O ataque surpresa



Cap. 17_


            O dia amanhecera extremamente frio. Era o último sábado antes das férias do Natal e todos os alunos acima do terceiro ano se aglomeravam na porta, ansiosos para sair e ir às compras. Bella estava sentada no último degrau da escadaria de mármore, torcendo os dedos sobre o colo. Mas ela também estava observando o alto do salão por trás da parede do primeiro andar.


             A Belatriz do primeiro andar bufou, aborrecida, e revirou os olhos. Tonks burra! Ela tinha dito para ela parar de fazer aquilo com as mãos. Aquele retalho de gente, nervosa e ansiosa, sentada na escadaria não se parecia minimamente com a aluna esplendorosa e confiante que ela era.


             Mas visivelmente só ela achava isso, claro, porque diversos alunos da sonserina já haviam passado pelo saguão cumprimentando a Belatriz falsa, amistosamente.


            Quando Filch apareceu, com uma lista de pessoas autorizada a sair nas mãos, e abriu as portas duplas para sair para o gramado, a horda de alunos seguiu-o fazendo estardalhaço. Tonks ergueu o rosto uma vez e virou-se para trás, olhando para a direção em que Bella estava. Bella revirou os olhos. Burrinha! Bella tinha dito para ela não fazer isso também.


             Sem conseguir ver a cúmplice, Tonks levantou-se e caminhou lentamente atrás de Filch, até o portão de saída da propriedade. Tonks tentou agir naturalmente, enquanto as pessoas ao seu redor formavam uma fila, ainda que não tivessem recebido uma ordem expressa para isso. Entrou rapidamente atrás de um aluno da corvinal e quando olhou para trás, viu Remo, Sírius, Pedro, Thiago e Lílian parados atrás dela. Seus olhos se arregalaram e seu rosto empalideceu. Remo sorriu educadamente, como teria feito para qualquer um, mesmo sendo sonserino, mas a garota não conseguiu corresponder o sorriso. Assustada, virou-se para frente, puxando os cabelos para o rosto, como se tivesse medo de ser reconhecida.


            Remo virou-se emburrado para Sírius. _Sua prima é uma mal criada.


             _O quê? _ele perguntou, virando-se para ele e rindo da história que Thiago contava e que terminava com Slughorn escondido dentro de um barril de cerveja amanteigada tentando vigiar Lily _Achei que você gostasse da Tonks.


            _Estou falando dessa aqui, ó. _ele apontou por cima do ombro, para a cabeleira negra de Bella. Sírius sorriu.


             _Troca de lugar comigo. _ele pediu, puxando Remo para trás e indo para o seu lugar na fila. Ele se curvou para frente até que seu rosto estivesse quase roçando seu cabelo. _E aí, aquele ogro que você faz de conta que é seu namorado não vai levar você a Hogsmeade hoje?


             Tonks congelou e não se virou. Cruzou os braços e forçou-se a fazer de conta que não era com ela.


             _Não vai falar comigo? Olha, tudo bem, eu sei que é porque tem um monte de sonserinos olhando, mas você na verdade está morrendo de vontade de cair nos meus braços.  _Tonks corou violentamente _Então, me encontre na hora do almoço na porta do Cabeça de Javali. _ele concluiu um pouco mais baixo e virou-se para os amigos novamente.


            Tonks ainda estava rubra de vergonha e medo quando chegou a sua vez.


             _Seu namoradinho não vai a Hogsmeade hoje, srta Black? _Filch perguntou, com desprezo, folheando a lista com nomes de alunos que tinha nas mãos.


            _Daqui a pouco. _ela respondeu, evitando encara-lo. Seu coração martelava dolorosamente no peito e ela torcia que a balburdia ao redor fosse o suficiente para disfarçar seu barulho.


             _Pronto, Belatriz Black. _ele encontrou o nome e fez uma marca nele _Pode ir. E volte no horário.


             _Voltarei. _ela respondeu, sem acreditar como isso estava dando certo. Alguns passos a mais e estaria do lado de fora.


            _Voltarei. _Filch resmungou _Acordou do lado direito da cama, hoje. Normalmente me manda cuidar da minha vida.


             Tonks apressou-se para sair dali o mais rápido possível. Caramba, tinha que tomar cuidado com esses detalhes.


