele tem que me obedecer.


             _E o que que tem?


             _Ele vai tomar poções polissuco e fingir que sou eu durante o dia de hoje. Acho que eu consigo ir e voltar do Arizona até a noite, não acha?


             _Não, não acho. _Remo franziu as sobrancelhas _Sírius, Arizona é na América.


             _Mas minha moto é equipada com turbo, Remo. Ela não voa que nem uma vassoura, ela voa que nem um foguete.


             Remo deu um suspiro cansado e passou a mão pela testa. _Ok, Sírius, vamos supor que tudo isso fizesse algum sentido. Já pensou que alguém na sua casa vai sentir falta dele?


             _Não, ele é um elfo bebê. Normalmente, ninguém pede nada para ele. Monstro, preciso que você fique aqui o dia todo aqui hoje, entendeu?


             Remo ficou observando a reação do elfo nos segundos seguintes. Ele começou a esfregar as mãos, com a cabeça baixa, olhando para os próprios pés.


             _O desertor, vergonha da minha senhora. Monstro tem que ficar aqui, tem que ficar aqui e servir o deserdado, escória.


            _Monstro, eu posso ouvir! _Sírius bradou com mais energia.


             _Sírius, coitado... _Remo murmurou, com uma expressão compadecida _Não vê que ele deve ter algum problema neurológico? Já o levaram ao médico?


             _Que problema neurológico, que nada! _Sírius resmungou, com indiferença _Ele tem é pouca vergonha na cara, isso sim. _então enfiou a mão no bolso da capa, pegou um frasquinho e tirou a rolha. Depois ergueu a mão e, com uma careta, arrancou um fio do próprio cabelo, jogando-o dentro do frasco _Aqui. _ele estendeu a mão para Monstro _Bebe tudo.


             Monstro fez uma careta e fechou os olhos, como se estivesse se esforçando para não obedecer. Mas Sírius ainda tinha sangue Black correndo em suas veias. E Monstro era um elfo da família Black. Não conseguia simplesmente recusar a ordem.


             Seu braço estendeu-se lentamente na direção do copo e pegou-o. Monstro pegou-o e virou-o de uma só vez, fazendo mais uma careta de desgosto. Sírius sequer esperou a poção começar a fazer efeito e virou-se para Remo.


             _Aqui. _ele abriu a mochila que carregava e pegou uma caixa _Tem vários frascos da poção já com o meu cabelo. Não sei quanto tempo vou ficar fora, então tem para dois dias inteiros. Fica de olho nele, tá? Você vai ter que cuidar dele, para ele não fazer nada idiota. _e então se virou novamente para sua cópia perfeita _Monstro, a partir de agora você vai agir como se fosse eu, certo? Você vai às refeições e vai comer, vai assistir ao jogo da grifinória e não vai chamar atenção para si mesmo, entendeu? Vai ficar quietinho, mas se alguém falar com você, você responde como se fosse eu. Entendeu bem? E você vai a todos os lugares que o Remo for, e fazer tudo que ele fizer, ok?


             Monstro fez que sim com a cabeça e Sírius virou-se novamente para Remo. _Então, é isso aí. Vou sair agora. Depois você avisa o Thiago aonde eu fui, porque eu não encontrei com ele. Falou, Aluado, se cuida. _e, virando-se, ia saindo.


             _Ei, ei, espera aí. Você vai deixar ele vestido assim? _Remo perguntou indignado, apontando para o pano de prato que Monstro usava em torno da cintura, e que agora estava esticado ao máximo, cobrindo apenas um palmo das coxas de Sírius.


             _E o que que tem? _ele perguntou com uma expressão de naturalidade _Acha que as meninas não vão gostar? _Remo fez uma expressão entediada para ele _Você quer que eu faça o quê? Não posso dar roupas para ele.


            _Sírius, ele está tremendo de frio! Está fazendo zero grau ou menos aqui fora!


             _Ah, tá bom! Tá bom! Também, tenho que pensar em tudo, viu, parece que não sei... _ele resmungou, puxando a varinha e apontando-a para o pano de prato. Murmurou alguma coisa e o pano transfigurou-se em um conjunto completo de vestes de frio _Agora escuta aqui, elfo sem vergonha, eu não dei roupa nenhuma para você, está vendo? É sua velha canguinha horrorosa que eu transfigurei para parecer outra coisa. Quando eu voltar, ela volta a ser o que era. Agora eu fui! Valeu, Remo. _e saiu caminhando pelo gramado.


            Remo tinha uma expressão de quem não sabia se ria ou se chorava. Tinha pena de Monstro. Mas o que podia fazer?


             _Hmmm... _ele virou-se para o elfo, estático no mesmo lugar _Vamos ver o jogo, então?


             Ele não respondeu. Remo deu um suspiro cansado e, fazendo um gesto com a mão para que ele o seguisse, saiu caminhando pelo gramado. Monstro foi atrás.





Nas:

Jack, hiper demorado, neh? acho q nunca demorei tanto assim, nem em face oculta rsrsrsrsrs... hauhauhauhauhauha, mas amigo ainda te cobroooou? entaum pode xinga soh uma vezinha. E bem baxinho rsrsrsrsrs... Espero q tenha gostado desse tbm ^^ Bjssss

Lari, rsrsrsrs ela vai explicar o q ela tava fazendo com o livro no prox. Oh as idéias absurdas do Sírius, atravessar o atlântico em uma moto voadoraaa!!! rsrsrsrsrs... Olha, isso pq o Thiago nem tava taaaaaum bravo assim, pq a Lily tava bem... se naum tivesse ia ter picadinho de Slughorn no jantar rsrsrsrs... aaaaahhh, q bom ^-^ fico feliz rsrsrsrs... Espero q tenha gostado desse tbm ^^ Bjsssss

Vanessa, aaaahh eu tbm dei uma sumidinha rsrsrsrs... mas o importantes eh q "vortemo" rsrsrsrsrs... A Tonks qnto mais tem chance, mais enrola, neh? uma coisa de louco rsrsrsrs... Me fala o q achou do cap, tah? Bjsssss

Lori, q bom q gostou ^^ Espero q tenha gostado do novo tbm ^^ Bjssss

Lilly, suspende o resgate, to bem, to bem... rsrsrsrsrs... Desculpaaa, demorei mto, mais ateh do q demorava em face oculta q os cap eram maiores, neh? Mas a criatividade se foi, acho q eh a idade rsrsrsrsrs... Mas espero q tenha gostado ^^ Bjssss teh maissss


Geeeeente
comenta de presente de níver pra mim?
rsrsrsrsrsrs :D :D :D

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