Um lírio muito curioso
Cap. 09_
Os dias se arrastaram lentamente, enquanto o clima do lado de fora do castelo tornava-se mais frio e do lado de dentro tornava-se mais tenso.
Lílian não podia fugir do salão comunal para sempre. Além disso, ainda que pudesse, não poderia se dar ao luxo de perder aulas. Então de qualquer forma, teria que acabar encontrando os Marotos mais cedo ou mais tarde. Não que estivesse com medo. O fato de Sírius aparecer de todos os lados, estalando ameaçadoramente os dedos e a fulminando com os olhos, não estava fazendo efeito nenhum. O máximo que ele conseguia, nesses momentos, era que ela lhe desse um sorrisinho sarcástico e enigmático e que Thiago lhe desse uma cotovelada dolorida nas costelas.
_Não acabou meu prazo. _ele resmungava entre os dentes, arrastando-o para longe da ruiva.
Remo não participava das perseguições. Sua transformação se aproximava e ele começava a se sentir cada vez mais cansado. Ele queria, realmente, ajudar Thiago a reaver o mapa. Gostava de Lily, e não queria ver Sírius brigando nem com ela, e nem com o melhor amigo. Se fosse somente o cansaço, certamente ajudaria. Mas a cena que ele presenciou no café da manhã de terça feira jogou todo seu restinho de ânimo diretamente no esgoto.
_Você não devia estar evitando que isso acontecesse? _Sírius inclinou-se por cima do cesto de pães com uma expressão muito contrafeita. Remo ergueu os olhos a tempo de ver Tonks entrando no salão principal com Belatriz, rindo e se despedindo dela com um beijo voador, antes de ir para a mesa da grifinória.
Remo encarou seu copo de suco.
_Bom... Acho que nós vamos precisar de uma mudança de planos.
_Mudança de planos? _Sírius cruzou os braços _O que quer dizer com mudança de planos? Achei que vocês se davam bem. Você não dizia que ela ia ser sua pupila? Você não devia estar evitando justamente que ela se aproximasse de gente como Belatriz?
_Bem... _Remo girava o copo nas mãos. Tonks sentou-se na outra ponta da mesa, lançando-lhe um olhar torto _Acho que Pedro ou Thiago vão ter que fazer isso. Não posso mais vê-la.
_Por... ? _ele perguntou em um tom reticente. Remo deu um suspiro cansado e ergueu os olhos.
_Sua prima está apaixonada por mim. Pronto, falei. _e jogou o guardanapo que usava sobre a mesa. Thiago e Pedro pararam imediatamente de comer e viraram-se para eles.
_O que foi que você fez com a minha prima?! _Sírius perguntou espantado _Eca, Remo, ela tem só onze anos, o que é que você tem na cabeça?
_Eu não fiz nada. _ele respondeu arqueando as sobrancelhas, exasperado _Não era minha intenção.
_Bom, então trate de dar um jeito de usar isso a seu favor, e afasta-la da Bella. E rapidinho. _Sírius retrucou voltando a se concentrar em seu café da manhã.
_Está brincando? _Remo perguntou, indignado _Como pode dizer para eu fazer isso? Ela é sua prima!
_Bella também é. _ele retrucou se aproximando mais dos amigos _E eu vi Bella seguindo você e Tonks, esses dias. Achei que ela estava atrás de você, mas agora entendi o que ela está tramando.
_Acha que ela sabe sobre o Remo? _Pedro perguntou, enquanto Remo deixava seu olhar vagar até a ponta da mesa, pensativo.
_Acho. Acho que ela está se aproveitando disso. E eu não vou deixá-la usar minha prima. Não vou! _Sírius completou irritado.
_Mas o que você quer que eu faça? _Remo perguntou abrindo os dois braços.
_Sei lá, tenha uma conversa séria com ela, explica sobre a idade de vocês, qualquer coisa. _ele voltou a comer _Afaste-a da Bella, Remo. E se precisar partir o coração dela, boa sorte com isso, amiguinho. É o melhor para ela.
Remo ainda encarava a ponta da mesa em dúvida. Então Tonks ergueu o rosto, e seus olhos cruzaram com os dele. Remo não viu ódio, nem ressentimento. Somente dor.
_Não posso, cara. _ele respondeu finalmente, levantando-se e abandonando o café, deixando para trás três marotos intrigados.
***
Na sexta feira de manhã nada havia mudado. O mapa continuava com Lily. Tonks continuava com Bella. E os marotos ainda não sabiam como mudar essa situação.
Na primeira aula de sexta, Lily estava sentada em uma das primeiras mesas da sala, quando os Marotos entraram. Thiago, Remo e Pedro, passaram por ela encaminhando-se para as carteiras do fundo, mas contrariando a habitualidade, Sírius largou-se em uma carteira ao seu lado e pôs-se a encará-la insistentemente.