 ***


            Bella deu quinze minutos de dianteira para Tonks se afastar dos portões do castelo e se misturar com a multidão. Então, desceu as escadarias e começou a caminhar pelo gramado tranquilamente. Filch já ia subindo a encosta relvada, com o pergaminho de nomes com permissão para ir ao povoado embaixo do braço.


             _Preciso sair de novo. _Bella pulou em sua frente _Precisei voltar para pegar minha carteira, que eu tinha esquecido. _e piscou inocentemente _Não podia ir a Hogsmeade sem dinheiro, podia?


             _Isso não é problema meu, é? _ele fechou a cara para ela. Bella perdeu a expressão cordial e ela a substituiu por uma raivosa.


            _Será que eu vou precisar chamar o professor Slughorn para poder sair? _ela cruzou os braços e empinou o queixo. Filch encarou-a com os olhos raivosos e rilhando os dentes por alguns segundos. Então, virou-se e começou a voltar pelo mesmo caminho que fizera, resmungando sobre o fato de alguns professores defenderem demais os alunos e sobre como ele se prejudicava com isso.


            Rá. Como se Bella quisesse saber.


            Quando Filch terminou de girar a chave no portão, ela sequer esperou que o abrisse para ela. Puxou as grades de ferro com força, abrindo um pequeno vão e saindo por ele. Nem olhou para trás, para ouvir o habitual discurso de “nada de produtos da Zonko’s. Nada de brigas. Nada de voltar depois do horário”.


            Bella desceu a rua principal do povoado olhando atentamente para os lados. Se visse uma versão idêntica de si mesma, andando por ali, ela ia quebrar o nariz de Tonks. Ela não seria tão tola para ainda não ter se transformado, seria?


             Mas quando ela chegou perto o bastante para enxergar a porta do correio coruja, seu rosto se abriu em um sorriso vitorioso e contente. Uma loira, com uma expressão ligeiramente perdida e amedrontada, acenava para ela.


            _Izzie, certo? _Bella perguntou, caminhando confiantemente até ela, enquanto o salto de suas botas afundavam na neve.


            _Isso. _Izzie sorriu tímida para ela.


             _Cara, isso é ótimo! _Bella exclamou de repente, afastando-se um passo para olhá-la melhor _Olha só para você, eu nunca ia descobrir que era você. Nem em um milhão de anos!


             _Bom... É o objetivo. _Izzie deu de ombros, nervosa _Olha, o que acha de irmos até uma casa de chá, tomar um café? _ela esfregou as mãos, uma na outra _Estou congelando.


            _Certo, vamos lá. _Bella virou-se e recomeçou a caminhar, enquanto Izzie a acompanhava _Escuta, eu fiquei muito curiosa a respeito de uma coisa. _ela comentou, franzindo a testa _Quem vale todo esse trabalho?


            Izzie ficou muda por alguns instantes. Bella encarou-a pelo canto dos olhos. Viu-a roer as unhas, enquanto pensava. Podia poupar-lhe esse constrangimento todo, já que tinha certeza que tudo isso era por Remo Lupin. Mas isso era, de fato, muito engraçado.


            _Rm Lpn. _Izzie resmungou, com a mão ainda na boca.


             _Saúde.


            Izzie suspirou e tirou a mão da boca. _Remo Lupin.


            _Oh, Izzie... _Bella franziu as sobrancelhas, como se estivesse compadecida _Ainda Remo Lupin? Achei que depois daquela briga que tiveram vocês nunca mais fossem se falar.


             _Bom... _Izzie deu de ombros _Foi por isso que eu criei a Izzie. Remo Lupin nunca convidaria a Tonks para almoçar. Mas veja só, _ela acrescentou com um sorriso triste _ele convidou a Izzie.


             Bella continuou encarando-a com as sobrancelhas franzidas por alguns instantes. Por alguns segundos ela sentiu pena. Pena genuína. Aquilo era meio deplorável. Sujeitar-se a isso por uma pessoa que não tinha interesse em você chegava a ser triste. Porque ainda que ele gostasse da Izzie, ele não gostaria da Tonks. Será que ela não via? Não percebia? Ela não era Izzie Swan.


             Mas então lhe ocorreu que talvez ela não fosse melhor do que isso. Quer dizer, ao menos Tonks estava lutando para ficar com a pessoa que ela amava.


             E ela?


            Ela se instalara em uma confortável e cômoda bolha. Ela sabia que o melhor para ela era Rodolfo Lestrange, e isso era exatamente o que ela tinha.