Lily virou-se, viu quem estava ao seu lado, e virou-se para frente novamente. Sírius não desviou o olhar. Pelo canto do olho, Lílian viu o sorriso cínico que ele sustentava e virou-se novamente para ele.
_Sim? _ela perguntou com um sorrisinho amarelo _Posso ajudar?
_Ah, não. Não se preocupe. _ele retrucou fazendo um gesto displicente com a mão _Não preciso de ajuda, não.
_Tem certeza que não precisa? _ela perguntou apoiando a cabeça na mão _Porque eu acho que você errou de lugar, Sírius. Os maus alunos sentam lá atrás. _e apontou com o polegar para os lugares em que Thiago, Remo e Pedro já estavam acomodados.
_Tenho certeza que não preciso de ajuda, Evans, obrigado. Mas acho que daqui a... _e olhou o relógio de pulso que usava _Vinte e quatro horas, você vai precisar, porque acaba o prazo que o Thiago tem para recuperar o mapa por bem. _e levantou-se _Depois disso vai ser por mal.
Lílian deu mais um sorriso amarelo. _Agradeço a preocupação, Black, querido, mas acho que posso me virar sozinha.
_Coitada. _e começou a caminhar, daquele jeito irritantemente maravilhoso, que fez 90% das alunas da sala suspirar.
_Lily, o que você fez para eles? _Alice, uma das colegas da grifinória, também no sétimo ano, virou-se na carteira da frente para perguntar.
_Acho que eu peguei uma coisa que era deles... _ela respondeu vagamente, olhando para trás e vendo Sírius se juntar aos amigos.
_O coração do Thiago? _Alice perguntou, agitando seus cabelos loiros e brilhantes enquanto ria.
_O quê? _Lílian perguntou, virando-se repentinamente, e ficando bruscamente vermelha. E ela achando que era discreta.
_Bom, é o que o Frank diz. _ela retrucou calmamente. Essa era a vantagem de ser namorada de Frank Longbottom. Ele sabia absolutamente tudo sobre os marotos. E ela ganhava os conhecimentos de brinde.
_Foi um pouco mais que isso. _Lily respondeu desanimada, olhando mais uma vez para trás. Thiago tinha uma expressão curiosamente preocupada _Mas eu já não sei se valeu a pena.
Alice sorriu compreensivamente para ela e esticou a mão, passando em sua bochecha. _Vocês vão se entender, você vai ver. _ela piscou, e virou-se para frente, quando o professor Bins entrou na sala atravessando o quadro.
***
Tonks estava sentada no banheiro feminino do terceiro andar, sozinha, enquanto Murta gemia no último Box quebrado.
Não ia dizer que não gostava da companhia de Bella. Gostava dela. Ela parecia estar tentando diverti-la o máximo que podia e parecia estar realmente preocupada com ela. Mas bom, preocupação de mais também cansa. Ela já estava começando a ficar um pouco enjoada de Belatriz surgindo em todos os corredores e mimando-a tanto. E por isso ela estava trancada no banheiro quando deveria estar no pátio, durante o intervalo das aulas.
Sério.
Além disso... Bom, Bella não era Remo. Bella nunca seria Remo. Nunca seria gentil, educada e divertida como ele. Nunca seria tão doce, tão dedicada e tão paciente quanto ele era.
Ou talvez ela só estivesse cega de amor, quem sabe?
Levantou-se desanimada, com as saias do uniforme úmidas do chão do banheiro. Debruçou-se na pia e encarou seu reflexo no espelho. Ela tinha certeza que era a pessoa perfeita para Remo. Claro que era. Como eles poderiam se divertir tanto juntos, se não fossem?
Os únicos problemas eram meros seis anos de idade. Ela tinha certeza de que se fosse mais velha, mais alta, mais desenvolvida, Lílian não teria nenhuma chance.
_Atchim! _as saias molhadas ameaçavam deixa-la com gripe. Ela precisava ir se trocar, antes de voltar para as aulas.
Encarou o reflexo no espelho uma última vez. Seu cabelo estava rosa, por causa do espirro. Ela tinha que aprender a parar com isso e...
Mas espera...
Um sorriso se espalhou lentamente por seu rosto, enquanto ela se perguntava como não tinha pensado nisso antes.
Ela podia sim, ser mais velha!
_Nossa... _Murta exclamou parada atrás dela, no espelho, enquanto ela fazia seu cabelo voltar ao normal _Queria poder fazer isso...
***
Bella estava em pânico. A maior oportunidade de sua vida estava prestes a acontecer e ela simplesmente não sabia onde sua sobrinha pentelha tinha se enfiado.
Era naquela noite. Rodolfo a avisara que os comensais da morte de Lord Voldemort queriam vê-los. Obviamente as coisas seriam mais complicadas, agora, já que Dumbledore descobrira uma brecha na floresta proibida por onde os alunos podiam sair, ainda que ninguém de fora da escola pudesse entrar. A magia naquele ponto tinha sido reforçada, claro, visando a proteção dos alunos.
Velho babaca!
Como se algum deles fosse precisar de proteção.
Bom, ok, os nascidos trouxas precisariam, mas quem se importa?
No entanto, Lúcius tinha descoberto uma nova saída, através de um túnel nas masmorras. Eles estavam exultantes. Enviaram uma coruja imediatamente a um dos comensais da morte que mantinha contato. Claro que Lord Voldemort não compareceria em pessoa para essa reunião, ele devia estar muito ocupado. Mas se eles descobrissem que a passagem também não tinha nenhuma magia para impedir que alguém entrasse? Que a passagem era totalmente desimpedida... Era bom demais para sonhar tão alto. O Lord poderia invadir Hogwarts, um desejo que, Bella já sabia, ele possuía desde que começara a se erguer.
E ela podia se tornar um exemplo. Imaginem, tão jovem quanto ela era, e conseguindo cumprir uma missão que o Lord lhe dera tão rapidamente... Ela poderia entregar-lhe Tonks... Logo na primeira reunião depois de que foi lhe dada essa ordem...
E ela merecia isso, claro que merecia. Dedicara-se totalmente a isso. Gastara cada centímetro da sua boa vontade mimando e fazendo todas as vontades da pirralha com dor de cotovelo.
Imagine só, Belatriz Black bancando a babá...
_Está melhor, querida? _ela era obrigada a repetir cada vez que a via com um sorriso que mataria um diabético _O que acha de tomarmos um sorvete, agora. Quer? _ela se via obrigada a oferecer e a se submeter a uma hora ou uma hora e meia de lamentos e queixas, que Tonks usava para se comparar com Lily Evans e para se perguntar o que ela tinha de mais.
Haja paciência!
E agora, que ela estava pronta para receber os louros da vitória, a infeliz desaparecia.
E o castelo era enorme. Ela podia estar em absolutamente qualquer lugar.
Qualquer lugar mesmo.
***
Lílian passara a semana inteira vigiando o mapa, verificando se o pontinho nomeado de Severo Snape saía da linha. Contente, ela constatava que ele se limitava a percorrer apenas os corredores do castelo, indo da sala comunal para as aulas, das aulas para o salão principal, do salão para a biblioteca, enfim... Nenhum caminho suspeito que ela mesma não fizesse.
Infelizmente, ele não parara de andar com Malfoy e Lestrange. Os pontos de Lúcius e de Rodolfo estavam sempre junto com o dele, mas paciência, a vida não pode ser perfeita, certo?
Era sexta feira à noite e Lily vigiava o ponto de Severo Snape se agitar no salão comunal da sonserina. O que ele estava fazendo acordado? Era mais de uma hora da manhã! Lily sequer pensava que o dia seguinte seria sábado, limite que Sírius determinara para ter o mapa de volta.
A única preocupação dela, no momento, era o fato de que Lúcius, Rodolfo e Belatriz se juntavam a ele na sala comunal.
E saíam para o corredor.
Lílian pulou da cama agitada. E agora? E agora, Merlin, o que fazia? Contava para a McGonagal? Chamava ajuda?
Claro, que idéia brilhante, chamar ajuda! Como ela não tinha pensado nisso antes? Ia correndo até o dormitório masculino chamar Sírius para ajudar.
Ele ia adorar!
Idiota.
Forçando-se a pensar com calma, ela viu que não tinha mesmo muitas opções. Como iria explicar a algum dos professores como sabia que os sonserinos estavam saindo da cama sem ter que mostrar o mapa.
Teria que ir atrás deles.
Viu que eles saíam do salão comunal, viravam a direita e seguiam reto por um longo túnel sem bifurcações. Lily franziu o cenho, não se lembrava de algum túnel assim tão reto no castelo.
Bom, com um pouco de sorte, conseguiria encontra-los antes que eles saíssem do castelo. Então poderia fingir que tinha errado a data de sua ronda, e pensou que estava a trabalho, então os pegara fora da cama.
Isso. Muito boa. Essa era uma boa idéia de fato.
Pegou a varinha sobre o criado mudo e colocou uma capa por cima do pijama. Então respirou fundo, guardou o mapa dentro das vestes e saiu do quarto.