            Mas era o que ela queria? Era ele que entrava em seus sonhos e a fazia acordar no meio das madrugadas frias, de meados de dezembro, suada? Era ele quem a deixava louca, feliz, transtornada? Era ele quem mexia com seu juízo? E com seu coração?


             Voltou à realidade lentamente, ainda encarando Tonks. Era uma menina corajosa, no fim das contas. Ela tinha que reconhecer isso. _Não vou julgar você. _ela disse, em voz baixa. Izzie desviou os olhos da rua cheia de neve e encarou-a. _Eu sei como é difícil se apaixonar por um Maroto.


            Izzie voltou os olhos para a rua novamente. Mordeu o lábio, pensativa, então se voltou para ela. _Sírius veio falar comigo.


            Bella parou na estrada, repentinamente. Izzie avançou ainda um passo, antes de parar e virar-se para ela. _O que ele disse? _Bella cruzou os braços e seu rosto refletia uma impassibilidade que não existia. A verdade é que seu coração começava a martelar desritmado.


            _Para você encontrar com ele no Cabeça de Javali, no almoço. _Izzie respondeu, com o nariz franzido _Você vai?


            Bella pensou por um segundo. Então fechou a cara. _Não. _e voltou a andar.


            Izzie apressou o passo para alcançá-la. _Olha, Bella, eu sei que não tenho direito de me meter nisso, e sei que você namora. _ela falou receosa _Mas talvez você devesse ouvi-lo. Talvez ele tenha algo importante para dizer...


            Mas Bella já não prestava atenção. Parara novamente e mirava com um vinco entre as sobrancelhas a fachada de uma loja escura, de uma única porta estreita e com um letreiro encardido: “Artefatos trouxas – A única loja bruxa com material para estudo dos trouxas”.


            _O que foi? _Izzie parou ao seu lado e perguntou.


             Bella ficou ainda mais alguns segundos olhando a loja. Então entrou, dizendo por cima do ombro. _Fique aqui.


            Izzie ficou parada na porta, confusa, encarando a placa. O que raios uma sonserina poderia querer em uma loja com artefatos trouxas?


             Não ficou muito tempo se perguntando. Bella saiu rapidamente, com um pequeno embrulho em papel pardo entre os braços. Passou por Izzie sem dizer nada e recomeçou a caminhar mais rapidamente pelas ruas cobertas de neve.


            _O que é isso? _Izzie correu para acompanhar seus passos.


            Bella tinha uma expressão fechada. _Nada. Só um livro.


 ***


            Madame Rosmerta estava absolutamente surpresa. Estava acostumada a ter nas mesas de seu bar um grupo sempre muito diversificado de estudantes de Hogwarts. Mas, durante o tempo, acostumara-se com um pequeno grupo baderneiro composto em sua totalidade por garotos.


            Os Marotos.


             Eventualmente, Sírius aparecia com alguma garota com quem ele combinava de se encontrar no povoado. Mas eles nunca ficavam no bar. Ele a encontrava, eles saiam, e ele voltava, algumas horas depois, para reencontrar os amigos.


             Na visita seguinte a garota já era diferente.


             Isso significava que eles consideravam as horas que passavam juntos, na mesa, com garrafas de cerveja amanteigada, algo particular. Era algo próprio deles. E ela gostava disso. Gostava do humor deles, das piadas, da descontração.


             Mas naquele dia tinha uma garota entre eles. A única garota que, em toda sua vida, Rosmerta nunca teria imaginado na companhia de um Maroto.


             Lily Evans. Uma única caneca de chocolate quente entre as garrafas de cerveja amanteigada. Sírius e Thiago riam e faziam piadas, descontraídos como sempre. Remo parecia distraído, e erguia os olhos para porta, toda vez que ela se abria, como se esperasse alguém e Pedro parecia apreensivo, girando sua garrafa de cerveja nas mãos e descascando seu rótulo com as unhas. Lily ria mais discretamente Thiago tinha um braço envolvendo sua cintura.


            Rosmerta ficou interiormente com vontade de despachá-la para um salão de chá.


             Mas ela não tinha direito de fazer isso. Era uma cliente.


             Mas o que ela estava fazendo ali, entre eles, era algo que ela queria muito descobrir, já que gastara seis de seus anos em Hogwarts dizendo como eles eram infantis e ridículos para quem se dispusesse a ouvir.