Desceu as escadas com o coração na mão, tendo a certeza de que se encontrasse Filch, ele verificaria o calendário das rondas noturnas e a despacharia de volta para a cama. Tinha certeza de que se encontrasse seu colega monitor chefe da corvinal, que era quem estava fazendo a ronda naquela noite, ele também bancaria o perfeito cavalheiro e a mandaria ir dormir.
Que azar o dela. Ela não podia ser colega de Pedro Pettigrew, nessas horas? Ele certamente faria de conta que ele quem tinha olhado o calendário errado, voltaria para a cama e a deixaria trabalhar em seu lugar.
Mas não. Tinha que ser o príncipe encantado, Bertran Aubrey, da corvinal!
Chato.
Teve muita sorte até chegar ao corredor do salão comunal da sonserina. Estava deserto. Lílian lembrava-se de que eles haviam virado a direita, e seguido por um corredor reto.
Mas... A direita só tinha parede!
Olhou para os lados com cuidado, abriu o mapa, e iluminou-o com a varinha. Não viu mais os pontos dos sonserinos. Chegara tarde. Eles tinham saído do castelo.
Mas viu seu pequeno ponto, encostado a parede. Mas seu pequeno ponto, ao contrário de seu real, estava fazendo força contra a parede.
Ou ao menos era isso que parecia, já que ele tremia, parado no mesmo lugar.
Lílian abaixou-se, exatamente no mesmo lugar onde seu ponto estava, e forçou uma grande pedra de concreto. Ela não se mexeu. Frustrada, ela olhou novamente o mapa, e notou que um pequeno balãozinho surgia em cima de seu ponto, onde estava escrito...
_Suspendiun? _ela perguntou a si mesma, com a sobrancelha franzida, mas quando assim que terminou de falar, o bloco de concreto moveu-se para cima, deixando aparecer por trás dele um grande cano da tubulação _Ah, pára, isso nem é um feitiço... _ela murmurou em voz baixa, mas seguiu em frente ainda assim.
Estava com medo. Teria mentido se dissesse que não estava. É claro que estava. O que, exatamente, ela planejava fazer, quando visse aonde eles chegaram? Pular na frente deles e gritar: “Severo Snape, volte já para a cama, porque eu estou mandando”?
Não lhe parecia uma idéia muito inteligente.
Continuou caminhando pelo túnel úmido e cheio de aranhas, imaginando que iria pensar em alguma coisa. Claro que iria. Ela era a garota mais inteligente da escola, afinal de contas. Ou não era?
No fim do túnel, no entanto, sua esperança de pensar em alguma coisa tinha virado farelo novamente. O cano terminava em um bloco de concreto igual ao do castelo. Lily não precisou olhar para o mapa para saber o que tinha que fazer. Abaixou-se novamente e murmurou “Suspendiun”. O bloco de concreto ergueu-se, deixando a luz da lua entrar no túnel.
Lily esgueirou-se rapidamente para fora, enquanto o bloco descia atrás de si. Sabia onde estava. Era um beco escuro, ao lado do morro onde ficava a casa dos gritos. Aquele beco era famoso entre casaizinhos de Hogwarts que queriam ficar a sós no povoado. Ela pessoalmente não gostava de ir até lá. Dumbledore lhe dizia que a casa dos gritos era mal assombrada.
Andou curvada até o final do beco e virou a direita. Estava certa. Ali estava a casa dos gritos, erguendo-se majestosamente na noite. Ao seu lado, um grupo pequeno de pessoas encapuzadas estava reunido, junto com Belatriz, Rodolfo, Lúcius e, para sua tristeza, Severo.
Rapidamente e aproveitando as sombras das árvores desfolhadas pelo inverno, Lily pulou para trás do muro que circundava a casa. Segurou a varinha com as duas mãos, aflita, esforçando-se ao máximo para ouvir o que eles diziam.
_Bom, Malfoy, o fato de você conseguir sair da escola não quer dizer nada. Existem outras passagens que são abertas para saídas, mas que não permitem entradas. _uma figura alta, vestida de negro, respondeu rispidamente.
_Esta é. _Malfoy respondeu confiante. Lílian arriscou espiar pela lateral do muro. O comensal que falara se afastava do grupo e mirava o fim o beco com curiosidade _Nós testamos.
_E como foi que a descobriram?
_Tenho uma fonte. _ele respondeu com um sorriso desagradável. O comensal virou-se bruscamente para ele, como se segredos não fossem bem vindos naquele grupo _É um aluno. Ele é muito fácil de intimidar, e tem informações muito interessantes... _ele deu de ombros desinteressado _Mas não acho que tenha muito mais valor do que dessa forma, ele é meio covarde...
_Se pudermos entrar, o nosso Lord ficará imensamente grato. _e virou-se novamente, com os olhos brilhantes _Tem algumas coisas ali dentro que ele quer muito.