            _Ei, Rosmerta! _Sírius chamou, virando-se na cadeira, quando ela passou pela mesa deles _Já viu um milagre?


             Thiago revirou os olhos enquanto ela se aproximava curiosa. _Um milagre? Vi uma mulher uma vez que se curou de um feitiço de rugas mal feito em menos de cinco minutos. Mas não sei se foi um milagre, acho que foi só uma poção muito eficiente.


             _Pois aqui está: Lily Evans aceitou sair com Thiago Potter. Diga se não é um milagre.


             Rosmerta baixou os olhos lentamente para encarar Lílian. A ruiva deu um sorriso tímido para ela e acenou com a mão. Então, ela virou-se para Thiago ao seu lado, com um olhar sério.


             _Está feliz, Thiago? _ela perguntou de repente. Todos franziram a testa.


             _Claro. _ele respondeu sem entender.


            _Ótimo. _ela resmungou _Acho que é o bastante. Cuide bem dele, Evans. _ela completou, sublinhando o sobrenome, antes de se virar e sair caminhando em seus saltos altíssimos pelo bar.


             Todos na mesa se entreolharam confusos. Por fim, Sírius deu de ombros, enquanto a porta do outro lado do bar se abria e o sino sobre ela tilintava. Remo ergueu os olhos, esperançoso, mas não foi uma loira bonita e de olhos azuis quem entrou.


             Mas sim um professor gordo, com vestes de frio repuxadas sobre a barriga.


            _Alguém veio atrás de você, Pontas. _ele comentou, baixando o rosto novamente para a mesa e pegando sua bebida. Thiago virou-se na cadeira para olhar quem tinha chegado.


             Slughorn.


             _Ah, é brincadeira. _Thiago resmungou. Lily virou-se para ver também quem era tão desagradável a ponto de estragar o humor de Thiago. Slughorn olhou ao redor, viu onde eles estavam sentados, e saiu caminhando até eles, com um sorriso satisfeito.


            _Ora, ora, encontrei vocês. _ele comentou, animado, parando ao lado da mesa. Lílian sentiu vontade de rir. Thiago, entretanto, passava bem longe disso. _Potter, tire agora sua mão daí. _ele completou com autoridade, apontando para o braço que ele ainda tinha em volta da ruiva.


             _Você é o quê? Pai dela? _ele perguntou, entediado, mas Lily deu um cutucão em suas costelas e desvencilhou-se dele _Não, sério, eu vou ter que enfrentar dois sogros, ou algo sim? Porque uma Evans sozinha já é difícil o bastante. Imagine agora uma família de Evans com um professor ciumento de brinde, fala sério.


             Sírius e Remo riram. Lily encarou-o com os olhos estreitos e resmungou um “desagradável” bem audível. Slughorn pôs as duas mãos enluvadas na cintura. _Potter, olha lá como fala comigo! Eu não sou um professor com ciúme de uma aluna. Estou tentando proteger uma de minhas alunas mais prodigiosas de...


             _Ah, qual é, professor? _Sírius resmungou, com deboche _Já olhou em volta. Não tem nada aqui que ofereça perigo para Lílian. _então baixou os olhos para ver seu relógio de pulso _Bom, eu preciso ir... _levantou-se e passou por trás das cadeiras dos colegas _Se comportem enquanto eu estiver fora, Marotos. Guardem as encrencas para quando eu estiver perto. _e piscou para eles, antes de se afastar pelo salão, enquanto diversos pares de olhos femininos viravam-se para olhá-lo.


             _Bom, com licença, então. _o professor espremeu-se para passar por trás da mesa _Vamos Pettigrew, chega mais para lá. _e sentou-se, empurrando as cadeiras de Remo e Pedro para os lados, enquanto se acomodava.


             Todos se olhavam chocados. _Sério? _Thiago perguntou, com uma expressão chocada. Slughorn sorriu para ele _Sério mesmo?


             _Ora, qual é o problema. Sou um professor, querendo a companhia de alunos queridos. Tem algo aqui que eu não posso ver ou ouvir? _ninguém respondeu. Então Slughorn ergueu um braço e chamou Rosmerta _Rosmerta, querida, pode me trazer uma caneca de groselha com rum, por favor. _e virou-se, com uma expressão natural, para os demais _Então, sobre o que conversavam mesmo.