_É a aluna metamorfomaga? _Bella perguntou e o comensal virou-se para olhá-la, como se imaginasse qual daqueles aluninhos era audaz o bastante para fazer perguntas. Ela sustentou seu olhar. Queria saber, porque se a resposta fosse sim, significaria que eles achavam que ela não ia conseguir cumprir a missão.
_Achei que trazer a aluna fosse sua missão. _o comensal comentou mordaz. Bella assentiu com a cabeça, mas não baixou o rosto. O comensal virou-se novamente para o beco _Não, não é a aluna. É outra pessoa. E um objeto bem mais valioso do que você jamais sonharia...
_Ande logo com isso, Avery. _uma voz rouca murmurou no meio do círculo de vestes negras _Tem alguém aí dentro que eu quero encontrar.
Severo, Bella, Rodolfo e Lúcius se encolheram instintivamente, com idênticas caretas de desgosto. Lílian forçou os olhos na escuridão, querendo ver melhor. Seu estômago congelou imediatamente e seus olhos se arregalaram, quando a sombra de capuz avançou alguns passos para a luz e seu rosto tornou-se visível. Lily reconhecia-o. Vira seu retrato na seção de procurados do profeta diário. Greyback.
Lílian voltou a se sentar na grama ressequida, o rosto pálido e o estômago revirando. Aqueles quatro estúpidos não podiam ter sido tão idiotas! Greyback era um lobisomem conhecido por atacar pessoas propositalmente. Ele gostava de transformar os outros. Não tentava evitar isso.
Lílian olhou para o céu, temerosa. A lua não estava cheia ainda. Mas estava muito perto. No dia seguinte, certamente, ela aparecia totalmente redonda no céu.
_Bem, vamos ver se podemos mesmo entrar... _o primeiro comensal começou a se afastar do grupo, a passos rápidos ao longo do beco.
Lílian ficou estática, contra o pequeno muro, enquanto o restante do grupo de vestes negras seguia pelo mesmo caminho. Não sabia o que fazer. Mas, independente do que fizesse, simplesmente não podia deixar que eles entrassem por ali.
Repentinamente, ela tomou consciência do que precisava fazer. Ficou claro, como se uma luz tivesse se acendido dentro de seu cérebro.
Não podia ter medo, porque era grifinória. Grifinórias não sentiam medo.
Pulou rapidamente para fora de seu precário esconderijo e apontou a varinha por cima das cabeças a sua frente.
_Reducto! _ela gritou em alto e bom som, apontando para o alto do bloco de concreto, que acabara de se abrir. O bloco de pedra explodiu, tampando a passagem a baixo e rendendo uma boa chuva de cascalho.
Lílian cobriu a cabeça com os braços, enquanto ouvia um barulho ensurdecedor, que indicava que o túnel, por trás da pedra, desmoronava. Abriu os olhos a tempo de ver as expressões estarrecidas a sua frente. Os comensais encararam a passagem desmoronada com os olhos arregalados e viraram-se para ela. Alguns com uma expressão incrédula e indagadora. Greyback e o homem que ele chamara de Avery tinham uma fúria assassina estampada no olhar.
Mas Lílian não podia ver nada. O único rosto que ela enxergava a sua frente era o de Severo Snape, que a mirava como se nunca tivesse visto nada tão inacreditável em toda sua vida.
_Sua cretina! _Rodolfo explodiu, quebrando bruscamente o longo silêncio que se instalara. O comensal a frente passou por todos os outros como um tufão, empurrando-os para os lados e chegou até ela.
_O que diabos você está fazendo aqui?! _ele tomou sua varinha, agarrou seu braço e começou a torcê-lo _Ela veio com vocês?! _ele berrou para o grupo dos estudantes que a miravam com ódio.
_Eu os segui. _Lílian murmurou com a voz tremida de dor. Não sabia por que estava tentando protege-los quando estava muito óbvio que eles não eram dignos disso.
_É culpa dele! _Bella gritou, de repente, apontando para Severo de um modo dramático _Ela é amiga dele! Tenho certeza que ela estava tentando segui-lo até aqui!
O comensal puxou Lily rudemente e a empurrou para frente do grupo. Desprevenida, Lily desequilibrou-se e caiu de joelhos de no chão, bem diante de Severo.
Ela ergueu o rosto, mas a expressão do amigo era tão dura e impassível que ela preferiu desviar o olhar e encarar a terra sob suas vestes.
Por quê? Por que tinha que ter se envolvido nessa confusão toda, a princípio? Para proteger Severo Snape? Céus, onde ela estava com a cabeça?
Mas não se arrependia. Se ela não estivesse ali, naquele momento, eles teriam entrado. E só Merlin sabe o que teria acontecido.
_Então dê adeus a ela. _ela ouviu o comensal murmurar atrás de si, e sentiu o prazer que ele tinha na voz ao dizer isso. Ela fechou os olhos e sentiu o comensal encostando a varinha em sua nuca.
_Eu faço isso. _Lílian voltou a abrir os olhos. Severo estava parado a sua frente com a varinha erguida. Seu rosto continuava frio e impassível.
_Como disse? _o comensal atrás dela baixou a varinha e sorriu com desprezo _Acho que ouvi errado. Você tem dezessete anos de idade, tem certeza que tem estômago para fazer isso?
_Você nem sonharia com o que eu tenho estômago para fazer. _Lílian congelou ao ouvir o tom de sua voz. Não era a voz do amigo que ela conhecia. Não era a expressão do Severo Snape com quem ela passara mais de seis anos de sua vida. Era uma voz fria e cortante. Uma expressão calculista e distante. _Belatriz tem razão, ela era minha amiga. Por isso eu tenho direito de fazer isso. É o modo de me desligar do meu passado.
Os olhos verdes da garota se encheram de água. Não de medo. Mas de tristeza e decepção.
Avery afastou-se, erguendo as duas mãos como se estivesse se rendendo, com um sorrisinho satisfeito no rosto. Severo aproximou-se mais, empunhando a varinha com firmeza.
Sua mão não tremia nem um milímetro enquanto ele a encarava. As lágrimas começaram a escorrer pelas bochechas da garota. Seu coração estava partido, despedaçado, dilacerado. Mas ele não parecia, sequer, perceber.
Ele precisava fazer tudo com muita precisão. Seu rosto demonstrava uma indiferença que nem um mestre em Legilimência contestaria. Sua frieza fez até mesmo Bella sorriu e apertar os olhos, com malícia, esperando o espetáculo.
Ele teve que pensar em tudo muito rápido e não podia errar. Não podia deixar transparecer. Lílian, Lílian, porque tinha de ser tão tola? Expor-se dessa forma na frente de comensais? Ela não via que era praticamente assinar uma sentença de morte?
Ele só precisava se aproximar alguns centímetros. O rosto da menina estava lavado de lágrimas, mas ele precisava continuar com a expressão de descaso. Somente mais um passo. E ele poderia puxar sua mão e aparatar com ela dali.
Eles não poderiam voltar, claro. Isso colocaria em risco qualquer pessoa relacionada a eles. Destruiria a carreira que Severo ambicionava. Mas, tudo bem, ele nem pensava nisso, o mais importante, no momento, era tirar Lílian dali com vida. Ela era o que ele mais amava no mundo.
Mas quando ele ergueu a mão para puxar seu pulso, um raio de luz vermelha cruzou os ares, vindo da casa dos gritos e lançou-o pelo ar contra o muro de pedra.
Lílian e todos os outros giraram para trás, para ver de onde o raio tinha vindo. Mas não viram nada.
Seguido a ele, um segundo raio surgiu e derrubou Avery, deixando-o inconsciente. Lily jogou-se contra ele, pegou sua varinha e encolheu-se contra o muro. Ninguém prestava atenção nela. Todos tinham sacado as varinhas e apontavam, às cegas, para a direção de onde tinha vindo o segundo raio.
Então, um terceiro raio surgiu, deixou Greyback imobilizado e os demais começaram a lanças feitiços contra o espaço vazio. Lílian aproveitou a confusão de luzes e feitiços aleatórios e começou a se esgueirar para fora dali. Rodolfo percebeu, avançou contra ela e segurou seu pulso.
_Não pense que vai escapar assim. _mas, no segundo seguinte, ele foi suspenso pelo tornozelo e sua varinha caiu aos pés da ruiva.
_Hei! _ele gritou para os comensais confusos que ainda jogavam feitiços a esmo _Me desce!
E Lílian sentiu, de repente, uma mão fechando-se em torno seu braço e tentando puxa-la. Ela sabia o que era aquilo.
_Ah, Merlin! _ela se jogou de joelhos no chão e juntou as mãos como se estivesse rezando, mas, no lugar disso, gritando com todas as forças de seus pulmões _Eu juro, Merlin, que nunca mais faço nada de errado se você não permitir que os fantasmas da casa dos gritos me levem para o além! _Lílian sentiu o aperto se intensificar e começou a gritar mais alto _Juro que nunca mais roubo nada, juro que devolvo o mapa, juro que nunca mais saio da escola sem permissão, eu sou muito nova para...
_Deixa de ser ridícula, Lílian! _Repentinamente, Thiago surgiu ao seu lado, jogando para trás uma capa da invisibilidade que Lílian tinha de admitir, era mesmo muito boa. Por um minuto ela quase a enganara de verdade. Quase, claro.