             Eles mantinham a mesma expressão chocada.


             _Mas olha só a hora. _Remo exclamou, de repente, olhando para o pulso. Onde, diga-se de passagem, não tinha nenhum relógio _Estou atrasadíssimo para um encontro. _e levantou-se _Vejo vocês depois.


             _Ora, mas que bom, tem um encontro também, Sr Lupin? _Slughorn perguntou, enquanto Remo passava pela mesa.


             _É. Com a amiguinha imaginária dele. _Thiago resmungou e Remo deu um tapa em sua cabeça, antes de sumir entre as pessoas que lotavam o caminho para a porta.


             _Eu também preciso ir... _Pedro murmurou, se levantando.


             _Ah, claro! _Thiago exclamou, irritado _Como se você tivesse um encontro também! _Mas Pedro não respondeu. Em silêncio, ele seguiu os passos de Remo e desapareceu entre os demais clientes.


             _Puxa, que bom que eu apareci, não é mesmo? _Slughorn perguntou, com um tom satisfeito _Se não vocês ficariam aqui sozinhos.


             _Professor, isso realmente não é necessário. _Lily respondeu séria _Como Sírius salientou, não tem nada aqui que possa me fazer mal.


             _Como não, como não? _ele perguntou com uma careta _E esse aí, hein? _ele perguntou, apontando Thiago com o queixo.


             Thiago bufou, sacudiu a cabeça frustrado e desviou os olhos da mesa. Sem querer, seu olhar recaiu sobre uma mesa na parede oposta, onde Snape, Régulos Black, Malfoy, Lestrange e alguns outros alunos da sonserina estavam reunidos.


            Severo tinha o rosto voltado para ele e o avaliava. Então, repentinamente e discretamente, ele ergueu o copo, como se brindasse. Thiago entendeu que ele percebera o que estava acontecendo e seu sangue ferveu. Forçou-se a voltar sua atenção para a mesa.


             “Sinto muito” _Lílian tentou dizer, apenas com o movimento dos lábios, quando Thiago procurou seu olhar.


            “Deixa comigo”. _ele respondeu da mesma forma e piscou para ela. Slughorn, que recebia sua caneca com rum, não percebera.


 ***


             _Bella, eu preciso ir... _Izzie olhou o relógio de pulso, na porta do Três Vassouras.


             _Tudo bem... _Bella olhou seu próprio relógio _Tenho que ir encontrar com Rodolfo também. _ela completou, enquanto calculava em sua cabeça, rapidamente, se faltava muito tempo para que começassem a executar o plano.


             _Então, a gente se encontra às quatro e meia na porta do correio para combinar como vamos voltar, certo? _Izzie perguntou e Bella fez que sim com a cabeça _Então, tchau. _Izzie fez um pequeno tchau com a mão e entrou no bar.


             Bella ainda ficou alguns segundos parada na porta. Viu, no fim da rua, uma jaqueta de couro virando a esquerda. Conhecia aquela jaqueta. Já perdera a noção de tempo muitas vezes perdida no cheiro de couro daquela peça. Quantas vezes terminara a noite envolvida nela.


            Tinha tempo? Olhou no relógio, mais uma vez, em dúvida, e depois para o embrulho de papel já aberto em seus braços.


             O morro dos ventos uivantes. Era mesmo um livro, afinal de contas.


            Dera uma folheada enquanto ficara com Tonks na casa de chá da Madame Padfoot fazendo hora, até o horário de a garota encontrar Lupin.


             Era... Estranho. Catherine e Heathcliff tinham um amor obsessivo e imortal. Pelo pouco que vira, entretanto, era um amor que se tornava gradualmente doentio. Cathy tinha uma sede de poder que acabou afastando-a de Heathcliff. Heathcliff, por sua vez, nutria uma fixação por ela que o impedia de ir embora. Ela era egoísta e, ainda que com outro, queria continuar tendo seu amor. Ele era vingativo e sempre encontrava um meio de voltar e abalar sua vida.


             Ela. E Sírius.


             Era sempre assim que seria? Algo vicioso e interminável?


             Quando ergueu o rosto mais uma vez, a jaqueta já sumira no fim da rua. Decidiu-se, finalmente e, tentando se convencer de que voltaria a tempo, saiu marchando e batendo os saltos pelos blocos de concreto da rua.


             Passou pelos fundos de algumas lojas, evitando chamar a atenção, e chegou ao Cabeça de Javali por um caminho praticamente deserto. Sírius já estava parado na porta, de braços cruzados. Parecia tranqüilo e confiante. Como se tivesse certeza de que ela viria. Por alguns segundos, ela sentiu ímpetos de dar meia volta e ir embora.


             Mas não foi isso que ela fez. Deu alguns passos vacilantes para frente, lentamente, como se não tivesse certeza do que estava fazendo.


            Sírius escutou os saltos da bota batendo na calçada e virou-se. Eles ficaram por alguns segundos se encarando. _Você veio. _Sírius sorriu, presunçoso, por fim.


             _Você me chamou. _ela respondeu dando de ombros.


            Ficaram em silêncio por mais alguns segundos. _Isso significa alguma coisa? _ele perguntou, descruzando os braços e começando a caminhar até ela.


             _Não. Significa que eu não tinha nada para fazer.


             _E seu namorado? _ele ergueu uma sobrancelha _Ele sabe que você está aqui?


             _Não estava com meu namorado. Estava fazendo compras. _ela levantou o pacote aberto.


           _Comprou algo bom? _ele perguntou, chegando mais perto _Ou só porcarias? _e puxou o livro de suas mãos. Bella tentou impedir, mas ele sempre fora mais forte do que ela. Puxou o livro de dentro do pacote e olhou a capa. Suas sobrancelhas se arquearam levemente e ele sorriu satisfeito. Guardou o livro novamente no pacote e estendeu-o para ela.


             _Fiquei curiosa. _Bella resmungou, puxando o pacote com maus modos.


             _E o que achou? Não concorda comigo? Não é uma descrição perfeita de nós dois?


            Bella ergueu um ombro, displicente. _Talvez.


             _Não existe mais talvez para nós, Bella. _ele parou a sua frente, ergueu um braço e passou a mão em seus cabelos. Bella fechou os olhos, como uma gatinha ronronante. Era ridículo como ficava assim com apenas um toque dele. Ela sentiu sua outra mão segurando sua cintura e conduzindo-a até a parede _Eu amo você. Eu estou falando muito sério, Belatriz. _ela sentiu as costas batendo na parede do bar _Eu cometi um erro quando abandonei você. Você cometeu um erro quando procurou Rodolfo em troca de poder. Mas nós somos viciados um no outro, Bells. _ele baixou o rosto e sussurrou em seu pescoço _Nós temos que ficar juntos, porque se não ficarmos, nós vamos nos destruir. Eu quero você e eu não vou abrir mão disso _Bella abriu os olhos, finalmente e ele ergueu o rosto, encarando-a _Você quer terminar como o casal do livro, Bella?


             _Eu não li o final ainda... _ela respondeu em voz baixa e provocante.


            _O final é uma droga. Quer que eu mostre como eu queria que terminasse? _Bella não respondeu por alguns segundos.


             O que ela estava fazendo?! Merlin, ela estava perdida! Ela deveria estar lá embaixo, agora, ajudando os comensais. Como eles iriam reconhecer Tonks sem ela?! COMO?!!


             Mas, no lugar disso, ela estava em um lugar relativamente deserto, presa entre os braços de um dos estudantes mais desejados e mais deliciosamente lindos de Hogwarts. Que não era o namorado dela.


             Ela o queria. Merlin, como o queria. Como sentia falta dele. Mas tinha obrigações a cumprir em outro lugar.


            Ergueu o rosto. Os olhos de Sírius queimavam nos seus.


             E tudo que ela conseguiu pensar foi “Dane-se”.


            Então atirou os braços em volta de seu pescoço e beijou-o. Um beijo impetuoso, vibrante, quase violento. Ela apertava seus braços em volta dele e o corpo contra o seu. Sírius envolveu-a pela cintura e tirou-a do chão. Era um beijo desesperado e descontrolado. _Eu a amo, Bella. _Sírius murmurou, afastando-se momentaneamente _Você tem que entender isso, tem que largar Rodolfo. Eu quero você para mim, e não estou disposto mais a vê-la com ele.


             Bella buscou sua boca novamente. _Não fala... _ela pediu com a voz entrecortada e voltou a beijá-lo.