_Thiago. _ela murmurou assombrada, enquanto ele a puxava do chão _O que está fazendo aqui? Como... Como me achou?
_Ali! _Malfoy gritou encontrando, finalmente, a fonte dos feitiços. Ainda tinha um comensal e dois alunos que Thiago não tivera tempo de derrubar antes de Lily resolver bancar a doida. O comensal mirou diretamente na dupla.
_Cruccio! _Thiago abaixou-se bem a tempo, puxando Lily pela frente das vestes. Com uma agilidade digna do melhor apanhador do século, Thiago mirou no comensal a sua frente enquanto se levantava e gritou.
_Impedimenta! _o comensal ficou paralisado, no mesmo lugar, e Belatriz e Lúcius lançaram-se a frente ao seu auxílio. Thiago pulou em pé e começou a correr pela encosta, puxando Lily pela mão.
_A única coisa que eu posso lhe dizer, Lily, é que se você tem o mapa do maroto _ele falava com a voz entrecortada, economizando fôlego, enquanto a empurrava para trás de uma árvore no meio do morro que terminava na casa dos gritos _não deve deixá-lo guardado nas vestes. Deve usá-lo e prestar atenção em todo mundo ao seu redor _Ele explicava com simplicidade, sem, no entanto, olha-la. Sua atenção estava totalmente concentrada em Belatriz e Lúcius, que subiam atrás deles, se esgueirando pelas árvores e formações rochosas _Porque ele mostra as pessoas invisíveis, também, sabe? _finalmente olhou-a e piscou para ela _Certo, quando eu contar três. Um. Dois. _Lily empunhou a varinha _Três.
Thiago saltou para o lado direito e Lílian pelo lado esquerdo. Lúcius esperava por isso, e disparou um feitiço na direção de Thiago. O apanhador parou, subitamente, fazendo seus tênis derrapar na grama úmida e abaixando-se. O feitiço passou exatamente por onde ele estaria se não tivesse parado. Ele mirou onde Lúcius estava e murmurou:
_Petrificus Totalis. _o loiro suspendeu seus movimentos, seus braços grudaram ao lado de seu corpo e ele caiu de rosto virado para o chão.
Bella parecia mais fã de quantidade do que de qualidade. Lançava uma série de feitiços em Lily, sem parar tempo suficiente para mirar nenhum. Lílian girava feito uma bailarina, evitando os feitiços sem dificuldade, saltando por cima de pedras, troncos e desviando por trás de árvores secas.
Bella parecia espumar de tanta raiva. Finalmente ela parou com a rajada de feitiços e apertou a varinha entre as mãos, respirando em arquejos. Lily sentiu que esse era o momento. Pulou para fora da árvore onde estava e gritou “Estupefaça”, enquanto Belatriz gritava a mesma coisa. Os dois feitiços cruzaram-se no ar e ricochetearam em ângulos diferentes, explodindo uma árvore e uma janela da casa dos gritos. Lily foi mais rápida. Repetiu o feitiço antes de ver que rumo o primeiro tomava e Bella caiu estuporada no chão.
_É... _Thiago murmurou desinteressado, como se fizesse isso todas as madrugadas _Fazemos um bom time. _e voltou a puxá-la _Vamos.
_Thiago... _ela chamou, cansada _Como vamos voltar para a escola. O túnel está desabado.
_Temos outros meios. _ele retrucou, em um tom misterioso, parando a frente da casa dos gritos. _Vem, me dá a mão para eu ajudar você a subir. _ele estendeu a mão, dando a entender que ele queria que ela entrasse pela janela que ela e Belatriz tinham acabado de quebrar.
_Como é? _ela perguntou sem entender.
_Anda, Lily, não dá pra explicar, entra logo. _ele pediu impaciente, agitando as mãos.
_Não vou entrar aí. _ela teimou como se a idéia fosse absurda _Essa casa é mal assombrada. Tem fantasmas aí dentro.
_Lily, não tem fantasmas. Era eu lá embaixo. _ele retrucou como se falasse com uma criança anormalmente burra _Lembra?
_Dumbledore disse que a casa é mal assombrada. _ela cruzou os braços, como se isso encerrasse a questão _Disse que eu devia manter os alunos longe daqui por que aqui tem fantasmas muito violentos.
_Só tem pó aqui dentro, Lílian. _ela arqueou as sobrancelhas, descrente _E tem comensais lá embaixo desmaiados. Desmaiados e não mortos! O que quer dizer que eles vão acordar daqui a pouco. _ele deu um sorriso cínico _Quer ficar aqui e explicar como eles ganharam os novos galos no meio da testa. _Lily mordeu o lábio em dúvida. Thiago não conseguia acreditar que ela fosse tão teimosa. Por fim, deu um suspiro cansado e segurou seus dois ombros _Olha, Lily, é o Remo quem fica aqui durante as noites de lua cheia. _as sobrancelhas arqueadas voltaram rapidamente à linha normal e ela estreitou os olhos, achando que estava prestes a ouvir uma nova mentira _Dumbledore espalhou esse boato porque precisava de um lugar seguro para o Remo se transformar e isso... Bom... _Thiago deu de ombros _Despistaria as pessoas.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos. Lílian mordia o lábio inferior, consternada. Thiago soltou seu ombro e estendeu-lhe a mão novamente _Confia em mim?
Lílian não respondeu, mas esticou a mão e deixou que Thiago a segurasse. Apoiando-se com a outra mão no parapeito da janela, Lily alçou-se para cima e desceu do lado de dentro.
Thiago pulou com extrema facilidade atrás dela.
_Certo, agora só me deixa consertar a janela, que nós vamos embora. _e virou-se, com a varinha em mãos, para reparar os vidros partidos.
Mas Lily não estava mais ouvindo. Somente agora, que se via dentro de um lugar seguro, cercada por sólidas paredes de tijolo na companhia de alguém que ela sabia que não deixaria que nada de ruim a afetasse, ela se permitiu pensar no que acontecera naquela noite.
Esteve a um passo da morte.
Desmoronou no chão cheio de pó incapaz de sustentar-se mais um segundo em pé e começou a tremer e a chorar. Um choro alto e sem reservas, que ela usou para se livrar de tudo de amargo que tinha dentro de si.
_Ah, Lily... _Thiago suspirou guardando a varinha e ajoelhando-se ao seu lado _Tudo bem... _ele aninhou-a entre os braços fortes, enquanto acariciava seu cabelo _Tudo bem, agora.
_Ele ia me matar, Thiago. _ela soluçou, afastando o rosto de seu peito, desejando ver seu rosto _Severo ia me matar de verdade! Meu melhor amigo! _e começou a chorar com ainda mais violência, apertando as mangas de sua blusa entre os dedos, debilmente, e voltando a enterrar o rosto em seus ombros.
Thiago baixou o rosto, compadecido. Se Snape cruzasse seu caminho, naquele momento, ele seria capaz de matá-lo. E não era um exagero. Sabia que seria capaz disso. Não somente por ele ter partido o coração de Lílian novamente, mas por simplesmente ter passado pela cabeça dele tirar a vida de alguém. Ainda mais esse alguém sendo Lílian Evans.
Condoído, Thiago passou um braço pelas costas da ruiva e o outro por suas pernas e levantou-a sem esforço do chão. Lílian deixou-se levar, totalmente alheia ao que acontecia, aprisionada em sua própria dor.
Thiago caminhou até a cama e sentou-se, ainda com a garota em seu colo. Lily chorava, enquanto ele a embalava e a apertava cada vez mais forte contra si, deixando que ela alojasse o rosto na curva de seu pescoço e amassasse sua blusa preferida.
Naquele momento ele jurou a si mesmo que Severo nunca mais ia por as mãos nela.
NA: Jack!
É sério, eles estaum procurando um novo membro para o CQC, eu vi na segunda feira. E gente, eu sou apaixonada pelo Felipe Andreóli. E pelo Rafinha Bastos. E pelo Brad Pitt. E pelo Joshua Jackson. E pelo Draco.
Bom, acho q eu sou um pokinho apaixonada demais.
rsrsrsrs
Ahhh coitada da Lily, se ele tivesse deixado ela pra lah... Bom, ela naum ia tah morta, mas ia tah com o Severo em algum lugar no meio de Nevada...
Ou podia naum ser em Nevada, mas ia ser com o Severo.
Eca.
Siiim, vou usar o tempo livre pra escrever, escrever um monte, oh como o cap saiu rapidinho... Mas sei lah, tem alguma coisa errada com essa fic. Acho q eu naum consegui acertar a mão com os Marotos ainda... rsrsrsrs... Ainda naum consegui acertar direitinho, falta alguma coisa. Não sei se eh mais comédia, mais ação... Mais Coerência... rsrsrsrsrsrs
Mas eu naaum desisto, vou chegar lah! rsrsrs
Aaaah nem me fale, eh bem minha cara isso. Ficar pedindo e qndo consigo naum sei o q fazer com o q eu consegui... Rsrsrs
Mas me fala o q achou do cap, tah?
Bjssssss
teh maisssss
NA2:
Genteee, estou tristeeee. Façam uma autora feliz, comentar naum custa naaaadaa!!!!!! PlZ!!!!!!!!!
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