 ***


            Remo estava quase na porta quando ela se abriu e deixou uma rajada de vento forte entrar. E com ele, uma linda garota loira de olhos azuis e com o rosto corado pelo frio.


             _Ei, Zie. _ele cumprimentou, quando ela quase se chocou com ele ao entrar _Estava indo procurar você. Muito frio lá fora?


             Um sorriso se abriu imediatamente em seu rosto e ela agradeceu já estar corada por causa do vento, ou teria ficado corada de vergonha. _Muito. _ela murmurou com um suspiro _Estou congelando.


             _Vem cá, me deixa pedir uma cerveja amanteigada para você. _ele passou um braço por seus ombros e puxou-a por entre as pessoas. Ela ficou quente e ruborizou ainda mais. _Eu queria apresentar você para alguns amigos, mas o professor Slughorn está com eles. _Ele fez uma careta _Thiago Potter está saindo com uma das alunas preferidas dele e ele não gostou muito disso. _eles chegaram ao balcão e ele pediu uma cerveja amanteigada para Rosmerta. Ela virou-se lentamente para a garota com ele. Pronto, mais essa agora. E essa aí, quem era? Ela nunca estivera no bar. Remo virou-se novamente para Izzie _Você conhece o Thiago, certo?


            _Claro. _ela revirou os olhos, tentando parecer descontraída _Quem não conhece Thiago Potter?


            _É... _Remo concordou, sorrindo para ela, parecendo feliz e hipnotizado _Todos conhecem Thiago Potter...


             Rosmerta colocou a cerveja no balcão, com uma cara feia. Remo agradeceu, sem perceber e voltou a virar-se a Izzie. Ela tinha uma expressão constrangida, sob seu olhar atento.


             _Sabe... _ele comentou, ainda com um sorriso _Ás vezes eu olho para você... _ela ergueu os olhos azuis para ele, enquanto abria a cerveja _Como agora... E... Parece que nós já nos conhecemos há tanto tempo. Que você é uma amiga que eu já conheço muito bem... _Izzie engasgou com a bebida. Remo riu _Ei, calma... Não tinha dessas lá de onde você veio?


             _Desculpe... _ela limpou a boca com um guardanapo que ele pegou no balcão e lhe estendeu.


             _Tudo bem. Aliás, de onde você veio mesmo? _ele perguntou. No mesmo instante, a porta atrás deles se abriu novamente, deixando o ar frio entrar. Remo não ergueu os olhos dessa vez. Se tivesse feito isso, teria visto as pessoas de aspecto suspeito que entravam, cobertas de capas negras, naquele momento.


             Se tivesse feito isso, teria reconhecido aquelas capas. Porque Dumbledore falara com ele sobre quem as usava. Se tivesse feito isso, teria alertado as pessoas ao seu redor. Teria feito alguma coisa.


             Mas não fizera. Seu olhar estava completamente preso a Izzie.


             Então as pessoas cruzaram o lugar, atraindo muitos olhares de todos e foram até o fundo do bar. Madame Rosmerta achou o grupo suspeito e seguiu-os. Viu quando eles pararam no fim do balcão e um deles dirigiu-se a Lestrange.


             _Onde está a Srta Black? _ele perguntou com uma voz sibilante e assustadora. Todos na mesa sentiram o sangue congelar instantaneamente.


             _Ela ainda não chegou. _Rodolfo respondeu, baixando o rosto com uma leve mesura _Mas ela já mandou a metamorfomaga. Vi as duas descendo a rua do povoado. _então ergueu o rosto e apontou discretamente para as costas da loira _É ela.


             Voldemort virou-se, lentamente para ela. Então se virou de volta. Quando fez isso, viu mais uma pessoa sentada na mesa da parede oposta. E sorriu, triunfante.


             _Ótimo. _e baixou o rosto novamente para a mesa, procurando um rosto entre os presentes. _Você é Severo Snape. _ele dirigiu-se a Severo, no canto da mesa. E isso não era uma pergunta.


             _Sim, senhor. _ele murmurou e baixou o rosto para a mesa.


            _Você driblou a obliviação de um dos meus comensais e comprometeu a segurança de todo seu grupo. Deixou vazar informações confidenciais a alunos de Hogwarts.


             E também não eram perguntas. Severo não respondeu. Continuou encarando, impassivelmente o tampo de madeira da mesa.


            _Você leu a mente de um dos meus comensais. Tem noção de quão complexo e surpreendente isso foi? _Severo fez que sim. Dessa vez, era uma pergunta _Levante o rosto, rapaz. _Severo ergueu o rosto, lentamente. Do alto, duas pupilas ofídicas e vermelhas de um rosto pálido e magro o encaravam. Ele não sentiu medo _Você é um garoto promissor. Se com dezessete anos de idade é capaz de enganar meus mais capazes comensais, tenho certeza de que será um excelente bruxo. É só seguir seu caminho corretamente. _Severo não pode conter um sorriso orgulhoso. Voldemort virou-se para Rodolfo _A srta Black também se mostrou muito competente. Foi capaz de ganhar a confiança de sua sobrinha e traze-la até aqui sem ninguém perceber, mesmo ela sendo do primeiro ano. Lembre-me de parabenizá-la quando ela chegar. Agora leve seus recrutados para longe daqui. Não quero que vocês tenham alguma ligação com isso.


             Rodolfo fez que sim com a cabeça e levantou-se. Os demais o seguiram e o grupo começou a caminhar para fora do bar.


             Passaram por Izzie, ainda bebendo sua cerveja amanteigada. Mas antes que eles chegassem à porta, ouviram um rumorejo no fundo do bar. Viraram-se a tempo de ver todos os comensais sacando suas varinhas e Voldemort tirando a capa.


            Ele queria que todos o vissem. Queria que soubessem que ele estava às portas de Hogwarts e que não tinha medo de atacar.


            A balbúrdia foi instantânea. Rodolfo tentou apressar os colegas para fora, mas eles pareciam hipnotizados demais para sair. Luzes explodiram do fundo do bar, quando os primeiros feitiços estuporadores, o primeiro em Madame Rosmerta, foram proferidos. Gritos e berros cortaram o ar, quando as pessoas perceberam o que estava acontecendo. Cadeiras foram derrubadas quando as pessoas pularam para ficar em pé. A saída ficou congestionada instantaneamente, quando as pessoas começaram a se lançar desesperadas para ela. Um comensal que estava na porta certificou-se que ninguém iria sair. Instintivamente, Thiago enfiou a mão nas vestes e puxou a varinha, saltando da cadeira e ficando a frente de Lily. Lily imitou-o e parou ao seu lado, enquanto ele tentava mantê-la atrás de seu próprio corpo. Slughorn também puxou a varinha e ficou em pé.


             Mas sua expressão não parecia decidida como a de Thiago e de Lily. Ele estava pálido, começou a suar e a tremer e seus olhos vagavam a todo minuto para a porta e para as janelas do lugar. Quando ele viu o que se ocultava embaixo da capa, pareceu ficar apavorado.


             Remo também agiu por instinto. Quando os primeiros feitiços estalaram, vindo em sua direção, ele sacou a varinha e puxou Izzie para baixo. Viu a garota gritar e cobrir a cabeça com os braços se protegendo os cacos de vidro da garrafa de cerveja amanteigada.


             O bar virou um caos.


***



Nass:
Jack, UNO?? Nunca joguei, acredita? rsrsrsrs.... acho q to velha rsrsrsrs... Campeonatooo?? Q legal!!!! O q vc joga?? Aaaahhh tem pouco TL nesse, mas no prox tem mto mto.... eu ia por nesse, mas se jah demorou pra escrever ateh agora, se eu fosse escrever mais ia postar soh no dia das crianças rsrsrsrs... Me fala se gostou tah? Bjssss

Vanessa, siiim, a Bella jogou ela no covil das cobras e ainda foi cair nos braços do Sírius... rsrsrs Naum ficou ainda, mas tah quaaase rsrsrsrs... Me fala o q achou tah? Bjssss

Lori, aaaaahhh q bom!!!! Eu quero mto mto deixar uma veia mais cômica na história, mas eu naum to mto acostumada a fazer comédia rsrsrs... Me fala o q achou desse tah? Bjssss

Lari, ainda vai ficar pro prooxxx rsrsrsrs... No prox Lily toma mais jeito ainda rsrsrsrsrs... Aaaahhh mas pra Bella tah ótimo a Tonks se fantasiar de Izzie neh? Sendo pra ir pro povoado tah blz.. rsrsrs Mas e agora? Como ela vai escapar dos comensais sem dizer q eh a Tonks? iiiiihhh rsrs Me fala se gostou tah? Bjssssss

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.